Os bancos dos Estados Unidos estavam entre os mais agressivos, com seis das maiores instituições reservando US$ 26 bilhões. A Europa ficou atrás, também com seis dos seus maiores bancos, que registraram um contingenciamento de US$ 11,5 bilhões, liderados por bancos do Reino Unido e pelo Santander, da Espanha.
Os bancos brasileiros ficaram de fora dessa conta, mas os quatro maiores reservaram um bom montante nos seus balanços do primeiro trimestre para os devedores duvidosos no País: R$ 25,75 bilhões, cerca de US$ 4,5 bilhões.
Os números são uma indicação precoce dos danos que a crise da covid-19 deve causar aos credores em todo o mundo, mas há muitas variáveis que podem dificultar sua comparação. Os bancos nos EUA, por exemplo, têm sido mais lucrativos que os credores europeus e podem se dar ao luxo de sofrer um golpe significativo antecipadamente. Alguns deles também estão mais expostos em áreas como dívida com cartão de crédito e empréstimos a empresas de óleo e gás.
Na Europa, o HSBC e o Barclays estavam com os maiores riscos. O HSBC disse que as perdas de crédito podem aumentar para US$ 11 bilhões este ano. Os credores da zona do euro atenderam a uma ligação do Banco Central Europeu (BCE) para evitar um aumento acentuado das perdas.
O BCE encorajou os credores a serem flexíveis na aplicação dos padrões contábeis, reconhecendo sua fraqueza relativa e sua importância sistêmica em uma região onde as empresas ainda dependem amplamente de empréstimos bancários e não do mercados de capitais para se financiar.
Vários bancos europeus apontaram que reduziram os empréstimos a produtores de petróleo nos últimos anos. Outros, como o UBS, que tomou as provisões mais baixas entre os seis bancos europeus, elogiaram a “alta qualidade” de seus credores – muitos deles milionários com ativos para respaldar seus empréstimos, mesmo que o valor desses ativos tenha caído recentemente.
Os governos também facilitaram a vida dos bancos europeus, com amplas garantias e maiores prazos para o pagamento a empréstimos corporativos e de consumidores. O Deutsche Bank, que sofreu um golpe relativamente pequeno, disse que era confortável fazê-lo porque muitos de seus clientes corporativos são pequenas e médias empresas alemãs que se beneficiam de um dos pacotes de ajuda mais extensos do mundo.
Maiores perdas desde o pós-crise
Apesar do alívio, os principais bancos de investimento da Europa estão a caminho do mais alto nível de provisões para perdas com empréstimos desde o pós-crise. E mais ainda está por vir.
O Deutsche Bank disse que espera que as provisões atinjam o pico no segundo trimestre. Mas, à medida que a crise atinge a economia, há um alto grau de incerteza, principalmente para os bancos que adotaram disposições relativamente benignas.
“Poderemos ver mais reservas acumuladas nos próximos trimestres”, disse Thomas Gottstein , CEO do Credit Suisse.
Na China, que foi o epicentro da pandemia, os reguladores também permitiram que os bancos adotassem uma abordagem mais branda sobre como classificam as dívidas incobráveis.
Os bancos do país já estavam enfrentando uma pilha crescente de empréstimos podres há vários anos e viram um ligeiro aumento em sua participação no crédito total em março. Essa alta foi limitada pelos credores que concordaram em permitir que pequenas empresas adiassem pagamentos e rolassem dívidas.
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