Donald Trump venceu com folga a eleição presidencial realizada nos Estados Unidos nesta terça-feira (5), desbancando a democrata Kamala Harris, atual vice-presidente do país.
Trump garantiu sua vitória ao assegurar os 270 delegados exigidos pela norma eleitoral. Até o momento, enquanto a apuração continua em alguns estados, ele já conquistou todos os delegados de estados-pêndulo como Pensilvânia, Geórgia, Carolina do Norte e Wisconsin, sendo este último o resultado que definiu a eleição favorável aos republicanos. A projeção que mostra a vitória de Trump foi apresentada na manhã desta quarta-feira (6) pela agência Associated Press (AP).
Aos 78 anos, Trump retornará à Casa Branca em 20 de janeiro de 2025, quando será empossado para seu segundo mandato como presidente, após ficar quatro anos longe do poder. Ele deve comandar os Estados Unidos até 2029, sendo o 47º líder da maior potência do mundo. O senador republicano J.D. Vance, vice na chapa de Trump, assumirá como o 50º vice-presidente da história dos EUA.
A volta de Trump à presidência ocorre em um momento de insatisfação nacional, com apenas um quarto dos americanos expressando apoio com a direção do país e dois terços manifestando perspectivas econômicas desfavoráveis.
Trump substitui o atual presidente Joe Biden, do Partido Democrata, apresentando-se como um defensor das liberdades amparadas pela Constituição dos Estados Unidos, como as liberdades de expressão e defesa. É a segunda vez na história que um presidente comandará os Estados Unidos por dois mandatos não consecutivos.
Horas antes de alcançar os 270 delegados – faltavam 3 para o mínimo – o ex-presidente já declarava vitória no Centro de Convenções do Condado de Palm Beach, na cidade de West Palm Beach, Flórida.
“Quero agradecer ao povo americano pela extraordinária honra de ter sido eleito seu 47º presidente”, afirmou o republicano, acompanhado de sua família, membros da equipe de campanha e apoiadores.
“Faremos a América grande novamente”, declarou Trump diante dos gritos de histeria que inundaram o local durante a madrugada, enquanto a apuração acontecia.
A confirmação de vitória veio com o fim da apuração no estado de Wisconsin, por volta das 7h30 desta quarta-feira (6), que deixou Trump com 277 delegados.
Imigração em foco
A política de imigração dominou a campanha de Trump, que apontou falhas na gestão de fronteira de Biden. Em dezembro de 2023, os EUA registraram um recorde de mais de 300 mil entradas ilegais no país, enquanto a média mensal de 2013 a 2019 era de 39 mil. Em resposta a esses números, Trump prometeu em seu plano de governo realizar a maior deportação da história do país. Entre as principais propostas também, estão o envio de reforços para proteger a fronteira EUA-México, a construção de novas instalações de detenção de imigrantes ilegais, e até a aplicação de tarifas sobre produtos mexicanos, caso o governo local, liderado pela socialista Claudia Sheimbaum, não controle a crise migratória e o tráfico de drogas.
O republicano também se comprometeu a acabar com os programas de liberdade condicional implementados por Biden, que permitem a entrada temporária de imigrantes. De acordo com dados oficiais, mais de um milhão de pessoas foram admitidas no país por meio desses programas. Trump também defende o fim da cidadania por direito de nascimento para filhos de imigrantes em situação irregular e prometeu deportar estudantes estrangeiros envolvidos em manifestações contrárias a Israel. Por outro lado, ele sugeriu uma medida para facilitar a migração de estudantes estrangeiros em universidades americanas, garantindo-lhes green cards automáticos.
Em seu discurso de vitória, nesta quarta-feira (6), o republicano garantiu que vai “selar as fronteiras” do país e que só permitirá a entrada de imigrantes “de maneira legal”.
“Vamos selar as nossas fronteiras e vamos ter que deixar que as pessoas entrem no país. Queremos que as pessoas regressem. Temos de deixá-las regressar, mas terão de fazê-lo de maneira legal. Podem vir, mas de maneira legal”, enfatizou Trump diante de centenas de apoiadores no Centro de Convenções de Palm Beach, cercado por sua família.
