Ativistas e amigos do rapper cubano Maykel Castillo “Osorbo”, que está detido em uma prisão de segurança máxima, têm denunciado a falta de comunicação imposta ao músico pela ditadura de Cuba e manifestado preocupação com a deterioração de sua saúde.
Osorbo é co-autor da canção “Patria y Vida”, que se tornou o hino dos manifestantes que saíram às ruas de Cuba pedir por liberdade nos protestos de 11 de julho. A música foi premiada na categoria de melhor canção urbana no Grammy Latino no dia 18 de novembro.
No sábado, a ativista e historiadora da arte Anamely Ramos, que vive em Miami, disse que fazia nove dias que ninguém tinha contato com Osorbo. “Antes, ele havia estado sem telefonar desde 19 de novembro (o dia seguinte ao Grammy), com exceção de uma chamada rápida para [a ativista] Carolina [Barreto] no dia 2 de dezembro”, disse a ativista pelo Facebook.
“Na ditadura de Cuba, ganhar um Grammy é motivo de castigo para um artista contestador”, completou.
Ramos disse, há algumas semanas, que Osorbo está doente e que sua vida corre perigo na prisão. Depois de uma greve de fome e sede de seis dias, e de permanecer em solitária durante quatro dias, o músico contou que foi atendido por um médico por causa de gânglios inflamados e outros sintomas, incluindo cansaço e febre.
Falando ao site 14ymedio, Anamely Ramos disse que Osorbo não tem um diagnóstico conclusivo, e que o músico e seus amigos não confiam em qualquer diagnóstico ou tratamento médico que ele possa receber na prisão.
Ela suspeita que ele esteja com algum problema no sistema linfático. “Se ele está assim, é justamente por sua prisão injusta e os maus tratos a que foi submetido desde muito antes de estar no cárcere.”
Maykel Osorbo não pôde participar da cerimônia de premiação em Las Vegas, já que fazia seis meses que estava preso em Cuba. A sua detenção motivou campanhas internacionais por sua libertação.
No início do mês, o compositor Yotuel Romero, co-autor de “Patria y Vida”, disse em entrevista ao Infobae que Osorbo estava incomunicável e que nem mesmo a sua advogada tinha permissão para vê-lo. “Em Cuba não há nenhuma legislação que defenda o acusado”, afirmou.
Romero vive nos Estados Unidos e recentemente encontrou-se com o presidente Joe Biden, com quem falou sobre a situação da vida em Cuba e sobre a composição de “Patria y Vida”.
Na semana passada, dois senadores americanos pediram à União Europeia que condenasse a detenção de presos políticos em Cuba, que ajudasse mais os ativistas cubanos e que reavaliasse o acordo de diálogo com o país.
Os senadores republicanos Marco Rubio e Bob Menéndez pediram em carta enviada a Josep Borrell, chefe da diplomacia europeia, que a UE “mantenha o compromisso histórico com o povo cubano, os direitos humanos e a democracia, renovando o seu chamado a libertar de imediato José Daniel Ferrer, Luis Manuel Otero Alcántara, Maykel Osorbo e todos os presos políticos da ilha”.
A revista americana Rolling Stone colocou “Patria y Vida” na sua lista de 50 melhores músicas de 2021 (na trigésima posição) e destacou a dificuldade para gravar a canção: Osorbo e outro rapper, El Funky, gravaram seus versos em segredo em Havana e os enviaram para Yotuel Romero, Gente de Zona e Descemer Bueno mixar nos Estados Unidos.
O título da canção é uma resposta ao bordão “pátria ou morte”, do ditador Fidel Castro. “Chega de mentiras/meu povo pede liberdade, chega de doutrinação/não vamos mais gritar ‘pátria ou morte’, e sim ‘pátria e vida’/e começar a construir o que sonhamos/o que eles destruíram com suas mãos”, diz um trecho da letra.
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