A determinação de extraditar Jose Gonzalez Valencia, o ‘Chepa’, para os Estados Unidos da América, ocorre mais de três anos após a prisão do mexicano. O homem passava temporada em uma casa de praia de luxo na Região Metropolitana de Fortaleza
O Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou o pedido formulado pelo Governo dos Estados Unidos da América para extraditar o mexicano Jose Gonzalez Valencia, o ‘Chepa’. Ele foi preso em Fortaleza, em dezembro de 2017, quando estava a caminho de um parque aquático na Região Metropolitana.
O homem é apontado pela Polícia Federal (PF) como o líder do cartel internacional de drogas Jalisco Nueva Generación (CJNG). Nos EUA, ‘Chepa’ poderá responder por tráfico internacional de drogas. Dias após ele ser flagrado transitando no Ceará, Gonzalez foi encaminhado para a Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, onde permanece desde então.
O pedido de extradição foi deferido por unanimidade no STF, na última semana. A defesa do acusado recorreu da extradição, com pedido de habeas corpus, que ainda não foi julgado. Enquanto ‘Chepa’ permanece no Brasil, o ministro Alexandre de Moraes se posicionou para que ele permaneça na Penitenciária Federal de Mossoró.
O advogado Luiz Gustavo Battaglin Maciel, que representa o preso internacional, afirmou à reportagem que a decisão omitiu os argumentos apresentados pela defesa. “Faremos primeiro recurso de embargo de declaração. Posteriormente, outros recursos que sejam cabíveis”, adiantou.
No habeas corpus, o advogado afirma que Gonzalez não recebeu assistência consular efetiva e que o interrogatório judicial foi realizado sem a ciência do advogado constituído no processo de extradição. A defesa alega ainda que “o crime imputado ao extraditando, de acordo com o teor da acusação que consta do pedido, não encontra simetria com o ordenamento jurídico-penal positivo brasileiro, não podendo ser equiparado aos crimes pátrios de associação criminosa ou associação ao tráfico”.
Prisão em Fortaleza
‘Chepa’ foi preso portando uma identidade falsa, no nome de Jaffet Arias Becerra, expedida na Bolívia. Ele estava de férias com a família no Ceará e se preparava para aproveitar o Réveillon. Em maio de 2017, o Governo dos Estados Unidos solicitou a extradição do mexicano, após a Inteligência norte-americana identificar passagem do mexicano em território brasileiro. O México também chegou a pedir pela extradição.
As informações eram de que, desde 2015, o Brasil virou destino frequente do estrangeiro junto a sua família. Ele teria passado por São Paulo antes de desembarcar no Ceará, na companhia de um casal de amigos. Ele aguardava a chegada da esposa com os filhos.
Através de um ‘laranja‘, ‘Chepa’ alugou uma casa de luxo na Praia da Taíba, em São Gonçalo do Amarante. A programação era de que ele fosse embora do Ceará no dia 3 de janeiro de 2018. Não ficou confirmado se, dentro do Brasil, o mexicano chegou a se envolver com o tráfico de drogas.
Cartel de drogas
De acordo com a Procuradoria, Gonzalez organizou ataques contra corporações policiais em Jalisco, no oeste do México e também liderou operações a fim de retomar território em Michoacán. Ele era o responsável pelo setor financeiro do cartel ao lado do irmão Abigael Gonzalez Valencia.
O Cartel Jalisco Nueva Generación foi fundado no ano de 2007 e, em pouco tempo, conquistou autonomia, se valendo do envio de cocaína e drogas sintéticas em grande escala para os Estados Unidos.
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