Atrás das grades, Jefferson escreve nova carta, mira Moraes e conta detalhes do “desprezo pessoal” entre eles (leia a carta)

As cartas escritas por Roberto Jefferson tem sido uma terapia, um desabafo e uma forma de dizer o que sente.

Longe da liberdade, o presidente do PTB não recua!

Em sua última carta, Jefferson contou detalhes do que chamou de “desprezo pessoal” entre ele e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

Um desabafo forte e revelador…

Leia a carta na íntegra:

Reflexões de um Preso Político (27/08/2021)

Li parte da sabatina feita ao Doutor Augusto Aras, Procurador Geral da República, para a sua recondução ao cargo por mais dois anos.

Dr. Aras fez a carreira na meritocracia. Estudou, se graduou, se pós-graduou e se doutorou. Chegou ao topo por seus méritos e eleição de seus pares, que o respeitam e admiram. Agora teve seu nome aprovado pelo Senado e será reconduzido pelo Presidente Bolsonaro para mais um biênio à frente da Procuradoria da República. Conquista épica para um homem público, que jovem venceu um difícil concurso, uma maratona de inteligências que medalha com ouro os melhores.

Parabéns Dr. Augusto Aras. Seus pais foram felizes e sábios na escolha de seu nome batismal, Augusto, digno de respeito, solene, imponente. Aras, plural da ARA, altar, lugar de sacrifício e oração, altares.

Me imagino sentado no seu lugar, na cadeira à direita do Presidente do Supremo, composto por homens e mulheres, que ali chegaram sem a unção do voto popular ou o mérito do concurso público. Foram nomeados campeões na olimpíada dos bastidores, no campeonato da coxia e do pé-de-escada. Mais: campeões vitalícios até a senectude.

Dr. Augusto, solene e digno de respeito, divergi, apenas, de duas afirmações suas.

A primeira diz respeito a Lava Jato, operação judicial que eviscerou a velha velhacaria, enchendo de orgulho nacional o povo cristão, conservador e de valores éticos, na certeza de que todos são iguais perante a Lei. Poderosos sendo presos e restituindo o butim ao Tesouro. Mas o STF dos porões e lobies frustrou e decepcionou nossa brava gente brasileira: anulou o processo e libertou ladravazes de bilhões e bilhões de reais. Lembro que em agosto de 2005, um grupo de ladrões cavou, durante três meses, um túnel e levou trezentos milhões de reais do Banco Central na cidade de Fortaleza, Ceará.

Semanas após, o chefe do roubo foi morto e os demais membros da quadrilha cumprem penas até hoje.

Os ladrões chefes do assalto mais grave aos cofres do Brasil, apanhados na Lava Jato, andam em caravanas políticas e organizando coletivas vermelhas para desestabilizar o governo democrático.

A segunda divergência é de natureza pessoal, me diz respeito. Ao senhor, Dr. Aras, da sacralidade dos altares, afirmo que não ameacei o Supremo, como equivocadamente o senhor falou.

Tenho, na minha modesta opinião, com a experiência de mais de quarenta anos de vida pública, tendo sido aprovado em seis concursos públicos eleitorais consecutivos para deputado federal, quadrienalmente, com o povo e pelo povo, a convicção de que o ativismo judicial do Supremo praticado por seus ministros, é uma grave ameaça à democracia e a ROTA ordem constitucional, em consequência da atuação político-partidária, engajada ideológica e cristofóbica desses senhores e senhoras.

Nutro, é verdade, profundo desprezo pessoal pelo ministro Alexandre de Moraes pela perseguição que faz a mim e a meu partido.

No TSE, nós sempre fomos respeitados pelas correção de nossas contas, hoje glosadas vultosa e sistematicamente pelos técnicos da corte jabuticaba, sem critério e sem lei. Pior: sem explicação.

Um erro na prestação de cem reais implica na glosa de um milhão de reais. Sistematicamente. Repetidamente.

