PT aposta em convenção “enxuta” e sem Lula para liberar campanha no Nordeste

AME1793. RÍO DE JANEIRO (BRASIL), 06/07/2022.- El expresidente y candidato a la Presidencia de Brasil Luiz Inácio Lula da Silva participa en una reunión con representantes de la Samba para participar en un debate sobre el sector cultural, hoy, en la cancha de la escuela de samba Unidos da Tijuca, en Río de Janeiro (Brasil). El dirigente de la izquierda brasileña Luiz Inácio Lula da Silva mantiene una distancia de 14 puntos porcentuales frente al presidente Jair Bolsonaro en una encuesta sobre intenciones de voto con vistas a los comicios del 2 de octubre divulgada este miércoles. EFE/ André Coelho

O PT faz na próxima quinta-feira (21) sua convenção nacional, em que confirmará o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como candidato à Presidência da República em 2022. O evento será realizado em um hotel no centro de São Paulo. Apesar de ser a estrela da cerimônia, Lula não estará presente. Ele cumprirá agenda em Pernambuco no mesmo dia. Na quarta-feira (20), o PT fará uma reunião interna, para um grupo restrito de filiados, onde alinhará a temática a ser apresentada na convenção.VEJA TAMBÉM:

A decisão do PT de não contar com a presença de Lula, embora diferente do habitual para os eventos deste porte, tem amparo legal. As convenções são habitualmente momentos de celebração e mobilização das militâncias, mas em termos formais são eventos que servem para que os partidos formalizem seus candidatos. Não é necessária, portanto, a presença de Lula e nem do seu pré-candidato a vice, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB). Também é dispensado o comparecimento presencial dos militantes.

“A legislação e a Resolução n. 23.609/2019, do TSE [Tribunal Superior Eleitoral] permitem que as convenções partidárias possam ser presenciais, por meio virtual ou híbridas, não havendo mais que se falar em obrigatoriedade de presença física”, explicou a advogada Andrea Costa, especialista em direito eleitoral.

A convenção tem como pauta oficial o apoio à chapa Lula-Alckmin e a aprovação da coligação que PT e PSB farão com outros cinco partidos: PCdoB, PV, Solidariedade, PSOL e Rede. Ao término do evento principal, ocorrerá no mesmo local a convenção da federação da qual o PT faz parte, que une também PCdoB e PV, com pauta semelhante.

O PT ainda não definiu mais detalhes sobre o evento, como a realização de discursos ou outros eventos com a militância. O discurso oficial do partido é o de que o “efeito novidade” que a convenção causaria já foi criado no início de maio, quando houve o lançamento da chapa Lula-Alckmin.

Na ocasião, a popularidade da parceria foi testada – Lula e Alckmin eram adversários históricos e se confrontaram diretamente no segundo turno das eleições presidenciais de 2006. Apoiadores da dupla, como o senador Humberto Costa (PT-PE) e o ex-governador Flávio Dino (PSB-MA), brincaram que o evento apresentava ao Brasil o prato “lula com chuchu”, referência ao apelido “picolé de chuchu”, carregado por Alckmin.

Petistas e defensores do ex-presidente alegam também que a “retirada” de Lula da convenção permite ao petista intensificar as atividades de rua. A escolha por Pernambuco, citam, não é um acaso. Embora o Nordeste seja uma região que votou maciçamente no PT em eleições anteriores, há um entendimento de que Bolsonaro pode recuperar terreno após a aprovação de medidas de cunho social incluídas na chamada “PEC dos Benefícios”.

A partir da conclusão da convenção Lula deixará de ser “pré-candidato” e poderá ser tratado formalmente como candidato do PT ao Palácio do Planalto.

Lula deve estar presente na convenção do PSB, marcada para o dia 29, em Brasília, na qual o partido confirmará o nome de Alckmin como vice da chapa.

Medida do PT contrasta com convenções anteriores

A decisão do PT de fazer uma convenção protocolar e sem a presença de seu candidato contraria o que o partido fez em 2002 e 2006, anos em que também lançou o nome de Lula ao Palácio do Planalto. E também evita que sejam registrados constrangimentos como os verificados em 2002.

Naquele ano, a convenção teve como principal “novidade” a confirmação do então senador José Alencar (PL-MG) como vice de Lula. Empresário bem-sucedido, Alencar era contestado por parte dos segmentos do PT mais posicionados à esquerda, que não viam nele um perfil alinhado com o que pensava o partido. Isso motivou protestos de militantes presentes à convenção, que vaiaram Alencar e foram repreendidos por seguranças.

Já em 2006, o PT aproveitou o fato de Lula ser o então presidente para fazer da convenção uma divulgação dos feitos do governo. A convenção, realizada em Brasília, contou com a presença de cerca de 3 mil pessoas – entre elas, beneficiários do Bolsa Família, que discursaram sobre o impacto que o programa social causou em suas vidas.

A convenção de 2006 também confirmou o nome de Alencar como vice de Lula, derrubando especulações da época que sugeriam o fim da parceria. Alencar concorreu em 2002 como filiado ao PL e em 2006 pelo PRB, atual Republicanos. Hoje, os dois partidos são instituições-chave do apoio ao governo Bolsonaro. O PL é o próprio partido do presidente da República, e o Republicanos é a legenda de aliados de peso como os ex-ministros Damares Alves e Tarcísio Gomes de Freitas e o deputado federal Marcos Pereira (SP), presidente nacional do partido e ex-vice-presidente da Câmara.

Fonte: Gazeta do Povo

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