“Temos que ajudar o nosso país a se cicatrizar. Temos um país que precisa de ajuda, e precisa dela urgentemente. Vamos consertar as nossas fronteiras”, acrescentou no discurso.
Economia e inflação como desafios para Trump
Na área econômica, Trump terá que enfrentar uma economia que, embora esteja em crescimento, mostra sinais de desaceleração na geração de empregos e mantém uma inflação ainda preocupante. Em outubro, o país registrou apenas 12 mil novos postos de trabalho, uma queda significativa em comparação ao mês anterior. Desde que Biden assumiu a presidência, a inflação acumulada em 12 meses passou de 1,4% para um pico de 9,1% em 2022. Embora o índice tenha caído para 2,5% em agosto deste ano, o custo de vida ainda pesa no bolso dos americanos.
Para tentar controlar os preços e estimular a produção interna, Trump anunciou que pretende impor tarifas de 10% a 20% sobre produtos importados, chegando a até 60% para importações da China. Além disso, promete expandir as concessões para extração de petróleo, visando reduzir os preços de energia. No campo fiscal, ele planeja tornar permanente a Lei de Cortes de Impostos e Empregos, aprovada em seu primeiro mandato, reduzindo a maior faixa de imposto sobre pessoas físicas para 37% e a taxa corporativa para 15% para empresas que fabricam nos Estados Unidos. Outras propostas incluem isentar idosos de impostos sobre benefícios da Previdência Social.
Guerras e relações internacionais
Na política externa, Trump herdará os desafios das guerras na Ucrânia e no Oriente Médio. Embora não tenha uma proposta concreta para a resolução do conflito entre Ucrânia e Rússia, o republicano tem indicado seu desejo de que Kiev tente negociar um acordo, ainda que doloroso, de paz o ditador Vladimir Putin. Durante a campanha, ele criticou duramente o apoio militar de Biden à Ucrânia, acusando os democratas de conduzirem o mundo à beira de uma nova guerra mundial.
Em relação a Israel, Trump tem reafirmado seu apoio ao país, relembrando sua decisão, em seu primeiro mandato, de transferir a embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém. Ele também prometeu apoiar Israel no atual conflito, embora tenha cobrado uma resolução rápida e melhor manejo das relações públicas: “Israel precisa fazer um trabalho melhor de relações públicas, francamente, porque o outro lado está vencendo na frente de relações públicas”, declarou Trump.
FONTE: GAZETA DO POVO https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/donald-trump-desbanca-kamala-harris-e-e-eleito-presidente-dos-eua/
Bolsonaro comemora vitória de Trump e diz esperar que o Brasil siga o mesmo caminho
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) comemorou nesta quarta (6) a vitória do empresário Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, marcando seu retorno à Casa Branca após ter perdido para Joe Biden em 2020.
Trump foi eleito com uma inesperada folga sobre Kamala Harris, com 277 votos dos delegados contra 224 da opositora. Os institutos de pesquisa projetavam uma disputa apertada, o que não se concretizou.
“Que a vitória de Trump inspire o Brasil a seguir o mesmo caminho. Que nossos compatriotas vejam neste exemplo a força para jamais se dobrarem, para erguerem-se com honra, seguindo o exemplo daqueles que nunca se deixam vencer pelas adversidades”, disse Bolsonaro em uma longa postagem nas redes sociais.
De acordo com ele, Trump venceu a eleição “contra tudo e contra todos” após enfrentar um “processo eleitoral brutal em 2020” e o que classifica como “uma injustificável perseguição judicial”.
“Ergueu-se novamente, como poucos na história foram capazes de fazer”, pontuou.
A comemoração é semelhante a de seus aliados no Congresso, que já projetam seu retorno ao poder – apesar de ainda estar inelegível – e uma possível vitória em 2026 na sucessão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Há a expectativa de que o governo brasileiro se pronuncie ainda nesta manhã reconhecendo a vitória de Trump.
Trump “amigo”
Bolsonaro chamou Trump de “amigo”, de quem foi um forte aliado em seu governo, e afirmou que “esta vitória épica que marca não apenas seu retorno à Casa Branca, mas também o triunfo da vontade popular sobre os desígnios arrogantes de alguns poucos que desprezam nossos valores, nossas crenças e nossas tradições”.
