Para uns foi um fiasco; para outros, o esperado. A baixa adesão à mobilização dos defensores de uma alternativa ao presidente Jair Bolsonaro e ao ex-presidente Lula nas eleições de 2002, realizada neste domingo (12), deixa sinal claro das dificuldades para a construção da chamada terceira via.
Liderados por movimentos que encabeçaram os protestos contra a ex-presidente Dilma Rousseff, em 2015 e 2016, como Vem Pra Rua e MBL, as concentrações de rua deste domingo reuniram bem menos pessoas que as manifestações pró-Bolsonaro, no dia 7 de setembro, e as realizadas em junho, lideradas por movimentos sociais e sindicais, como a Central Movimentos Populares, Frente Povo Sem Medo e Central Única dos Trabalhadores (CUT), além de partidos de esquerda.
Estiveram na Avenida Paulista alguns dos nomes cotados como alternativa à polarização entre Lula e Bolsonaro. Estavam lá Ciro Gomes (PDT), João Doria (PSDB) e Luiz Henrique Mandetta (DEM), além de políticos de linhas ideológicas distintas, como Orlando Silva (PC do B-SP), Joice Hasselmann (PSL), Isa Penna (PSOL) e Arthur do Val Mamãe Falei (Patriota).
Ciro Gomes, do PDT, encampou o “nem Lula, nem Bolsonaro”. | Rpeordução/Twitter/Ciro Gomes
Sobraram líderes políticos. Faltou multidão. O pequeno público espelha as últimas pesquisas de intenção de voto, com Lula e Bolsonaro correndo folgados na frente.
A polarização entre o atual presidente e o ex-presidente petista tem tudo para aumentar. Os movimentos sociais e sindicais já preparam novas manifestações com uma pauta embasada em problemas que afetam a população no momento, o que tem potencial para levar mais gente às ruas. Desemprego, aumento generalizado dos preços – especialmente dos alimentos, do gás, da energia e da gasolina – inflação em alta e aumento da pobreza são alguns dos pontos que nortearão o grito das esquerdas.
Do outro lado, Bolsonaro espera uma reação da economia, com o reaquecimento do setor de serviços, para recuperar parte do apoio que vem perdendo no meio empresarial e reforçar seu apoio no Congresso, sustentado pelo Centrão.
O balanço das manifestações da esquerda, de bolsonaristas e da terceira via agora em 2021 deixa evidente um fato: Bolsonaro e Lula tem, neste momento, bases consolidadas para garantir a ida ao segundo turno. Resta saber se até as eleições – daqui a um ano – a terceira via conseguirá consolidar um nome com chance real de quebrar a polarização.
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