“Todos devem conhecer ao menos meia dúzia de pessoas que não têm utilidade nesse mundo, que são mais um problema do que aquilo que valem”.
Pergunte a eles: “Sr. Ou Sra., você será gentil o suficiente para justificar sua existência? Se não pode justificar sua existência, se não está produzindo tanto quanto consome, ou, de preferência, mais, então não podemos usar a grande organização da sociedade para mantê-lo vivo, porque sua vida não nos beneficia nem pode ser muito útil a você mesmo” (George Bernard Shaw. Literato e membro fundador da Sociedade Fabiana).
Um recente documentário, “Planeta dos Humanos” (2020), faz diversas críticas à chamada “energia verde”. Nesse sentido, o documentário, embora de viés ultra-ambientalista, questiona o uso de fontes como a eólica e a solar (na medida em que são fabricadas a partir de combustíveis fósseis), assim como de carros elétricos (cujas baterias demandam mineração de lítio, cobre, cádmio e outros metais).
Em resumo, o documentário inicia sua narrativa tentando demonstrar que a tão comemorada “energia verde” é apenas propaganda, um engodo. Ela não funcionaria para “salvar” o planeta. Segundo o documentário, toda a tecnologia em torno da “energia verde” pretende apenas assegurar a continuidade do nosso “estilo de vida”, bem como a produção industrial predatória.
Então, cabe perguntar: o que funcionaria para os autores do documentário?
Pois é aqui que o documentário explicita aquilo que já sabemos acerca do ambientalismo e de todo discurso em torno da “sustentabilidade”: o problema, segundo eles, somos nós, humanos.
Logo após 40 minutos de documentário surgem os “especialistas” alegando a necessidade de um controle populacional. Nesse ponto do documentário lembrei-me de algumas frases, como aquela do Príncipe Philip, Duque de Edinburgh (marido da Rainha da Inglaterra, Elizabeth II), o qual disse que, “se eu reencarnasse, eu gostaria de retornar à Terra como um vírus assassino para diminuir os níveis da população mundial”.
Um vírus mortal seria, para os defensores da despopulação, certamente desejável. E o documentário, em tom alarmista, insiste que o problema é a população humana, a qual estaria extinguindo os recursos naturais do planeta em um processo catastrófico.
Dito de forma ainda mais clara, segundo a visão ambientalista do documentário somos um câncer consumindo a natureza. E essa ideia não é recente. Em 1974, no documento “Mankind at the turning point” (produzido pelo ‘Clube de Roma’), lemos que “a Terra tem um câncer e o câncer é o homem”. Antes disso o biólogo Paul R. Ehrlich afirmou, no livro “The Population Bomb” (1968), que “um câncer é uma multiplicação descontrolada de células; a explosão populacional é uma multiplicação descontrolada de pessoas … devemos voltar nossos esforços do tratamento dos sintomas para o corte do câncer. A operação demandará decisões aparentemente brutais e cruéis”. Contudo, embora “sua predição” tenha se mostrado “errada antes que a tinta secasse”, tal livro segue influente junto àqueles que desejam uma redução populacional radical.
Dessa forma, não há dúvidas aqui. Hoje é dominante uma visão que considera a humanidade um câncer, o qual precisa ser extirpado de forma “brutal e cruel” da face da terra. Tal visão é, obviamente, violadora dos direitos humanos e do seu pressuposto fundamental, a saber, da dignidade da pessoa humana. Não apenas isso, dado nosso senso moral, temos dificuldade para considerar aceitável tal ideia.
Talvez por isso ela seja sempre travestida de termos positivos, como “harmonia”, “salvar a natureza”, “preservar nosso meio ambiente”, “desenvolvimento sustentável”, “construção de uma sociedade global justa, sustentável e pacífica”, “assegurar a saúde (do sujeito e do planeta)”, etc.
Não apenas isso, talvez essa seja a razão de os seus defensores a apresentarem ‘gradualmente’ ao longo das décadas, de maneira a nos acostumarmos com a ideia sem a questionar, sem nos apercebermos do crime de lesa humanidade que jaz por detrás do discurso daqueles que propõem tal holocausto.
Além disso, a questão despopulacional, por ser tabu, parece gerar certa “cegueira”. Afinal, nos acostumamos com os relatos hediondos das ações dos nazistas durante a segunda grande guerra (1939-1945), os quais revelam a maldade humana em seu extremo.
Ao assistir filmes sobre o holocausto nos compadecemos com o sofrimento dos judeus. Como humanos, somos capazes de empatizar com eles. Todavia, vemos tais atrocidades como algo do passado, como algo que não ocorreria novamente. Mas será assim mesmo?
Dessa maneira, simplesmente não somos capazes de enxergar outros extermínios populacionais. Por exemplo, somos cegos para o extermínio deliberado de pessoas por nascer, ou seja, para o aborto, o qual é permitido em diversas culturas legais. Ainda que saibamos, hoje, graças à embriologia e ao desenvolvimento da tecnologia, que, desde a concepção, uma pessoa humana está em desenvolvimento, ainda há uma assustadora letargia moral diante desse problema, o qual, aliás, está intimamente conectado a outro problema, a saber, o da eugenia.