“Este triunfo é histórico, um marco que reacende a chama da liberdade, da soberania e da autêntica democracia. Esta vitória encontrará eco em todos os cantos do mundo, impulsionando não apenas os Estados Unidos, mas também o fortalecimento da direita e dos conservadores em muitos outros países”, ressaltou.
O ex-presidente brasileiro afirmou esperar que tenha a “chance de concluir a nossa missão com dignidade e nos devolva tudo o que foi tirado de nós”. “Que nossa nação retome o seu destino de grandeza, para que seu povo volte a se orgulhar de sua história e de seus valores, sem a mácula da censura e do abuso de autoridade, com liberdade e segurança para todos”, disse.
Para ele, a eleição de Trump nos Estados Unidos abre caminho para que o Brasil tenha uma “nova oportunidade” de ser restaurado “como uma terra de liberdade, onde o povo é senhor de seu próprio destino”.
“Até lá, seguiremos firmes, de pé, cada um de nós, pelo sonho de um Brasil forte, livre e fiel aos seus valores mais elevados”, completou.
Os filhos de Bolsonaro também comemoraram a vitória de Trump, como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Ele foi um dos primeiros a parabenizar o americano, afirmando que “venceu a liberdade, a democracia e o conservadorismo”.
“Que os bons ventos soprem agora no Brasil”, ressaltou.
Já o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) disparou que nem mesmo o apoio da máquina estatal da vice-presidente Kamala Harris foi suficiente para elegê-la. E ainda afirmou que, durante o governo atual, houve um “enfraquecimento social” da população “de forma proposital”.
“Mesmo com a poderosa máquina direcionada pela agenda woke progressista enfraquecendo social e economicamente o povo de forma proposital, para um domínio completo do Estado sobre as pessoas, o Ocidente ainda respira”, disse.
FONTE: GAZETA DO POVO https://www.gazetadopovo.com.br/republica/bolsonaro-comemora-vitoria-trump-esperar-brasil-o-mesmo/
O segundo mandato de Trump e o acerto de contas com a diplomacia lulopetista
O retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos permite antecipar algumas possíveis consequências significativas para o Brasil, não apenas no campo das relações bilaterais, mas com reflexos para a política externa nacional e, em um espectro mais difuso, para o Estado brasileiro como um todo. Essas implicações poderão ser amplificadas caso o Partido Republicano mantenha e conquiste a projetada maioria na Câmara dos Representantes, já que também conquistou a maioria no Senado.
Herdeiros, de forma geral, da tradição Realista das Relações Internacionais e suas derivações — segundo a qual a anarquia e a competição são as principais características do cenário internacional, razões pelas quais os Estados pautam suas ações pela busca incessante de segurança e poder, sobretudo político, econômico, militar e comercial — , os Republicanos tendem a valorizar duas características marcantes em temas de relações exteriores, as quais, longe de serem contraditórias, se completam e se reforçam mutuamente: ao lado de um acentuado pragmatismo direcionado para a consecução dos objetivos propostos coexiste uma arraigada aversão a nações e governantes vistos como contrários aos princípios, valores, visão de mundo e, por que não?, interesses norte-americanos.
Nesse contexto, tudo indica desenhar-se uma antagonização geoestratégica, pelo governo Trump, da política externa conduzida por Lula e Celso Amorim, a qual incidirá tanto sobre as relações bilaterais quanto em outros temas sensíveis da diplomacia brasileira.
No que tange ao relacionamento bilateral, eventual animosidade entre Brasília e Washington poderá, por exemplo, ensejar desde redução ou suspensão da cooperação militar — da qual as Forças Armadas brasileiras se beneficiam, inclusive adquirindo produtos de defesa em condições relativamente vantajosas, por meio do programa Foreign Military Sales — a sanções contra autoridades brasileiras promotoras de atos manifestamente ilegais (consoante a própria legislação do Brasil, como a censura, a violação da imunidade parlamentar e a erosão do devido processo legal pelo STF, sem prejuízo de outros temas), passando por cancelamentos e denegações de vistos, dentre outros domínios.
