General “número 2” representa presença do Planalto e novo estilo no Ministério da Saúde

O ministro da Saúde, Nelson Teich, confirmou nesta quarta-feira (24) que o general Eduardo Pazuello será o novo secretário-executivo da pasta. O militar substituirá João Gabbardo, que ocupou o posto durante a gestão de Luiz Henrique Mandetta.

“A gente tem que ser muito mais eficiente do que a gente é hoje. A gente tá falando de logística, compra e distribuição. Ele é uma pessoa muito experiente nisso. É uma pessoa que vem trazendo contribuição num momento em que a gente corre contra o tempo. Não contra o tempo em relação só à Covid, mas em relação a como o país vai ficar, como o sistema de saúde vai ficar”, afirmou o ministro, durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto.

Pazuello deverá ser efetivado na função nos próximos dias. Atualmente, ele é o comandante da 12.ª Região Militar do Exército, sediada em Manaus. Ainda antes de sua oficialização no cargo, entretanto, o general já participou de reuniões com Teich e com o presidente Jair Bolsonaro – um indicativo de que a escolha de seu nome representa não apenas uma troca de indivíduo, mas de estilo de trabalho e de influências sobre o ministério.

Escolha de Pazuello tem dedo de Bolsonaro

Pazuello foi sondado para o cargo antes da demissão de Mandetta. Em entrevista à Veja, o general citou que foi consultado por Bolsonaro no domingo de Páscoa, quando a pasta ainda estava sob o comando do ex-deputado federal. Além do presidente, Pazuello tem também o respaldo dos ministros militares que despacham no Palácio do Planalto.

A indicação de um secretário-executivo chancelado pelo presidente e apoiado por ministros militares indica também uma tentativa de Bolsonaro de reverter o que ele considerava um dos principais defeitos da gestão Mandetta: a atuação “isolada” do Ministério da Saúde.

Para Bolsonaro, o ex-ministro conduzia o combate ao coronavírus sem dialogar com as outras esferas de governo. Bolsonaro falou abertamente que pretendia apresentar nomes para a cúpula do ministério, para “integrar” os trabalhos. Teich, na entrevista desta quarta, também mencionou a meta de interagir com outros ministérios.

E Pazuello, na entrevista à revista Veja, enfatizou que o centro de coordenação de operações da Casa Civil tem peso decisivo nas ações do Executivo – indicou, assim, a ideia do trabalho conjunto.

Diferença de estilos

Pazuello não deve ficar por muito tempo no Ministério – e quem diz isso é ele próprio. Em diferentes entrevistas, ele declarou que seu objetivo principal é o de “arrumar a casa” para Nelson Teich, e ajudar o novo ministro a consolidar a equipe. O general trará consigo pessoas que comporão o seu time dentro da pasta. Depois de concluída essa etapa inicial, Pazuello deverá retornar ao comando da 12.ª Região Militar do Exército.

Mas, enquanto estiver em ação, o general terá como foco a gerência da parte logística do ministério. Compras, transportes e gestão de equipamentos, essenciais em um momento como o atual.

“Acredito que ele possa ajudar a criar um programa de ajuste e crescimento compatível com a necessidade que a gente tem hoje”, declarou Teich, que deverá se focar mais nos aspectos médicos e científicos do ministério.

Se confirmada, a linha de trabalho de Pazuello será bem diferente da adotada pelo seu antecessor, João Gabbardo. O secretário-executivo de Luiz Henrique Mandetta adotava mais uma postura de “vice-ministro”, tomando conhecimento de todos os segmentos do Ministério.

Gabbardo se tornou uma das figuras mais conhecidas da gestão Mandetta, por conta de sua presença quase fixa nas entrevistas diárias do governo para atualização dos números sobre o coronavírus. Ele chegou a ser cogitado para se tornar o novo ministro, em substituição a Mandetta – sua indicação representaria uma alteração menos “traumática”. Mas antes que um convite formal fosse efetuado, Gabbardo negou a hipótese, ao dizer que, como havia chegado ao ministério com Mandetta, sairia também com Mandetta.

Quem é Pazuello

A formação é algo que também distingue Pazuello de Gabbardo – ao contrário do antigo secretário executivo e dos outros principais membros do time de Mandetta, o general não é médico.

Pazuello é formado pela Academia Militar das Agulhas Negras, a mesma em que estudou o presidente Jair Bolsonaro. É general de divisão desde 2018. Exerceu uma série de funções, dentro da estrutura do Exército, ligadas à logística.

Recentemente, foi o coordenador da Operação Acolhida, que dá atendimento aos venezuelanos que buscam refúgio no Brasil. Ele chefiou o projeto entre março de 2018 e o último mês de janeiro.

Confira matéria do site Gazeta do Povo.

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