Cercado de apoiadores e de aliados da direita, Jair Bolsonaro usou o seu discurso no ato pró-anistia aos presos do 8 de janeiro de 2023, neste domingo (6), em São Paulo, para subir o tom e criticar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Esta foi a primeira manifestação desde que o ex-presidente e outros aliados se tornaram réus no processo sobre o suposto golpe de Estado.
Bolsonaro deu a entender que sua derrota na disputa presidencial para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2022, foi um “conluio” do STF e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), presidido à época por Moraes. “Me acusam de golpe de Estado. Segundo a Polícia Federal, do Moraes, eu comecei a dar um golpe de Estado numa live. E quem deu golpe em outubro de 2022? Quem tirou Lula da cadeia? Um cara condenado em três instâncias por corrupção, lavagem de dinheiro, é tirado da cadeia. Quem descondenou o Lula pra ele deixar de ser ficha suja?”, disse Bolsonaro, em alusão ao Supremo.
Até então condenado em processos da Lava Jato, Lula recuperou os direitos políticos em 2021, após o plenário do STF anular todas as suas condenações e declarar a incompetência da Justiça Federal em Curitiba nos processos contra o petista. “Um golpe foi dado, tanto é que o candidato deles (dos ministros do Supremo) está lá. Alguns deles falaram que interferiram sim, mas que foi para o bem da democracia”, completou Bolsonaro.
Ainda durante o seu discurso, o agora ex-presidente disse que “o golpe foi dado em 2022, tanto é que o candidato deles está lá. Alguns deles [ministros do STF] falaram que interferiram sim, mas foi para o bem da democracia”. “Se o Alexandre de Moraes salvou a democracia no Brasil, se ele evitou que uma ditadura fosse instalada aqui, por que ele viaja de avião da FAB, para assistir Palmeiras e Corinthians em São Paulo? Ele tinha que viajar, como eu faço, de avião de carreira, para ser aplaudido”, disparou Bolsonaro.
Nesta semana, o jornal Folha de S. Paulo publicou matéria afirmando que Moraes utilizou uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) para viajar de Brasília a São Paulo em 26 de março. O deslocamento ocorreu um dia antes de o magistrado assistir à final do Campeonato Paulista, em que o Corinthians conquistou o título contra o Palmeiras.
“O golpe deles só não foi perfeito porque no dia 30 de dezembro de [2022], eu saí do Brasil. Algo me avisou que alguma coisa ia acontecer. Se eu estivesse no Brasil, seria preso na noite de 8 de janeiro e estaria apodrecendo na cadeia até hoje, ou quem sabe assassinado por esses mesmos que botaram esse vagabundo na Presidência”, disse Bolsonaro aos seus apoiadores na Paulista.
Bolsonaro muda estratégia em relação ao STF e defende anistia no Congresso
O tom adotado pelo ex-presidente em relação ao STF neste domingo (6) na Avenida Paulista, marca um endurecimento em relação aos discursos feitos em manifestações anteriores, quando ele ainda não era réu pelo alegado golpe de Estado.
No último dia 16 de março, em Copacabana, no Rio, o ex-presidente focou mais seu discurso em demonstrar abusos do STF em sentenças contra os manifestantes de 8/1 e em evidenciar argumentos para desmontar a tese de golpe de Estado. Ele não fez ataques diretos ao STF.
A manifestação deste domingo (6) teve um tom mais parecido com a de 7 de setembro de 2024, na Avenida Paulista, quando a pauta era o impeachment de Moraes. Bolsonaro chamou Moraes de ditador na ocasião. Mas a estratégia era ressaltar a suspensão da rede social X e mostrar como o Senado tem poderes para derrubar o magistrado. Um pedido de impeachment foi apresentado, mas não andou no Congresso.
Em abril 2024, em Copacabana, quando Bolsonaro ainda era apenas investigado no caso sobre a suposta trama golpista, o tom foi mais brando. O ex-presidente não citou publicamente os ministros da Corte e apenas criticou as investigações por parte da Polícia Federal.
Na ocasião, o ex-presidente minimizou a chamada “minuta do golpe”, documento supostamente encontrado pelos investigadores da PF. A investigação acusou Bolsonaro de ter conhecimento e também editar o texto, que poderia ser usado para justificar uma ruptura sem motivos legais.
Em 25 de fevereiro de 2024, também na Avenida Paulista, Bolsonaro reuniu uma das maiores multidões de apoiadores até agora. Na ocasião, a direita conseguiu mostrar grande união após Bolsonaro virar alvo de investigações da Polícia Federal. Mas o tom era de moderação e os manifestantes foram até orientados a não levar cartazes contra o STF.
Desta vez, além das críticas ao STF, o ex-presidente usou o ato para defender a aprovação da anistia aos presos do 8 de janeiro de 2023. Bolsonaro disse que a aprovação da anistia é uma prerrogativa privativa do Congresso e não fez críticas a parlamentares. Coube ao pastor Silas Malafaia atacar o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) que, segundo ele, pediu para que os líderes de partido não assinarem o projeto de anistia. “Você, Hugo Motta, está envergonhando o honrado povo da Paraíba”, disse o líder religioso.
O projeto de lei da anistia está em tramitação na Câmara dos Deputados e atualmente é a principal proposta encampada pela oposição no Congresso Nacional. “A grande maioria do povo brasileiro entende as injustiças e agora se socorre na nossa Câmara Federal e no Senado Federal para fazer justiça. E a anistia é competência privativa do Congresso Nacional. Caso eles votem, o projeto seja sancionado, promulgado, ou no caso de um veto, vale a anistia”, defendeu o ex-presidente.
A manifestação convocada por Bolsonaro e por seus apoiadores para São Paulo tinha como principal foco tentar ampliar o apoio por parte dos deputados e senadores ao projeto da anistia. A nova norma, se promulgada e aplicada, poderia livrar os presos nas manifestações do 8 de janeiro de 2023, Bolsonaro e seus aliados das acusações de tentativa de golpe de Estado, de abolição do Estado Democrático de Direito, organização criminosa, dano ao patrimônio da União e deterioração de bens públicos tombados.