A perseguição ao deputado federal Marcel van Hattem (NOVO-RS) por um ministro do STF, em inequívoca violação da previsão constitucional da imunidade parlamentar, com o alegado apoio do governo de Joe Biden (de acordo com artigo publicado nesta Gazeta por Michael Shellenberger, em 17/10), oferece pistas sobre os possíveis rumos de uma hipotética investida antiautoritária e anticensura por parte do governo Trump, com reflexos tanto para autoridades brasileiras quanto para órgãos governamentais daquele país.
Ao contrário do que ocorre no Brasil, o Congresso dos Estados Unidos exerce considerável influência sobre a formulação e a execução da política externa daquele país, razão pela qual o controle republicano do Congresso poderá conduzir à formação de uma frente unificada Executivo-Legislativo capaz de antagonizar os objetivos geoestratégicos aparentes da política externa de Lula e Amorim — por mais opacos e insípidos que sejam —, bem como contra-arrestar a sanha censora e autoritária do duopólio de poder representado por Lula e pelo STF.
Nesse particular, convém destacar, aliás, que o repúdio do Partido Republicano ao autoritarismo do Estado e do governo brasileiros não precisará aguardar a projetada maioria conservadora em ambas as Casas do Congresso: em setembro deste ano, os deputados republicanos María Elvira Salazar (Flórida) e Darrell Issa (Califórnia) apresentaram projeto de lei intitulado “Nenhuma Censura em Nosso País” (“No Censorship On Our Shores”), que prevê a denegação de visto a agentes estrangeiros que violem os direitos de cidadãos norte-americanos estabelecidos pela Primeira Emenda à Constituição dos Estados Unidos (que trata da liberdade de expressão). Eventual transformação do projeto em lei poderá pavimentar o caminho para o cancelamento dos vistos, pelo Departamento de Estado, de autoridades estrangeiras que incorram nos tipos previstos no diploma legal.
Venezuela e Israel
Para além das consequências bilaterais, uma posição intransigente do governo Trump em relação à ditadura de Nicolás Maduro na Venezuela poderá concorrer para isolar ainda mais o Brasil na América do Sul, ambiente geoestratégico imediato no qual a capacidade brasileira de exercer influência foi reduzida a níveis inauditos pelas parvoíces da dupla Lula-Amorim. Esse isolamento poderá perfazer um fiasco diplomático histórico se associado à provável aproximação de Trump do libertário argentino Javier Milei.
Isolada em seu entorno geoestratégico, a Brasília restaria a dimensão extracontinental da política externa, na qual o governo Trump também poderá infligir prejuízos consideráveis à desorientada diplomacia lulopetista, sobretudo no que concerne ao alinhamento do Brasil aos interesses do Irã e seus proxies terroristas (como o Hezbollah e o Hamas) no Líbano, na Síria e no Iêmen (houthis).
O futuro governo norte-americano dificilmente poderia prejudicar ainda mais as relações do Brasil com Israel, já que Lula, Amorim e o PT as arruinaram de tal modo que o ano de 2024 assinalou o ponto mais baixo do relacionamento bilateral desde a criação do Estado judeu, em 1948.
É oportuno recordar que, em seu último número circense mesclando sabotagem dos interesses nacionais com antissemitismo, e ao arrepio da legislação, da impessoalidade na administração pública e dos princípios constitucionais que regem as relações exteriores do Brasil, Lula determinou, em outubro, a suspensão de licitação internacional relativa a um projeto estratégico do Exército Brasileiro e vencida por empresa israelense, em vigorosa manifestação de compromisso do petismo com o aprofundamento da obsolescência dos meios militares brasileiros.
China
Em menor medida, também as relações entre o Brasil e a China deverão ser impactadas pelas linhas de ação anunciadas por Donald Trump, não diretamente pelas majorações tarifárias que o presidente eleito pretende impor a produtos chineses, e sim por causa da intensificação da desaceleração econômica chinesa que tais medidas (e outras) deverão ensejar.
A redução do crescimento econômico chinês decerto incidirá sobre as exportações brasileiras de commodities agrícolas, metálicas e energéticas; por outro lado, espera-se que tanto Brasília quanto Pequim instrumentalizem o antagonismo de Donald Trump para aprofundar seus laços políticos, o que poderá indiretamente acarretar, no longo prazo e dentre outras consequências, incremento da dependência, em relação à China, dos setores brasileiros exportadores de commodities.
