Entenda como serão as prévias do PSDB para definir o candidato à presidência em 2022

O PSDB irá realizar em 21 de novembro suas prévias partidárias com intuito de definir quem será o candidato à presidência pela legenda em 2022. Até o momento, o governador de São Paulo, João Doria, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, o senador Tasso Jereissati (CE) e o ex-senador Arthur Virgílio (AM) são os nomes que pretendem disputar a eleição interna.

Com interesses diversos, uma comissão partidária chegou a se criada para a definição das regras para realização das prévias. Segundo o projeto aprovado pela executiva nacional, todos os setores do partido terão pesos iguais nos votos para as eleições internas.

  • Filiados sem mandato: peso 25%
  • Prefeitos e vice-prefeitos: peso 25%
  • Vereadores, deputados estaduais e distritais: peso 25%
  • Governadores, vice-governadores, ex-presidentes, presidente da executiva nacional, deputados federais, senadores: peso 25%

“Agora é unidade. É preparar as prévias, fazer um processo transparente, com qualidade e inovação. Esse é um dos momentos mais intensos da história do PSDB, uma grande demonstração de democracia interna”, afirmou o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo.

Derrota para Doria

As regras definidas pela comissão do PSDB representaram, no entanto, uma derrota para João Doria. O governador paulista pleiteava que os votos dos filiados sem mandatos tivessem peso de 50% na votação.

A manobra poderia favorecer Doria, já que o diretório de São Paulo conta com aliados do governador e é o mais bem estruturado do país. Além disso, o estado acumula cerca de 300 mil dos mais 1,4 milhão de filiados ao ninho tucano.

Pleiteando o posto de candidato há pelo menos um ano, Doria enfrenta resistências de antigos nomes do PSDB, entre eles a ala tucana de Minas Gerais, liderada pelo deputado Aécio Neves (MG). Com esse revés, o governador de São Paulo pretende angariar apoio entre prefeitos e vice-prefeitos, no intuito de conseguir maioria na legenda.

“Vamos disputar as prévias, respeitando todos os candidatos. Mas vamos trabalhar pra vencer. E somar forças com todos para fortalecer a candidatura do PSDB. E ajudar o Brasil”, disse João Doria ao jornal Folha de São Paulo.

Apesar das críticas de aliados do governador paulista, o senador Izalci Lucas (DF), integrante da comissão do PSDB que definiu as regras para as prévias, defendeu o modelo proposto. “Quem está disposto a disputar uma prévia tem que correr atrás, vai ser bom para os pré-candidatos expressarem seus projetos. Até lá eles terão um espaço para debaterem com os militantes e diretórios. O PSDB vai aproveitar para fazer o debate de programa, porque não adianta nada temos apenas projetos pessoais e não de partido”, afirmou o tucano que é pré-candidato ao governo do Distrito Federal.

O entorno de Doria afirma que ele hoje teria cerca de 30% a 40% dos votos dentro do PSDB. Pelas regras, são necessários 51% dos votos para que não haja segundo turno entre os dois mais bem votados.

Eduardo Leite busca apoio de opositores de Doria

Incentivado a entrar na disputa pela ala tucana que se contrapõe a João Doria, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, confirmou que estará na disputa pelo direito de concorrer o Palácio do Planalto pela sua legenda. O gaúcho pretende intensificar suas agendas pelo país na busca de apoio ao seu nome dentro do ninho tucano.

A principal movimentação de Leite deve ocorrer em relação a bancada de deputados federais que, liderada por Aécio Neves, encampa oposição ao governador de São Paulo. Dos 33 deputados tucanos, apenas os quatro de São Paulo estariam alinhados ao projeto de Doria.

Segundo integrantes do PSDB, essa articulação com a bancada de deputados pode favorecer Eduardo Leite tendo em vista que muitos parlamentares costumam caminhar com prefeitos e vereadores em seus redutos eleitorais. Com a divisão de pesos na votação, o governador gaúcho poderia ter vantagem em dois grupos do partido.

Em outra frente, Leite pretende buscar apoio dos chamados “cabeças-brancas”, que são os nomes da velha guarda do PSDB. Nesse grupo enquadra nomes como Fernando Henrique Cardoso, Geraldo Alckmin e o próprio senador Tasso Jereissati.

Senador pode abrir mão para apoiar Leite

Apontado como possível nome por conta de sua articulação com legendas de centro, o senador Tasso Jereissati ainda não confirmou se estará na disputa de 2022. Integrante da CPI da Covid, o parlamentar tem evitado se colocar como pré-candidato por conta das investigações contra a condução da pandemia pelo governo Bolsonaro.

Apesar disso, o entorno de Jereissati alega que ele já teria sinalizado que poderia abrir mão de sua candidatura para apoiar Eduardo Leite. Nessa movimentação, o senador já afirmou que poderia articular pelo nome do governador gaúcho principalmente no Nordeste, seu reduto eleitoral.

Arthur Virgílio aposta na unidade

Pleiteando a vaga de candidato à presidência, o ex-senador e ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio é apontado por parte dos tucanos como o menos favorito da disputa até o momento. Apesar disso, Virgílio acredita que as prévias trarão unidade para a legenda.

“O PSDB precisa se posicionar como um gigante e resolver suas divergências, chegando a um consenso que seja razoável e aceitável por todos, para que o partido possa, efetivamente, se tornar um grande player nas eleições presidenciais, acima de egos e de quaisquer circunstâncias que não sejam positivas”, alegou.

Viabilização de terceira via

O presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, tem participado das discussões sobre a viabilidade de uma terceira via para se contrapor a polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na disputa do ano que vem.

No encontro promovido pelo ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM) em Brasília com outras legendas de centro, Araújo  afirmou que o grupo trabalha por uma candidatura que fale com o eleitor que não pretende votar em Bolsonaro ou em Lula.

“O número de brasileiros que se posiciona hoje para uma nova alternativa é maior que o apoio a Lula ou Bolsonaro. Mas é uma maioria silenciosa, que não faz motociata nem manifestação. É para esses brasileiros que queremos falar”, disse Bruno Araújo.

Questionado se os nomes postos até o momento pelo PSDB teriam condições de se viabilizar com os demais partidos, o senador Izalci Lucas alegou que as prévias irão definir isso. “Eu acho que o PSDB tem essa dificuldade hoje por que tem vários candidatos, então foi muito boa a definição dessas previas, pois após conquistar a unidade no partido, qualquer um dos candidatos terão um gás maior para ir buscar o apoio de outras legendas”, avaliou o tucano.


Confira a matéria na Gazeta do Povo

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