O perdão ao ex-presidente, no entanto, ainda dependeria de o Supremo não considerar a lei inconstitucional. “Eu acredito no meu Brasil. Nós acreditamos no Brasil. Não vamos desistir. Jogar toalha, pendurar chuteira não existe em nosso meio. A luta, repito, é pela liberdade dessas pobres pessoas que estão condenadas a penas de até 17 anos de cadeia”, completou Bolsonaro.
Batom vira símbolo do ato pró-anistia na Avenida Paulista
Ainda tratando sobre os presos do 8 de 2023, o ex-presidente Jair Bolsonaro lembrou do caso da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, que ficou presa dois anos por ter pichado, com batom, a estátua da Justiça na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Ela foi transferida para prisão domiciliar no final de abril, após decisão do ministro Alexandre de Moraes.
O processo de Débora começou a ser julgado em 21 de abril e Moraes votou para condená-la a 14 anos de prisão, sendo 12 anos e meio em regime fechado, além da multa de R$ 30 milhões a ser paga por todos os condenados do 8/1. O julgamento foi suspenso após o pedido de vista por parte do ministro Luiz Fux e deve ser retomado em até 90 dias.
“Você, mãe, imagine por dois anos dormir e acordar sem o calor dos seus filhos ao seu lado. Débora foi para a [prisão] domiciliar, mas já tem dois votos no Supremo, Alexandre Moraes e Flávio Dino, para condená-la a 14 anos de prisão. Eu não tenho adjetivo para qualificar quem condena uma mãe, mãe de dois filhos, a uma pena tão absurda por um crime que ela não cometeu”, discursou Bolsonaro ao lado da mãe e da irmã de Débora Santos.
O batom foi um dos símbolos do ato, e muitos manifestantes compareceram exibindo o objeto. Também foi posicionado um “batom inflável” de seis metros de altura, ao lado das grades que separavam o público das autoridades.
“O batom representa a Débora. Uma mulher comum, cabeleireira, que se torna o símbolo da luta pela Justiça no nosso Brasil”, discursou a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Além do ex-presidente e de Michelle Bolsonaro, outros políticos presentes lembraram o caso da cabeleireira para defender a aprovação da anistia. “Nesse momento a gente tem 162 assinaturas para acelerar o projeto da anistia. Ninguém vai nos parar até que a anistia seja aprovada”, disse o líder do PL na Câmara, o deputado Sóstenes Cavalcante.
O deputado afirmou ainda que nesta segunda-feira (7) vai publicar o nome e a foto de cada deputado que está apoiando o projeto. A bancada do PL busca reunir ao menos 257 entre os parlamentares para pressionar o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a pautar a proposta no plenário.
Presente na manifestação, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), puxou o coro “anistia já”. Assim como Sóstenes, o governador também evitou criticar publicamente o presidente da Câmara.
Bolsonaro reforça aliança com governadores em ato de São Paulo
Além de deputados e senadores da direita, Bolsonaro esteve acompanhado neste domingo de ao menos oito governadores: Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo; Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais; Ratinho Jr. (PSD), do Paraná; Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina; Wilson Lima (União), do Amazonas; Ronaldo Caiado (União), de Goiás; e Mauro Mendes (União), de Mato Grosso. Todos se encontraram com o ex-presidente antes do ato na Paulista.
O governador Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro, cancelou presença devido às chuvas no seu estado. O ato é a primeira ação da oposição nas ruas desde que o ex-presidente foi declarado réu na ação do STF por envolvimento na suposta tentativa de golpe de Estado.
Desde a decisão da Primeira Turma da Corte, em 27 de fevereiro, Bolsonaro buscou fortalecer sua base de aliados. Na manifestação, os milhares de apoiadores de Bolsonaro, muitos vestidos de verde e amarelo, entoaram coros de “não houve golpe”.
“Se o voto é a alma da democracia, a contagem pública do mesmo se faz necessária. Meus irmãos de todo o Brasil, apesar do momento difícil, a gente consegue recarregar as baterias, se preparar para novas batalhas, mas com a certeza de que a vitória virá”, encerrou Bolsonaro o ato na Paulista.
FONTE: GAZETA DO POVO https://www.gazetadopovo.com.br/republica/bolsonaro-sobe-o-tom-em-primeiro-ato-apos-se-tornar-reu-e-sugere-que-quem-deu-golpe-foi-o-stf/

SEMINÁRIO REGIONAL DE DIREITO DO TRABALHO
O advogado Esténio Campelo (foto) foi convidado pela Escola Judicial do TRT-7 para presidir a mesa do 1° Painel do Seminário Regional Direito Material e Processual do Trabalho – Crateús (CE). O evento, que acontece nos dias 10 e 11, reunirá magistrados, advogados, procuradores e estudantes para debater temas relevantes do direito trabalhista.
O painel comandado por Campelo terá como tema *O Direito do Trabalho Sobreviverá à Jurisprudência do STF? e contará com a participação do desembargador do TRT-10 Grijalbo Fernandes Coutinho (foto) como palestrante. A sessão será realizada na quinta-feira, às 19h, no Auditório do Instituto Federal do Ceará – Campus Crateús.
Suspeita em convênio e falta de transparência aumentam pressão por fiscalização dos gastos de Itaipu

Junto das críticas por desvio de finalidade em convênios e patrocínios, os gastos da Itaipu Binacional passaram a ser questionados por conta da transparência na prestação de contas das parcerias firmadas dentro dos programas socioambientais. Além disso, as informações mensais sobre os convênios firmados com a usina hidrelétrica deixaram de ser divulgadas no site oficial pelo lado brasileiro: não há atualizações desde julho de 2024.
Sob o governo Lula, nos últimos dois anos a Itaipu Binacional passou a destinar bilhões de reais para atender a “missão socioambiental” imposta pela gestão petista com recursos encaminhados para eventos como o “Janjapalooza” e para obras de infraestrutura da COP-30, a conferência mundial do clima que será realizada em novembro em Belém (PA). Associações ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terras (MST) e ONGs indígenas também foram beneficiadas pelos convênios.