Eleições 2026
No plano multilateral, a presidência norte-americana do G20, em 2026, poderá perfazer importante foco de tensão entre Brasília e Washington, sobretudo se a Reunião de Chefes de Estado do Grupo ocorrer antes da conclusão do ciclo eleitoral brasileiro, previsto para 25 de outubro daquele ano. Caso seja realizada antes de outubro de 2026, a reunião constituirá oportunidade para que Lula volte a expor sua visão de mundo liberticida, autoritária e policialesca, ademais de utilizar a cimeira para fins eleitoreiros.
Por se tratar de ano eleitoral também nos Estados Unidos (em novembro de 2026 serão realizadas as midterms, eleições legislativas nas quais estarão em disputa todos os 435 assentos da Câmara dos Representantes e 33 dos 100 assentos do Senado), espera-se que o calendário do G20 sob a presidência dos EUA reflita — se bem que em medida modesta, dada a importância reduzida que Washington tradicionalmente atribui a foros dessa natureza — as prioridades estratégicas do governo Trump. De todo modo, a reunião de chefes de Estado deverá ser a única ocasião em que Lula comparecerá a um evento cujo anfitrião será Donald Trump.
Rússia, Ucrânia e BRICS
A anunciada mudança de posicionamento do governo Trump em relação à Rússia, em termos gerais, e à guerra na Ucrânia, em termos específicos, poderá ser dos poucos temas estratégicos pivotais nos quais o antagonismo entre Brasília e Washington não se manifestará com intensidade particularmente elevada, já que, para além dos comentários simplórios de Lula e da ânsia infantil de Celso Amorim por um protagonismo irredento sobre o assunto, o atual governo brasileiro felizmente ainda não havia conseguido arruinar as relações com quaisquer dos beligerantes.
No entanto, as relações com Moscou foram abaladas há cerca de duas semanas, por ocasião da Cúpula do BRICS, em Kazan, quando Vladimir Putin impôs uma fragorosa humilhação a Lula, ao formalizar convite para que a Venezuela de Nicolás Maduro adira ao bloco e, em seguida, manifestar-se publicamente contrário ao veto do Brasil à adesão de Caracas.
O desprestígio brasileiro no BRICS, aliás, poderá ter como efeito acidental positivo evitar foco adicional de antagonismo com o governo Trump, já que em 2025 o Brasil assumirá a presidência do bloco. Caso o País dispusesse de capital diplomático para fazer avançar iniciativas antiocidentais durante sua presidência, essa liderança poderia ensejar medidas retaliatórias por parte dos EUA; Contudo, relegada a um papel secundário no BRICS, a dupla Lula-Amorim poderá se ver forçada a amainar seu vasto repertório de trapalhadas.
Existe, por outro lado, a possibilidade de que o antagonismo sobre o qual se discorre neste artigo tenha repercussão contida, principalmente se a conformação da agenda estratégica do governo Trump optar por relegar a América do Sul a um papel residual na política externa norte-americana.
Este parece ser um aspecto ao qual a oposição parlamentar brasileira necessitará dedicar o foco de seus esforços, sobretudo com vistas a trazer a atenção dos EUA e dos quinhões democráticos da comunidade internacional para a deterioração do Estado de Direito no Brasil.
Nesse cenário, será indispensável uma estratégia da oposição parlamentar e das demais lideranças conservadoras brasileiras, inclusive industriais, visando a obter o apoio da comunidade internacional, no âmbito da qual os Estados Unidos são o principal ator, para impedir o aprofundamento do autoritarismo e de recorrentes medidas de exceção no País.
* Marcos Degaut é Doutor em Segurança Internacional, Pesquisador Sênior na University of Central Florida (EUA), ex-Secretário Especial Adjunto de Assuntos Estratégicos da Presidência da República e Ex-Secretário de Produtos de Defesa do Ministério da Defesa
FONTE: GAZETA DO POVO https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/trump-acerto-contas-diplomacia-lulopetista/
Lula parabeniza Trump pela vitória nos EUA e diz que democracia “deve ser respeitada”
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) parabenizou a vitória do empresário Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos na madrugada desta quarta (6) e disse desejar “sorte e sucesso ao novo governo”.