Agora o pessoal. Em maio de 2020, no isolamento da pandemia, o Ministro Alexandre de Moraes, nos autos invisíveis e secretos do Inquérito Fake, das Fake News, já arquivado, determinou em despacho monocrático uma devassa em minha residência, meu lar.

Resido num pequeno e pacato município, Comendador Levy Gasparian, Terra de minha Ana, com quem sou casado há vinte anos. Cidade de nove mil habitantes na divisa entre o Rio de Janeiro e Minas Gerais, nossa borda de fronteira é o Rio Paraibuna.

Maio de 2020, numa fria manhã, fomos interrompidos durante nosso devocional diário, pela visita de dois camburões negros e amarelos da Polícia Federal. Oito homens, seis ostentavam fuzis e dois armados de pistola. Em seguida, chegou o povo.

O Roberto Jefferson está sendo preso outra vez, vai para a cadeia. Era o rumor e o burburinho.

“Temos mandado de busca e apreensão”, disse a voz no interfone interrompendo nossas orações. Eu de moletom, minha Ana de roupão. E nosso lar sagrado, rocha e refúgio, foi tomado por homens em armas. Buscavam uma carabina 556 e um celular. A carabina estava numa foto na Feira de Armas em Brasília, Meu celular e a rede social com trezentos mil seguidores e um milhão de interações. Não havia carabina 556, levaram meu celular. Toda a minha casa, cidadela e fortaleza, foi revistada e revirada por oito homens em armas.

Procuravam a carabina 556 nas gavetas de roupa íntima de minha Ana. Relicário sagrado que em vinte anos de vida íntima eu jamais violei. Lembro a cena, policiais enluvados revolvendo as gavetas das menores roupas íntimas de minha Ana, repito, relicário onde jamais coloquei meus dedos ou minhas mãos.

Olhei vencido e impotente os olhos baços de minha mulher, úmidos e humilhados fitavam o chão. Eu ali, impotente, desonrado como homem, não pude defender a honra da minha esposa.

No Fake Inquérito, ora arquivado, o Doutor Alexandre de Moraes, por motivo fútil, me causou graves danos morais. Até hoje isso é motivo dos meus pesadelos. Acordo sobressaltado reprisando aquelas cenas degradantes e humilhantes.

Sei que sua Excelência Doutor Alexandre de Moraes mandou arquivar o Fake Inquérito por falta de base probatória e supedâneo legal. Foi uma aventura de seu ativismo judicial, mas causa de grave dano moral à minha família e honra pessoal.

Doutor Alexandre de Moraes se excede em zelos por sua Doutora Viviane. Tanto que impediu o aviltamento de Doutora Viviane aos portões eletrônicos do aeroporto de Brasília.

Doutor Alexandre e Doutora Viviane me processam, pessoalmente a mim, redundância retórica, em ações cíveis e criminais. Sendo que já fui condenado em três ações indenizatórias de danos morais, em mais de cem mil reais, julgadas na comarca paulistana. É célere a justiça ali.

O curioso, o meu desafeto cível e criminal, decreta a minha prisão preventiva, mesmo sendo litigante contra mim. Não se dá por impedido. É pessoal nosso balancete. Entendo eu, em minhas contas, ele é devedor. Ele fez chorar o meu amor.

Doutor Augusto Aras, homem solene e respeitável, venho perante o altar de seus credos afirmar que não ameacei o Doutor Alexandre de Moraes.

Quem ameaça faz chalaça.

Apenas marquei, publicamente, uma agenda com ele. Precisamos olhar um no olho do outro. O que é pessoal, pessoalmente se resolve.

Auguro ao senhor Procurador Geral da República as inspirações e bênçãos do nosso Criador. Sucesso no seu próximo biênio.

Nossa Força e Vitória é Jesus.

Roberto Jefferson

Confira a matéria no Jornal da Cidade

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