G20 entrega mais uma carta de boas intenções sem efeito prático

Terceira sessão da reunião de cúpula do G20, no Rio de Janeiro.| Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

documento final da reunião de cúpula do G20, encerrada nessa terça-feira no Rio de Janeiro, ficou marcado por acusações de “tratoraço” por parte do Brasil – o negociador francês afirmou que nem ele, nem o presidente Emmanuel Macron chegaram a ver o texto final, mas Lula se apressou para bater o martelo, acabando com qualquer possibilidade de contestação. O evento, que começara sob a sombra do xingamento dirigido pela primeira-dama Janja ao bilionário Elon Musk, termina com o Brasil deixando sua marca no documento final em termos de assuntos caros a Lula; mas, com um grupo de nações tão heterogêneo e de interesses tão distintos, quando não antagônicos, é muito difícil que o texto não passe de mais uma carta de boas intenções, como tantas outras que costumam emergir desses encontros multilaterais.

Nenhuma pessoa ou governo de bom senso no mundo haverá de ser contrário ao combate à fome, nem à preservação ambiental. O lançamento de uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza é um dos principais “legados” da presidência brasileira do G20, mas a nova iniciativa ainda precisará mostrar serviço para não ter o mesmo destino que várias outras iniciativas contra a fome – até o momento, as certezas são a criação de escritórios e conselhos, e a oferta brasileira para bancar metade dos custos com a governança da nova aliança global. Para dar uma roupagem mais nobre à ambição petista de uma tributação global sobre os super-ricos, o texto incluiu a menção a essa cobrança no capítulo sobre o combate à fome, mas esta é uma iniciativa quase natimorta; o fato de ela ter aparecido em um documento final pela primeira vez na história do G20 não significa que haja consenso a respeito do tema, tanto que a menção foi feita de forma genérica, sem detalhes como alíquotas ou critérios de cobrança.

De ditadores a protecionistas, sempre há alguém disposto a bloquear iniciativas globais quando convém

Quanto ao meio ambiente, o documento não traz nada de novo: reafirma as metas do Acordo de Paris, insiste para que cada nação siga buscando o objetivo de reduzir suas emissões de gases de efeito estufa para liminar o aquecimento global a 1,5 grau Celsius acima dos níveis pré-industriais, e reclama da falta de financiamento dos países ricos aos países pobres para que consigam atingir as metas. Assim como no caso do combate à fome, a presidência brasileira do G20 termina com a entrega de mais uma estrutura burocrática, a Força-Tarefa para a Mobilização Global contra a Mudança do Clima.

Fora da lista de boas intenções, as únicas menções mais próximas da realidade mundial foras as referências aos dois maiores conflitos da atualidade. Lula e seus aliados nos Brics certamente devem ter ficado muito satisfeitos com a ênfase muito maior dada às ações de Israel na Faixa de Gaza e no Líbano que à invasão russa da Ucrânia. Se no caso do Oriente Médio a declaração menciona a “situação humanitária catastrófica” e pede “o direito palestino à autodeterminação (…) com a visão da solução de dois Estados”, no caso ucraniano não há menção alguma ao respeito às fronteiras pré-invasão russa. O documento até afirma que “todos os Estados devem se abster da ameaça ou uso da força para buscar aquisição territorial contra a integridade territorial e soberania ou independência política de qualquer Estado”, mas esta afirmação genérica está feita em outro parágrafo da declaração final, não aquele referente à guerra na Ucrânia.

O leitor brasileiro atento ainda haverá de identificar as incoerências no fato de um governo petista ter endossado um documento que promete “salvaguardar a sustentabilidade fiscal”, enquanto trabalha para gastar cada vez mais; que fala em “dedicação em liderar pelo exemplo nos esforços globais contra a corrupção” enquanto aplaude o desmonte da Lava Jato; e que afirma que “mobilizar recursos para construir sistemas de água e saneamento sustentáveis e resilientes é essencial para um futuro mais saudável e equitativo para todos” enquanto tentou sabotar o Novo Marco do Saneamento. Mas, sendo atento, este mesmo leitor já sabe há muito tempo que é da essência do petismo que seu discurso seja diametralmente oposto à sua prática.

