Ele falará de acusações que enfrenta no Japão e também de visita a Israel, o que é crime para cidadãos libaneses
BEIRUTE – Depois de quebrar o silêncio e dar sua primeira entrevista desde que foi preso no Japão, há 14 meses, ex-presidente da aliança Renault-Nissan Carlos Ghosn compareceu perante a Justiça libanesa nesta quinta-feira, 9, para prestar depoimento referente ao alerta de prisão emitido pela polícia internacional Interpol, a pedido do Japão, onde ele é considerado foragido da Justiça. A aposta é que o depoimento funcione como uma mera formalidade.
A convocação partiu do procurador de Estado do Líbano, Ghassan Oueidat, e veio depois de uma reunião entre o governo libanês e o embaixador japonês no país. No depoimento, que durou cerca de uma hora, Ghosn entregou documentos de sua defesa ao juiz. No dia 29 de dezembro, Ghosn fugiu de Tóquio, onde cumpria prisão domiciliar, em direção a Beirute, onde se reuniu com sua mulher, Carole.
Além de endereçar as acusações relativas ao alerta da Interpol, Ghosn vai também falar sobre a queixa prestada contra ele por um grupo de advogados do Líbano por causa de uma visita que fez a políticos israelenses na época em que era presidente do grupo automotivo. Pela lei libanesa, cidadãos do país que pisam em território israelense estão sujeitos a prisão, devido ao histórico de conflito entre as duas nações.
Durante a entrevista que concedeu nesta quarta-feira, 8, Ghosn endereçou os dois temas. Ele lembrou que o Líbano não costuma atender a pedidos de prisão pela Interpol (de maneira geral, o país apenas interroga os alvos de alertas de prisão). Na visão de advogados do país, a chance de o ex-titã da indústria automotiva receber punição no Líbano é nula. O governo já avisou que não vai deportá-lo para o Japão.
Em relação à visita a Israel, que foi bastante criticada na mídia libanesa nos últimos dias, o executivo esclareceu que o encontro com políticos israelenses se deu a pedido da Renault-Nissan – e que ele fez a visita a Israel nessa condição, e não como cidadão do Líbano. Mesmo assim, ele pediu desculpas à nação pelo encontro na entrevista coletiva que concedeu nesta quarta-feira.
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