O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez uma série de ataques neste mês a quatro deputadas democratas que formam o chamado “Esquadrão”: Alexandria Ocasio-Cortez, Ilhan Omar, Ayanna Pressley e Rashida Tlaib. Os comentários de Trump direcionados às quatro parlamentares da ala mais à esquerda dos Democratas provocaram muita reação negativa mas também deram ao presidente alguns pontos de popularidade entre os republicanos. Ao que tudo indica, Trump acredita que a estratégia arriscada de insultar as deputadas pertencentes a minorias deve trazer mais benefícios do que prejuízos à sua campanha para a reeleição.
“Elas nunca têm nada de bom para dizer e é por isso que eu digo: ‘se elas não gostam, que saiam'”; “Elas não são capazes de amar o nosso país”; “O Esquadrão é um grupo muito racista de agitadoras que são jovens, inexperientes e não muito inteligentes”, foram alguns dos comentários de Trump sobre as democratas.
As quatro foram eleitas em novembro de 2018 para a Câmara de Representantes, o equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil. Consideradas progressistas, as deputadas têm divergências com a presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi. Essa divisão no partido foi explorada por Trump em seus tuítes.
Saiba quem são as quatro deputadas que estão no centro do confronto político com o presidente Trump:
Alexandria Ocasio-Cortez
Alexandria Ocasio-Cortez, também chamada de AOC, ganhou popularidade ao vencer as eleições primárias do partido Democrata em junho do ano passado, quando derrotou um político veterano no distrito de Nova York. Eleita aos 29 anos, se tornou a congressista mais jovem da história dos EUA.
Ocasio-Cortez é filha de descendentes de porto-riquenhos. Formada em Economia e Relações Internacionais, ela trabalhou como educadora e garçonete antes de se candidatar à deputada.
Ela se descreve como uma socialista democrática e defende causas ambientais. AOC é uma das apoiadoras do chamado Green New Deal. Ocasio-Cortez frequentemente faz duras críticas ao presidente Trump, e diz que não há dúvidas de que ele é racista.
Ilhan Omar
Omar é a única das quatro deputadas que não nasceu nos Estados Unidos. Ela nasceu na Somália, e quando criança se mudou com a família para os EUA como refugiados para escapar da guerra civil em 1997, e depois foi naturalizada no país. Omar é uma das duas primeiras mulheres muçulmanas a chegar à Câmara dos Representantes dos EUA, ao lado de Rashida Tlaib.
A representante do estado de Minnesota já foi acusada repetidas vezes de ter feito comentários considerados antissemitas. Em tuítes antigos, ela disse que Israel “hipnotizou o mundo”. Em janeiro deste ano ela pediu desculpas e disse que não sabia que os comentários podiam ofender os judeus americanos.
Ela voltou a ser alvo de críticas em abril por causa de comentários sobre os atentados de 11 de setembro de 2001 que os Democratas dizem que foram tirados de contexto. Um vídeo em que Omar aparece dizendo que “algumas pessoas fizeram algo” nos atentados começou a circular.
A fala de Omar foi feita durante discurso no Conselho para as Relações Americano-Islâmicas (CAIR), em março, quando ela falava sobre as consequências dos ataques entre a comunidade de muçulmanos nos EUA.
“Por muito tempo vivemos com o desconforto de ser cidadãos de segunda classe e, francamente, estou cansada disso, e cada muçulmano neste país deve estar cansado disso. O CAIR foi fundado após o 11 de setembro porque eles reconheceram que algumas pessoas fizeram algo e que todos nós estávamos começando a perder o acesso a nossas liberdades civis”.
Eu seus tuítes, Trump diz que Omar “odeia Israel” e “odeia os judeus” e também sugere que ela apoia o grupo terrorista al-Qaeda, responsável pelos ataques de 11 de setembro. Provavelmente uma menção distorcida sobre o que a deputada disse em 2013, durante uma entrevista a um canal de televisão de Minnesota. Na ocasião, ela falou, sorrindo, sobre a expressão vocal e corporal mais intensa e negativa de um de seus professores da faculdade ao falar o nome “al-Qaeda”, quando perguntada sobre o uso dos nomes árabes para grupos terroristas e por que eles não eram traduzidos – o que não pode ser interpretado como elogio ou apoio ao grupo terrorista.
Ayanna Pressley
Pressley é a primeira congressista negra a representar o estado de Massachusetts. Quase dez anos atrás, ela se tornou a primeira mulher negra eleita para o conselho municipal de Boston, e desde então ganhou popularidade entre os democratas.
Assim como Ocasio-Cortez, Pressley derrotou um candidato tradicional nas eleições primárias de seu partido, o democrata Michael Capuano, que foi congressista por dez mandatos.
Ela fala abertamente sobre ter passado parte da sua infância longe do pai, que estava preso, e também sobre ter sido vítima de estupro.
Ela defende o direito ao aborto e maior proteção às vítimas de agressão sexual.
Pressley disse que não podia chamar Donald Trump de “presidente”, apenas de “ocupante” da Casa Branca. “Ele não incorpora os princípios, a responsabilidade, a graça e a integridade de um verdadeiro presidente”, disse em entrevista a um canal de televisão.
Rashida Tlaib
Tlaib, representante do estado de Michigan, foi eleita em 2018 como a primeira mulher palestino-americana a atuar no Congresso. Ela e Omar são as duas primeiras mulheres muçulmanas a serem eleitas para o Congresso.
Ela nasceu em Detroit, Michigan, filha de pais palestinos. A sua avó ainda vive na Cisjordânia. A mais velha entre 14 filhos, Tlaib foi a primeira de sua família a se graduar no ensino médio, e depois na universidade.
A deputada abraça ideias como sistema de saúde pública para todos e salário mínimo de 15 dólares por hora, que foi aprovado pela Câmara nesta semana.
Tlaib ganhou manchetes nos EUA após tomar posse por ter usado um palavrão para se referir a Trump durante um evento, ao dizer que pediria o impeachment do presidente.
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