Puxada por Brasil e EUA, região das Américas passa Europa em casos

Estados Unidos, Brasil e Canadá são os países com maior número de casos na região Foto: JOEL SAGET / AFP

Continente americano tem 1,74 milhão de casos, segundo a Organização Mundial da Saúde

GENEBRA – A região das Américas superou nas últimas horas a Europa em número de casos de covid-19, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). O continente americano tem agora 1,74 milhão de casos, enquanto o Velho Continente soma 1,73 milhão. 

A Europa foi, desde meados de fevereiro, o epicentro da pandemia, nas palavras do próprio diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, mas o maior número de casos diários nas últimas semanas é observado agora em países como Estados Unidos, Brasil e Canadá

Apesar do maior número de infecções, as mortes no continente americano, que na segunda-feira ultrapassaram a barreira dos 100 mil, são inferiores às quase 160 mil da Europa.

De acordo com os dados mais atualizados das autoridades sanitárias nacionais, os Estados Unidos somam 1,3 milhão de contágios, enquanto o Brasil tem 169 mil casos, sendo o oitavo do mundo em números de pessoas infectadas. O Canadá é o 13º país mais afetado com quase 70 mil. 

Os EUA confirmaram mais de 80 mil mortes, enquanto o Brasil teve pouco mais de 11 mil e o Canadá, quase 5 mil. Apesar dos números elevados, vários países do continente americano já estão elaborando planos de relaxamento das quarentenas impostas.

A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) estima que a covid-19 vai afetar as economias da região com a pior contração que a região sofreu desde 1930. Para 2020, a entidade prevê uma redução média da economia regional de 5,3%. Em entrevista ao Estado, o diretor do Programa Mundial de Alimentos (WFP), agência humanitária da Organização das Nações Unidas, afirmou que o Brasil tem caminhado para voltar ao ‘Mapa da Fome’ com os impactos da pandemia. 

Policiais fazem bloqueio na cidade de Rosário, Província de Santa Fé, na Argentina
Policiais fazem bloqueio na cidade de Rosário, Província de Santa Fé, na Argentina  Foto: REUTERS/Stringer

Em carta, líderes dizem que resposta América Latina tem sido desigual

As consequências da pandemia reforçam a avaliação de 13 líderes da América Latina que, em abril, assinaram uma carta dizendo que a crise exigia uma ação rápida e decisiva, mas que viam respostas desiguais, com governos que minimizam os riscos e optam por políticas populistas.  

“Vários governos reagiram prontamente, fazendo da proteção à saúde pública seu principal objetivo. Infelizmente, outros tendem a minimizar os riscos da pandemia, desinformando os cidadãos e desconsiderando tanto evidências científicas quanto orientações de seus próprios especialistas”, diz o documento assinado por quatro ex-presidentes, entre eles Fernando Henrique Cardoso e autoridades da área econômica como o ex-presidente do Banco Central Ilan Goldfajn.

Fronteiras

A ausência de medidas rígidas no Brasil – o responsável pelo maior número de casos na América do Sul – levou a Argentina e o Paraguai a apertarem o cerco para conter a disseminação do vírus por caminhoneiros brasileiros. Autoridades dos dois vizinhos só autorizaram o trânsito de caminhões de cargas. Apesar da passagem livre, porém, os transtornos são frequentes. 

Na Argentina, caminhoneiros estrangeiros não têm liberdade para circular e parar em qualquer lugar. Uma espécie de corredor rodoviário foi estabelecido com a demarcação de postos de combustíveis para os motoristas que abastecem e fazem refeições. 

Caribe vê hotéis fechados e navios ancorados 

Com economias frágeis e dependentes do turismo, a pandemia deve fazer a economia dos países do Caribe cair até 50%, segundo o Banco de Desenvolvimento do Caribe. Aeroportos sem voos, hotéis fechados e cruzeiros ancorados são parte do panorama hoje. Segundo a Organização de Turismo do Caribe, o setor emprega 2,5 milhões de pessoas na região, composta por pequenos Estados insulares já fortemente endividados e com economias pouco diversificadas. 

Em Santa Lúcia, ilha com 178 mil habitantes nas Antilhas, 13 mil pessoas já perderam o trabalho. Em Porto Rico, território americano que já vinha sofrendo com as consequências do furacão Maria, de 2017, 93 dos 160 hotéis fecharam as portas, ameaçando cerca de 20 mil empregos. 

O turismo, um dos setores mais afetados pelo surto, representa de 30% a 50% do PIB de países como Bahamas, Barbados e Jamaica, de acordo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Em alguns países, o setor responde por mais de 80% das receitas diretas e indiretas, como em Aruba. 

Confira matéria do site Estadão.

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