O reconhecimento da vitória ocorreu perto das 9h ao chegar no Palácio do Planalto. Apesar de parabenizar Trump, Lula havia manifestado apoio a Kamala Harris, que perdeu a eleição com uma diferença ampla de 53 votos dos delegados dos estados americanos.
“Meus parabéns ao presidente Donald Trump pela vitória eleitoral e retorno à presidência dos Estados Unidos. A democracia é a voz do povo e ela deve ser sempre respeitada”, disse Lula nas redes sociais.
Lula, no entanto, não explicou se ligará para Trump para parabenizar pela vitória, como é de praxe da diplomacia do governo brasileiro.
Ele ainda emendou afirmando que “o mundo precisa de diálogo e trabalho conjunto para termos mais paz, desenvolvimento e prosperidade”. “Desejo sorte e sucesso ao novo governo”, completou.
A fala contrasta com o que disse na semana passada ao canal francês TF1, em que sinalizou que a volta de Trump significaria um retorno do fascismo e do nazismo. Ele ainda disse que apoiava Kamala Harris na disputa.
“Nós vimos o que foi o presidente Trump no final do mandato, fazendo aquele ataque contra o Capitólio, uma coisa impensável de acontecer nos EUA, que se apresentava ao mundo como modelo de democracia. […] Temos o ódio destilado todo santo dia, as mentiras, não apenas nos Estados Unidos, na Europa, na América Latina, vários países do mundo. É o fascismo e o nazismo voltando a funcionar com outra cara”, disse.
Há a expectativa de que o governo se pronuncie institucionalmente ainda nesta quarta (6), mas sem previsão de horário.
Enquanto Lula adotou um tom mais pragmático e sereno à vitória de Trump, a esquerda brasileira lamentou e disse esperar “tempos difíceis”, principalmente na questão das mudanças climáticas.
“A mais rica nação do mundo elegeu um presidente que cultiva os piores valores humanos. Nega as mudanças climáticas e a ciência e apoia a extrema direita no mundo. Tempos difíceis para a humanidade”, disse o ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário).
Na mesma toada comentou o deputado federal Rogério Correia (PT-MG), que afirmou que “com a vitória de Trump quem perde não é só a Kamala, mas a democracia, o meio ambiente e o clima que são constantemente ameaçados pela extrema direita”.
Na tarde de terça (5), o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) afirmou que a vitória de Trump – ainda tratando como “eventual” – não traria impacto para o governo Lula. Para ele, “se o Trump quiser fazer algum tipo de retaliação, sinceramente, quem está perdendo é ele, que vai estar perdendo um parceiro importante, que é o Brasil”.
FONTE: GAZETA DO POVO https://www.gazetadopovo.com.br/republica/lula-parabeniza-trump-vitoria-eua/
“Não cumprirei ordens ilegais”, diz Van Hattem sobre ausência em depoimento à PF
Nesta terça-feira (5), o deputado federal Marcel Van Hattem (Novo-RS) se recusou a comparecer à Polícia Federal (PF) para depor sobre um discurso feito na tribuna da Câmara dos Deputados no dia 14 de agosto deste ano.
No discurso, que fez com que o parlamentar virasse alvo do PF, Van Hattem exibiu uma foto do delegado federal Fábio Schor e disse que ele estaria criando “relatórios fraudulentos” para manter Filipe Martins preso ilegalmente.
Schor é o delegado responsável pelas investigações referentes aos atos do dia 8 de janeiro.
Filipe Martins, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi preso no dia 8 de fevereiro por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, acusado de ter feito uma viagem que nunca existiu.
Como vem mostrando a Gazeta do Povo, o caso empilha abusos contra o devido processo legal e se enquadra na definição clássica de prisão política. Martins foi solto preventivamente no dia 9 de agosto de 2024.
Dias antes do discurso de Van Hattem na Câmara criticando a atuação do delegado, o jornal norte-americano Wall Street Journal (WSJ), disse que Moraes estava “usando um registro fraudulento de entrada nos Estados Unidos para manter Filipe Martins atrás das grades”.
Intimação
Na noite da segunda-feira (4), ao fazer uso da palavra durante sessão de votação da Câmara, Van Hattem disse que foi intimado pelo delegado para prestar depoimento sobre as críticas proferidas na tribuna do parlamento.