São exemplos considerados por representantes do setor de energia como desvio de finalidade, respaldados no argumento de que o orçamento da Itaipu Binacional deveria ter o objetivo de garantir o abastecimento elétrico dos consumidores com a menor tarifa possível. Enquanto isso, a renegociação do anexo C do tratado da Itaipu renovado pelo governo Lula com o Paraguai, em 2024, foi marcada pelo aumento do preço para o lado brasileiro.
Até então, a expectativa era de queda no valor cobrado do consumidor, alternativa que era encarada como possível a partir da economia de cerca de US$ 1,5 bilhão por ano após a quitação do financiamento de 50 anos para construção da usina, localizada na fronteira, a partir do estado do Paraná, com o país vizinho.
As críticas contra a política petista de repasses para eventos controversos e convênios com afinidades ideológicas se agravaram nesta semana com a suspeita de irregularidades no convênio “Bio Favela”, firmado entre a Itaipu e a Central Única das Favelas (Cufa). O programa de 36 meses foi anunciado pela usina hidrelétrica em agosto do ano passado, com investimento de R$ 24,5 milhões para atividades em 100 favelas no Paraná.
Segundo apuração da Folha de S. Paulo, o Instituto Athus – responsável pelo projeto social em parceria com a Cufa – apresentou notas de aquisição de bolas de basquete e futebol em uma quantidade acima da demanda de jovens atendidos pelo convênio. De acordo com o jornal, cada participante do programa social poderia receber até três bolas de alto rendimento para as atividades esportivas, conforme a prestação de contas em outubro de 2024.
“Será promovida a inclusão social através da prática esportiva e do lazer saudável de crianças, adolescentes e jovens das favelas, levando atividades esportivas semanais a pelo menos 5 mil crianças, adolescentes e jovens”, anunciou a Itaipu à época da assinatura do convênio.
Parlamentares tentam emplacar CPI para investigar gastos da Itaipu
Na avaliação do deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP), a suspeita de irregularidades reforça a necessidade da implementação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a destinação dos recursos da Itaipu Binacional em eventos e convênios sob a justificativa de investimentos socioambientais. “Até agora, as denúncias eram de desvio de função – e não são poucas. A gente já tinha o suficiente para abrir uma CPI e veio mais essa suspeita à tona envolvendo a compra de bolas para um convênio”, afirmou o parlamentar em entrevista à Gazeta do Povo.
Segundo Orleans e Bragança, 75 deputados assinaram o pedido de abertura da CPI. São necessárias mais 100 assinaturas, aproximadamente, para encaminhamento da investigação no Congresso Nacional.
Ele também critica o “favorecimento de partidos e prefeituras” que recebem os recursos de Itaipu, por meio de convênios na área de influência da usina, o que abrange cidades do Paraná e do Mato Grosso do Sul. Segundo ele, o uso dos recursos com fins político-partidários tem comprometido a adesão de deputados à CPI da Itaipu.
“Os partidos do Centrão estão vinculados e não querem assinar. É muito nítida a interferência do Centrão também na Itaipu, não é só a esquerda que ganha com esses vazamentos [de recursos] da usina hidrelétrica”, apontou Orleans e Bragança.
A Itaipu Binacional publicou uma nota oficial no site da empresa na qual afirmou que os convênios são acompanhados por órgãos de fiscalização internos e por auditorias externas independentes. “A empresa adota rigorosos padrões de controle, incluindo a conformidade com a Lei Sarbanes-Oxley (SOX), garantindo transparência e responsabilidade na aplicação dos recursos. Itaipu segue as normas mais atuais de fiscalização e controle financeiro, assegurando boas práticas na gestão de seus investimentos socioambientais”, declarou a hidrelétrica.
Sobre a denúncia publicada pela Folha de S. Paulo, a Itaipu informou que o número de bolas compradas pela entidade conveniada será utilizado em todo o projeto. A previsão é de atendimento de 5 mil crianças, com expansão para outras cidades do estado do Paraná.
“A discussão não é sobre legalidade, mas sobre decisões tomadas nas escolhas do projeto que atende as periferias”, rebateu a binacional. O Instituto Athus foi procurado pela Gazeta do Povo, mas não retornou ao pedido de esclarecimentos sobre o caso até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para o posicionamento.
Itaipu deixa de publicar gastos com convênios
Desde julho do ano passado, a Itaipu Binacional deixou de publicar mensalmente os convênios firmados nos quais constam os valores de repasses aos beneficiários, o que diminui a transparência e aumenta a dificuldade para a sociedade acompanhar o destino dos recursos. Um dos convênios que foi firmado no período sem apresentação dos dados no site oficial da usina hidrelétrica foi o “Bio Favela” em parceria com a Cufa.
Entre agosto de 2024 e fevereiro de 2025, o governo Lula “pegou carona” nos recursos de Itaipu para turbinar o orçamento de outras pastas. Em dezembro, a Itaipu Binacional lançou, com a presença da ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, a licitação da Casa da Mulher Brasileira, em Foz do Iguaçu (PR), para atendimento de mulheres em situação de violência. Segundo a empresa binacional, o custo da obra é de R$ 11 milhões e a construção deve ser concluída neste ano, para entrada em funcionamento até 2026.
No início deste mês, o presidente Lula e o ministro da Educação, Camilo Santana, anunciaram em Brasília (DF) o convênio Alimentação Nota 10, com investimento de quase R$ 5 milhões provenientes da usina hidrelétrica. Neste caso, o repasse para o Programa Nacional de Alimentação Escolar tem influência direta da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, ex-funcionária da hidrelétrica. No anúncio, o diretor-geral da Itaipu no Brasil, o petista Enio Verri, lembrou que os programas de capacitação das merendeiras e nutricionistas de escolas públicas começaram a ser desenvolvidos por Janja, quando ela atuava na área de responsabilidade social da usina.
Orçamento de Itaipu fica fora dos mecanismos de controle de TCU e Congresso
Os deputados da oposição ao governo Lula relatam dificuldades na fiscalização dos gastos da Itaipu pelo fato de a empresa binacional não se submeter aos órgãos de controle, sequer ao Tribunal de Contas da União (TCU), por conta da gestão compartilhada entre Brasil e Paraguai. Por se tratar de uma empresa juridicamente internacional, regida pelo tratado específico e seus anexos, a Itaipu também não se enquadra na Lei de Acesso à Informação (Lei nº 12.537/11).
