Nascido na terra que também foi berço do poeta Lívio Barreto, Osvaldo ainda seminarista-rapazote já revelava o fulgor de seu estro com belas poesias como “Padre Antônio Tomás” que, em dez/1940, dedicou ao Príncipe dos Poetas Cearenses. Este, conquanto nos estertores da vida, retribuiu-lhe com “Desencanto”, sonetoque também avulta por ser o último de sua primorosa lavra cujo desfecho é o seguinte: “Os sons que arranco da pobre lira agora/Mais parecem soluços de quem chora/Do que a doce toada de quem canta”.
Prestes a completar 96 anos, o sacerdote e poeta Osvaldo Chaves já modula os primeiros acordes de seu canto de cisne. No livro “Osvaldo Chaves- coletânea de sermões” que admiradores seus aficionados de sua missa preceitual vêm de editar e lançar em Sobral, estão condensados sermões preciosos: obra que sobremodo enaltece as letras alencarinas.
Ordenado a 08.12.1951, Osvaldo ficou no Seminário de Sobral aguardando o dia 16/dez, quando em Granja cantaria sua primeira missa solene. Ajudando sua missa na capelinha do Bonfim, a 9/dez, testemunhei sua emoção ao transformar aquele pedaço de pão no corpo de Cristo: Osvaldo, suando copiosamente por todos os poros, revelava a magnitude de sua extremada fé.
Em 30.05.1987, na livraria do Juarez Leitão, Osvaldo Chaves lançava “Exíguas”, livro de belas poesias como essa “Fortaleza”, onde se lê: a) “Fortaleza que à luz de seusluares cor-de-rosa,/Curiosa, procura escutar/As palavras do vento/Cochichadas com as ondas do mar”; b) “E o progresso dispara pelas ruas,/ Apitando, buzinando, fonfonando,/Súbito, porém, tem!tem! tem!tem! tem!tem!/Olhei, quase não vi mais ninguém:/Que violência!/Que tanta pressa é esta?/Era todo branquinho/Com um pelo-sinal de sangue na testa/O carro da Assistência.”
Osvaldo Chaves é, sem favor, incenso nem ditirambos – afora a bondade e simplicidade de fiel servidor de Cristo – uma das maiores culturas humanísticas do Ceará.
Por F. Silveira Souza Advogado e escritor
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