Dólar em queda prova que não há crise na nossa economia

Dinheiro / Dólar - 25-05-2017 - O código para o dólar dos Estados Unidos é USD (que significa United States Dollar), e o Fundo Monetário Internacional refere-se ao mesmo como US$. Na foto, detalhe de uma nota de 100 dólares. A moeda americana apresenta na face a imagem de Benjamin Franklin. Ele não foi presidente dos Estados Unidos, tendo diversas ocupações como jornalista, filantropo e diplomata.

É uma decepção: o dólar caiu para abaixo dos R$ 5, sua menor cotação em dois anos. Como assim? Mas ele não deveria estar subindo, como garantiam todos os economistas de esquerda, o comando da campanha de Lula e os banqueiros com sensibilidade social?

Deveria, porque, segundo eles, o dólar em alta é prova provada e comprovada de crise econômica em fase terminal, e em sua visão o Brasil está vivendo uma crise econômica em fase terminal; era mais um prego no caixão desse governo que está aí. E agora? Como explicar que a moeda de uma economia moribunda está ficando mais forte em relação ao dólar – mais de 10% de valorização, desde o começo do ano?

Os economistas da PUC, ou de qualquer outro canto onde se faz militância política na economia, não vão explicar nada. Vão apenas repetir que o Brasil está em crise e etc. etc. etc., e que a cotação do dólar, que até agora dizia muito, não quer dizer mais nada.

Naturalmente, a realidade é outra, e muito mais simples. O dólar vale o que vale, e não depende do que Lula e seu conselho econômico querem que valha, nem da importância que lhe atribuem hoje, ontem ou amanhã. No caso, está valendo menos porque no momento há sobra de dólares no Brasil; entra mais do que sai, a oferta é maior que a procura e o preço cai.

A oferta abundante de dólares é o resultado de um forte aumento nos investimentos estrangeiros no Brasil, a começar pela Bolsa de Valores – e aí sim, há um significado importante a se considerar. Investimento estrangeiro em alta não combina, de jeito nenhum, com crise econômica; jamais, em tempo algum, o capital corre para países em agonia. O fato, muito simplesmente, é que a economia brasileira não está em agonia. Tem problemas pesados, como o resto do mundo, em consequência da pandemia que colocou uma camisa-de-força na atividade produtiva durante os dois últimos anos. Mas é isso, e só isso.

O desemprego no Brasil é uma questão de primeira grandeza, mas não é maior nem pior do que o desemprego que há nas principais economias do mundo. A inflação está alta demais, na casa dos 10% ao ano, mas a inflação na maior economia de todas, a dos Estados Unidos, está beirando os 8% anuais – a pior dos últimos 40 anos. O crescimento projetado para este ano é muito baixo, pelas previsões feitas até agora, mas não há nenhum país fazendo muito melhor. É claro que teria de ser assim, no mundo inteiro – como poderia ser diferente, após dois anos de economia paralisada por conta da Covid?

A queda do dólar não é uma realização do governo, da mesma maneira que a alta não é sua culpa. É apenas um reflexo das realidades. Mas o noticiário econômico, hoje, passou a fazer parte do noticiário eleitoral – reflete apenas a torcida, e não os fatos. Preste atenção, assim, para não perder seu tempo acreditando em tudo aquilo que lhe dizem.

Fonte: Gazeta do Povo

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