O último dia de março foi uma correria política entre os prováveis candidatos nas eleições de outubro. De manhã, no Palácio do Planalto, os ministros que tiveram que se despedir dos ministérios para serem candidatos apresentaram os seus substitutos, que já tomaram posse.
Só para lembrar: Tarcísio de Freitas vai ser candidato ao governo de São Paulo; Tereza Cristina ao Senado pelo Mato Grosso do Sul; Damares Alves ao Senado pelo Amapá; Gilson Machado ao Senado por Pernambuco; Marcos Pontes, deputado federal por São Paulo; João Roma, governo da Bahia; Rogério Marinho, governo do Rio Grande do Norte; Onyx Lorenzoni, governo do Rio Grande do Sul; Flávia Arruda, que deve tentar um novo mandato de deputada pelo Distrito Federal; e Walter Braga Netto, que vai ser assessor do presidente da República, esperando o momento de entrar na chapa como candidato a vice.
Saíram também os secretários da Cultura Mario Frias; da Pesca Jorge Seif Júnior; da Fundação Palmares, Sergio Camargo; e o chefe da Abin, Alexandre Ramagem. Todos eles serão candidatos a deputado federal.
O fiasco de Doria
O rei do fiasco foi João Doria, governador de São Paulo. Foi um carnaval. Ele disse que ia sair, depois voltou, já não sabia se ficava ou não, e anunciou a aliados de madrugada que não seria mais candidato e ficaria como governador. Aí deixou o Rodrigo Garcia, o vice-governador, na mão, porque estava tudo pronto para ele assumir o governo do estado e se candidatar em outubro.
Aí a presidência do PSDB disse para ele ficar, ser o candidato deles, que ele tinha total apoio e Doria acabou ficando. O PSDB saiu em frangalhos desse 31 de março e tudo indica que é Eduardo Leite o candidato preferido da sigla. Mas é assim mesmo. Doria está colhendo o que plantou.
O fiasco de Moro
Outro fiasco do dia foi de Sergio Moro, mas não só dele. Foi também um fiasco dos meus coleguinhas de imprensa que fizeram grandes apresentações do “futuro presidente da República”, do candidato que acabaria com a polarização Bolsonaro e Lula. Mas não adiantou nada. Moro desistiu. Ele deixou na mão o Podemos e foi para o União Brasil, mas o pessoal do DEM no novo partido não o apoiou como candidato a presidente. Só restou se candidatar como deputado federal, é a chance que restou a ele.
O PDT, claro, vibrou com a notícia, porque aí Ciro Gomes fica meio sozinho, como regra três. Se bem que Eduardo Leite ainda está na esperança de se candidatar e Simone Tebet, do MDB, segue na disputa, por enquanto. Mas uma coisa é certa: pelo que está se encaminhando a eleição será Bolsonaro ou Lula.
O fiasco de Daniel Silveira
E outro fiasco foi o deputado Daniel Silveira (União Brasil-RJ), que fez uma onda ameaçando se rebelar contra a ordem de uso da tornozeleira eletrônica. Ficou lá na Câmara dizendo “daqui não saio, daqui ninguém me tira”, que está do lado da Constituição, mas no fim também desistiu. Silveira foi até a Polícia Federal e botou a coleira no tornozelo. Mais um ponto para o ministro do STF Alexandre de Moraes diante da Câmara e do Senado.
Decisão acertada
Luciano Hang estava eleito como senador por Santa Catarina se quisesse. Mas ele deu uma aula de política, aquela do chão, de realismo. Disse que não será candidato. Pensou nos 22 mil funcionários e na família, e decidiu continuar como empresário militante. E acho que ele tem razão. Porque como empresário e militante, ele tem uma tribuna bem mais ampla e com maior alcance que se fosse ficar confinado no plenário do Senado. Acho que fez bem.
Judiciário prostituído
Assisti a uma aula de quase uma hora do ministro Ives Gandra da Silva Martins, do Tribunal Superior do Trabalho, sobre ativismo judicial. E cito só uma frase dele: “Judiciário politizado é Judiciário prostituído. O epicentro da crise brasileira está no poder Judiciário, quando desborda de julgar para legislar ou traçar políticas públicas”.
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