No mês passado, o deputado federal Nelson Padovani (União-PR), presidente da Subcomissão Especial da Itaipu, entrou com uma proposta de fiscalização e controle para que a Comissão de Minas e Energia acompanhe os gastos da empresa estatal com o auxílio do TCU. Segundo o documento, Itaipu gastou R$ 43,8 milhões em patrocínios a atividades não relacionadas à geração de energia elétrica.
“Em convênios com o setor privado, são mais de R$ 749 milhões, entre 2023 e agosto de 2024, de direcionamento questionável”, ressalta o pedido encaminhado pelo deputado ao TCU. Padovani explicou que caso seja autorizada a instalação de Comissão de Fiscalização e Controle, a Itaipu Binacional pode ser obrigada a apresentar dados sobre os convênios firmados, o que não ocorre desde agosto no site da empresa, e ainda os documentos de prestação de contas dos beneficiários para acompanhamento do destino do dinheiro público.
“Estamos estarrecidos com as notícias de gastança de Itaipu e fiz o requerimento para que o TCU auxilie na fiscalização”, disse o parlamentar. O documento recorda que a falta de fiscalização é justificada pelas autoridades pela omissão do tratado internacional ao abordar o tema e também pela necessidade de instituição de um órgão de controle específico para usina binacional.
“As informações mais recentes dão conta que a criação da ‘Comissão Binacional de Contas’, conforme acordo firmado entre o Brasil e Paraguai em novembro de 2021, encontra-se sem avanços e sem perspectivas”, acrescenta o pedido de auxílio.
Para o setor elétrico, consumidor paga a conta por gastos socioambientais de Itaipu
Na última sexta-feira (21), o Ministério das Relações Exteriores do Brasil comunicou que até o dia 30 de maio será firmado o novo anexo C do Tratado de Itaipu, nos termos do documento “Entendimento entre Brasil e Paraguai sobre Diretrizes Relacionadas à Energia de Itaipu Binacional”, que foi acordado entre os países parceiros em abril do ano passado.
O acordo é criticado por representantes do setor elétrico, que consideram que as negociações diplomáticas conduzidas pelo governo petista aumentaram o custo da energia para o Brasil. O presidente do instituto Acende Brasil, Cláudio Sales, afirma que, se o mesmo entendimento for mantido, o consumidor brasileiro continuará pagando a conta pela má gestão dos recursos e pela fraqueza diplomática do governo na negociação com o Paraguai.
Sales lembra que o valor negociado do Custo Unitário do Serviço de Eletricidade (Cuse) foi fixado em US$ 19,28/kW ao mês até 2026, sendo que o Brasil poderia estar pagando cerca de US$ 10/kW mês pela energia de Itaipu. Além disso, ele comenta que a situação é agravada pelo “orçamento paralelo” do governo destinado aos eventos e convênios socioambientais sem os instrumentos normativos de controle.
“Não é submetido ao TCU, sequer aos critérios do Orçamento Geral da União. É um orçamento paralelo administrado pelo governo para fazer a política que ele quiser, às custas do consumidor de energia. Isso vai para a conta de luz do brasileiro”, ressalta.
Setor elétrico alerta que, se o entendimento for mantido, o consumidor brasileiro continuará pagando a conta pela má gestão dos recursos e pela fraqueza diplomática do governo Lula na negociação com o Paraguai.
O presidente da Frente Nacional dos Consumidores de Energia, Luiz Eduardo Barata, afirma que a quitação do financiamento para construção de Itaipu resultaria em uma “redução substancial” da conta de energia elétrica e, se os termos do acordo forem confirmados pela alta cúpula dos dois países, a discussão pode ser levada para o Congresso Nacional.
Após a oficialização do novo anexo C do Tratado de Itaipu, o documento assinado pelos representantes brasileiros precisa ser submetido ao Parlamento. “Esse acordo deverá ser levado ao Congresso e nós vamos sensibilizar os deputados e senadores do quão danosa essa negociação está sendo para os consumidores brasileiros.”
FONTE: GAZETA DO POVO https://www.gazetadopovo.com.br/parana/suspeita-em-convenio-falta-de-transparencia-pressao-por-fiscalizacao-gastos-itaipu/?ref=veja-tambem

Pânico nos mercados: bolsas “derretem” em nova rodada de perdas após tarifas de Trump

As bolsas asiáticas e europeias registraram fortes quedas nesta segunda-feira (7). O movimento é influenciado pelas mudanças no cenário global, encabeçado pelas políticas tarifárias de Donald Trump.
No continente asiático, Japão, China e Hong Kong tiveram quedas profundas em seus principais índices. O Nikkei 225, de Tóquio, chegou a um recuo de 9% e atingiu seu menor patamar desde novembro de 2023. O Nikkei fechou o dia com queda de 7,68 pontos percentuais.
Já o TOPIX, um indicador mais abrangente da bolsa japonesa, registou queda maior que 8% nesta segunda (7) e fechou o dia com um recuo de 7,79%. O Japão foi um dos países entre os mais atingidos pelas tarifas recíprocas de Trump, que o republicano anunciou na última semana.
Os principais índices da China também tiveram altas quedas, os chineses Shenzhen CSI 300 e Shanghai Composite tiveram um recuo de quase 6% ao longo desta segunda. Foi o patamar mais baixo registrado pelas bolsas desde setembro de 2024. O mercado de ações de Hong Kong caiu mais de 12% na abertura e encerrou o dia com um recuo de 13,22 pontos percentuais.
Europa começou o dia com quedas
Seguindo o ritmo das bolsas asiáticas, as europeias também iniciaram esta segunda operando com fortes quedas. O Euro Stoxx 50, índice que reúne 50 ações da zona Euro, teve uma queda de 7,58% na madrugada desta segunda.
Na abertura do mercado no continente europeu, a bolsa de Frankfurt caiu 7,86% após sofrer brevemente perdas de mais de 10%. Paris abriu com queda de 6,19%, Londres com queda de 5,83%, Madri com queda de 3,6% e Milão com queda de 2,32%.
