O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), publicou, na manhã de quinta-feira (29), no Twitter: “A atitude do presidente do Banco Central de ter vazado para a imprensa uma conversa particular que tivemos ontem não está à altura de um presidente do banco de um país sério”.
O que aparentemente seria mais uma briga do governo com o Legislativo foi acalmada e explicada. Ao ver a publicação, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, ligou para Maia afirmando que não vazou nenhuma informação e que certamente teria sido outra pessoa.
Maia então respondeu o próprio tuíte: “Recebi há pouco ligação do presidente do BC afirmando que ele não divulgou à imprensa a nossa conversa. Diante da palavra do presidente, o vazamento certamente foi provocado por terceiros. Deixo aqui registrado a ligação e a confiança que tenho nele.” De repente, veja só, voltou a confiança.
Mas o presidente da Câmara deu uma informação importante, de que o presidente do Banco Central estaria preocupado com a lentidão do andamento de certos projetos de interesse da área econômica do governo.
No entanto, Maia sugeriu que Campos Neto não precisava se envolver nisso porque isso é responsabilidade do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do ministro-chefe da Secretaria do Governo, general Luiz Eduardo Ramos.
Falando isso, o parlamentar desrespeitou a linha de não interferência entre os poderes. Ele tenta impor quais são os porta-vozes do Executivo que devem conversar com o Legislativo nas negociações desses despachos. Nisso, ele foi um pouco “além da sandália”.
Quatro dias antes, Maia já havia tuitado que “o ministro Ricardo Salles, não satisfeito em destruir o meio ambiente do Brasil, agora resolveu destruir o próprio governo”, tomando as dores de um ataque feito por Salles contra o ministro Ramos.
Mas é grave um deputado acusar um governo do qual seu partido é aliado, mesmo que a fiscalização do Executivo seja uma das obrigações do cargo. Além disso, o parlamentar precisa provar que Salles destruiu o meio ambiente.
Na noite de quarta-feira (28), o perfil de Salles no Twitter postou uma resposta escrita “nhonho”, apelido jocoso pelo qual Maia é conhecido nos bastidores de Brasília em referência ao seriado Chaves. O ministro do Meio Ambiente disse que não foi ele alegando que teve o perfil invadido. Mas não basta negar a autoria da publicação, Salles precisa mostrar quem foi que publicou.
Decreto revogado
O presidente Jair Bolsonaro revogou um decreto de autoria dele que pretendia fazer estudos para firmar parcerias com a iniciativa privada para gerir unidades básicas de saúde (UBS). Mas o decreto durou menos de 24 horas. Entre outras coisas, o texto previa terminar obras paradas de UBSs e de Unidade de Pronto Atendimento.
Diversos pontos do decreto ainda não tinham sido definidos, afinal, eram estudos. No entanto, organizações sociais fazem isso a todo instante, têm diversos casos parecidos. Só que as redes sociais começaram a afirmar que o governo estava querendo privatizar o SUS.
A gritaria foi tão grande que o presidente decidiu cancelar tudo. Bolsonaro falou que as obras vão continuar paradas e que as pessoas não vão ser assistidas por essas UBSs. Também disse que quando entenderem que o SUS não será privatizado e quiserem continuar com o projeto, ele dará continuidade.
Alexandre Garcia
Colunas sobre política nacional publicadas de domingo à quinta-feira. *Os textos do colunista não expressam, necessariamente, a opinião da Gazeta do Povo.
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