Como dissemos acima, ninguém há de negar que os objetivos estabelecidos pelo Brasil são importantes – à questão da fome e do meio ambiente, soma-se a chamada “reforma da governança global”, que muitas vezes acaba resumida à ambição brasileira por uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU. Também é certo que apenas com sólida cooperação internacional serão resolvidos os desafios que são comuns a toda a humanidade. A eleição de Donald Trump, notoriamente avesso aos fóruns multilaterais, é um bode expiatório fácil para justificar qualquer futuro fracasso das iniciativas do G20 nos próximos quatro anos, mas o fato é que os choques de interesses entre nações já existiam antes que ele tivesse sido eleito pela primeira vez, em 2016, e permaneceram depois que ele perdeu a reeleição em 2020. De ditadores a protecionistas, sempre há alguém disposto a bloquear iniciativas globais quando convém, e só quando tais resistências forem superadas é que fóruns como o G20 conseguirão ir além dos discursos genéricos que marcam seus documentos.

FONTE: GAZETA DO POVO https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/g20-documento-final-carta-boas-intencoes/

Polzonoff
Polzonoff

URGENTE! Alexandre de Moraes ganha Nobel de Literatura

NOBEL ALEXANDRE DE MORAES
Alexandre de Moraes: “Ahá! Uhú! O Nobel é nosso! Ahá! Uhú! O Nobel é nosso!” (Foto: Antonio Augusto/STF)

Os rumores de que a Academia Sueca anunciaria um Nobel de Literatura extraordinário na manhã desta quinta (21) causaram furor e muita especulação nos meios literários do mundo inteiro. Menos no Brasil, claro, porque os escritores nacionais passaram o feriado de 20 de novembro refletindo sobre a branquitude semântica e o racismo estrutural. Até que veio a notícia e sei que tem muito escritor e jornalista chorando até agora com essa vitória inédita da literatura canarinho. Brasil-il-il-il!

O mais criativo

Pois é. O ministro do STF Alexandre de Moraes ganhou o Nobel de Literatura. “Resolvemos dar o prêmio antes que ele nos prendesse”, brincou Mats Malm, presidente da Academia Sueca, que se referiu a Xandão como “o juiz menos justo e mais criativo da história”. Mas não foi só isso o que disse Malm. Ele disse também que Alexandre de Moraes “não hesitou em sacrificar o estilo e a lógica mais elementar em defesa de uma visão muito particular de democracia”. Aí não tem como discordar, né? Os pontos de exclamação que o digam. Ou melhor, que o digam!!!!!!!!!!!!

Gente ilustrada

De acordo com uma fonte da coluna que pediu pelamordedeus, hein!, não vai citar o meu nome, o Nobel de Literatura para Alexandre de Moraes começou a ser aventado assim que saíram as primeiras sentenças dos presos políticos. “Afinal, só um escritor genial seria capaz de convencer tanta gente ilustrada, e tantos analfabetos, de que o quebra-quebra do 8/1 foi uma tentativa de golpe de Estado”, disse a fonte, cujo primeiro nome começa com “J”. E mais não digo.

Humor mórbido e perverso

A partir daí, conta-se à boca pequena que todas as decisões de Alexandre de Moraes eram lidas às gargalhadas pelos membros da Academia que, entre um gole e outro de aquavit, exaltavam o humor mórbido e perverso do agora laureado ministro. Mas não foram apenas as condenações exageradas ou a musicalidade burocrática de um “mormente” aqui ou de uma mesóclise acolá que encantaram os membros da instituição.

Tempero brasileiro

Os elementos fantasiosos foram essenciais, sobretudo o “Estado Democrático de Direito”, cujo sentido original, nas palavras de um crítico muito famoso, mas também muito chato, “foi brilhantemente pervertido pelo talentosíssimo juiz”. Ele continuou falando, eu dei uma pescada, mas quando despertei ainda peguei este trechinho: “…o Xandão, como vocês o chamam, tornou reais os pesadelos de Kafka, George Orwell e Soljenítsin. E fez isso com um tempero todo brasileiro”.

Elemento farsesco

Então tá. Outra característica decisiva para esse verdadeiro gol de placa da lusofonia foi o elemento farsesco, marca registrada da obra-prima alexandrina. “Meu amigo, o sujeito disse que estilingues e bolas de gude foram usados numa tentativa de golpe de Estado num país como o Brasil. Estilingues e bolas de gude e batom e Bíblia e algodão-doce. É pikkorissoqPikkorissoq demais!”, disse, entusiasmado, um erudito islandês que estava de bobeira, bêbado e a fim de falar. E bota pikkorissoq nisso!

