Imagens mostram pilar sendo quebrado por operário e quedas de estruturas do prédio. Até a manhã do quarto dia de buscas, havia 6 mortos, 7 feridos e 4 pessoas desaparecidas.
Vídeos gravados por câmeras do circuito interno de segurança mostram trabalhadores fazendo reparos nas colunas do Edifício Andrea, em Fortaleza, minutos antes de o prédio desabar no dia 15 de outubro.
Nas imagens obtidas pelo G1 aparecem os engenheiros e trabalhadores contratados para fazer uma reforma no imóvel. Poucos instantes após o início das obras, na manhã de terça-feira (15), o prédio de sete andares desmoronou.
Além dos trabalhadores, a síndica Maria das Graças Rodrigues, 53 anos, também aparece no vídeo acompanhando a obra. Ela é uma das quatro pessoas que, até a manhã desta sexta-feira (18), estavam desaparecidas sob os escombros do edifício. Outras seis pessoas morreram, e sete foram resgatadas com vida.
Veja como foi a movimentação no prédio antes do desabamento:
- 9h54: um dos trabalhadores começa a quebrar um dos pilares do prédio.
- 9h55: o homem recebe orientações de dois engenheiros.
- 9h56: o operário usa ferramentas para retirar o concreto da coluna.
- 9h57: a base coluna fica bem fina, quase sem concreto, enquanto o trabalhador continua batendo com as ferramentas.
- 9h58: os engenheiros retornam ao local e orientam novamente o operário.
- 9h59: moradores transitam pelo estacionamento durante os trabalhos.
- 10h08: uma grande estrutura, o que aparenta ser um reboco, cai da parede na entrada do edifício.
- 10h09: os engenheiros vão observar o que aconteceu no local.
- 10h27: o cimento de partes das paredes continua caindo.
- 10h28: engenheiros e a síndica observam o que acontece na entrada do prédio.
- 10h28m38s: a síndica retorna ao estacionamento do imóvel e não é mais vista.
O retorno da síndica Maria das Graças ao estacionamento acontece poucos instantes antes de o imóvel desabar, por volta as 10h30. Em outro vídeo, que mostra o desabamento, é possível perceber o momento em que ela é atingida pela estrutura do prédio.
O engenheiro técnico apontado em documento como responsável pela reforma e proprietário da empresa Alpha Engenharia, José Andreson Gonzaga dos Santos, disse à polícia que iniciou as obras no prédio no último dia 15 de outubro. No entanto, moradores afirmaram que a reforma começou no dia 14 de outubro, um dia antes da tragédia.
“Eu ainda reclamei daquele serviço. O cara descascou todas as colunas. Cinco colunas. Quando ele foi mexer no pilar principal, deu um ‘papoco’, os ferros estouraram e o prédio desceu”, afirma Paulo Bezerra Martins, morador do primeiro andar do edifício Andrea.
Segundo o engenheiro, a obra para recuperação dos pilares e das vigas do condomínio foi orçada no valor de R$ 22.200. Ele afirmou à polícia que os pilares estavam com as ferragens com nível alto de corrosão. No momento do acidente, Andreson e os funcionários estavam no condomínio, mas não chegaram a ficar sob os escombros.
O que se sabe até agora
- Edifício Andrea desabou às 10h28 do dia 15 de outubro
- Até a última atualização desta reportagem, havia 6 mortos, 7 resgatados com vida e 4 pessoas desaparecidas
- O prédio ficava no cruzamento na Rua Tibúrcio Cavalcante a com Rua Tomás Acioli, a cerca de 3 quilômetros da Praia de Iracema, região turística da capital cearense
- A prefeitura disse que a construção do prédio foi feita de maneira irregular e ele não existia oficialmente, mas o G1 localizou o registro do imóvel em um cartório da capital: a existência do edifício é conhecida desde 1982
- Testemunhas contaram que o edifício estava em obras
- Vídeo mostra que as colunas de sustentação estavam com situação precária
- Ruas no entorno do edifício foram bloqueadas e sete imóveis próximos ao local do desabamento foram interditados
Edifício construído em 1982
De acordo com o documento ao qual o G1 teve acesso, o edifício foi averbado pela Imobiliária Alpha, com registro dos 13 apartamentos e da cobertura em 6 de abril de 1982. A reportagem não conseguiu contato com a Imobiliária Alpha.
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