É natural e salutar que uma pessoa seja diferente da outra. Até os gêmeos idênticos têm características que os diferenciam. Estranho seria se todos seres humanos fossem iguais, inclusive na forma de pensar. Faz parte da convivência democrática que as pessoas tenham visões diferentes do mundo.
Faço essa rápida digressão machadiana para dizer que me parece acertada a célebre frase do saudoso escritor Nelson Rodrigues, ao afirmar que toda unanimidade é burra.
Para o saudoso cronista, se você pensa com a unanimidade não precisa pensar. Sendo assim, é saudável que existam os que são a favor e os que se posicionam contra determinado assunto, mesmo que ele seja de interesse comum. Da discussão sobre o tema por parte das alas que se apresentam como antagônicas é que se espera alcançar o ponto de equilíbrio que seja capaz de produzir uma solução mais adequada para os problemas que afetam a comunidade.
Por outro lado, o que me parece estranho é que existam indivíduos que se utilizam dos meios de comunicação para, deliberadamente, criticar o trabalho de quem está buscando solução para um problema que lhes diz respeito. Há, inclusive, aqueles que além de criticarem ainda apostam no agravamento da situação, pois, na sua visão, quanto pior, melhor. Não é novidade para ninguém que de decisões importantes resultem facetas positivas e negativas. O dualismo faz parte do nosso existir. O ideal seria que a maioria realçasse os aspectos positivos delas decorrentes, pelo menos quem as adotou ficaria feliz e encorajado a dar sequência às ações visando ao bem comum.
Influenciado possivelmente pelos ensinamentos recebidos de meus pais, que eram de pouca cultura, mas dotados de sabedoria de vida, sempre fui otimista. Essa qualidade tem me ajudado muito a enfrentar com boa dose de resiliência as dificuldades com as quais me deparei ao longo de oito décadas de existência. Talvez por isso, não aprecio atitudes negacionistas. Mas quem assim age tem o direito de fazê-lo, desde que sua conduta não resulte em prejuízo para seus semelhantes.
Há um ano estamos numa guerra cuja finalidade é derrotar o coronavírus. A batalha é árdua porque o inimigo é invisível, altamente perigoso e não dispomos ainda de munição em quantidade suficiente para destruí-lo com velocidade maior do que aquela que ele nos ataca. Porém, não há motivo para desânimo. A luta continua e a vitória será conquistada, provavelmente mais cedo do que muita gente imagina.
Estamos num momento de grande expectativa, não só pelo importante passo que já foi dado com a aquisição de mais de 560 milhões de doses de vacina, como também porque será realizado amanhã (24/3) em Brasília o encontro dos chefes dos Três Poderes da República com o objetivo de se estabelecer amplo debate de avaliação das medidas já adotadas e outras que serão implementadas pelo poder público no combate
à Covid-19. Espera-se que os resultados da reunião sejam produtivos e que o governo federal assuma de imediato a coordenação nacional dos trabalhos, adotando uma postura proativa e de união de todos entes envolvidos com a problemática dessa terrível crise sanitária. Nosso Foco é o Brasil Brasília, 23/3/2021.
José Leite Coutinho
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