BOMBA PROCESSUAL

Foto: José Leite Coutinho

Como se não bastasse a insegurança  motivada pelo medo de contrair a covid-19, somos agora compelidos a conviver também com a insegurança jurídica, criada com a inesperada decisão  adotada monocraticamente pelo ministro do STF,  Edson Fachin, que anulou  as condenações do ex-presidente Lula, relativas a  processos  conduzidos pela operação Lava-Jato na 13ª Vara Federal de Curitiba.

A notícia  caiu como uma bomba e provocou um grande reboliço, especialmente nos meios políticos e jurídicos, causando perplexidade e surpresa a todos, inclusive  a  colegas do próprio ministro.

Alegou Fachin   que os  processos do  tríplex, do sítio de Atibaia e das doações ao Instituto Lula não têm  relação com a  Petrobrás e,  por isso,  não poderiam  ser julgados pela 13ª  Varal  de Curitiba,  por incompetência de jurisdição. Citou que há o entendimento no âmbito do STF que os trabalhos da Lava-Jato naquela localidade deveriam se restringir aos desvios de recursos ocorridos na mencionada  estatal.

Com o devido respeito ao autor da iniciativa e aos demais   que pensam em contrário,  não me parecem  convincentes as justificativas apresentadas e tampouco o momento para sua adoção.  Até porque, como se  sabe, os processos  foram iniciados  há vários anos e as  respectivas sentenças   passaram pelo crivo das instâncias superiores   da Justiça, inclusive do STF.  Por  quê só agora resolveram tomar essa  drástica providência? Em vez de se buscar filigranas jurídicas para anular as referidas sentenças me parece que a apreciação do mérito dos delitos praticados pelo ex-presidente  seria o caminho mais adequado  para não gerar insegurança jurídica e dar uma  resposta contundente à população de que o Poder Judiciário continua atenta ao combate à corrupção.  Começar tudo do zero na  Justiça Federal em Brasília, ou mesmo que sejam aproveitadas provas  constantes dos processos, representa  retrocesso,  um  injustificável  desperdiço de recursos materiais,  financeiros,  humanos  e  também do  precioso tempo que  as instituições utilizam para cumprir sua missão constitucional. Vamos torcer para que o plenário da Corte reverta a decisão e adote um posicionamento de equilíbrio e  bom censo.  Justiça, sim! Impunidade, não. Nosso foco é o Brasil. Brasília, 9/3/21.

Por: José Leite Coutinho

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