Deputado de São Paulo apresenta projeto de lei que limita transexuais no esporte

Tifanny, jogadora de vôlei transexual Foto: Neide Carlos / Vôlei Bauru

Projeto de Altair Moraes (PRB/SP) proíbe transexuais em equipes do sexo oposto ao de nascimento; Tiffany pode ser impactada

O Diário Oficial de São Paulo publica nesta terça-feira o projeto de lei 346, de autoria do deputado estadual Altair Moraes (PRB/SP), que estabelece o sexo biológico como o único critério para definição do gênero de competidores em partidas esportivas oficiais no Estado de São Paulo. O projeto, que ainda vai a votação no plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo, veta a participação de transexuais em qualquer modalidade em equipes que correspondam ao sexo oposto ao de nascimento.

O deputado defende ainda que o clube que não cumprir a lei trans será multado em 50 salários míninos. O projeto entrará em vigor 180 dias depois de aprovado.

Se aprovada, a medida vai impedir, por exemplo, a atuação da jogadora de vôlei Tiffany, que hoje defende o Bauru, semifinalista da Superliga Feminina de Vôlei. Na edição atual do torneio, o Baru disputa uma vaga na final diante do Praia Clube. Tiffany é o primeiro transexual a atuar na Superliga Feminina de Vôlei. Aos 33 anos, ela foi autorizada pela Federação Internacional de Vôlei (FIVB) a atuar na Superliga Feminina após passar por cirurgia de mudança de sexo. Até os 31 anos, Tiffany participou de várias edições do torneio masculino no Brasil, na Europa e na Ásia. Em 2017, ela assinou contrato com o Bauru, hoje semifinalista do principal torneio feminino de vôlei, e vem se destacando na fase final do torneio.

A presença de Tiffany na Superliga é polêmica. Na última terça-feira, dia 27, Bernardinho, técnico do Sesc-RH, se irritou em um lance disputado com Tiffany e disparou em direção ao banco de reservas: “Um homem, é fo**! Uma câmera flagrou o desabafo de Bernardinho, criticado nas redes sociais pelo Angels Volley Brazil, equipe LGBT criada há 11 anos. “Transfóbicos e homofóbicos não vão passar sem serem apontados na nossa página! Pode ser até o papa do vôlei. Vamos desmascarar todos! Parabéns para o time feminino do Vôlei Bauru, mulheres incríveis que ganharam jogando por merecimento e sem nenhuma vantagem”, publicou o time em rede social. No dia seguinte, Bernardinho se desculpou.

Bruno Voloch, blogueiro do Estadão, escreveu no dia 5 de fevereiro de 2018, que o movimento contra a jogadora cresceu recentemente. O movimento coincide que a melhoria do aproveitamento de Tiffany dentro da quadra nas fases finais do torneio. De acordo com Voloch, os clubes não vão se manifestar publicamente por causa dos patrocinadores, mas a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), já tem conhecimento da insatisfação da maioria dos clubes.

No mês de janeiro do ano passado, a ex-atleta Ana Paula Henkel, colunista do Estadão, publicou uma Carta Aberta ao Comitê Olímpico Internacional, no dia 16 de janeiro. “Médicos já começam a se pronunciar sobre a evidente vantagem de atletas transexuais no esporte feminino e contestam a recomendação feita pelo COI de permitir atletas trans de competirem entre mulheres com apenas um ano com nível de testosterona baixo”.

Confira matéria do Site Estadão.

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