“Não comparecerei diante de um delegado da Polícia Federal para dar quaisquer explicações porque a Constituição me garante, pelo artigo 53, inviolabilidade civil e criminal por quaisquer das minhas opiniões, votos e palavras”, disse o deputado.
O depoimento estava marcado para ocorrer às 10 horas da manhã de hoje.
“Não comparecerei hoje para depor na Polícia Federal e não cumprirei ordens ilegais. Assim como não me submeti à censura imposta ao X, também não me submeterei às tentativas de intimidação promovidas pela Polícia Federal e pelo STF para explicar quaisquer das minhas opiniões, palavras e votos. A Constituição precisa ser respeitada e está ao meu lado”, escreveu o deputado em suas redes sociais, nesta terça-feira (5).
FONTE: GAZETA DO POVO https://www.gazetadopovo.com.br/republica/nao-cumprirei-ordens-ilegais-diz-van-hattem-sobre-ausencia-em-depoimento-a-pf/
Dirceu não pode ser descondenado com base em ‘confraria’, diz PGR
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, defendeu que o Supremo Tribunal Federal suspenda a liminar do ministro Gilmar Mendes que anulou, em 28 de outubro, as condenações do ex-ministro José Dirceu pela corrupção investigada pela Operação Lava Jato. Para o titular da Procuradoria-Geral da República (PGR), a decisão fez uma relação inexistente entre os casos do ex-ministro petista e do presidente Lula (PT). O atual chefe do Palácio do Planalto foi igualmente descondenado, em 2021, pela tese de falta de isenção do ex-juiz e atual senador Sérgio Moro (União-PR), acusado de integrar um conluio com procuradores da República contra o réu.
A PGR afirma que Gilmar Mendes, que tratou a relação de Moro com a Lava Jato como “confraria”, acolheu de forma equivocada o pedido da defesa de Dirceu para estender ao ex-ministro os efeitos da decisão que anulou penas de Lula por crimes em esquema de corrupção.
“Não houve, tampouco, com relação ao requerente, a lembrada sequência de atos processualmente desvirtuados, que foram praticados pelo magistrado contra o réu do feito apontado como paradigma”, disse Gonet, no recurso formalizado ontem (5).
Dirceu teve anulada sua condenação de 23 anos e 3 meses de prisão, determinada em 2016, quando Moro atuava na 13ª Vara Federal em Curitiba e julgava denunciados pela Lava Jato. A lista de crimes relacionados ao recebimento de propina de empreiteiros por contratos com a Petrobras é composta por: corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Reação à descondenação
O próprio Moro já havia reagido à decisão de Gilmar Mendes, afirmando que as condenações de Dirceu foram anuladas sob uma “fantasia de de conluio”, mesmo diante de provas documentais robustas de suborno que motivaram as penas do ex-ministro petista por corrupção.
E o ex-coordenador da Operação Lava Jato no Ministério Público Federal (MPF), Deltan Dallagnol, rebateu a referência do ministro à falta de isenção ter chegado ao patamar de ‘confraria’ entre julgador e acusadores. “A verdadeira confraria aqui não é a da Lava Jato, mas é do sistema em uma grande festa da impunidade dos corruptos”, disse Deltan.
O ex-procurador da República reforçou que José Dirceu foi condenado no escândalo do ‘mensalão’ e em três instâncias na Lava Jato, e teve conjunto probatório vultoso sobre recebimento de propinas milionárias de empreiteiras envolvidas no escândalo do ‘petrolão’.
“Como o sistema não consegue explicar as provas da corrupção, usa falsos pretextos e narrativas em decisões que blindam políticos e empresários amigos do sistema e assim tudo continua como sempre foi. A verdadeira confraria aqui não é a da Lava Jato, mas é do sistema em uma grande festa da impunidade dos corruptos”, conclui Deltan Dallagnol.
Kamala abandona eleitores sem reconhecer derrota
Candidata derrotada à presidência dos Estados Unidos, Kama Harris abandonou dezenas de eleitores que aguardavam seu discurso final, reconhecendo o resultado das eleições, como é tradicional na política norte-americana.
