O prefeito Marcelo Machado dispõe de pouco tempo para preparar a sua reeleição em 2020. Conta com o tempo de uma gestação – nove meses, já que o ano eleitoral e a guerra pela prefeitura, iniciam-se com muita antecedência.
Na opinião dos que comentam pelas esquinas e nos caldeirões, Marcelo não irá a lugar nenhum na tentativa de obter o segundo mandato. Por outro lado, há os que acreditam que não há nomes em Crateús disponíveis e capazes de com ele concorrer na eleição de 2020 e, em assim sendo, a escassez de nomes virá a favorecê-lo. Crateús é uma cidade que, malgrado o desenfreado crescimento físico, só tem mostrado nanismo político.
A Câmara municipal, por sua vez, ao invés de servir como incubadora de lideranças políticas, tem se prestado a exercer a tarefa de bem servir e remunerar seus pares, sem deles receber a contrapartida, que é o de bem exercer os seus mandatos. Dessa Casa de Leis nunca eclode um prefeito. Dela, nunca surgiu nome capaz de figurar numa mesa de negociação política para a escolha ou imposição de melhor nome para governar a cidade.
Atualmente, são muitos os que cobram do prefeito realizações. Alegam que ele nada construiu em dois anos, e um prefeito sem realizações está fadado a ir brincar em carrossel de parque de diversão, e não a almejar reeleição.
No entanto, um olhar arguto, acurado e isento sobre a administração de Marcelo Machado, comparando-a com o desempenho administrativo de prefeitos de outros municípios, faz diferente leitura e prognóstico sobre suas reais chances de reeleição.
Se de um lado assistimos ao pífio desempenho de considerável porção de prefeitos e outros gestores municipais, cúmplices, ora encrencados com a Justiça, ora investigados pelo Ministério Público, acusados de improbidade administrativa, de malversação de recursos públicos, de desvio de verbas, de licitações fraudulentas, de atraso no pagamento de salários do funcionalismo, compondo esquemas de fraudes e enriquecendo ilicitamente, quando alguns são afastados de seus cargos, outros perdendo o mandato ou até encaminhados à prisão, constatamos que tais situações, até o momento, não tocaram o solo político de Crateús. Até o presente, a figura de Marcelo Machado tem se mantido limpa e imune às denúncias de malfeitos.
Sabe-se que prefeituras de todos os municípios do Ceará e de demais estados enfrentam sérias dificuldades para conseguir sobrevivência, por conta da escassez de recursos. Prefeitos que não fizeram o dever de casa, que misturaram o seu dinheiro com o dinheiro da prefeitura estão sofrendo denúncias e se encontram ameaçados de não concluírem o mandato.
Se por um lado, a gestão municipal de Crateús carece de urgente reforma administrativa, pelo fraquíssimo desempenho do quadro de auxiliares do prefeito, que estagnou a gestão como um todo; que não imprimiu mudanças nem inovou no sistema de arrecadação e na prestação de serviços; que, sobremodo, não denunciou a má herança recebida de seu antecessor; que nada investigou sobre o passado da gestão; que não fiscalizou, e que veio a se constituir numa gestão morna e insossa, por outro lado, quando apreciada por outro ângulo, vemos que a gestão municipal não se deixou corromper. Não há notícia de improbidade administrativa ou de falcatruas ocorridas como no passado, e que, jamais foram devidamente apuradas.
As contas municipais se encontram em ordem e os salários em dia. A arrecadação municipal sofreu acentuada queda nos últimos dois anos e vai continuar sofrendo até que o governo federal, que enfrenta sérias dificuldades, encontre o equilíbrio fiscal e administrativo, com as reformas de base que pretende implantar. Enquanto isso, a gestão de Marcelo Machado ainda conseguiu economizar o suficiente para pagamento de precatórios e causas perdidas na Justiça do Trabalho, deixadas pelo prefeito anterior.
Há de se indagar, portanto: que nomes se apresentam em Crateús, dispostos a gerir uma prefeitura deficitária que, na sua futura gestão vai ter, obrigatoriamente, de se adaptar ao novo modelo administrativo federal?
Não nos enganemos! O País, doravante, será administrado em outros moldes. Assim, também, as prefeituras. Figurões da política nacional perderam a liberdade e boa parte de suas fortunas ilegalmente acumuladas. Muitos foram condenados e estão presos e outros têm processos correndo nos tribunais. Grande parcela perdeu o foro privilegiado e vai enfrentar a Justiça no primeiro grau. A roubalheira vai diminuir se não estancar, por causa de leis mais severas e da imposição da moralidade.
O trunfo de Marcelo Machado para conseguir se reeleger, está contido nesse panorama e nessa conjuntura. Muito embora o povo se mostre insatisfeito ou com ele decepcionado pelo pouco que realizou em prol da cidade, por pouca obra construída, o velho e conhecido chavão “rouba, mas faz” vai exibir a sua face desconhecida: a do “não fez, mas não roubou”.
Faltou experiência a Marcelo, faltou-lhe assessoria e recursos. Bem poderia ter extinguido secretarias e feito fusão entre outras, já que nenhuma se destacou. Ainda há tempo para mudanças. Há tempo ainda para reivindicar grandes obras que venham marcar a sua debilitada gestão. Crateús está a exigir, urgente, um sistema de transporte coletivo e um plano viário. A cidade já se estende por mais de duas léguas. Exige um mercado público moderno e uma central de abastecimento de produtos hortigranjeiros. Se conseguir terminar a gestão com essas obras realizadas, sua reeleição será líquida e certa. Do contrário, será penosa. Mãos a obra, portanto, Marcelo Machado.
Por César Vale
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