A não notícia de Pazuello sobre a Coronavac e o silêncio da mídia sobre o voto impresso

Pazuello cumprimenta um dos participantes da reunião em que a compra da Coronavac com intermediária teria sido negociada.| Foto: Reprodução

O presidente Bolsonaro teve alta e já deu declarações lamentando que o Congresso Nacional tenha aprovado por maioria de deputados e de senadores esse fundo eleitoral que quase foi triplicado: R$ 5,7 bilhões. Presidente Bolsonaro disse que com esse dinheiro nunca mais ia faltar água para o Nordeste, que o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, com esse dinheiro ia concluir obras rapidamente.

Ministro Rogério Marinho que ao contrário do presidente Bolsonaro entrou no hospital, ele se sentiu mal enquanto estava de férias em Porto Seguro e foi atendido em um hospital de Salvador para fazer uma angioplastia para colocar um stent para abrir uma artéria que estava entupida. Ele foi obeso durante muito tempo, agora ele perdeu peso. Mas já saiu do hospital e está bem.

A não notícia de Pazuello sobre a Coronavac

Eu queria falar sobre essa narrativa e dessa não notícia do ex-ministro Pazuello e que deu manchetes em jornal. Eu fico boquiaberto com esse novo jornalismo que está aí. “Pazuello negocia pelo triplo do preço vacina Coronavac”, não negociou, não teve triplo do preço, não aconteceu nada. O secretário-geral recebeu uma comitiva de Santa Catarina, que teve lá uma oferta de vacinas e ele [Pazuello] foi chamado lá para apertar a mão do pessoal que estava visitando o ministério. Falou: “Olha, tudo bem, vai ter um memorando aqui, muito obrigado à vocês, vamos negociar e tal”. Aí ele saiu dali e foi ver o tal memorando e disse: “não dá né, com esse preço aí de U$$ 28 não dá”.

A própria empresa declara que não houve resposta para a oferta deles, não aconteceu nada. Se fosse no meu tempo de repórter do jornal do Brasil, 50 anos atrás, se eu fosse levar um assunto desse para o meu chefe de redação, ele olharia pra mim e diria assim: “Teve memorando? Não. Assinou o memorando? Não. Onde está o preço? O ministro falou em preço? Não. Foi comprada a vacina? Não.” Aí o chefe me diria assim: “Então não temos notícia, vai fazer outra coisa”. Só que no jornalismo de hoje isso vira notícia. A não notícia, o não acontecimento.

Uma conversa que não resultou em nada vira notícia. Isso virava notícia no meu tempo em colunista social, fofoqueiro e tal. Hoje não, hoje é diferente. É lamentável uma coisa dessas.

Mídia calada sobre o voto impresso

Outro assunto é essa história do voto auditável, que agora entrou em recesso e só volta a ser discutido em agosto. Depois que o relator desta comissão especial que examina a emenda constitucional que torna o voto comprovado colheu o depoimento de um hacker, que está preso e cumprindo pena por ter invadido sistemas, ele disse: “não, eu entrei no sistema da Justiça eleitoral, é bem fácil entrar”.

Isso confirma o depoimento de peritos da Polícia Federal, dado no Supremo, dizendo que é fácil entrar em uma urna eletrônica, de descobrir a senha, o código, descobrir até a ordem de votação, portanto abrir o segredo do voto. Aliás, ontem fez aniversário o voto secreto na Inglaterra, que começou em 1872.

Aqui o voto é tão secreto que a gente não fica sabendo como ele é apurado. Antigamente a gente sabia, agora não. A gente acompanhava, os fiscais dos partidos acompanhavam.

Hoje o fiscal do partido não consegue acompanhar nada, porque a gente não sabe como é feito lá dentro, na conversa do mundo digital. A apuração é um ato administrativo, portanto sujeito a transparência e que está prevista na Constituição.

Por algum motivo os ministros do Supremo já derrubaram três leis que tratavam disso: lei do PMDB, de Roberto Requião, Lei do PCdoB, e do PDT, de Brizola Neto e Flávio Dino, e lei do partido do deputado Bolsonaro também. A Dilma chegou a vetar e a maioria da Câmara e do Senado derrubou o veto, sendo 368 deputados e 56 senadores.

Hoje está todo mundo silente, por quê? Porque não querem que o eleitor saiba como o voto é apurado? É muito estranho isso, mais estranho pra mim que sou jornalista é o silêncio da mídia sobre isso.

Confira a matéria na Gazeta do Povo

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