Com isso, a candidata nem sequer aproveitou a oportunidade para, democraticamente, reconhecer que foi derrotada e desejar boa sorte ao vencedor. A atitude de Harris vem sendo criticada e apontada como sinal de que seus frágeis compromissos com o jogo democrático.
Até agora, o republicano Donald Trump contabiiza mais de 5 milhões de votos de vantagem sobre sua adversária, que, traduzidos em número de delegados, mostra a superioridade do republicano: 277 a 224.
Trump também vem fazendo maioria no Senado (52×42 cadeiras) e na Câmara (198×180).
A apuração dos votos ainda não está concluída, mas já não ée possível alterar o resultado final da votação.
Fim da gotinha encarece vacina, que agora vai doer, e alegra fornecedores
Levanta suspeitas na Câmara a troca da gotinha contra poliomielite pela vacina injetável. “É muito mais fácil disseminar vacina que é uma gotinha do que por meio de injeção”, observa o deputado, médico e ex-secretário de Saúde do Rio Grande do Sul Osmar Terra (MDB-RS). Ele lembra que a injeção é muito mais cara porque exige a compra de milhões de seringas, agulhas etc., o que gerou suspeitas de interesse econômico por trás da medida do Ministério da Saúde. Adotada há 35 anos, a gotinha sempre foi eficaz e sem registro da doença em pessoas imunizadas.
Faltam explicações
Osmar Terra disse esperar que o Ministério da Saúde, diferente de todas as outras vezes que mexeu com vacina, explique melhor essa mudança.
Deputada estranha
A deputada Roseana Sarney (MDB-MA) cobrou explicações da ministra Nísia Trindade (Saúde), nesta terça-feira (5), sobre a estranha mudança.
Rincões do Brasil
“Preocupações financeiras e logísticas precisam ser abordadas”, justifica a deputada ao destacar regiões com limitações ao acesso à saúde.
Zé Gotinha mudo
A coluna procurou o Ministério da Saúde para que justificasse a troca no tipo de imunizante, mas não houve resposta. O espaço segue aberto.
EUA: 8 governadores republicanos e 3 democratas vencem as eleições
Oito governadores republicanos e três democratas venceram o pleito nas eleições dos EUA, que ocorreram em 11 Estados. O país também participou de votações para escolher o novo presidente. Donald Trump, reeleito nesta terça-feira, 5, na corrida presidencial, assegurou vitórias em regiões cruciais.
Embora os Estados Unidos possuam 50 Estados, as eleições para governador ocorrem em anos diversos, conforme as regras locais. Com isso, os mandatos variam entre dois e quatro anos. Republicanos venceram em Montana, Dakota do Norte e Vermont, enquanto Washington, Delaware e Carolina do Norte elegeram candidatos democratas.
FONTE: REVISTA OESTE https://revistaoeste.com/politica/eua-8-governadores-republicanos-e-3-democratas-vencem-as-eleicoes/?utm_source=pushnews&utm_medium=pushnotification
Dólar bate alta histórica e atinge R$ 6,10 com vitória de Trump
O dólar abriu em alta histórica nesta quarta-feira, 6, com reação dos investidores à vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. Às 10h40, a moeda americana chegou a ser cotada em R$ 6,10, alta de 6,29%.
O atual recorde de fechamento do dólar ante o real foi alcançado na pandemia, quando a divisa atingiu R$ 5,90 em 13 de maio de 2020, período que marcava o início da crise sanitária.
A vitória oficial do republicano foi anunciada por volta das 7h30, quando Trump atingiu a marca de 276 dos 538 votos do Colégio Eleitoral. Com a apuração ainda em curso, ele liderava em todos os Estados-pêndulo.
Já o Bitcoin ultrapassou US$ 75 mil o maior valor já registrado desde o início da criptomoeda. A divisa ultrapassou a alta histórica anterior de US$ 74 mil na noite de terça- feira, 4.
A Dogecoin disparou até 25% na quarta-feira em relação ao nível de fechamento de terça-feira, embora esses ganhos tenham sido reduzidos para 16%. A criptomoeda subiu quase 31% desde o início da semana.
FONTE: REVISTA EOSTE https://revistaoeste.com/economia/dolar-bate-alta-historica-de-r-610-com-vitoria-de-trump/?utm_source=pushnews&utm_medium=pushnotification
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