Chega a 50 número de jovens que afirmam terem sofrido assédio e agressão de suposto líder espiritual

O delegado José Lira Ximenes, do 26º Distrito Policial, preside o inquérito e já ouviu 11 pessoas. O Ministério Público do Ceará também acompanha o caso

O caso que envolve uma sequência de crimes supostamente praticados por um líder espiritual da Comunidade Afago, em Fortaleza, é alvo de inquérito da Polícia Civil do Ceará. Até o fim da tarde de ontem, 11 vítimas prestaram depoimentos no 26º Distrito Policial. Conforme a jurista Thayná Silveira, que acompanha os depoimentos, há, pelo menos, 50 jovens que afirmam terem sido vítimas de Pedro Ícaro de Medeiros, o Ikky.

Thayná informou ao Sistema Verdes Mares que hoje e nos próximos dias mais pessoas devem comparecer à Delegacia para relatar os crimes praticados pelo suposto guru. Segundo ela, após a reportagem exibida no Fantástico nesse domingo (19), mais pessoas a procuraram afirmando serem vítimas de Ikky.

A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) disse que um inquérito foi instaurado pela Polícia Civil no último dia 14 de julho. Conforme nota da Pasta, as autoridades seguem com o trabalho investigativo para apurar denúncias de crimes sexuaisestelionato, lesão corporal curandeirismo.

Responsável pela defesa de Pedro Ícaro, o advogado Klaus Borges disse à reportagem que até ontem o suspeito ainda não havia sido intimado para depor. A defesa ainda reforçou que, de acordo com Ikky, ele não cometeu nenhum crime de estupro, porque as relações sexuais foram consentidas.

A Polícia Civil informou que outras pessoas devem ser ouvidas nos próximos dias, inclusive o investigado: “A PCCE ressalta a necessidade daqueles que se sentirem vítimas comparecerem à delegacia para formalizar o procedimento, no intuito de subsidiar as investigações já em curso”.

O Ministério Público do Ceará (MPCE) também acompanha o caso. Segundo o promotor de Justiça Régio Lima Vasconcelos, da 144ª Promotoria, foi feita uma análise preliminar das denúncias recebidas pelo órgão e, caso confirmados os relatos, existiram crimes como: lesão corporal, estupro, charlatanismo e curandeirismo.

Desde o mês de maio, dezenas de jovens que integravam a Comunidade Afago começaram a expor situações sofridas durante seitas. As práticas eram supostamente orquestradas por Pedro Ícaro de Medeiros, acadêmico da graduação em Filosofia em uma universidade pública e que se apresentava como o mestre espiritual da Afago.

“Não só pra mim, mas para uma roda de pessoas, ele dizia muitas vezes que o p… (órgão sexual) dele era mágico”, disse uma vítima do sexo masculino.

Outro homem afirmou que Ikky o obrigou a ter relações sexuais. “Eu estava chorando, sangrando e eu esperava dele um pouco de humanidade. O que ele fez foi tirar minha blusa e colocar na minha boca para que parasse de chorar e ele pudesse continuar”.

Já uma mulher, também de identidade preservada, comentou os impactos negativos em sua saúde mental após as vivências no lugar. “Eu entrei na Afago já num momento frágil psicologicamente. E fui ficando cada vez mais frágil e culminou numa crise de depressão muito intensa”, afirma ela.

Mais vítimas

Thayná Silveira disse que a vontade das vítimas é que Ikky seja preso preventivamente. A jurista acredita que nos próximos dias mais 40 pessoas irão depor: “Quando saiu a reportagem do Fantástico mais uma pessoa falou comigo afirmando ter sido abusada sexualmente por ele dos 14 aos 18 anos de idade. Ela disse ter vivido um inferno e sofrido muitas ameaças. Esperamos o desenrolar da investigação e que o Ministério Público ofereça denúncia”.

Diário do Nordeste.

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