Dirceu Pupo Ferreira teria concretizado compra de salas comerciais em Curitiba para lavagem de dinheiro de propina e, por ordem do ex-governador do Paraná, pedido à testemunha que ‘omitisse’ dos investigadores aquisição em dinheiro vivo
A denúncia foi recebida pelo juiz Fernando Bardelli Silva Fischer, da 9.ª Vara Criminal de Curitiba, e colocou o tucano no banco ao lado de sua mulher, Fernanda Bernardi Vieira Richa, e o filho do casal, André Vieira Richa.
O contador também teve denúncia aceita e vai responder processo junto dos patrões. Com exceção de André Richa, réu apenas por lavagem de dinheiro, todos os demais são acusados de obstrução de justiça.
A família Richa é acusada de comprar um conjunto de cinco salas comerciais e seis vagas de garagem do ‘Neo Superquadra’, empreendimento no Centro Cívico de Curitiba, usando dinheiro vivo obtido pelo ex-governador em propinas na Secretaria de Educação.
A acusação partiu de delação premiada de Maurício Fanini, ex-diretor da Pasta na gestão Richa.
A denúncia à Justiça afirma que o tucano recebeu R$ 500 mil por contratos fraudulentos fechados em sua gestão para a reforma de escolas públicas. Para ocultar o dinheiro, o ex-governador teria recorrido à empresa de sua mulher e filho, a Ocaporã Administradora de Bens, para adquirir os imóveis pelo preço de R$ 2,2 milhões.
Em seguida, Richa teria ordenado a Dirceu Pupo Ferreira que procurasse o corretor de imóveis Carlos Augusto Albertini para dizer que ‘caso fosse procurado para prestar esclarecimentos acerca da aquisição dos imóveis relativos ao delito de lavagem de dinheiro, em qualquer investigação, deveria omitir a ocorrência do pagamento em dinheiro’.
A mando do tucano, Pupo também teria informado ao corretor de imóveis para entrar em contato com o vendedor das salas, Márcio Ferreira Nobre, e dissesse a ele que ‘igualmente deveria negar a existência daquele pagamento em espécie, caso fosse procurado por alguma autoridade’.
O Ministério Pùblico afirma que o pagamento pelas salas e vagas do Neo Superquadra foram realizados por meio da venda de um apartamento com três vagas de garagem em Balneário Camboriú (SC), uma transferência de R$ 500 mil e R$ 830 mil em espécie sem registro formal – que supostamente incluem os R$ 500 mil obtidos em propina por Richa.
“Por sua vez, da narrativa fática constante na denúncia é possível se inferir a participação, em tese, dos denunciados nos delitos de lavagem de dinheiro e de obstrução de investigação de organização criminosa”, afirma o juiz Fernando Firscher, ao aceitar a denúncia.
Operação Quadro Negro. Esta é a quarta vez que Richa vai para o banco dos réus no âmbito da Operação Quadro Negro, que apura desvios de R$ 22 milhões em verbas destinadas à construção e reformas de escolas no Paraná.
A primeira vez ocorreu em março deste ano, quando o tucano chegou a ser preso após denúncia de corrupção passiva, fraude em prorrogação de licitação e organização criminosa. Em abril, Richa foi levado ao banco dos réus mais duas vezes pelos mesmos crimes.
COM A PALAVRA, O EX-GOVERNADOR DO PARANÁ, BETO RICHA
A reportagem busca contato com a defesa do governo Beto Richa. O espaço está aberto a manifestações.(paulo.netto@estadao.com e pedro.prata@estadao.com)
COM A PALAVRA, A FAMÍLIA RICHA
A reportagem busca contato com a defesa da família Richa. O espaço está aberto a manifestações. (paulo.netto@estadao.com e pedro.prata@estadao.com)
COM A PALAVRA, DIRCEU PUPO FERREIRA
A reportagem busca contato com a defesa de Dirceu Pupo Ferreira. O espaço está aberto a manifestações. (paulo.netto@estadao.com e pedro.prata@estadao.com).
Confira matéria do site Estadão.
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