Lava Jato avança e apura o maior escândalo da Petrobras, a importação de combustíveis

Charge do Bonifácio (Arquivo Google)

Carlos Newton

A importantíssima notícia passou despercebida pela grande imprensa.  Apenas o site G1 registrou que o Ministério Público da Suíça cumpriu na quarta-feira passada (dia 20) mandados de busca e apreensão em Genebra pela 68ª fase da operação Lava Jato. A informação foi divulgada na quinta-feira pelo Ministério Público Federal e o os alvos foram endereços ligados às empresas Vitol e Trafigura, que atuam no mercado de commodities de petróleo e derivados.

Diz o G1 que, de acordo com o Procuradoria-Geral da República, a ação foi realizada partir de um pedido de cooperação internacional feito pela força-tarefa da Lava Jato no Paraná. 

DUAS EMPRESAS – As investigações revelaram envolvimento de integrantes das empresas Vitol e Trafigura em um esquema de pagamento de propinas a funcionários da Petrobras, em troca de facilidades na estatal brasileira, como contratos e preços mais vantajosos.

De acordo com as investigações da Lava Jato, a Vitol realizou negócios com a Petrobras, sobretudo operações de compra e venda de petróleo e derivados, em valor total superior a US$ 14 bilhões entre 2004 e 2015.

Já a Trafigura, ainda conforme o G1, realizou negócios com a Petrobras em valor superior a US$ 9 bilhões, também em operações de compra e venda de petróleo e derivados e no mesmo período.

FALTOU DIZER – Em tradução simultânea, faltou dizer na reportagem do G1 que enfim a Lava Jato está chegando ao maior escândalo da Petrobras, que envolve a compra de combustíveis no exterior.

É um gigantesco foco de corrupção, que existe praticamente desde a criação da empresa e tem feito a fortuna de grande número de dirigentes, com destaque para o advogado Shigeaki Ueki, que deixou de ser ministro de Minas e Energia e preferiu assumir a presidência da Petrobras, onde reinou soberano de março de 1979 até o final de agosto de 1984, no governo João Figueiredo.

Com os recursos desviados da Petrobras, Ueki se instalou no Texas, comprou grandes extensões de terra e se tornou produtor rural e explorador de petróleo, acumulando uma fortuna de fazer inveja à família Bush.

ESQUEMA DE CORRUPÇÃO – Ueki foi o primeiro presidente civil da Petrobras. Na época, o esquema de corrupção era simples – bastava cobrar alguns cents por barril, a fortuna estava garantida, porque o Brasil era grande importador de petróleo e derivados.

O “japonezinho do Geisel”, como era conhecido, fugiu para os Estados Unidos, mas deixou seguidores dentro da Petrobras, que tiveram de ir aperfeiçoando o esquema, à medida em que o país aumentava a produção até se tornar autossuficiente.

Sem dúvida, o maior crime que se comete contra o Brasil. O que é mais incrível é que se trata de um esquema feito às claras e que exige cumplicidade de diversos setores da empresa – como as áreas de comercio internacional, abastecimento e refino.

PRODUTIVIDADE – Para manter a necessidade das importações de óleo diesel, por exemplo, as refinarias brasileiras só trabalham em apenas 75% de sua capacidade, um percentual que não é praticado na indústria do petróleo.

A justificativa é que o Brasil tem de importar petróleo leve para misturar ao pesado e produzir diesel, o que é verdadeiro, embora seja inexplicável o fato das refinarias jamais terem sido adaptadas ao petróleo pesado, como ocorre na Venezuela e no Canadá.

O falso argumento dos seguidores de Ueki também se desfaz pelo fato de o país ter passado a importar altas quantidades de diesel, ao invés de adquirir petróleo leve para fazer a mistura e aproveitar a capacidade ociosa das refinarias.

SEM EXPLICAÇÃO – O fato concreto é que a política da Petrobras se tornou inexplicável. Com o Brasil se tornando superprodutor de grão, não se explica a falta de incentivo ao biodiesel.

Da mesma forma, o programa do Proálcool, foi abandonado, nossas usinas estão sendo desnacionalizadas e o Brasil passou a ser importador de etanol dos Estados Unidos, que se tornou o maior produtor mundial devido aos altos subsídios que o governo garante.

Em resumo, a atual política energética do Brail é uma piada de mau gosto. O atual ministro, almirante Bento Albuquerque, se mostra inteiramente omisso, nem se ouve falar nele, enquanto a Petrobras segue dominada por falsos brasileiros, que sonham em morar em Miami e esquecer o Brasil, esta é a verdade.   


P.S. 1 – 
Desse jeito, é melhor chamar novamente Shigeaki Ueki e lhe devolver o Ministério de Minas e Energia. Ele é ladrão, mas sua política na pasta foi absolutamente nacionalista e criou o Proálcool. Sem dúvida, é preferível um ladrão nacionalista do que um almirante entreguista.

P.S. 2 – Outra maluquice é o preço dos combustíveis. Ao invés de ter como partida o custo da produção do petróleo brasileiro, que no Pré-Sal é um dos menores do mundo (8 dólares o barril), o preço cobrado nas refinarias da Petrobras é o resultado da soma do preço de venda nas refinarias no Golfo do México, adicionado ao custo do transporte do Golfo do México até o Brasil, mais os gastos portuários, além do custo de seguro para cobrir eventuais gastos com oscilações de câmbio e preços. Você sabia? Pois essa é a política energética do governo de Jair Bolsonaro, um presidente que nada entende de energia e é embromado de todo jeito. (C.N.)

Confira matéria do site Tribuna da Internet.

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