O Ceará está prestes a registrar uma situação gravíssima na saúde pública por conta dos casos do coronavírus. Fortaleza tem, de acordo com os dados divulgados pelo Ministério da Saúde, a maior taxa de incidência entre as capitais do País. É preciso ser claro em relação a isso: a situação que se avizinha indica ser gravíssima. A Capital já passa de mil casos registrados e a doença está espalhada na quase totalidade dos bairros. Não há espaço para discutir política e é desnecessário, portanto, perder tempo em uma discussão inócua sobre isolamento social neste momento. Não há outra opção e não basta mais o governador ou o seu cantor favorito pedirem que você fique em casa. Todos precisam levar isso a sério. Tem se repetido na Capital e no Interior cenas de aglomeração nas ruas. E, ao que tudo indica, chegará o momento de o Estado ter que usar a força.
Drama do interior
No interior, mesmo nas cidades que ainda não registraram casos, o poder público municipal tem demonstrado preocupação. A estrutura de saúde pública da maioria das prefeituras é precária para dias normais, imaginem para uma pandemia. Não à toa, 73 prefeitos enviaram à Assembleia Legislativa decreto de calamidade pública que dá ao gestor liberdade para modificar prioridades no orçamento municipal e focar as atenções na Saúde. Isso exige, entretanto, cuidado redobrado no uso dos recursos do erário e requer uma lupa do Ministério Público e do Tribunal de Contas do Estado.
Linha de frente
Em entrevista virtual, ontem, o secretário de Saúde do Estado, Dr. Cabeto, informou uma situação delicada: o Estado já tem 150 profissionais de Saúde afastados das funções por conta do coronavírus. Na China, país que fabrica em larga escala os equipamentos de proteção individual, entre 40% e 60% dos profissionais se contaminaram. Cabeto, diga-se de passagem, vem sendo firme na manutenção das medidas de isolamento da população.
Em busca de ar
O Estado e a Prefeitura da Capital já pagaram antecipadamente uma carga de EPIs e equipamentos médicos da China. São, ao todo, 700 respiradores para UTIs.
Avaliação do ministro Luiz Henrique Mandetta, na entrevista de terça, foi de que se estivesse em Fortaleza, “estaria muito preocupado”. O ministério está dando o alerta e as autoridades locais também: o momento é de isolamento social. Os dados do Governo Federal mostram que não dá para discutir esse tipo de medida. As pressões precisam cessar.
Ceará está testando mais casos do que estados próximos como Pernambuco e Bahia, por exemplo. O secretário Cabeto chegou a dizer que o que o Ceará testa em um dia, outros estados testam em uma semana. O que pode sugerir que há subnotificação forte nos demais. Em meio ao caos, o Ceará tenta se articular para reforçar os leitos de internação e UTIs.
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