- Como não conseguiu emplacar a maldita cobrança do imposto sobre operações financeiras, nos moldes da antiga CPMF, Paulo Guedes, ministro da Economia, apresentou à Câmara dos Deputados, na semana passada (2/7), mais uma fatia do interminável projeto de reforma tributária. Desta vez para introduzir mudanças na legislação do imposto de renda. Mas a medida está sendo rechaçada por diversos segmentos da sociedade, especialmente em relação à taxação de 20% sobre lucros e dividendo, bem como na limitação de rendimento de pessoas físicas para apresentação de declaração simplificada. Na opinião de especialistas, a proposta não só eleva a carga tributária, principalmente para empresas de porte médio e de pessoas físicas da classe média, como também acarretará entraves para a recuperação da economia, pois afasta investidores para impulsionar atividades produtivas. Além disso, tende a desorganizar ou até mesmo inviabilizar setores importantes como o de prestação de serviços e da construção civil. Precisamos cobrar dos parlamentares que façam as devidas adequações no projeto. Não podemos pagar o pato por mais essa desastrosa inciativa do ministro Guedes. Nada contra ampliar o Bolsa Família. Porém, antes de se propor aumento de carga tributária é prudente que se avalie soluções alternativas, como por exemplo criar contribuição sobre grandes fortunas, como está propondo o senador Ranfolfe Rodrigues (Rede-AP), enxugar a máquina administrativa, arquivar projetos que não sejam de interesse da coletividade, eliminar despesas desnecessárias, inclusive os penduricalhos existentes nos Três Poderes da República, entre outras.
- Em entrevista ao jornal Valor Econômico, edição de ontem (12), Márcia Cavalleri, diretora-geral da empresa Inteligência em Pesquisa e Consultoria (IPEC) e uma das maiores autoridades brasileiras em pesquisa eleitoral, afirmou que é muito cedo para se tirar qualquer conclusão acerca de possíveis resultados das eleições previstas para 2022. Para ela, no momento o eleitor está lutando é pela sobrevivência. Sua preocupação está voltada mais para questões emergenciais, como a vacinação contra a Covid-19, emprego e frequentes aumentos de preços.
- A escalada inflacionária não só reduz o poder de compra dos brasileiros, sobretudo dos mais pobres, como também tende a dificultar o retorno das atividades produtivas na medida em que, para combatê-la, o governo é obrigado a aumentar a taxa básica de juros (SELIC). Por outro lado, a inflação está contribuindo para o crescimento da arrecadação, tanto do governo federal como dos estados. Espera-se, no entanto, que os governantes utilizem esses recursos adicionais para realização de investimentos produtivos, a fim de contribuir para reativação da economia e a consequente geração de mais empregos e renda.
Nosso foco é o Brasil
Brasília, 13 de julho de 2021. José Leite Coutinho
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