Aquavit

Mas a decisão de dar um prêmio Nobel, e ainda por cima extraordinário, a Alexandre de Moraes foi tomada mesmo depois de mais uma rodada de aquavit e depois da revelação de um intrincadíssimo plano para matar Lula, Alckmin e um misterioso ministro do STF. (Quem? Quem?). Lembrando que esse prêmio quebra uma importante tradição da Academia Sueca: a de decepcionar os literatos de gola rolê apenas uma vez por ano, em outubro, dando o Nobel a qualquer escritor, menos para o Murakami, coitado.

Surrealismo

“Plano de assassinato impresso, terrorismo com fogos de artifício, método reservado às donzelas do Romantismo, pontos de exclamação, fim do devido processo legal, vítima atuando como investigador e juiz, autorreferência aos montes, censura praticada em defesa da liberdade, nós derrotamos o bolsonarismo, perdeu, mané!,… Eu poderia ficar horas e horas aqui citando o que só posso ver como uma grande obra do surrealismo político e jurídico. Vocês, brasileiros, têm sorte de viverem um cotidiano imerso em tamanha fantasia. Aqui na Suécia não tem nada disso”, disse Malm, com certo ar de enfado. Ahã.

Conquista do governo Lula

Entre os intelectuais brasileiros, o prêmio inédito e há muito cobiçado causou confusão e, como não poderia deixar de ser, ciúme. A princípio, a esquerda achou que fosse galhofa ou coisa de pseudocronistas como aquele tal de Popov da Gazeta do Povo. Depois de confirmada a notícia, porém, alguns passaram a tratar o prêmio como mais uma conquista do governo Lula, enquanto outros começaram a reclamar de racismo, machismo e elitismo. Na ABL, a expectativa é de que Alexandre de Moraes assuma a cadeira do próximo imoral que vier a falecer.

Direita dividida

Já a direita, para variar, se dividiu. Para uns, o Nobel de Literatura dado a Alexandre de Moraes só prova que tudo isso é uma grande farsa, uma invencionice sem pé nem cabeça, um pretexto para aumentar a repressão e a censura. Para outros, tudo faz parte de um plano globalista de dominação mundial. Ainda há aqueles para os quais Nobel continua sendo apenas nome de uma rede de livrarias.

“Eu mereço”

Alexandre de Moraes, por sua vez, não pareceu nada surpreso. “Eu mereço”, disse ele, que prometeu doar o prêmio em dinheiro para uma associação que cuida de juízes calvos e que sofrem de estresse pós-traumático. E prometeu (ou ameaçou): “Minha obra é um work em eterno progress. Vocês não perdem por esperar”. Quanto ao final da saga, porém, Alexandre de Moraes preferiu não dar spoilers. E respondeu com um sorrisinho maroto quando lhe perguntaram se Bolsonaro seria preso.

FONTE: GAZETA DO POVO https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/polzonoff/alexandre-de-moraes-nobel-de-literatura/

Alexandre Garcia
Alexandre Garcia

Pensar ou planejar não é crime 

Pensar ou planejar não é crime
Alexandre Garcia comenta sobre a prisão de militares que teriam planejado suposto golpe de Estado. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.)

Conversando com um juiz de carreira, juiz de direito, experiente, veterano, conhecedor do direito e da jurisprudência, perguntei a ele se cogitar, planejar um crime, é crime. Eu me referia às prisões recentes de militares que trocaram mensagens e que teriam – segundo a Polícia Federal ligada ao Supremo Tribunal Federal (STF) – tentado matar ou pensado, cogitado matar o presidente Lula (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes.

Os investigados só não teriam concretizado o plano porque, segundo a conclusão da PF, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não assinou o que eles imaginavam que Bolsonaro poderia assinar. O juiz explicou explicou que tem o iter criminis, ou seja, o caminho do crime, que primeiro a pessoa pensa, depois planeja, depois executa e por fim consuma. É a consumação do crime.