FONTE: GAZETA DO POVO https://www.gazetadopovo.com.br/economia/bolsas-comecaram-o-dia-derretendo-na-asia-e-europa/
O que a Itaipu está fazendo com a “sobra” de bilhões de dólares

Dois anos após a quitação do financiamento pela construção da usina de Itaipu, o destino da “sobra” bilionária é questionada por representantes do setor de energia e pela oposição ao governo Lula, que aponta para uso de recursos da hidrelétrica para fins políticos, como patrocínios de eventos, formalização de convênios e repasses para municípios. A situação é alvo de um pedido de intervenção e fiscalização encaminhado ao Tribunal de Contas da União (TCU) pela Subcomissão Especial da Itaipu na Câmara dos Deputados.
A expectativa no setor elétrico – corroborada por discursos políticos ao longo de 50 anos – era que a conta de energia do consumidor brasileiro fosse beneficiada pela economia de cerca de US$ 1,5 bilhão por ano, valor destinado ao longo de cinco décadas ao pagamento das parcelas das obras para construção da usina, localizada em Foz do Iguaçu (PR), na fronteira entre Brasil e Paraguai. No entanto, o novo acordo diplomático do chamado Anexo C do Tratado de Itaipu, conduzido pelo governo Lula e a política petista de investimento em projetos socioambientais frustraram esse cenário de redução da conta de energia.
Um estudo da Academia Nacional de Engenharia (ANE Brasil), publicado pelo Comitê Permanente de Energia, aponta que o “serviço da dívida” começou a diminuir a partir de 2022 e foi zerado nos dois anos seguintes, quando a tarifa de Itaipu poderia ter baixado significativamente. “Não diminuiu porque o extinto serviço da dívida foi substituído por novas despesas, não previstas no tratado original e de questionável legitimidade à luz do tratado, as chamadas ‘benfeitorias socioambientais’. Nos últimos três anos a despesa de exploração foi aumentando à medida em que o serviço da dívida foi sendo reduzido”, expõe a análise.
O levantamento calcula quase US$ 1,5 bilhão por ano, a partir de 2024, alocados em partes iguais para benfeitorias no Brasil e Paraguai, montante acrescido aos US$ 700 milhões anuais, que já estavam previstos no orçamento. Entre 2023 e 2024, a atual gestão petista tem patrocinado eventos como o Janjapalooza e a COP-30, que será realizada em Belém (PA), em novembro, na região amazônica.
O evento no Norte do país vai receber ao menos R$ 1,4 bilhão de Itaipu para obras de infraestrutura. Em entrevista à Gazeta do Povo, em dezembro, o presidente do instituto Acende Brasil, Cláudio Sales, alertou para o “orçamento paralelo” da gestão petista, com o intuito de custear projetos socioambientais sem relação com o setor de energia elétrica.
Faltam mecanismos para fiscalizar e acompanhar o orçamento de Itaipu
Historicamente, o país é responsável por cobrir a maior parte dos custos da usina hidrelétrica, o que desequilibra a conta entre os parceiros, que dividem as “sobras”, mas não as despesas. “O Brasil arca não com a metade, e sim com cerca de 80% dos custos. São os consumidores cativos das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste que pagam a conta, embutida em suas contas de suprimento de energia elétrica”, aponta o Comitê Permanente de Energia da ANE, que critica a falta de mecanismos para fiscalização e acompanhamento do orçamento da Itaipu Binacional.
“Como apenas uma parcela dos que pagam a conta se beneficiam das benfeitorias, majoritariamente os habitantes do Paraguai e do estado do Paraná, trata-se de uma política pública de transferência de renda sem autorização do Congresso Nacional, contrariamente ao que determina a Constituição”, completa o estudo.
Procurada pela Gazeta do Povo, a assessoria de imprensa de Itaipu respondeu que a reportagem trata “inadequadamente como sobras” os valores do orçamento total para manutenção e investimentos da binacional, montante dividido igualmente entre os dois países. “O Anexo C estabelece que a receita decorrente dos contratos de prestação dos serviços de eletricidade, definida em acordo entre o Brasil e o Paraguai, deve ser igual ao custo do serviço, de forma que não há sobras ou prejuízo em sua operação”, respondeu em nota.
A gestão da Itaipu Binacional também defendeu os valores destinados aos projetos socioambientais. “Eles fazem parte da missão da empresa e são imprescindíveis para garantir a operação contínua e a ampliação da vida útil da usina, que atualmente é de 194 anos, garantindo a geração de energia para as próximas gerações.”
Entre os investimentos citados no setor de energia estão a modernização tecnológica nos sistemas de controle e proteção das 20 unidades geradoras de energia, de subestações, dos serviços auxiliares, das comportas do vertedouro e da barragem, orçados em R$ 3,4 bilhões.
Deputado entra com pedido de intervenção e fiscalização de Itaipu no TCU
Presidente da Subcomissão Especial da Itaipu, o deputado federal Nelson Padovani (União-PR) entrou com um pedido de intervenção e fiscalização da Itaipu Binacional no Tribunal de Contas da União (TCU) pelo uso político-partidário do orçamento da empresa estatal. “Em pouco mais de um ano, a Itaipu gastou R$ 43,8 milhões apenas em patrocínios a atividades não relacionadas à geração de energia elétrica e aos impactos socioambientais da usina. Em convênios com o setor privado, são mais R$ 749 milhões, entre 2023 e agosto de 2024, de direcionamento questionável”, aponta o documento.
Em entrevista à Gazeta do Povo, o deputado afirmou que a usina hidrelétrica está sendo usada politicamente pelo governo do PT com envio de recursos para associações indígenas e entidades ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). “Não é dinheiro de Itaipu, é dinheiro público. É dinheiro que veio dos consumidores, pois a empresa é estatal. Agora, está sendo usada como os Correios e a Petrobras. É o novo ‘Itaipuduto’, assim como tinha o Petrolão, com uma saída gigante de dinheiro público”, criticou.
