Valdo Cruz
G1 Brasília
Diante do desgaste entre o ministro da Justiça, Sergio Moro, e o governo, com o anúncio de que a pasta poderia ser desmembrada, a equipe presidencial avalia que, neste momento, quem mais sai perdendo no embate é o próprio presidente Jair Bolsonaro. Por isso, desde quinta-feira (23) interlocutores do presidente trabalhavam para colocar “panos quentes” no episódio.
Segundo um assessor presidencial, o eventual desentendimento de Sergio Moro teria dois efeitos ruins para Bolsonaro. O primeiro é que enfraqueceria ainda mais o discurso do governo de combate à corrupção, que já está fragilizado, porque aquele que seria o principal responsável por essa tarefa estaria sendo praticamente colocado para fora do ministério.
CANDIDATURA – O segundo efeito seria fortalecer uma possível candidatura de Sergio Moro à Presidência da República em 2022, disputando com Bolsonaro uma parcela do eleitorado hoje fechada com o governo. Moro, no mínimo, dividiria esse eleitorado, retirando poder eleitoral do presidente da República.
Ainda na noite de quinta-feira, interlocutores do presidente em Brasília já diziam que, ao chegar à Índia, Bolsonaro iria acabar com os ruídos causados por ele próprio. Ou seja, recuaria de sua ideia de estudar uma divisão do Ministério da Justiça e da Segurança Pública. Foi o que aconteceu nesta sexta-feira (24), em sua primeira entrevista na chegada àquele país.
Um assessor presidencial respirava aliviado na manhã desta sexta-feira (24) depois da fala do presidente, mas lembrou que Bolsonaro sempre deixa uma porta aberta para uma mudança de posição, o que acaba gerando dúvidas sobre suas reais intenções. Foi o que ele fez ao encerrar a sua fala sobre a divisão do ministério de Sergio Moro, ao falar que, no momento, chance zero de separar as duas áreas, mas em política tudo pode mudar.
MOURÃO DEFENDE MORO: ‘ESTÁ FUNCIONANDO’
Andréia Sadi GloboNews
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, recebeu nesta sexta-feira (24) o ministro da Justiça, Sergio Moro, mas disse ao blog que não discutiu a polêmica envolvendo a declaração do presidente Jair Bolsonaro sobre a recriação do Ministério da Segurança Pública, o que desmembraria a pasta da Justiça. Após a repercussão negativa na quinta-feira (23), o presidente, em declaração nesta sexta, recuou. Disse que é há “chance zero”, por ora, de recriar a pasta.
Mourão disse que o tema tratado com Moro foi a composição da Força Nacional da Amazônia. Perguntado pelo blog sobre sua opinião a respeito da ideia da divisão dos ministérios, Mourão respondeu: “Tem que ficar como está. Está funcionando”.
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