Setores de PP, PSL e DEM começaram a negociar uma fusão entre as siglas para criar um “superpartido” nas eleições de 2022. Mas a oficialização do senador Ciro Nogueira (PP-PI) como ministro da Casa Civil pode esfriar as conversas. Caciques das três legendas alegam que as negociações são preliminares e que, por enquanto, ainda não há acordo para a união das siglas — DEM e PSL inclusive tratam o caso com ceticismo. Aliado do Palácio do Planalto, o presidente do PP, Ciro Nogueira, vinha sendo apontado por interlocutores como o principal articulador do grupo que discute a fusão.
A informação que circula nos bastidores é de que o novo superpartido teria um comando dividido entre dirigentes das três siglas atuais. A presidência ficaria com Luciano Bivar, atualmente no comando do PSL. A vice-presidência seria de ACM Neto, atual presidente do DEM. Já o PP ficaria com a secretaria-geral, representado por Ciro Nogueira.
Outro possível entrave para a união dos partidos é a possibilidade de que o presidente Jair Bolsonaro se filie ao PP. Faltando menos de um ano para o início da campanha de 2022, o presidente ainda não tem uma legenda para abrigar sua candidatura à reeleição. Caso ingresse no partido, haveria ainda uma tendência de que bolsonaristas também viessem a entrar na sigla. E isso também poderia inviabilizar a fusão.
Recentemente, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), chegou a procurar o presidente do PSL, deputado Luciano Bivar (PE), no intuito de reaproximá-lo do presidente Bolsonaro — ambos estão rompidos. Entretanto, parte do antigo partido de Bolsonaro aposta na candidatura do apresentador de TV José Luiz Datena à Presidência em 2022 e descarta qualquer aliança com o Palácio do Planalto.
Fake news? Especulação? O que há de verdade na fusão de PP, PSL e DEM
“É natural que os demais partidos com pautas convergentes se aproximem para abrirmos essa discussão. Porém, jamais abriremos mão de nossos ideais liberais, defendidos desde nossa fundação. Qualquer avanço no sentido de fundir-se, por conseguinte, enfrentará esses e outros entraves”, disse Bivar em nota.
Do lado do DEM, tampouco há consenso sobre uma possível fusão. Uma parte do partido cogita lançar o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta para a Presidência. E Mandetta tem afirmado aos seus interlocutores que a possibilidade de fusão se trata de “fake news”.
Para o ex-ministro do governo Bolsonaro, os filiados ao partido que apoiarem a reeleição do presidente deverão seguir com ele para outra legenda. Filiada ao DEM, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, seria um desses nomes e já estaria com sua filiação ao PP acertada para 2022. Ela trabalha para se candidatar a uma vaga ao Senado pelo estado do Mato Grosso do Sul.
Já a ala do DEM que defende a união entre as três siglas é composta, principalmente, por apoiadores do governo Bolsonaro da sigla. O deputado Elmar Nascimento (BA) está de saída do DEM para reestruturar o diretório do PSL na Bahia. Mas tenta convencer os demais integrantes da bancada baiana do partido a levar ACM Neto a embarcar no projeto da fusão partidária.
ACM Neto admitiu que as conversas sobre a fusão estariam acontecendo por parte de integrantes da legenda, mas disse que não participou. “Houve conversas de gente com esse interesse, mas eu não participei. Neste momento, esse assunto é especulação”, afirmou o ex-prefeito de Salvador para o site O Antagonista.
Apesar do veto de integrantes do PSL e do DEM para apoiar Bolsonaro em 2022, aliados de Ciro Nogueira afirmam que o presidente do PP não pretende deixar as negociações para a fusão partidária esfriarem. Na volta do recesso parlamentar, na semana que vem, um encontro com os dirigentes partidários envolvidos nas negociações está marcado para ocorrer em Brasília.
Superpartido seria o maior do Congresso e uma potência financeira
Se confirmada a fusão, o novo partido seria o maior do Congresso Nacional, com 121 deputados e 15 senadores. A Câmara tem 513 deputados e o Senado, 81 integrantes.
Além disso,o superpartido também seria uma potência financeira para a campanha de 2022. Com a aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) prevendo um orçamento de até R$ 5,7 bilhões para o fundo eleitoral no ano que vem, o futuro partido teria direito a receber quase R$ 1,5 bilhão desse total. Pela bancada atual, o PSL teria direito a R$ 567 milhões; o PP, por volta de R$ 384 milhões; e o DEM teria R$ 323 milhões.
Apesar de ter sinalizado que vetaria o fundo bilionário, o presidente Bolsonaro sinalizou na segunda-feira (26) que pretende derrubar apenas o que considera um “excesso” no montante e indicou apoio a um valor menor, de R$ 4 bilhões.
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