Padovani aponta ao TCU que a Itaipu Binacional destinou R$ 24,8 milhões para o projeto “Opaná: chão indígena”, sob responsabilidade da Fundação Luterana de Diaconia (FLD), convênio de 24 meses, firmado como “reparação de uma dívida histórica com as comunidades indígenas”. A tese é defendida pela gestão petista por causa da formação do lago de Itaipu durante o processo de construção da usina.
“Não é dinheiro de Itaipu, é dinheiro público. Agora, está sendo usada como os Correios e a Petrobras. É o ‘Itaipuduto’, assim como tinha o Petrolão, com uma saída gigante de dinheiro público.
Deputado federal Nelson Padovani (União-PR)
Ao confirmar o convênio, o diretor-geral brasileiro da Itaipu, Enio Verri, afirmou que o projeto Opaná “está totalmente alinhado à missão da atual gestão da Itaipu” e que a intenção é apoiar políticas públicas de reparação ao povo Guarani, na região oeste do Paraná, que teria sido impactado pelas obras da usina hidrelétrica na década de 1980.
“Nós sabemos que, quando da construção do reservatório, muitas comunidades foram atingidas. Ainda há dívidas a serem pagas, e nós queremos trabalhar fortemente para isso. Não tenho certeza se a nossa gestão terá tempo suficiente para atender tudo aquilo que eles merecem, mas faremos o possível para que o máximo seja alcançado”, declarou Verri.
Padovani criticou as ações de reparação da gestão petista e afirmou que o lado paraguaio tem incentivado a economia e o empreendedorismo com os recursos da usina hidrelétrica. Do lado de cá da fronteira, segundo ele, a narrativa imposta pela diretoria de Itaipu incentiva as invasões de terras e o conflto no campo.
“A gestão do lado brasileiro diz que tem uma dívida histórica. Por que o Paraguai não diz isso, se o lago é o mesmo? Eles estão jogando contra o Brasil. É uma diretoria que está jogando contra a soberania nacional”, atacou o parlamentar. Além disso, o pedido ao TCU cita o convênio de R$ 80,7 milhões que foi firmado com a Cooperativa Central da Reforma Agrária do Paraná (CCA-PR), ligada ao MST, e obras na Universidade Federal Latino-Americana (Unila), orçada em R$ 752 milhões.
Ainda há dívidas a serem pagas, e nós queremos trabalhar para isso. Não tenho certeza se nossa gestão terá tempo para atender tudo que as comunidades merecem, mas faremos o possível.
Diretor brasileiro da Itaipu Binacional, Enio Verri
No final de janeiro, foi encerrado o período de inscrição do novo edital do Programa Itaipu Mais que Energia, em parceria com a Caixa Econômica Federal, com 1.669 projetos na área de influência de Itaipu, que abrange 434 municípios: 399 do Paraná e outros 35 do Mato Grosso do Sul. Segundo a empresa, a previsão de investimentos é de R$ 400 milhões para organizações sociais nos eixos de Conservação da Biodiversidade, Desenvolvimento Comunitário, Produção Sustentável e Saúde e Bem-estar Social.
Cidades do Paraná também foram beneficiadas com verbas da hidrelétrica para pavimentação asfáltica nos últimos dois anos. O presidente da Frente Nacional dos Consumidores de Energia, Luiz Eduardo Barata, afirma que os municípios paranaenses e sul-mato-grossenses são os mais contemplados, o que é desigual para os consumidores das outras regiões do país.
“Faz-se um derrame de recursos financeiros no Paraná e no Mato Grosso do Sul. Mas isso é muito perverso para a população dos demais estados que compõem as regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste do país”, opina.
“É necessário rever o acordo do anexo C”, diz presidente da Frente dos Consumidores de Energia
O presidente da Frente Nacional dos Consumidores de Energia defende que é necessário que o governo brasileiro volte a negociar o anexo C do Tratado de Itaipu, que foi firmado com o Paraguai no ano passado, após o encerramento do financiamento para a construção da usina. “Nós deixamos de pagar a dívida e foi inserida nas despesas uma série de obras que são estranhas à exploração de Itaipu”, afirma Barata.
“O acordo é muito ruim, se é bom para alguém, deve ser para o Paraguai”, completa. Segundo os dados da ANE Brasil, a despesa de exploração de Itaipu triplicou, saindo de US$ 700 milhões por ano para quase US$ 2,2 bilhões.
“Portanto, as negociações do triênio de 2022, 2023 e 2024, em lugar da aplicação pura e simples do anexo C do tratado, elevaram a despesa de exploração da Itaipu em quase US$ 1,5 bilhão por ano”, revela o estudo.
Barata admite a dificuldade de revisão do acordo, que foi repactuado há menos de um ano e cobra a participação de diferentes setores na discussão entre os países parceiros. “É necessário rever o acordo do anexo C de forma diplomática, com todas as partes envolvidas, principalmente os pagadores da conta. Os consumidores dos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Minas, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás. O Brasil precisa mudar a maneira de tratar essas questões e ouvir as partes envolvidas. Esse acordo é absolutamente esdrúxulo”, critica.
O estudo da ANE aponta que foi adotado um “conceito de negociação” na discussão entre os governos brasileiro e paraguaio, ao invés do alinhamento técnico previsto no Tratado de Itaipu para renovação do anexo C, que resultou em uma tarifa paga pelo Brasil acima do previsto. O levantamento calcula que a tarifa regulada, conforme o Tratado, deveria ser de aproximadamente US$ 9/kW no ano passado. No entanto, o valor negociado do Custo Unitário do Serviço de Eletricidade (Cuse) foi fixado em US$ 19,28/kW mês até 2026.
“Seja pelo conteúdo do Tratado, seja pelo próprio conceito de ‘negociação’, a tarifa de Itaipu deveria ser regulada e não negociada. É claro que aceitar uma negociação nessas condições, além de se afastar do que preconiza o Tratado, resultaria na sistemática elevação da tarifa e a única forma de fechar essa conta seria inflando as despesas operacionais da empresa”, aponta o estudo da ANE Brasil.
