A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta sexta-feira (20) uma operação contra o cantor Sérgio Reis e o deputado Otoni de Paula (PSC-RJ), aliados do presidente Jair Bolsonaro. Ao todo, foram cumpridos 29 mandados de busca e apreensão – inclusive no gabinete do deputado na Câmara. Solicitada pela Procuradoria-Geral da República, a operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A PF informou que a operação investiga “eventual cometimento do crime de incitar a população, através das redes sociais, a praticar atos violentos e ameaçadores contra a Democracia, o Estado de Direito e suas Instituições, bem como contra os membros dos Poderes”. A apuração está relacionada à tentativa de promover uma greve de caminhoneiros no país.
Recentemente, um áudio e um vídeo do cantor vazaram nas redes sociais. Neles, Sérgio Reis convocou caminhoneiros promoverem uma grande manifestação “para salvar o país” em apoio a Bolsonaro, que seria realizada na Semana da Pátria, no começo de setembro. O cantor afirmou que a manifestação será “de paz”, mas que “eles vão se assustar com o movimento”.
Numa gravação, na qual ele conversa com um amigo, Sérgio Reis defendeu o afastamento dos ministros do STF e fez uma ameaça: “Se em 30 dias não tirarem os caras nós vamos invadir, quebrar tudo e tirar os caras na marra. Pronto. É assim que vai ser. E a coisa tá séria”. O cantor disse ainda que teria tido uma reunião com o próprio Bolsonaro e com militares das Forças Armadas para informá-los sobre o movimento.
Lideranças dos caminhoneiros disseram que Sérgio Reis não os representa. E, à imprensa, após o vazamento do áudio, o cantor disse ter se arrependido de mandar o áudio para o amigo.
Apesar disso, um grupo de 29 subprocuradores da República assinou um pedido para que a PGR investigasse Sérgio Reis por convocar uma greve de caminhoneiros.
Qual é a acusação contra Otoni de Paula; e quem mais é investigado
A PF ainda não divulgou qual é a suspeita envolvendo o deputado Otoni de Paula para incluí-lo na operação desta sexta-feira. Mas, recentemente, o parlamentar subiu à tribuna da Câmara para defender Sérgio Reis das críticas que o cantor recebeu após suas declarações se tornarem públicas.
Mas Otoni de Paula havia sido denunciado em 2020 por ofensas a Alexandre de Moraes. Ele foi condenado a pagar uma indenização de R$ 70 mil a Moraes.
Além de Sérgio Reis e Otoni de Paula, o jornal O Estado de S.Paulo informou que a operação da PF também teria como alvo o empresário Antonio Galvan, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja. Ele estaria envolvido na organização do movimento.
Impedidos de circularem pela Praça dos Três Poderes
O ministro Alexandre de Moraes determinou que parte dos alvos da operação desta sexta-feira não se aproxime menos de um quilômetro da Praça dos Três Poderes, em Brasília. A decisão só não vale para o deputado federal Otoni de Paula. Moraes entendeu que, por Otoni ser parlamentar, tem a prerrogativa de frequentar o Congresso.
Além do STF, a Praça dos Três Poderes é integrada pelo Palácio do Planalto e pelo Congresso Nacional. De acordo com a decisão, a restrição visa proteger parlamentares e ministros.
“Para evitar a prática de infrações penais e preservação da integridade física e psicológica dos ministros, senadores, servidores ali lotados, bem como do público em geral que diariamente frequenta e transita nas imediações. A presente restrição somente não se aplicará ao deputado Federal Otoni Moura de Paulo Júnior, em razão da necessidade do exercício de suas atividades parlamentares”, escreveu Moraes.
Ainda de acordo com a decisão, os investigados terão seus perfis em redes sociais bloqueados. Eles também não podem se comunicar com manifestantes e não devem participar de eventos em ruas e próximas a monumentos do Distrito Federal.
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