Há também a pressão de setores empresariais influentes, como o da construção civil, que só em Fortaleza emprega 50 mil pessoas.
Um grande empresário da indústria resumiu assim a importância desta sexta-feira, 27, para a economia do Ceará:
“Eu não desejaria estar na pele do governador Camilo Santana”.
O chefe do Executivo cearense e os integrantes do seu Comitê de Crise, instalado por causa da pandemia do coronavírus, devem decidir nesta data sobre que setores da atividade econômica deverão retornar à normalidade a partir de segunda-feira, 30.
Desde o último dia 19, elas estão suspensas.
Ontem, pelo Twitter, o governador disse que seu foco prioritário são “os mais pobres, autônomos e desempregados”.
Os autônomos são os que trabalham, por exemplo, em bares, restaurantes, casas de show, salões de beleza, táxis, transporte por aplicativo, feiras livres e lojas de rua e de shopping – estes são a população de alto risco de desemprego.
Mas há também a pressão de setores empresariais influentes, como o da construção civil, que só em Fortaleza emprega 50 mil pessoas.
Essa mão de obra, junto com a dos autônomos, cumpre em seu domicílio a obrigação do isolamento social decretada pelo governador.
Como devolver às empresas,às ruas, ao metrô e ao VLT essa multidão de trabalhadores sem colocar em risco o planejamento da Secretaria da Saúde, que precisa de mais tempo de “lockdown” (bloqueio) para enfrentar e vencer esta fase da guerra contra a pandemia virótica?
O mesmo grande empresário respondeu assim:
“Camilo Santana foi reeleito em 2018 com quase 80% dos votos para tomar decisões como a de hoje”.
ESPERTEZA
Um comerciante recebeu da indústria, em dezembro, a mercadoria que pediu e vendeu no mesmo mês.
Agora, espertamente, quer prorrogar vencimento da fatura, já vencida, alegando que o coronavírus estragou a receita do seu negócio.
MAIS ESPERTEZA
Executivos de finanças de empresas cearenses, com os quais esta coluna conversou ontem, chamaram a atenção para um detalhe em relação ao pacote de medidas, no valor de R$ 88 bilhões, que o Governo da União anunciou na semana passada para os estados e os municípios.
Eles temem que uma parte dessa montanha de dinheiro que está saindo do Tesouro Nacional para os estados e os municípios seja desviada para aumentar a folha de pessoal desses entes federativos.
Isso aconteceu na crise de 2008 e poderá acontecer de novo neste crítico 2020, advertem os executivos.
Surge uma pergunta: por que no Brasil, principalmente em momentos de crise como este, os (maus) políticos sempre se aproveitam?
ÔNIBUS
Um empresário de ônibus informa pela via digital: 1) empresas urbanas com receita 80% menor neste mês 2) as interurbanas estão paralisadas pelo decreto do governador; 3) a folha de pagamento de motoristas e cobradores representa 65% do custo; óleo diesel, 25%; 4) não podem demitir porque não têm dinheiro para isso
CAMINHÃOES
Caminhoneiros que trazem cargas do Sul e do Sudeste para Fortaleza enfrentam um problema:
Não encontram carga de retorno.
A atividade industrial no Ceará ainda está restrita às empresas que produzem alimentos, produtos de higiene pessoal e alguns outros ítens, tudo consumido pelos próprios cearenses
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