A polícia de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, prendeu, nesta segunda-feira (19), o empresário Fahd Jamil Georges, de 79 anos. Conhecido como o “Rei da Fronteira”, apelido dado a ele pelo Ministério Público que o considera o “chefão” do crime organizado na região.
A família de Fahd negociou com o Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco e Resgate a Assaltos e Sequestros) a rendição do idoso para que ele pudesse receber tratamento médico. Ele sofre de enfisema pulmonar e desistiu de permanecer foragido.
No aeroporto, amigos do empresário o acompanharam na prisão e defenderam a atitude como a melhor na atual conjuntura.
“Tem que se entregar. Precisa de tratamento médico. Se ficar foragido é pior. Ele não tem que esconder nada de ninguém. Não tem prova nenhuma contra ele”, defendeu o amigo e advogado Armen Chemzariam.
Fahd Jamil chegou em uma aeronave, ao lado do advogado Gustavo Badaro e de um dos filhos. O defensor adiantou que solicitaria pedido de relaxamento para prisão domiciliar, por conta do delicado estado de saúde do empresário.
Fahd permaneceu quatro décadas sem ser importunado pela polícia até que, em 2019, a “Operação Omertà” apontou o empresário como membro da milícia que exterminava os desafetos em Mato Grosso do Sul.
A lista de crimes relacionados a ele, no entanto, é grande: chefe do crime organizado, contrabando de café e açúcar, traficante de drogas e armas, explorador de jogos de azar, lavagem de dinheiro, sonegação de impostos, corrupção ativa, crimes contra o sistema nacional de armas e até o homicídio do chefe de segurança da Assembleia Legislativa do Estado, Ilson Martins Figueiredo, de 62 anos, a quem Fahd culpava pelo sumiço e morte de seu filho mais velho, Daniel Alvarez Georges, o “Danielito”, 42 anos.
Nunca ficou comprovado que Figueiredo estivesse envolvido no crime. O corpo de “Danielito” nunca foi encontrado.
Fahd Jamil estava foragido desde junho de 2020, quando foi deflagrada a terceira fase da “Omertà”. Ele foi acusado de Mandar matar Ilson Martins Figueiredo e Alberto Aparecido Roberto Nogueira, conhecido como “Betão”.
Em carta entregue às autoridades no momento da sua prisão, Fahd argumenta que tem “consideração aos poderes públicos”. Mas, a defesa também informou que o empresário vem sofrendo ameaças de chefes do PCC na disputa por poder na fronteira.
“É bastante divulgado que sempre colaborei para o equilíbrio da segurança na região da fronteira. Minha história de vida revela permanente respeito e colaboração com as autoridades em geral, pela importância das atribuições que elas exercem”, diz trecho da carta, que cita “consideração” aos poderes públicos.
Antes desta segunda, apenas uma vez houve notícia de prisão de Fahd, há quase 40 anos, pela Polícia Federal do Paraná. Naquela época, o “homem de 6 milhões de dólares” foi capturado em Campo Grande e levado à penitenciária de Ahu, em Curitiba, sob acusação de contrabando. Mas, foi solto logo em seguida por suas relações com homens poderosos.
Be the first to comment on "O “Rei da Fronteira”, chefão do crime organizado, se entrega à polícia"