Qual é a estratégia do MDB ao lançar Simone Tebet na disputa pela Presidência

O presidente nacional do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), confirmou nesta quinta-feira (25) que o partido vai lançar a pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MS) à Presidência da República em reunião da Executiva do partido no início de dezembro. Com isso, a expectativa do comando emedebista é bloquear as negociações de alas do partido tanto com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) quanto com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Aliados de Simone Tebet também avaliam que a entrada da senadora no grupo da terceira via irá ampliar o poder de negociação do MDB com os demais partidos que já apresentaram outras pré-candidaturas. A emedebista tem flertado com outros postulantes ao Planalto, tais como o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) e o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro (Podemos).

“O meu nome está à disposição do partido. Tenho certeza de que terá uma terceira via em 2022. E, seja quem for, eu estarei com ela [a candidatura da terceira via]”, afirma a senadora ao ser questionada sobre a sua candidatura.

A expectativa do MDB era oficializar a pré-candidatura de Tebet logo após o fim da CPI da Covid, da qual ela participou. Mas as divergências internas no partido acabaram protelando a decisão. A legenda tem diversos rachas; e a candidatura da senadora não deve contar com a adesão de todo o MDB.

No Nordeste, por exemplo, lideranças do partido sinalizam que pretendem garantir palanque a Lula, com quem caciques emedebistas da região mantêm proximidade. Em Alagoas, por exemplo, o senador Renan Calheiros, pretende lançar seu filho, o atual governador Renan Filho para a disputa do Senado em um palanque junto com o petista para a Presidência. No Ceará, o ex-senador Eunício Oliveira vai concorrer a uma cadeira na Câmara dos Deputados com apoio de Lula.

O MDB conta ainda com adeptos de Bolsonaro, que pretendem apoiar a reeleição do presidente em estados do Sul, por exemplo. No Rio Grande do Sul, o deputado Osmar Terra tem rodado o estado nas últimas semanas. Ele sinaliza que a maioria do MDB gaúcho estará com Bolsonaro em 2022.

Senadora é cotada como vice de outro nome da terceira via

Aos seus aliados, Simone Tebet tem afirmado que não será candidata “a qualquer custo” e manterá seu compromisso de abrir mão de concorrer à Presidência caso outro nome da chamada terceira via se viabilize para 2022, ou seja, pontue melhor nas pesquisas de opinião.

“Que nós possamos colocar o bloco na rua. Mas que, lá na frente, possamos ter o altruísmo, a generosidade e o espírito público de perceber quem tem condições de estar no segundo turno nessa frente democrática, no sentido de tirarmos do segundo turno o atual presidente da República”, diz a emedebista.

Dentro do MDB, líderes do partido admitem que a entrada da senadora vai colocar o partido em evidência e poderá ampliar o poder de articulação do grupo junto aos demais partidos da terceira via. Isso porque Simone Tebet passou a ser cortejada por outros pré-candidatos para uma possível composição de chapa com seu nome como vice.

Concorrendo nas prévias do PSDB, João Doria já afirmou que pretende escolher uma mulher para ser vice na sua chapa, caso saia vitorioso na disputa interna do partido. “Se tivermos oportunidade de vencer, além de dialogar com vários outros partidos, vamos buscar uma mulher para ser vice na chapa do PSDB na Presidência da República”, afirmou o tucano.

Aliado de Doria, o presidente do MDB, Baleia Rossi, sinaliza que o nome da senadora poderia agregar na chapa do tucano. Aos seus interlocutores, o governador paulista tem afirmado que ficou impressionado com a desenvoltura da senadora na CPI.

O entorno de Simone Tebet admite que ainda não há nada de concreto em relação aos acenos para uma possível composição com demais candidatos. A senadora avalia que o momento é para discutir “projetos”, antes da formação de alianças.

Simone Tebet não descarta concorrer à reeleição no Senado 

Apesar dos acenos de outros postulantes da terceira via, aliados de Simone Tebet dizem que a senadora não quer ser uma “vice decorativa”. Com isso, caso sua candidatura não decole até meados de abril de 2022, pretende aproveitar a projeção para tentar a reeleição no Senado.

O ex-governador André Puccinelli chegou a trabalhar pela sua candidatura ao Senado pelo MDB do Mato Grosso do Sul, mas a executiva do partido já sinalizou que Simone Tebet terá preferência na disputa. A expectativa agora é que Puccinelli dispute o governo do estado e garanta palanque para um nome da terceira via na região. “No MDB não tem essa de ser direita ou esquerda, Bolsonaro ou Lula. Na esfera nacional, procuramos uma terceira via”, diz Puccinelli.

A senadora militou no MDB desde o início da sua carreira política. Simone Nassar Tebet é advogado de formação e professora universitária. Tem 51 anos e nasceu em Três Lagoas, município ao leste do Mato Grosso do Sul que faz divisa com o estado de São Paulo. Entrou na política como deputada estadual, em 2003, aos 33 anos. Dois anos depois elegeu-se prefeita de sua cidade natal e foi reeleita em 2008, mas não chegou a concluir o segundo mandato. Renunciou ao cargo para se candidatar e vencer a eleição como vice-governadora do MS na chapa com Puccinelli.

Em 2014, ela se candidatou ao Senado e conquistou uma cadeira, seguindo os passos do pai, Ramez Tebet (PMDB), que foi presidente do Senado entre 2001 e 2003. Na Casa revisora, Simone foi a primeira mulher a liderar a bancada do MDB e a presidir a Comissão de Constituição e Justiça, a mais importante do Senado. Se confirmar sua candidatura ao Planalto, ela deverá ser a única mulher na disputa.

Confira a matéria na Gazeta do Povo

Be the first to comment on "Qual é a estratégia do MDB ao lançar Simone Tebet na disputa pela Presidência"

Leave a comment

Your email address will not be published.


*