A fragmentação de candidaturas iguala, numericamente, o pleito de 2020 ao de 2012, e supera todas as demais eleições municipais desde 2004. Muitas alianças foram confirmadas em convenções, mas outras ficaram pelo caminho
Depois de meses de negociações partidárias, os fortalezenses conheceram nesta quarta-feira (16), no último dia para homologação das candidaturas, em convenções, as dez chapas que irão disputar a Prefeitura de Fortaleza. Em uma eleição atípica, com foco em atividades virtuais devido à Covid-19, siglas também têm de encarar uma mudança nas regras eleitorais, que extinguiu coligações para a disputa por cadeiras nas câmaras municipais.
A alteração na legislação eleitoral incentivou a oficialização de mais candidatos majoritários como forma de garantir maior visibilidade aos candidatos a vereador. A fragmentação iguala, numericamente, o pleito de 2020 ao de 2012, quando também foram colocados dez nomes à disposição, e supera todas as demais eleições municipais desde 2004, numa disputa que somou 11 chapas. Por outro lado, articulações atuais já sinalizam possíveis alianças para 2022, quando lideranças cearenses poderão disputar cargos de maior visibilidade em âmbito nacional.
Ao longo dos últimos 16 dias, as negociações partidárias se intensificaram para cumprir o prazo estabelecido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na Capital, já em 1º de setembro, o ex-vereador de Fortaleza Samuel Braga (Patriota) foi o primeiro a anunciar a candidatura. O político tem histórico ligado à defesa da causa ambiental. Nesta eleição, ele terá ao lado, como candidata a vice, a advogada Roberlene Rodrigues.
Primeira disputa
Pela primeira vez na disputa eleitoral, a Unidade Popular pelo Socialismo (UP), sigla criada em 2016, estará representado pela professora Paula Colares, a cabeça de chapa, acompanhada do bancário Serley Leal na vaga de vice. A chapa promete focar propostas em geração de empregos, realização de concursos e aumento de investimentos em hospitais e creches municipais.
O deputado Capitão Wagner (Pros), detentor da segunda maior coligação do pleito na Capital, tem também uma das maiores estruturas para a campanha. O militar chegou ao segundo turno em 2016, mas acabou derrotado pelo prefeito Roberto Cláudio (PDT), reeleito na ocasião.
O arco de aliança de Wagner inclui, além do Pros, Podemos, Republicanos, Avante, PSC, PMN, DC, PTC e PMB. Na pré-campanha, ele tentou, mas não conseguiu atrair outras siglas com tempo mais extenso de propaganda eleitoral em rádio e televisão.
O candidato do Pros tem o apoio de aliados cearenses do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a quem sempre fez acenos, mas nunca se firmou como aliado de primeira ordem. A candidata a vice é a advogada Kamila Cardoso (Podemos), militante pelo direito das pessoas com deficiência.
Com a maior coligação entre as candidaturas, o PDT escolheu o deputado estadual Sarto Nogueira, presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, como postulante do bloco governista. Após cinco pré-candidatos terem sido apresentados, pesaram na decisão a experiência política dele e a proximidade com os irmãos Ciro e Cid Gomes.
Sarto também tem um longo histórico de atuação no atendimento médico em comunidades de Fortaleza. O presidente da Assembleia terá ao seu lado o candidato a vice Élcio Batista (PSB), ex-secretário da Casa Civil do Governo Camilo Santana (PT). Além da proximidade com o chefe do Executivo estadual e da cúpula do PDT, o senador Tasso Jereissati (PSDB) também estará ao lado de Sarto.
Completam a coligação, além do PDT, do PSB e do PSDB, PP, Rede, PTB, PL, Cidadania, PSD e DEM. As alianças devem fazer dele o detentor do maior tempo de propaganda no rádio e na televisão.
Terceira vez
Companheiro do pedetista na Assembleia Legislativa, Renato Roseno (Psol) o enfrentará nas urnas. O psolista terá ao lado a postulante a vice Raquel Lima (PCB). Roseno chegou a defender candidatura única de esquerda na Capital, mas, diante da falta de consenso, o Psol lançou chapa própria.
Líder estadual do ex-partido de Jair Bolsonaro, o deputado federal Heitor Freire, que enfrentou disputas internas no Ceará, também lançou-se candidato a prefeito. Com o racha na sigla, ex-aliados ligados ao presidente estão apoiando Wagner, mas Freire conseguiu fechar aliança com o PRTB. Na composição deste ano, Heitor mira no discurso conservador que o tornou deputado federal. Ele terá ao lado na chapa a cabo da Polícia Militar Laurice Maia (PSL).
Já o veterano Heitor Férrer (SD) tenta pela quarta vez chegar à Prefeitura de Fortaleza. O parlamentar, que foi vereador e está no quinto mandato como deputado estadual, viveu nos últimos dias impasse para definir a vaga de vice. O nome escolhido foi o do também deputado estadual Walter Cavalcante (MDB), após articulações com o ex-senador Eunício Oliveira (MDB).
Estreante
Estreante na disputa majoritária, o deputado federal Célio Studart (PV), também eleito vereador em 2016, aposta na visibilidade que ganhou com a defesa da causa animal. Presidente estadual do partido, Célio Studart escolheu para a vaga de vice o também advogado e ambientalista Francisco Galba Viana.
A militância também é uma aposta de Anízio Melo, candidato do PCdoB ao Executivo Municipal. Líder sindical dos professores, ele terá como candidata a vice, em chapa pura, a professora universitária Helena Serra Azul.
Por fim, a última candidatura a ser homologada na Capital, a da ex-prefeita Luizianne Lins (PT) participou de intensas negociações para uma aproximação com o PDT. Contudo, a partido deliberou que lideraria a eventual chapa. O PT também foi cotado em aliança com o MDB e o Solidariedade, mas as conversas não chegaram a acordo. Luizianne Lins sairá em chapa pura com Vladyson Viana, secretário de Finanças e Planejamento da Executiva Estadual petista. Ele é ligado ao deputado federal José Guimarães. Esta será a quarta disputa de Luizianne Lins pelo Paço Municipal.
Alianças dividem os vereadores
Com as definições das convenções, os candidatos a prefeito terão de buscar fortalecer suas alianças com os que disputam vagas na Câmara Municipal e com os parlamentares que tentam reeleição.
Ontem, na Câmara, o clima era de opiniões divididas. Alguns comemoram a definição do cenário eleitoral, outros se sentem desconfortáveis, por não terem proximidade com os candidatos. Há quem tema que isso possa atrapalhar na busca de votos nas bases.
Na coligação governista, alguns membros disseram considerar Sarto ainda “distante”. O presidente da Câmara, Antônio Henrique (PDT), promoveu um primeiro encontro virtual de aproximação. Outro alvo das conversas dos vereadores foi o MDB que, na última hora, se coligou a Heitor Férrer (SD).
Aliados de Capitão Wagner e até petistas faziam avaliações sobre o fato. Na avaliação deles, apesar de agregar tempo de TV, a união com a sigla emedebista poderia render desgastes junto ao eleitorado. Ambos, entretanto, buscaram dialogar para atrair o partido. O apoio do PSDB a Sarto (PDT) também foi comentado.
A informação entre os vereadores é que os candidatos ao Legislativo Municipal do PSDB sairão divididos, alguns apoiando Capitão Wagner.
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