Confusão provocou atraso no enterro de Qassem Soleimani, em Kerman, no sul do Irã. O comandante militar, considerado o segundo homem mais importante do Irã, foi morto na semana passada em um ataque americano em Bagdá, no Iraque.
Dezenas de pessoas morreram e outras centenas ficaram feridas em um tumulto, nesta terça (7), no cortejo fúnebre que acompanha o enterro do general Qassem Soleimani em Kerman, no Irã.
Milhares de pessoas foram às ruas para a cerimônia de despedida na cidade natal do comandante, morto na semana passada em um ataque americano no Iraque.
Ainda não se sabe exatamente quantas pessoas morreram. A agência semioficial Fars e a TV estatal iraniana falam em 56 mortos, de acordo com a Associated Press e o jornal britânico “The Guardian”. Outras 213 ficaram feridas, segundo o chefe dos serviços médicos de emergência do Irã.
A cerimônia do enterro começou às 18h30 do horário local (13h de Brasília), mas a multidão que acompanha o cortejo fúnebre provocou um atraso no sepultamento, segundo outra agência semioficial, a Isna. Não há previsão de quando Soleimani será enterrado; o corpo do general será sepultado no Cemitério dos Mártires de Kerman.
Imagens da TV estatal mostram os iranianos nas ruas de Kerman carregando bandeiras do Irã e imagens do general, enquanto hinos de luto soam de alto-faltantes. Durante o cortejo, autoridades discusaram, entre elas o ministro de Relações Exteriores, Mahammad Zarif.
As homenagens a Soleimani, que era considerado um herói nacional, começaram no sábado (4) em Bagdá, no Iraque, e passaram pelas cidades de Karbala e Najaf, consideradas sagradas pelos muçulmanos xiitas.
No domingo (5), o corpo chegou ao Irã. O cortejo começou pela cidade de Ahvaz, no sudoeste do país, passou por Mashhad, na região nordeste, e seguiu para Teerã. Na capital iraniana, o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, chegou a chorar durante uma homenagem a Soleimani.
A mobilização popular lembrou as massas que se reuniram em 1989 para o funeral do fundador da República Islâmica, o aiatolá Ruhollah Khomeini, segundo a Reuters.
Forças americanas ‘terroristas’
O Parlamento do Irã aprovou por unanimidade nesta terça uma moção que declara todas as forças americanas e o Pentágono como “terroristas”. Após a votação, os delegados cantaram “Morte à América”, de acordo com a agência de notícias estatal iraniana Irna.
Na mesma sessão, o parlamento também aprovou um orçamento ampliado para a Força Quds, que Soleimani chefiou.
Khamenei pede ataque direto
O líder supremo do Irã, o Ali Khamenei, participou de um encontro no Conselho de Segurança Nacional para estabelecer os parâmetros da reação do seu país ao ataque americano que matou o general. Ele orientou que a retaliação seja um ataque direto e proporcional aos interesses americanos, abertamente realizado pelas próprias forças iranianas, de acordo com relatos de fontes do jornal americano “The New York Times”.
Iranianos barrados
Um grupo de mais de 100 americanos com ascendência iraniana foram barrados na fronteira dos EUA, em Washington, quando voltavam de férias do Canadá. De acordo com o jornal “The New York Times”, eles foram questionados pelos agentes de segurança sobre a crise entre os Estados Unidos e o Irã. Um engenheiro de software da Microsoft foi questionado sobre o serviço militar que prestou no passado. O governador Jay Inslee declarou que a “detenção” de pessoas foi inapropriada.
Soldados no Iraque
O governo alemão retirou um pequeno número de soldados do Iraque por questões de segurança. Eles foram enviados para Jordânia e Kuwait. Até então, a Alemanha mantinha 120 militares no país com a função de treinar as forças iraquianas.
A Eslováquia também anunciou que vai realocar temporariamente seus sete soldados que estavam no país para uma missão de treinamento da Otan.
Ataque e a escalada da tensão
O general Qassem Soleimani e sua comitiva foram alvos de um ataque com drones perto do aeroporto de Bagdá, no Iraque, na quinta-feira (2).
Soleimani, de 62 anos, comandava a Força Quds, uma unidade de elite da Guarda Revolucionária Iraniana com atuação no exterior e era considerado o segundo homem mais poderoso do Irã, abaixo apenas do líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei.
Os Estados Unidos, que classificam Quds como uma força terrorista, acusaram Soleimani de estar “ativamente desenvolvendo planos para atacar diplomatas americanos e membros do serviço no Iraque e em toda a região”.
O general era apontado como o cérebro por trás da estratégia militar e geopolítica do país.
O Irã prometeu se vingar da morte de Souleimani e, em resposta, Trump disse que atacará 52 alvos iranianos caso os norte-americanos sejam alvo de alguma ação iraniana.
O Irã anunciou que seu trabalho de enriquecimento de urânio não respeitará mais o acordo nuclear de 2015, que limitava o nível de enriquecimento a 3,6%, e que sua produção não terá mais restrições.
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