Em nota, a Itaipu Binacional respondeu que mais de 97% da população brasileira recebeu o “bônus Itaipu” em janeiro, um desconto na conta de luz de até R$ 49, resultado da distribuição do saldo positivo da hidrelétrica referente a 2023. Segundo a usina, o valor foi de R$ 1,3 bilhão em crédito na conta de luz, medida que impactou na redução da inflação no mês passado.
Além disso, a empresa argumenta que, com o término do pagamento da dívida, a hidrelétrica reduziu a tarifa de energia em 26%, com impacto na conta de luz. “Atualmente, o custo de repasse da energia da Itaipu às distribuidoras é de R$ 204,95/MWh, enquanto a média das demais hidrelétricas é de R$ 300/MWh. Ou seja: Itaipu puxa o preço da energia elétrica para baixo no Brasil.”
FONTE: GAZETA DO POVO https://www.gazetadopovo.com.br/parana/destino-recursos-itaipu/?ref=veja-tambem

Hugo Motta acha que tudo é mais importante que essas senhoras que estão presas

Ontem a gente viu oradores mostrando a necessidade de anistia. Eu estava percorrendo as histórias de algumas pessoas. Sem falar na Débora, que é um símbolo: 14 anos de prisão por escrever uma frase de um ministro de Supremo no granito da estátua da Justiça.
Mas tem um outro caso aqui incrível, da Giovana Vieira da Costa. Ela é casada com um motoboy, está com oito meses de gravidez, e chegou de ônibus no fim da tarde, depois que tudo tinha acontecido. Mas foi presa. Ela invocou o motorista do ônibus para dar um testemunho, mas o motorista não quis se meter com medo. Esse é o objetivo: impor medo para as pessoas lavarem as mãos. “Te vira”.
Assim como a dona Adalgisa, doente, a dona Vildete da Silva Guardia, de 74 anos, que já foi condenada há 12 anos, estava dentro do Palácio Planalto. Não quebrou nada, estava lá abrigada da fumaça lançada por bomba do helicóptero. Já perdeu 40 quilos, usa cadeira de rodas, mas foi presa porque poderia fugir. Ela recentemente retirou um tumor, ela não consegue caminhar.
Então agora mandaram para casa, estava no presídio dois anos, a moça missionária, manicure, que estava colhendo dados pra uma tese sobre manifestação popular na Faculdade de Psicologia. A Eliane Amorim de Jesus, 30 anos, está em casa. Prisão domiciliar. Não pode se comunicar com ninguém, não pode dar entrevista, não pode usar rede social, está lá de tornozeleira.
O Estadão mostra que tem 107 deputados que não contam no que vão votar, sim ou não pro projeto de anistia. Tem 197 que já disseram: “estamos a favor”. E tem 127 que disseram: “vamos votar contra”. Essa é mais ou menos a maioria da esquerda, dá uns 127.
Estadão ouviu 84% da Câmara, não ouviu todos ainda. Mas o presidente da Câmara, Hugo Motta, que deu uma entrevista dizendo que aquilo não foi golpe. Claro que não foi. Foi uma manifestação, foi uma explosão, mas não foi golpe. Golpe tem que ser conspiração, tem que ser planejado, tem que ter armas para resistir a qualquer contragolpe. Não tinha.
O Hugo Motta explicou essas coisas, mas agora ele tem coisa mais importante para decidir, como as tarifas de Donald Trump. Tudo isso é mais importante que essas senhoras, essas moças que estão presas. Um dia a mais para elas é uma eternidade. Já imaginou essa missionária naquele presídio lá do Maranhão? E para essa outra que chegou depois dos acontecimentos?
As pessoas estão presas, há doentes. O Clesão ficou preso e morreu. Não foram atendidos os pedidos dele ser mandado para casa para se tratar. Comida do presídio. Piora a situação, né? Ele acha que isso não é importante, pessoas não são importantes. Uma pessoa é importante por um dia na prisão. Um dia de liberdade é um bem muito grande, importante. Liberdade é logo depois da vida. E vida sem liberdade deve ser uma coisa terrível.
Gleisi Hoffmann no governo: qual a chance disso dar certo?
Aliás, é o Hugo Mota na Câmara, com o Davi Alcolumbre lá no Senado, que não deixam o Congresso discutir tudo isso que está acontecendo. Tudo à revelia da Constituição, que proíbe censura, garante a liberdade de expressão, garante o direito de ir e vir, garante a inviolabilidade do deputado e do senador por quaisquer palavras e opiniões.
Não é necessário vacinar crianças contra Covid
Bom, só pra concluir, eu acho uma crueldade o que tem acontecido por aí, obrigando crianças a serem vacinadas de Covid. Uma que não é necessária, todo mundo mostra isso. Eles não têm essa necessidade, esse perigo, eles não correm esse perigo. E outra que essa vacina que mexe com o DNA é perigosa. Basta que vocês investiguem.
Agora as duas últimas que deu no noticiário, porque em geral não dá no noticiário, 14 anos, o Ezequiel, lá em Senador Caneto, perto de Goiânia. Estava jogando futebol, 14 anos. A Maria Eduarda, fazendo física na Universidade Federal de Goiás, 25 anos. Teve um AVC, morreu, sei lá. A gente não sabe, porque é tanto jovem morrendo agora.
FONTE: GAZETA DO POVO https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/alexandre-garcia/anistia-para-quem/
Consignado vira cilada para endividar trabalhador

Lançado com barulho pelo presidente Lula (PT) como “fórmula mágica” para tirar os trabalhadores do sufoco, cada vez se parece mais como uma arapuca o empréstimo consignado para trabalhadores com carteira assinada. O crédito, porém, será condicionado à garantia o FGTS da vítima. Apesar de operação tão segura, com risco de calote próximo de zero, os bancos fixaram juros de até 89% para esse consignado. Ficou claro que a arapuca faz a alegria dos bancos e não dos trabalhadores.
Empréstimo carcará
Os juros anuais do consignado para servidor somam 24,2%, beneficiário do INSS 23,2% e de 48,9% a 87% para trabalhadores do setor privado.
Assim não dá
Dados do Banco Central apontam que o juro médio do crédito pessoal em janeiro de 2025, 45,6%, um escândalo, foi menor que do consignado.
