Há subsídios públicos em poucos locais do País. As principais exceções são a cidade de São Paulo e o Distrito Federal
Os ônibus do transporte público do Brasil correm risco de deixar de operar a partir de 5 de abril, alerta Otávio Cunha, presidente da NTU, entidade nacional de empresários do setor, devido à quedas nas viagens gerada pela pandemia de coronavírus.
“As empresas estão sem caixa para fazer o pagamento dos funcionários do mês que vem, que vence no dia 5. A maioria delas depende da receita das viagens e a demanda caiu em mais de 50% e chegou a 70% em algumas delas, como Belo Horizonte, Se não tem passageiro, não tem recurso”, disse à reportagem.
Cunha detalha que 50% dos gastos das empresas são com a folha de pagamento e 25% com o combustível. Ele diz que as empresas não pretendem parar, mas que os funcionários podem deixar de trabalhar se ficarem sem receber. “O empresário fará o possível e poderá pagar só parte dos salários. Mas também poderá faltar dinheiro para o diesel”.
Há subsídios públicos em poucos locais do País. As principais exceções são a cidade de São Paulo e o Distrito Federal.
Ele defende que o Governo Federal crie um plano de socorro ao setor, para que a operação dos ônibus possa ser mantida. “O ideal é colocar no mínimo 70% da frota rodando, para transportar as pessoas que precisam se deslocar mesmo em tempos de crise. Isso demandaria um apoio em torno de R$ 2,8 bilhões por mês”, estima.
A entidade procurou o Ministério da Economia em busca de ajuda, mas não obteve retorno sobre os pedidos. A lista de demandas inclui também a retirada de impostos sobre o setor, moratória para pagar financiamentos feitos pelas empresas para a compra de ônibus novos e a possibilidade de congelar contratos de trabalho, especialmente dos maiores de 60 anos, para que eles possam ficar em casa e receber parte do salário.
O setor de transporte público por ônibus atua em cerca de 3.000 municípios, movimenta R$ 45 bilhões por ano e gera 500 mil empregos diretos, segundo a NTU.
Um levantamento da entidade aponta que houve redução da oferta ou suspensão total do serviço em ao menos 216 sistemas. Em Campo Grande, João Pessoa e em todo o Estado de Santa Catarina, todo o transporte coletivo deixou de operar temporariamente, por decisões dos governos locais.
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