Tudo isso aconteceu com o Adélio Bispo, por exemplo. Ele deve ter pensado, deve ter planejado, executou e, de alguma forma, atingiu Bolsonaro a ponto de tirá-lo da campanha eleitoral. O objetivo era matá-lo. Ficou claro que o objetivo era matá-lo. Agora, não. Tivemos a cogitação e talvez o planejamento em papel, mas não houve execução nem consumação.

O juiz disse: “não é crime”. Argumentei com outro exemplo em que o sujeito tentou arrombar o portão da casa para entrar, não conseguiu, foi preso em flagrante e logo em seguida solto, porque o juiz do caso disse que o homem não tinha entrado na casa.

O juiz, minha fonte, disse que isso é um exagero porque o suspeito só não consumou, estava tentando executar, mas não consumou porque encontrou uma barreira. Ele entraria na casa se não houvesse essa barreira. É diferente.

Então quer dizer que para condenar esses presos teria que se admitir que eles só não conseguiram fazer porque o Bolsonaro barrou a ideia deles não assinando aquilo que eles imaginavam. Mas seria dizer que Bolsonaro evitou um golpe. E o tiro sairia pela culatra. Vamos ver como essa história termina.

Brasil pode perder riqueza de petróleo

Outra história põe a Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET) e Paulo Guedes juntos. A associação está fazendo esforço para haver exploração de petróleo ao largo do Amapá, na Margem Equatorial. Descobriram uma bacia gigantesca de petróleo também em reservas no Rio Grande do Sul. Nós vamos perder tempo?

Guedes disse que estamos sentados em cima da riqueza e se não explorarmos agora, vai ficar tudo elétrico e não vai ter mais petróleo, não vai valer nada, vamos estar sentados em cima de nada. Claro que o petróleo vai continuar sendo usado para produtos sintéticos, plásticos, uma gama muito grande de produtos, mas não vai ter o consumo, a demanda que tem com o uso de motores a combustão.

Guedes lembrou da riqueza da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes, era um deserto, não tinha nada, saiu tudo do chão, da terra, não tinha nenhuma riqueza em cima, deserto puro. Não venderam areia, não. Venderam o petróleo que estava embaixo da areia. E os engenheiros da Petrobras também estão pensando nisso. Paulo Guedes explicou que criamos monopólios verticais, em que a Petrobras fazia tudo: perfurava, refinava, distribuía e vendia.

Assim como a Eletrobras também que produzia energia, distribuía, vendia no varejo. Então, estamos cheios de petróleo, talvez a terceira potência petrolífera do mundo, sem aproveitar. Será que vamos perder essa janela da história que está quase se fechando? Estão reanimando, reativando as usinas nucleares, porque a tecnologia está dando mais segurança às usinas nucleares.

Carrefour anuncia boicote a carnes do Mercosul na França

Para terminar, o Carrefour informou à Federação dos Sindicatos Agrícolas da França que não venderá mais carne do Mercosul, porque estão fazendo manifestação, jogando estrume nas cidades francesas para não haver acordo com o Mercosul, para comprar carne do Brasil, da Argentina, do Uruguai e do Paraguai. O francês vai pagar carne mais cara.

FONTE: GAZETA DO POVO https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/alexandre-garcia/pensar-ou-planejar-nao-e-crime/

NARRATIVA

FONTE: JBF https://luizberto.com/narrativa-3/

Paulo Briguet
Paulo Briguet

8 de janeiro: os sequestrados da ditadura brasileira

Polícia tenta conter manifestante durante protesto em Brasília realizado no dia 8 de janeiro.|Polícia tenta conter manifestante durante protesto em Brasília realizado no dia 8 de janeiro. (Foto: André Borges/EFE)

No exato instante em que escrevo estas palavras, irmãos brasileiros que jamais cometeram crime algum — pais de família, trabalhadores, pessoas comuns, gente em tudo igual a vocês, meus sete leitores — estão fugindo da polícia em um país estrangeiro, perseguidos por seus inimigos políticos. Sem abrigo, sem apoio, sem ter a quem recorrer, desesperados, absolutamente desprovidos de meios de defesa, eles fogem. Fogem pela noite, fogem pelo dia, fogem sem rumo. Seus crimes? Eles se revoltaram contra o golpe revolucionário que levou um arquicondenado ao poder.

