Extravasamento aconteceu na sexta-feira (20). ANM afirma que barragem do Josino da empresa Ferro + Mineração S.A. não se rompeu.
Um vídeo mostra sedimentos de mineração atingindo a BR-040, em Congonhas, na Região Central de Minas Gerais, depois do extravasamento da barragem do Josino. Segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM), a causa foi uma forte chuva na sexta-feira (20).
Entenda a diferença
- Transbordamento – acontece quando a água, no caso, da chuva, atinge uma barragem e passa por cima dela, vazando água com rejeitos pela estrutura.
- Extravasamento – é registrado quando a água com rejeitos que está na barragem escoa por um dispositivo chamado “extravasor”, que é um duto que tem a capacidade de liberar água rapidamente.
O gerente de fiscalização da ANM, Luis Paniago Neves, disse que a enxurrada que passou sobre a BR-040, registrada em vídeo, não é água que estava acumulada na barragem. A lama não conseguiu passar pelo canal que fica abaixo da rodovia porque o sistema de escoamento não comportou o grande volume e parte escoou pela lateral da BR-040.
O temporal que provocou o transbordamento da barragem teve um acumulado de 97 milímetros em uma hora e meia.
De acordo com a Defesa Civil de Congonhas, a chuva prejudicou a captação de água. Cerca de dois mil moradores do bairro Pires estão com abastecimento prejudicado. Não houve vítimas.
A Ferro+ Mineração afirmou na tarde desta segunda-feira que a barragem, chamada pela empresa, de dique de contenção de sedimentos, segue “operante e intacto” e que não houve rompimento (leia nota da empresa na íntegra ao fim da reportagem).
No entanto, o volume de água excedente passou pelo vertedouro e foi direcionado para a galeria da BR-040 que não conseguiu dar a devida vazão, alagando momentaneamente a entrada da empresa e a própria rodovia à jusante.
Sobre a questão do abastecimento prejudicado no bairro Pires, a mineradora disse que não tem relação e que o material vazado da barragem não atingiu as nascentes da captação.
Barragem não se rompeu
O dique é da empresa Ferro + Mineração S.A. e a estrutura foi construída pelo método a jusante, tem volume de 16,6 mil metros cúbicos de sedimentos de mineração e 9 metros de altura.
O secretário de Meio Ambiente, Neylor Aarão, disse que nenhum morador está desalojado ou desabrigado. Ele explicou ainda que a barragem recebe água de chuva e que na sexta choveu de 100mm a 120mm por hora.
O porta-voz da Defesa Civil de Minas Gerais, tenente-coronel Flávio Godinho, disse que a ANM fez uma vistoria e que nesta segunda uma equipe vai fazer novas verificações, mas que a estrutura não sofreu qualquer dano.
Falta de água
Cerca de 2 mil pessoas do bairro Pires, em Congonhas, estão com o abastecimento de água sendo feito por caminhões-pipa e galões, informou nesta segunda-feira (23) o secretário de Meio Ambiente.
De acordo com Aarão, o problema no abastecimento não tem nada a ver com o rompimento do dique e, sim, por causa da chuva.
Ele disse ainda que em todo período chuvoso acontece o problema e que na próxima quinta-feira (26) haverá uma reunião com a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) para que o caso seja definitivamente resolvido.
Em nota, a Copasa informou que, devido ao grande volume de chuva, ocorreu carreamento de material da mineradora que opera na região para o Córrego Cordeiros, responsável pelo abastecimento, ocasionando o assoreamento da barragem e elevando a turbidez da água distribuída.
A Copasa disse que o abastecimento foi restabelecido nesta segunda-feira, mas que a mineradora está realizando a limpeza dos canais e das caixas d’água da população.
Técnicos da Copasa estão em Pires acompanhando a manutenção. Para garantir o abastecimento dos moradores, a mineradora está fornecendo caminhões-pipa.
Nota Ferro+ Mineração
Esclarecemos que no dia 20/12/2019, última sexta-feira, um evento chuvoso intenso (~120mm durante uma hora) ocorreu na região onde se localiza a Ferro+ Mineração, próximo à cidade de Congonhas, na região Central do Estado.
Drenagens provenientes da própria mina e também da rodovia BR-040 são direcionadas para a estrutura, dimensionada para tal fim, chamada Dique do Josino. Essa estrutura não é uma barragem e sim um dique de contenção de sedimentos, de baixo risco, que continua operante e intacto, ou seja, não houve rompimento.
No entanto, o volume de água excedente passou pelo vertedouro e foi direcionado para a galeria da BR-040 que não conseguiu dar a devida vazão, alagando momentaneamente a entrada da empresa e a própria rodovia à jusante.
A empresa ressalta que o alagamento foi por um curto período de tempo e não afetou a captação da água que abastece o bairro do Pires, na cidade de Congonhas, localizada em outra bacia.
A Ferro+ Mineração reitera que não utiliza Barragem de Rejeitos, ou seja, 100% dos rejeitos gerados no processo produtivo são empilhados à seco. A Companhia informa ainda que segue rigorosamente a legislação ambiental e a Política Nacional de Segurança de Barragens.
A Ferro+ está colaborando ativamente com a Prefeitura Municipal e os órgãos ambientais para os devidos esclarecimentos.
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