O dia em que Pelé marcou o gol mais bonito de sua carreira, transformou vaias em aplausos e criou a mais icônica comemoração do futebol: o soco no ar!
nho três cicatrizes no meu joelho: elas se chamam Édson, Arantes e Nascimento.”
Pando, lateral-esquerdo do Juventus.
O público de mais de sete mil espectadores que superlotava o estádio da Rua Javari já havia visto o Santos abrir 3 a 0 no jogo, com dois gols de Pelé, que era ostensivamente xingado pelos torcedores locais. Em determinado momento, Pelé virou-se para a torcida e, com um gesto de mão, acenou para que eles aguardassem.
“Se preparem. Pelé está armando alguma pra cima de nós”
Elias Pássaro, massagista do Juventus.
Aos 42 minutos do segundo tempo, o Santos recuperou uma bola no meio de campo. Jair lançou para a subida de Dorval pela direita, que centrou para a entrada da grande área, na direção de Pelé. Mão de Onça, goleiro do Juventus, anteviu o que aconteceria.
“Olha o cão, atenção”
Mão de Onça, goleiro do Juventus.
Sem deixar a bola tocar o chão, Pelé aplicou uma meia-lua em Homero. O zagueiro ficou batido no lance, para surpresa de Clóvis, seu companheiro de defesa, que aos berros pedia a sua intervenção.
“Tira, tira! Cabeceia!”
Clóvis, zagueiro do Juventus.
Na sequência, Pelé chapelou Clóvis e depois, sem deixar a bola cair, encobriu também Julinho. A defesa do Juventus teve seus homens superados um a um pela genialidade do camisa 10 santista.
“Ué! A bola estava no meu peito! Quando vi, sumiu!”
Clóvis, zagueiro do Juventus.
O goleiro Mão de Onça era o último entre Pelé e o gol inevitável. Em desespero, o arqueiro atirou-se na direção da bola, mas ficou apenas com o barro do gramado nas mãos. Pelé o havia deixado também para trás, estirado em uma poça de lama. O Rei concluiu o lance com uma cabeçada, mandando a bola para o fundo das redes, sem deixar cair a sua coroa.
“A bola estava na minha mão, mas não deu.”
Mão de Onça, goleiro do Juventus.
O ‘tento joia’, como era chamado um golaço naquele tempo, não foi o único momento eternizado no jogo. O desabafo de Pelé se tornaria a comemoração mais conhecida e copiada da história do futebol. Um salto e um soco no ar. Uma assinatura real.
“Vocês estão vendo?”
Pelé, atacante do Santos.
“Quando fiz o gol, parti para cima da torcida, xingando mesmo os caras e socando o ar, mas apenas para gritar gol. Um gesto que saiu sem querer, fruto de uma ira momentânea, acabou perpetuado depois apenas por um motivo: satisfação e alegria do dever cumprido”
Pelé, atacante do Santos.Veja o lance do gol em 360º
Por fim, o estádio todo aplaudiu Pelé. Até mesmo os torcedores e jogadores do Juventus se renderam naquele dia à realeza de Edson Arantes do Nascimento. O gol não foi filmado, apenas fotografado, contado e recontado infinitas vezes. Quase cinco décadas após, uma placa foi colocada em sua homenagem.
CRÉDITOS
Design
- Alexandre Lage
- Mario Leite
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