Aborto e eugenia sempre estiveram conectados. Se focarmos especialmente no século XX (e adiante) veremos que o aborto tem sido uma forma eficiente para se exterminar populações tidas como “indesejáveis” por alguns. Ou alguém pensa que é coincidência aproximadamente 80% das clínicas da ‘Planned Parenthood’, maior clínica de abortos do mundo, estar presente especialmente em comunidades negras e hispânicas?
Sua fundadora, Margaret Sanger, não apenas palestrava para a Klu Klux Klan, mas também escreveu (em seu livro “Woman and the New Race”, 1920) que “a coisa mais misericordiosa que uma grande família pode fazer por um de seus membros infantis é matá-lo”. Não obstante, mesmo um “filantropo” como Bill Gates (cujo pai fez parte da ‘Planned Parenthood’, aliás) doa, mediante a ‘Bill & Melinda Gates Foundation’, milhões de dólares à ‘Planned Parenthood’.
Segundo seus press releases and statements, tais doações são (atentem para a linguagem edulcorada) para dar “suporte a programas para pessoas empobrecidas na América latina e no Caribe”, bem como para “melhorar a saúde das mulheres”. Noutros termos, são investimentos para que os pobres dessas regiões parem de procriar. E, se conceberem, que matem seus filhos mediante a prática do aborto. Simples assim. Essa é a hedionda realidade por detrás do discurso dulcificado de “filantropos” como Bill Gates e seu pai.
Na verdade, embora a eugenia, o genocídio, a busca pelo “aperfeiçoamento da raça”, bem como a violação da dignidade humana, seja pela escravidão seja por outras práticas hediondas (como aquela sugerida na fala do socialista George Bernard Shaw que abre esse texto), façam parte da história humana, em tempos recentes um documento importante para compreendermos o atual cenário e as tentativas incansáveis para se implementar e ampliar medidas como a do aborto é o “Implications of Worldwide Population Growth for U.S. Security and Overseas Interests”, de 1974.
Tal relatório foi preparado pelo ‘National Security Council’ dos USA, tendo como coordenador o influente Henry Kissinger (para o qual “a população mundial deve ser diminuída em 50%”).
Nesse documento lemos que o crescimento da população mundial era, para seus autores, um problema inegável, o qual se tornaria cada vez pior.
Mas, embora ele se referisse a um problema global, o foco do documento estava em alguns países em particular: Índia, Bangladesh, Paquistão, Indonésia, Tailândia, Filipinas, Turquia, Nigéria, Egito, Etiópia, México, Colômbia e Brasil. Tais países eram preocupantes, pois, conforme Kissinger, representariam, segundo dados da época, 50% do crescimento populacional mundial.
Daí a importância de estimular seus governos a estabelecerem políticas despopulacionais, das quais cabe destacar o aborto. Mas a questão que urge é: como ele (Kissinger) pensava que seria possível reduzir a população em 50%? Afinal, isso implica em eliminarmos bilhões de indivíduos, não é mesmo?
Aliás, um ano antes (1973) David Rockefeller (próximo a Kissinger) escreveu um artigo para o New York Times elogiando, vejam só, o regime de Mao Tsé Tung (o mesmo que matou milhões de chineses de fome). Notem: “globalistas” são socialistas em uma diferente roupagem.
Mas por que Kissinger estava tão preocupado?
Ora, ainda segundo o documento, os USA dependiam desses países, por exemplo, de seus minérios. Se esses países colapsassem, o fornecimento de minérios importantes para os USA poderia ser interrompido, prejudicando sua economia. Isso é o que lemos no documento.
De qualquer maneira, a preocupação da elite global é com o crescimento populacional em países pobres. Como disse recentemente o subsecretário-geral das Nações Unidas para Assuntos Econômicos e Sociais, Liu Zhenmin, “muitas das populações que mais crescem estão nos países mais pobres, onde o crescimento populacional traz mais desafios”.
Aqui ele tem em mente a África Subsaariana, partes da Ásia, América Latina e Caribe. A propósito, lideram, no quesito alta natalidade, especialmente países africanos, como Níger, Mali, Uganda, Zâmbia, Burkina Faso, Burundi, Malawi e Somália.
A média geral de natalidade nesses países é de aproximadamente 5.0 nascimentos por mulher. Por outro lado, na Europa a taxa atual de natalidade é baixíssima: 1.5 nascimentos por mulher (sendo que a média adequada para assegurar a manutenção da cultura de um país é de 2.1 nascimentos por mulher). Algo similar ao que ocorre na Europa também é mensurado nos países escandinavos.
Portanto, quando agências como a ‘Organização das Nações Unidas’ (ONU), bem como fundações como ‘Fundação Ford’, ‘Fundação Bill & Melinda Gates’, ‘Fundação Rockefeller’, ‘Open Society’, dentre muitas outras, insistem na necessidade de redução populacional, elas não estão se referindo a países europeus ou escandinavos.