Esses brasileiros não estão apenas presos ou exilados — eles foram sequestrados pela ditadura brasileira. Nos anos 60 e 70, a esquerda assaltava bancos e sequestrava embaixadores. Agora, ela assalta o país e sequestra cidadãos comuns. 

Um desses sequestrados é o Roberto. No Pará, Roberto e seus três irmãos faziam a coleta de açaí. O açaizeiro é uma das árvores mais altas da Floresta Amazônica; seu fruto arredondado e escuro, que faz a delícia de muitos brasileiros, precisa ser colhido em cachos que ficam até 20 metros acima do solo. Para ir de um açaizeiro a outro sem precisar descer, os coletores têm de fazer uma perigosa manobra, jogando-se de uma árvore para outra.

No dia 6 de janeiro de 2023, quando estava no alto do açaizeiro, Roberto sentiu que seu pai estava precisando dele. Desceu da árvore, despediu os trabalhadores que o acompanhavam e voltou para casa. Lá encontrou o pai discutindo com os três irmãos:

— Eu quero ir pra Brasília.

Roberto então disse:

— O sr. fica aqui, pai. Nós vamos em seu lugar.

Os quatro irmãos foram presos no 8 de janeiro e condenados a penas de 17 anos sem terem cometido crime algum.

Nas sociedades antigas, o bode expiatório era um animal sacrificado para simbolicamente pagar pelos pecados do povo. O significado do bode expiatório pode também ser compreendido de forma mais ampla para definir a prática de responsabilizar alguns indivíduos pela crise de toda uma sociedade.

Há, porém, uma característica universal do bode expiatório: ele é inocente. O exemplo máximo e definitivo é Jesus Cristo crucificado, o Cordeiro de Deus — aquele que expiou em seus sofrimentos os pecados de toda a humanidade. Depois de Cristo, o Inocente absoluto que é o próprio Deus, os antigos sacrifícios tornaram-se inúteis e vazios de sentido. No entanto, o Inimigo do gênero humano continua a utilizá-lo para seus fins malignos e de destruição.

Os presos e exilados do 8 de janeiro são os bodes expiatórios do regime PT-STF.

A diferença em relação aos sacrifícios antigos é que eles não estão pagando pelos pecados do povo, mas sim pelos pecados da elite política

Essa elite suga, por meio de impostos criminosos e um sistema de controle social totalitário, todas as forças vitais da sociedade brasileira que garantem seus privilégios e facilidades — e não poupará esforços para continuar vampirizando o país.

Em 2020, quando eu era editor do jornal Brasil Sem Medo, estive em Brasília por alguns dias e fui até a casa do jornalista Allan dos Santos, onde participei de um programa do canal Terça Livre — veículo de comunicação que depois seria confiscado pelo Imperador Calvo. 

Após o programa, um rapaz tímido e humilde, de óculos e barba, me procurou e disse que acompanhava meu trabalho. Tinha em mãos um livro, que me ofereceu com uma dedicatória. Tratava-se da coletânea de contos “A Coisa Fora do Texto”, uma das obras mais impactantes da literatura brasileira nos últimos anos. Depois daquele dia, eu e Luiz nos tornamos amigos.

Em sua “Poética”, Aristóteles faz uma afirmação desconcertante:

“A Poesia encerra mais filosofia e elevação do que a História; aquela enuncia verdades gerais; esta relata fatos particulares”.

É por isso que eu não poderia encerrar esta crônica sem publicar um poema de Luiz Carreira que, na minha opinião, vale mais do que mil tratados sociológicos sobre os acontecimentos de 8 de janeiro e o massacre dos inocentes presos e exilados pelo regime PT-STF:

08/01

Há presos

que além das barras de ferro

têm por grades

o silêncio

de quem poderia falar

e a voz de quem pode:

Presos políticos,

presos

calados,

cujas rezas surdas,

são rostos comuns.

Hoje no brasil

há presos políticos,

presos da política,

presos na teia de veneno e sujeira e cinismo da política,

presos que não se pode chorar,

nem se pode entender.

São presos

sem grife,

sem charme,

sem bossa,

sem samba,

sem pedigree,

sem intelectuais,

sem atores famosos,

sem camisetas com gritos de guerra,

sem estado democrático de direito,

sem o clamor nem a hipótese da anistia,

sem palavras de ordem,

sem ordem,

sem padres da libertação,

sem bandeiras,

sem bolcheviques,

sem buarques.

