Um homem de 100 anos que supostamente atuou como guarda em um campo de concentração nazista durante a Segunda Guerra Mundial será julgado em outubro em um tribunal alemão, acusado de auxiliar no assassinato de 3.518 pessoas.
A justiça de Neuruppin, que abriu o caso em fevereiro, recebeu uma avaliação médica confirmando que o acusado está em condições de saúde para enfrentar o julgamento, apesar de sua idade avançada. Mas as audiências terão uma duração máxima de duas horas e meia por dia, noticiou o jornal Welt am Sonntag no domingo. O nome dele não foi divulgado pela imprensa, seguindo as leis de privacidade alemãs.
O suspeito teria trabalhado no campo de Sachsenhausen, ao norte de Berlim, entre janeiro de 1942 e fevereiro de 1945, como um membro alistado da ala paramilitar nazista. “Muitos dos denunciantes são da mesma idade que o acusado e esperam que a justiça seja feita”, disse o advogado Thomas Walther, que representa vítimas desse caso, ao jornal alemão.
O processo é o mais recente de uma série de julgamentos, ocorridos nos últimos anos na Alemanha, de pessoas com idade avançada acusadas de trabalhar para o nazismo em campos de extermínio. Esses casos foram abertos após mudanças legais no país que facilitaram a acusação penal de qualquer pessoa que tenha ajudado o funcionamento de um campo nazista.
Em 2011, um julgamento em Munique abriu caminho para outras condenações por crimes de guerra de pessoas que trabalharam como guardas ou em outras funções nesses campos. Até então, os promotores precisavam provar que os réus cometeram atos específicos contra vítimas específicas, o que estava se tornando cada vez mais difícil com o passar das décadas.
Nesse julgamento de 2011, um homem foi condenado por auxiliar nos assassinatos no campo de Sobibor, na Polônia ocupada pelos nazistas, pela sua atuação como guarda do local.
“Protótipo”
O campo de extermínio de Sachsenhausen foi aberto em 1936 para servir de protótipo aos demais campos nazistas, logo após Adolf Hitler ter passado o controle dos campos para a SS. Mais de 200 mil pessoas foram mantidas presas no local até a libertação em abril de 1945, e dezenas de milhares morreram de fome, doenças, trabalhos forçados ou vítimas de experimentos médicos e operações de assassinato pelo esquadrão SS nazista, por fuzilamento, enforcamento ou câmara de gás.
Nos seus anos iniciais, o campo abrigou especialmente prisioneiros políticos e também Testemunhas de Jeová e homossexuais. O primeiro grande grupo de judeus europeus enviado a Sachsenhausen chegou em 1938, após os ataques antissemitas na Alemanha chamados de Noite dos Cristais.
No decorrer da guerra, o local passou a abrigar prisioneiros de guerra, milhares dos quais foram executados. Sachsenhausen foi libertado pelos soviéticos, que continuaram usando o campo para confinamento e outros atos brutais.
Em outro processo, uma mulher de 96 anos será julgada no final de setembro na cidade alemã de Itzehoe por ter supostamente auxiliado nas mortes de mais de 10 mil pessoas enquanto trabalhava como secretária no campo de concentração de Stutthof durante a guerra.
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