Estão se referindo a países pobres, a comunidades vulneráveis. Tal como ocorre no interior mesmo dos países, em que aborto e esterilização são práticas estimuladas nas comunidades mais desfavorecidas, algo similar ocorre em nível mundial.
Mas como seria possível atingir esse propósito sem a deflagração de uma grande guerra?
Dentre as estratégias, uma delas talvez possa ser depreendida da fala de Bill Gates em uma entrevista de 2011, na qual ele afirma que “ao longo desta década, acreditamos que pode ser feito um progresso inacreditável, tanto na invenção de novas vacinas quanto na garantia de que elas cheguem a todas as crianças que precisam delas …
Precisamos apenas de mais seis ou sete – e então você teria todas as ferramentas para reduzir morte na infância, reduzir o crescimento populacional e tudo – a estabilidade, o meio ambiente – se beneficia”.
Observem: frequentemente sob as ideias de “cuidado com a saúde” e “serviços de saúde reprodutiva” o que eles pretendem é a redução da população mais pobre, a qual é vista, por socialistas fabianos como H.G. Wells e George Bernard Shaw, bem como por ‘globalistas’ (novo nome do socialismo) tais quais Bill Gates, George Soros, como “comedores inúteis”.
Isso explica a simpatia deles pelo nazismo e sua aversão ao cristianismo (para o qual toda vida tem um valor intrínseco). Mas essa visão não se restringe a eles, pois a elite de wall street financiou a ascensão do nazismo (algo demonstrado de forma indiscutível por Antony Sutton em seu fascinante “Wall Street and the Rise of Hitler”, de1976).
Standard Oil Company (família Rockefeller), IBM, J.P. Morgan, T.W. Lamont, ITT Corporation, General Electric Company, National City Bank, Chase and Manhattan banks, Kuhn, Loeb and Company, General Motors, Ford Motor Company, são apenas algumas das empresas que contribuíram com recursos (financeiros, tecnológicos, etc) para a ascensão do nazismo.
Posteriormente, com o fim da segunda grande guerra, os principais “cientistas” nazistas foram acomodados confortavelmente nos USA, no contexto do que se chamou ‘Operação Paperclip’. Tais “cientistas” contribuíram para a posterior (1958) fundação da NASA (“National Aeronautics and Space Administration”).
“Curiosamente”, as mesmas grandes corporações que apoiaram o nazismo mantém atualmente fundações que usam o aborto como parte de um projeto de eugenia, de “melhoramento” da espécie humana (mediante a redução daqueles cuja existência é, segundo eles, injustificável).
E a elas se juntaram outras fundações: ‘Bill & Melinda Gates’, ‘Open Society’, ‘Carnegie’; ‘Project Syndicate’; ‘Avaaz’; ‘World Vision International’; ‘Oxfam International’, apenas para nomear as mais visíveis atualmente.
Tais sujeitos e fundações têm promovido, especialmente junto aos mais vulneráveis (não esqueçam: essa é a visão deles acerca dos mais vulneráveis – “pessoas que não têm utilidade nesse mundo, que são mais um problema do que aquilo que valem”) tanto a prática do aborto quanto outras medidas que eventualmente levam à redução populacional, seja porque causam doenças, seja porque podem levar à esterilização, como, suspeita-se, ocorre com algumas vacinações obrigatórias.
Aliás, sobre os possíveis perigos das vacinas alguns estudos resistem ao dogma de sua “sacralidade”, como, por exemplo, “Dissolving Illusions. Disease, Vaccines and the Forgotten History” (2013) e “Miller’s Review of Critical Vaccine Studies: 400 Important Scientific Papers Summarized for Parents and Researchers” (2016).
Como lemos no “Miller’s Review”, “mediante análises independentes, é possível descobrir as mentiras e os enganos que emanam da propaganda de relações públicas produzida pelos fabricantes de vacinas e instituições de serviços de saúde mesmas”. Logo, vacinação não pressupõe, não necessariamente, uma preocupação em “salvar vidas”.
Para o que me preocupa aqui, a questão que se coloca é se não apenas o aborto, mas mesmo a inoculação de substâncias em corpos humanos não contribuiria, como disse o próprio Bill Gates, para a “redução populacional”. Afinal, ele próprio “deixou escapar” essa intenção em sua fala.
E, claro, há outras alternativas tão hediondas quanto as acima citadas, como sugerido pelo premiado professor de Zoologia, Eric Pianka (segundo o qual “não somos melhores que bactérias”), para o qual um vírus mutado do ebola poderia eliminar 90% dos indesejáveis seres humanos que superabundam a Terra. E o mais assustador não é o silêncio diante desse holocausto intentado, mas a aprovação da elite mundial, dos demais cientistas, etc.
Carlos Adriano Ferraz. Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), com estágio doutoral na State University of New York (SUNY). Foi Professor Visitante na Universidade Harvard (2010). Atualmente é professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) na graduação e no Programa de Pós-Graduação em Filosofia, no qual orienta dissertações e teses com foco em ética, filosofia política e filosofia do direito. Também é membro do movimento Docentes pela Liberdade (DPL), sendo atualmente Diretor do DPL/RS.
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