Rui, a Ira Divina e o 7 de Setembro: Uma resposta aos ditadores de plantão

“Jesus entrou no templo e expulsou todos os que ali estavam comprando e vendendo. Derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas, e lhes disse: “Está escrito: ‘A minha casa será chamada casa de oração’; mas vocês estão fazendo dela um ‘covil de ladrões’”. (Mateus 21:12,13).

Neste 7 de Setembro os brasileiros sairão às ruas em protesto. Não é somente um protesto de DIREITA contra ESQUERDA. Não!

O protesto neste 7 de Setembro é um protesto de PESSOAS DIREITAS!! De brasileiros que não se calam. Que não aceitam grilhões, coerção ou prisão moral!

Protesto de trabalhadores que pagam impostos e sustentam autoridades que comem lagostas e só bebem vinhos caros vencedores de concursos internacionais.

Acontece no feriado da Independência do Brasil, porque malandros protestam nos dias de trabalho e TRABALHADORES escolhem os domingos e os feriados. É um protesto de ÓDIO SANTO, como o de CRISTO quando expulsou os vendilhões do templo.

Assim, trago a vós, as palavras selecionadas de nosso maior jurista, Rui Barbosa, em sua “Oração aos Moços”, disse ele aos brasileiros:

“Porque o ódio ao mal é amor do bem, e a ira contra o mal, entusiasmo divino.

Vêde Jesus despejando os vendilhões do templo, ou Jesus provando a esponja amarga no Gólgota. Não são o mesmo Cristo, esse ensanguentado Jesus do Calvário e aqueloutro, o Jesus iroso, o Jesus armado, o Jesus do chicote inexorável?

Não serão um só Jesus, o que morre pelos bons, e o que açoita os maus?

Nem toda ira, pois, é maldade; porque a ira, se, as mais das vezes, rebenta agressiva e daninha, muitas outras, oportuna e necessária, constitui o específico da cura. Ora deriva da tentação infernal, ora de inspiração religiosa. Comumente se acende em sentimentos desumanos e paixões cruéis; mas não raro flameja do amor santo e da verdadeira caridade.

Quando um braveja contra o bem, que não entende, ou que o contraria, é ódio iroso, ou ira odienta. Quando verbera o escândalo, a brutalidade, ou o orgulho, não é agrestia rude, mas exaltação virtuosa; não é soberba, que explode, mas indignação que ilumina; não é raiva desaçaimada, mas correção fraterna.

Então, não somente não peca o que se irar, mas pecará, não se irando.

Cólera será; mas cólera da mansuetude, cólera da justiça, cólera que reflete a de Deus, face também celeste do amor, da misericórdia e da santidade.

É a hora das responsabilidades, a hora da conta e do castigo, a hora das apóstrofes, imprecações e anátemas, quando a voz do homem reboa como o canhão, a arena dos combates da eloqüência estremece como campo de batalha, e as siderações da verdade, que estala sobre as cabeças dos culpados, revolvem o chão, coberto de vítimas e destroços incruentos, com abalos de terremoto.

Ei-la aí a cólera santa! Eis a ira divina!

Quem, senão ela, (a cólera santa) há de expulsar do templo o renegado, o blasfemo, o profanador, o simoníaco?

Quem, senão ela, exterminar da ciência o apedeuta, o plagiário, o charlatão?

Quem, senão ela, banir da sociedade o imoral, o corruptor, o libertino?

Quem, senão ela, varrer dos serviços do Estado o prevaricador, o concussionário e o ladrão público?

Quem, senão ela, precipitar do governo o negocismo, a prostituição política, ou a tirania?

Quem, senão ela, arrancar a defesa da pátria à covardia, à inconfidência ou à traição?

Quem, senão ela, a cólera do celeste inimigo dos vendilhões e dos hipócritas?

A cólera do Verbo da verdade, negado pelo poder da mentira?

A cólera da santidade suprema, justiçada pela mais sacrílega das opressões?”

Neste 7 de Setembro, o espirito indomável de Rui Barbosa, nosso maior jurista, também caminhará junto aos brasileiros gritando por liberdade e justiça. Marcharão juntos, cheios de arrebatamento majestoso, repetindo:

– “O ódio ao mal é amor do bem, e a ira contra o mal, entusiasmo divino”.

Confira a matéria no Jornal da Cidade

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