Pois não é que Lula vai processar um padre que, durante a celebração da missa, o chamou de ladrão?
Curioso. Até hoje Lula não quis processar o ex-delegado de polícia Romeu Tuma Junior, por exemplo, que publicou o livro “Assassinato de reputações – um crime de Estado” (ed. Topbooks, 2013) com afirmações muito mais corrosivas do que os arroubos de indignação do sacerdote.
O padre Edison Geraldo Bovo, ao celebrar missa na paróquia de São Roque, em Laranjal Paulista, SP, falou: “O maior ladrão que o mundo já viu, o senhor Luiz Inácio Lula da Silva. Coitada da família dele, dos pais, da mãe que tem vergonha disso. Onde você pesquisar no mundo, é o pior.”
Já o livro do ex-delegado de polícia é devastador. No capítulo intitulado “Lula: alcaguete e aprendiz do DOPS”, ele dá detalhes da atuação de Lula como informante da polícia – além doutras indignidades.
“Lula era o nosso melhor informante (…) nos prestava informações muito valiosas: sobre as datas e locais de reuniões sindicais, quando haveria greve, onde o patrimônio das multinacionais poderia estar em risco por conta dessas paralisações. (…) combinava as greves com empresários e avisava o DOPS. Muitas (…) eram para aumentar o valor de venda dos veículos (…) ‘vamos repassar aos preços dos carros o aumento de salário obtido pela categoria que Lula comanda'”, está no livro.
A obra também revela as regalias que Lula obtinha em troca da trairagem e, ainda, gestos gratuitos e fraternos com que ele era agraciado pelo diretor do DOPS, o que, 30 anos mais tarde, ele viria a retribuir com deslealdade e impudência (está tudo no livro).
Lula já processou a jornalista Joice Hasselmann, a Revista IstoÉ (e os repórteres Sérgio Pardellas, Germano Oliveira e Davincci Lourenço de Almeida), a Revista Veja, o promotor de justiça Cassio Roberto Conserino (MP-SP), o procurador da República Deltan Dallagnol (coordenador da Lava Jato), o delegado Igor de Paula (PF, Lava Jato) e até o juiz Sergio Moro – processos que não implicavam risco e que ele perdeu todos.
O jornalista Cláudio Humberto (Diário do Poder, 15/09/2017) questionou por que Lula não processava Emílio e Marcelo Odebrecht, que declararam tê-lo subornado com um pacote de propinas (estando Lula na presidência).
Mas ele também nunca ajuizou contra José Nêumanne Pinto, que, no livro “O que Sei de Lula” (Topbooks, Rio de Janeiro), revela o que o próprio Lula contou: no início de sua vida laboral, para levar vantagens pessoais (leia-se “dinheiro”), Lula prestou-se a delatar (palavras dele) “camaradas menos aptos” – entre outras indignidades.
Pois é, os empreiteiros Odebrecht, o ex-delegado Tuma Junior e o jornalista Nêumanne Pinto, todos têm farta documentação do que afirmam. Não dá para arriscar. Já um vigário de paróquia… Aí dá para mostrar valentia…
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