São presos políticos, presos de políticos,

mas presos sem política,

são presos das capas que cobrem a lei, mas sem lei,

não são os exilados chiques da MPB,

não são os censurados da roda viva,

não escreveram teses,

não publicaram livros,

não articularam ideais,

são gente comum,

são donas de casa,

aposentados,

são a classe média,

classe de gente que Marilena Chauí odeia

e diz que odeia,

entre as risadas sórdidas de quem ama odiar.

São crentes,

devotos de conselheiros nenhuns,

acampados no seu Monte Belo improvisado

pensando fazer a resistência,

pensando comover o exército enquanto os generais, em orgias conspiratórias,

armavam a arapuca dos seus suplicantes.

Gente comum, sem grife,

ali ofertada por dias,

sob a chuva penosa,

ali,

ludibriada,

vista pelos seus heróis como vacas de abate,

como aqueles frangos de padaria

girando no espeto sujo,

prontos para o consumo,

como bodes expiatórios,

como a carne de um sacrifício mundano,

imolados no esquadro e no compasso da traição,

uma hecatombe orgástica para o Olimpo sujo da burocracia.

Mas nem mesmo essa fumaça épica lhes sobra,

nem a épica,

nem a tragédia,

nem uma linha lírica,

nem um argumento.

Sobre eles, a cal do silêncio e do medo.

Estavam ali, acampados,

vítimas perfeitas dos seus messias,

das suas imagens,

da sua ilusão,

da sua simplicidade,

e do sadismo dos aquartelados,

vítimas

da sua verdade desinteressante,

enredados

como bobos de uma farsa de palácio,

prontos

como a lenha da fogueira de um bacanal.

Presos de tantos males,

cativos da ilusão política,

que é o perfume entorpecente da esperança.

Presos políticos,

presos na política,

na ideia da política,

no narcótico da política.

Pessoas comuns,

donas de casa, aposentados,

sem centros acadêmicos,

sem reitorias,

sem abaixo-assinados,

sem sociologia.

Presos políticos sem partidos políticos,

sem redações de jornal,

sem discurso,

sem cartaz,

sem indignação da sociedade civil organizada,

sem o interesse da esquerda,

sem coragem da direita,

sem a força da esquerda,

sem solidariedade da direita.

Sem esquerda, sem direita.

O messias não sabe o nome de nenhum deles,

não foi visitá-los,

não mandou ninguém,

não quis saber,

não existem.

O inácio os odeia, usa e mija em cima.

Nenhum jornalista se perguntou

sobre as possíveis e boas e comoventes histórias

enjauladas ali entre monstros.

Jornalistas que ainda hoje lacrimejam com o exílio de chico em paris,

mas que não têm olhos

para essas donas de casas,

esses aposentados,

essa gente sem classe da classe média.

Os juízes supremos apagam os nomes dessas donas de casa,

desses aposentados no festim da sua fúria,

e dão as páginas de seus processos para os cachorros comerem,

e sabem que não haverá qualquer latido dissonante.

Mas os presos

são pessoas,

são pessoas comuns,

donas de casa, aposentados,

gente que por algum momento achou que poderia discordar de alguma coisa

e dizer alguma coisa na praça pública

sem patrocinadores bonitos.

São pessoas comuns,

donas de casa, aposentados,

dividindo agora com ladrões e assassinos

a marmita azeda,

o banheiro sujo,

as infecções,

o cheiro nojoso,

a umidade e a falta de sol,

a saudade de casa,

ali, largados,

mas sem o devido processo,

sem advogado capaz de advogar,

sem ministério público,

sem público.

São pessoas comuns,

donas de casa, aposentados,

que por algum momento acharam que poderiam discordar de alguma coisa

e dizer alguma coisa na praça pública,

e ter uma esperança, ou uma ideia, ou uma ilusão,

tola que fosse,

mas sem patrocinadores bonitos.

O tempo passa, e os presos seguem presos, só isso,

troçados,

esquecidos,

largados como raspas,

restos de um conceito chamado processo histórico,

bagaços de uma coisa chamada política,

diversão de psicopatas,

argumentos de fanáticos,

entulhos de uma coisa chamada democracia.

