Na primeira etapa, as câmeras serão instaladas em caráter piloto. Objetivo é integrar as mais de 500 unidades de ensino da Capital por meio de uma central de monitoramento acompanhada por gestores e órgãos de segurança.
Mais de 38 mil câmeras de segurança serão utilizadas pela Prefeitura de Fortaleza para a instalação de sistema de videomonitoramento nas 573 unidades de Ensino Fundamental e Centros de Educação Infantil (Ceis) que compõem o parque escolar da rede municipal. O custo da contratação do circuito fechado de televisão (CFTV) é de R$ 3,9 milhões. Em março, as primeiras 60 escolas começam a ter os equipamentos instalados, de acordo com a Secretaria Municipal de Educação (SME).
“A instalação do sistema será iniciada nas unidades escolares mais vulneráveis, a partir de levantamento realizado pela Célula de Segurança Escolar e Inspetoria de Segurança Escolar, da Guarda Municipal”, informa a Pasta. A instalação ocorrerá de forma gradativa e em caráter piloto, “visto que a empresa contratada está elaborando os projetos necessários”. A Secretaria não disse em que bairros as escolas estão localizadas.
O sistema de videomonitoramento nas escolas foi anunciado pela Prefeitura em dezembro do ano passado. Na ocasião, a titular da SME, Dalila Saldanha, já havia adiantado que a empresa contratada, de Pernambuco, não poderia instalar o circuito interno de câmeras 24 horas em todas as unidades ao mesmo tempo.
A Secretaria de Educação acrescenta que o sistema será acompanhado, em tempo em real, “pelos gestores, com o apoio dos órgãos de segurança do município e Estado em eventuais ocorrências”.
No ano passado, o estudo Infância Protegida, da Organização Não Governamental (ONG) Visão Mundial, revelou que 48% dos estudantes entrevistados em Fortaleza declararam não se sentir protegidos no ambiente escolar. Casos de violência entre alunos, agressões contra professores e assaltos podem ser registrados e investigados a partir das imagens dos equipamentos.
Na nuvem
Para Ricardo Luiz Oliveira, especialista em segurança eletrônica, o fator inibitório das câmeras pode reduzir ações criminosas. Na cidade paulista de Porto Feliz, por exemplo, onde ajudou a instalar mais de 200 câmeras em escolas, episódios de roubo, invasão e depredação caíram entre 40% e 50%, segundo ele.
“Com as imagens, pessoas que vendem drogas na frente já não ficam mais lá. Infelizmente, ainda acontece, mas elas já ficam mais distantes”, completa Oliveira.
No caso de Fortaleza, as câmeras de segurança serão do tipo IP, que possuem um servidor interno capaz de enviar imagens para a “nuvem”, em tempo real, por meio de uma rede interna ou pela internet. Conforme o especialista, a qualidade delas é superior à outros modelos, sendo possível visualizar melhor rostos de pessoas e, dependendo da resolução, placas de veículos que parem no campo de visão dos aparelhos.
Outra vantagem é que, com a gravação remota na nuvem, não são necessários equipamentos físicos para a guarda das imagens. “O que acontecia era de criminosos entrarem no estabelecimento e não se preocuparem com as consequências porque eles também roubavam o aparelho, ou seja, levavam as imagens junto. Hoje, começa a ficar mais difícil. Eles veem que não adianta mais levar”, explica Ricardo Luiz.
A professora e vice-tesoureira do Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Fortaleza (Sindifort), Tereza Angélica, considera a instalação “precipitada”, já que não houve debate com os professores.
“Se for no viés de inibir situações de assédio à escola, de violência e melhorar nossa segurança e dos alunos, aí sim, tudo bem. Mas, se for pra perseguir o direito de fala e democracia, com esse Governo que persegue a educação, não”, opina Angélica
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Procurada para esclarecer a localização dos equipamentos, a Secretaria de Educação não informou se haverá câmeras dentro das salas de aula.
Para o especialista Ricardo Luiz, apenas as câmeras não resolvem o problema: é preciso integrá-las com as forças de segurança. “Um equipamento físico tem limite de acesso simultâneo. Como tem servidor externo, você consegue compartilhar com a central e outros órgãos, como a Polícia Civil e a Guarda Municipal”, garante.
Em Porto Feliz, quando alguma ocorrência é registrada, o 190 é diretamente acionado. Outra ideia é espalhar aparelhos também pelo bairro, para identificar o trajeto de pessoas em fuga.
Integração
A SME ressalta que o trabalho preventivo nas escolas também permanece com viaturas e equipes treinadas, que prestam assistência, com patrulhamento ostensivo e rondas diárias, “em ação contínua”.
Os trabalhos são realizados por meio da Célula de Segurança Escolar, em conjunto com a Inspetoria de Segurança Escolar. “Além disso, as unidades contam também com monitores de acesso, vigilância patrimonial e porteiros noturnos”, afirma.
A instalação das câmeras nas escolas está no pacote do Programa “Mais Gestão na Educação”, que recebe investimento de mais de R$ 41 milhões. A proposta é para fortalecer o campo de atuação na Rede Municipal de Ensino em três dimensões: pedagógica, administrativa e financeira, e gestão.
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