O ministro da Economia, Paulo Guedes, ainda alimenta esperanças de que a Câmara aprove um texto final da reforma da Previdência que assegure economia em dez anos de pelo menos R$ 960 bilhões.
Com esse valor, Guedes tem dito que será possível voltar com a ideia de uma nova Previdência, pelo regime de capitalização, no segundo semestre. Isso seria feito por meio de uma nova proposta de emenda constitucional (PEC).
A reposição de R$ 100 bilhões em economia em relação ao parecer do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) poderia ocorrer caso o próprio relator reveja o critério de transição apresentado e que, nos cálculos de Guedes, levou à desidratação de R$100 bilhões. Outra alternativa seria realizar outras mudanças no texto que possam levar à recuperação da receita.
A regra de transição mais flexível incluída no relatório por Moreira provocou um curto-circuito nas relações entre Guedes e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Também foi afetado o secretário de Previdência do ministério, Rogério Marinho.
Quando o relatório foi divulgado, Guedes enviou mensagem a Maia informando que faria críticas às mudanças. E Maia respondeu que, nesse caso, defenderia a Câmara.
Guedes disse que a mudança na regra de transição foi feita para atender a lobby dos servidores públicos. Maia respondeu que o governo era “uma fábrica de crises”.
O ministro da Economia estava preparado para a retirada das mudanças do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e da aposentaria rural, com as quais já concordara. E estava pronto para dar declarações elogiosas ao relatório de Samuel Moreira.
Surpreendido com a mudança na regra de transição, foi cobrar explicações de Rogério Marinho. Este teria confessado ao ministro que quando foi informado pelo relator da nova regra de transição, o alertou de que tal mudança seria interpretada como um privilégio para os servidores. Foi então que o relator estendeu a mudança para a aposentadoria do Regime Geral da Previdência. Com isso, a perda passou de R$30 bilhões para R$100 bilhões.
A troca de farpas entre Guedes e Maia provocou abalos numa relação que até então era muito próxima do ponto de vista pessoal e muito cooperativa do ponto de vista institucional. Desde então, os dois não voltaram a se falar.
Interlocutores de ambos, dentre eles o governador de São Paulo, João Dória (PSDB), tentaram organizar um jantar com o ministro e o presidente da Câmara, o que, pelo menos até agora, não foi possível.
Guedes tem dito, no entanto, que a relação institucional com Maia continua sem sofrer danos.
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