Donas de casa,

aposentados,

gente comum,

gente,

mas gente média,

a classe média e a saudade de casa.

FONTE: GAZETA DO POVO https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/paulo-briguet/8-de-janeiro-os-sequestrados-da-ditadura-brasileira/

Emendas dos líderes de Lula já custam ao País R$554 milhões

Senadores Jaques Wagner (PT-BA) e Otto Alencar (PSD-BAA), líder do governo, com Lula (PT).Cláudio Humberto

Tem explicação a frente pluripartidária que se uniu para derrubar a intenção de Lula de ter poder para bloquear as emendas parlamentares. Só para os seis líderes lulistas, o governo federal pagou mais de meio bilhão de reais desde que o petista assumiu a Presidência, R$554,9 milhões. Quem se deu melhor foi o senador Otto Alencar (PSD-BA), em exercício como líder de Lula no Senado, R$178,2 milhões nos dois anos. Emendas é parte do orçamento que os parlamentares indicam o uso.

Chá de sumiço

Eliziane Gama (PSD-MA), líder do grupo PT/PCdoB/PV, teve R$113,7 milhões em emendas pagas. Na hora da votação, nem compareceu.

Inimigos do rei

Os grupos de oposição no Senado, Câmara e Congresso, somados, ficam bem atrás no pagamento, foram R$130,9 milhões nos dois anos.

Youtuber ganha mais

Flávio Bolsonaro (PL-RJ) recebeu R$14,2 milhões em 2024. Menos do que a isenção fiscal do youtuber governista Felipe Neto: R$14,3 milhões.

E se quiser

Líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN) recebeu R$28,4 milhões. Isso em 2024, pois nem mesmo há pagamentos em 2023.


FONTE: DP https://diariodopoder.com.br/coluna-claudio-humberto/emendas-dos-lideres-de-lula-ja-custam-ao-pais-r554-milhoes

OPERAÇÃO

FONTE: JBF https://luizberto.com/operacao/

Relatório da PF contra Bolsonaro é medíocre, vazio e sem nexo

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A Polícia Federal tentou, mas não conseguiu encontrar absolutamente nada para incriminar o ex-presidente Jair Bolsonaro. Essa é a realidade.

Porém, virou uma obsessão do sistema tentar de alguma forma incriminar o ex-presidente. A “Polícia Federal a serviço de Lula”, como destacou certa feita o ministro Flávio Dino, elaborou então um relatório e enviou ao ministro Alexandre de Moraes, onde enumera o que considera ser os crimes cometidos por Jair Bolsonaro. É ridiculo.

A PF ilustra a acusação apontando “a prática de várias infrações penais” divididas em cinco eixos de atuação:

a) Ataques virtuais a opositores.

Nunca ninguém na história foi mais atacado que Bolsonaro. Fizeram até a sua cabeça de ‘bola de futebol’.

b) Ataques às instituições (STF, TSE), ao sistema eletrônico de votação e à higidez do processo eleitoral.

Qualquer instituição numa democracia está sujeita a críticas.

c) Tentativa de Golpe de Estado e de Abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Sem armas. Com velhinhas portando a Bíblia Sagrada.

d) Ataques às vacinas contra a Covid-19 e às medidas sanitárias na pandemia.

A atuação do governo na pandemia foi reconhecida internacionalmente.

f) Uso da estrutura do Estado para obtenção de vantagens.

Acusação vazia e totalmente absurda.

Sim, como disse certa feita um juiz instrutor do ministro Alexandre de Moraes, vão ter que usar a ‘criatividade’ para de alguma forma incriminar Bolsonaro.

FONTE: JCO https://www.jornaldacidadeonline.com.br/noticias/64917/relatorio-da-pf-contra-bolsonaro-e-mediocre-vazio-e-sem-nexo#google_vignette

Eleição de Lula se deveu a uma decisão do STF, palavras de Gilmar Mendes

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No dia 14 de outubro de 2023, o ministro Gilmar Mendes disse que a eleição de Lula da Silva (PT) em 2022 se deveu a uma decisão da Corte.

“Se hoje nós temos a eleição do presidente Lula, isso se deveu a uma decisão do Supremo Tribunal Federal”, afirmou.

Gilmar Mendes participava de um painel do Fórum Internacional Esfera, em Paris, com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o presidente do TCU (Tribunal de Contas da União), Bruno Dantas.

O ministro afirmou que houve apoio de parte dos brasileiros mais ricos a ideias contrárias à democracia e à Corte.

Gilmar Mendes falou em defesa da atuação do STF. Fez uma avaliação de críticas de que a corte extrapola suas atribuições determinadas pela Constituição.

“Contamos a história de sucesso de uma instituição que soube defender a democracia até contra impulsos de uma parte significativa da elite. Certamente muitos aqui defenderam concepções que, se vitoriosas, levariam à derrocada do Supremo Tribunal Federal”, disse Mendes.

A plateia do painel era formada de forma predominante por empresários e representantes de empresas brasileiras e francesas. Havia também congressistas brasileiros.

Ele também disse que o combate à corrupção pelo Judiciário foi desvirtuado.

“Nós estávamos ordenando, em nome do combate à corrupção, um modelo totalitário de Estado. No final, os combatentes da corrupção se enriqueciam, com as grandes fundações [que o Ministério Público pretendia implantar para administrar o dinheiro de multas]”, afirmou.

Será que é esse o papel da Corte?

FONTE: JCO https://www.jornaldacidadeonline.com.br/noticias/64886/eleicao-de-lula-se-deveu-a-uma-decisao-do-stf-palavras-de-gilmar-mendes

Alexandre de Moraes não tem condições de julgar suposta tentativa de golpe, diz líder da oposição

7 de setembro; Alexandre de Moraes

O senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado, declarou nesta quarta-feira, 20, que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), não tem condições de conduzir o inquérito sobre uma suposta tentativa de golpe em 2022.

Moraes é relator e o personagem principal da investigação que levou à Operação Contragolpe, da Polícia Federal (PF). De acordo com as corporação, o suposto plano previa o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice- presidente Geraldo Alckmin, além de Moraes. A ação resultou na prisão de cinco suspeitos que estariam ligados ao caso.

Moraes foi o centro da própria decisão que autorizou a operação da PF, citando a si próprio 44 vezes.

“Eu acho que o ministro Alexandre de Moraes não tem nenhuma condição de continuar à frente desse processo; ele claramente é parte do processo, e não há nenhuma imparcialidade em quem se afirma vítima”, avalia o senador.

FONTE: REVISTA OESTE https://revistaoeste.com/politica/alexandre-de-moraes-nao-tem-condicoes-de-julgar-suposta-tentativa-de-golpe-diz-lider-da-oposicao/?utm_source=pushnews&utm_medium=pushnotification

‘Inadmissível torrar R$ 33 mi em festival’, diz deputado, sobre o ‘Janjapalooza’

Em ofício encaminhado ao TCU, o deputado federal Ubiratan Sanderson (PL-RS) citou reportagem de Oeste, a qual noticiou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva iria gastar R$ 870 mil para pagar o cachê dos 29 artistas que se apresentaram no ‘Janjapalooza’ | Foto: Divulgação/Câmara dos Deputados

O Tribunal de Contas da União (TCU) acatou a representação do deputado federal Ubiratan Sanderson (PL-RS) e vai investigar a legalidade do uso do dinheiro público no Festival Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, mais conhecido como “Janjapalooza”. O parlamentar quer a apuração dos gastos de R$ 33,5 milhões, “com indícios de superfaturamento e violação ao princípio da moralidade pública”.

Em ofício encaminhado ao TCU, Sanderson citou uma reportagem de Oeste que informou sobre os gastos do governo Lula com o cachê de 29 artistas no “Janjapalooza”. Ao todo, a verba destinada aos artistas somou R$ 870 mil Para o parlamentar, não faz sentido gastar dinheiro com cantores enquanto há obras paradas no país por falta de recursos.

Em entrevista na edição desta quarta-feira, 20, do Jornal da Oeste, Sanderson afirmou que é “inadmissível torrar R$ 33 milhões em um festival, que não se sabe qual era o interesse público”.

FONTE: REVISTA OESTE https://revistaoeste.com/politica/inadmissivel-torrar-r-33-mi-em-festival-diz-deputado-sobre-o-janjapalooza/?utm_source=pushnews&utm_medium=pushnotification

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