Quebrado e sem FGTS
Especialistas advertem: o trabalhador corre o duplo risco de ficar endividado e negativado, e ainda perder o saldo de FGTS.
Governo banqueiro
Como no caso do consignado, os governos Lula são conhecidos por garantir lucros siderais aos bancos. Está acontecendo de novo.
STF pode anular provas contra Palocci, o que ‘blinda’ Lula

O Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu o julgamento que pode validar a anulação de provas contra o ex-ministro petista Antônio Palocci no contexto da Operação Lava Jato. A suspensão foi solicitada pelo ministro Nunes Marques, que pediu vista do caso para uma análise mais aprofundada.
O ministro Dias Toffoli anulou todas as provas em ações contra Palocci, levando a oposição a suspeitar que a intenção dessa decisão seria beneficiar o presidente Lua (PT), alvo da delação do seu ex-ministro, que contou com detalhes, por exemplo, ter sido portador do pagamento de propina ao petista. A Procuradoria-Geral da República (PGR) contestou essa decisão e está movendo um recurso para restabelecer as acusações contra o ex-ministro.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, argumentou que as provas contra Palocci devem ser consideradas válidas, afirmando que “a vinculação de Antônio Palocci Filho à Operação Lava Jato aparenta ter ocorrido de forma legítima”. Segundo Gonet, os elementos probatórios surgiram de apurações concretas e são consistentes até o momento.
Antônio Palocci, que foi ministro dos petistas Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff, é um réu confesso. Em delação premiada, ele admitiu ter conhecimento da arrecadação de mais de R$ 330 milhões em propinas durante os governos do Partido dos Trabalhadores (PT), alegando que a movimentação financeira ilegal ocorreu entre 2002 e 2014.
Apesar da delação, Toffoli reafirmou, durante o julgamento na 2ª Turma do STF, sua decisão de anular as provas, considerando que Palocci, assim como Lula, foi vítima de um “conluio” entre o ex-juiz federal Sérgio Moro e procuradores da força-tarefa da Lava Jato.
Com o pedido de vista que ocorreu nesta sexta-feira (4), Nunes Marques terá 90 dias para devolver o processo, que envolve Antônio Palocci e a Lava Jato, para que o julgamento possa ser concluído.
O Magistrado terá a responsabilidade de desempatar a questão, já que a votação na 2ª Turma teve divergência de opiniões: enquanto Toffoli e Gilmar Mendes votaram pela manutenção da anulação das provas, André Mendonça e Edson Fachin defenderam a aceitação do recurso da PGR, restabelecendo assim a validade das evidências.
Caso Débora: o constrangimento das excelências
Há mais de dois anos, todo brasileiro sensato critica, em vão, o fato de os presos do dia 8 de janeiro, arrebanhados, embarcados e levados à prisão, viverem em total desproteção de seus direitos, como se estivessem num campo de concentração. Aos poucos, os escalados para um julgamento sem volta, vão do ruim para o pior, condenados a penas exorbitantes. Na sarjeta da cidadania, enquanto correm os dias, o coro dos imorais, entre risos macabros, grita “Sem anistia!”. Quem tempos, Brasil! Que tempos!
Qualquer cidadão que tenha um palmo de papel para publicar, um espaço para opinar, três minutos para falar, já falou, já escreveu, já condenou o vandalismo e já publicou sua irresignação e sua solidariedade com as vítimas de tais suplícios. Para estes cidadãos, que sofrem com a injustiça praticada contra qualquer ser humano, Débora Rodrigues dos Santos se tornou símbolo de tantos casos semelhantes.
Sob aplausos do Consórcio Goebbels, quando tudo caminhava para consumação da brutalidade contra ela, a irresignação do ministro Luiz Fux e de muitos bons juristas, os vídeos do Dr. Augusto Cury e da própria Débora fizeram crescer o clamor da opinião pública.
Unhas crispadas e risos sardônicos ficaram visíveis. Uma encrenca para o reflexo dos Narcisos nas águas da História. Era tempo de refluir. Então, assim – só então e só assim! –, quando uma semana trágica chegava ao fim, a PGR recomendou a concessão de prisão domiciliar para Débora dos Santos. Pouco depois, em sincronismo, o Supremo lhe concedeu o que deveria ter concedido há dois anos e a restituiu, temporariamente, ao marido e aos filhos, com tornozeleira e boca calada para não ampliar o enorme constrangimento gerado pela exposição pública do caso.
Imaginem o que teria acontecido se apenas ao Consórcio Goebbels fosse dada a liberdade de opinar!
Percival Puggina é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.
FONTE: DP https://diariodopoder.com.br/opiniao/caso-debora-o-constrangimento-das-excelencias


Michelle manda recado para Luiz Fux

A ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro (PL), fez forte e comovente discurso na manifestação da Avenida Paulista neste domingo (6), em defesa da anistia aos envolvidos nas manifestações de 8 de janeiro de 2023.
Michelle destacou a “maldade e crueldade de alguns do STF” e criticou a pena de Débora Rodrigues dos Santos, cabeleireira que usou um batom para pichar “Perdeu, mané” na estátua “A Justiça”, em frente ao Supremo.
Na sequência ela fez um apelo ao único magistrado de carreira da Suprema Corte, Luiz Fux, que pediu vista do julgamento de Débora, após Alexandre de Moraes e Flávio Dino votarem por uma pena de 14 anos de prisão.
“Luiz Fux, eu sei que o senhor é um juiz de carreira e o senhor não vai jogar o seu nome na lama. Nós temos aqui, a Adalgiza, de 64 anos, que está doente. Não deixa a Adalgiza morrer, Luiz Fux. Não faça com essa mulher o que fizeram com o Clezão e hoje nós temos uma mãe e duas filhas chorando a morte do seu pai e do seu esposo”, disse Michelle.
E prosseguiu:
“Só para vocês enxergarem a discrepância, e a maldade e a crueldade de alguns do STF. Eu estava vendo, pastor Silas, o artigo 65 da lei 9605/98 diz que pichação, grafite e qualquer outra forma de danificar monumento ou prédio urbano, a pena é de três meses a um ano. E aí eu fui identificar qual o valor da multa. A multa varia de R$ 800 a R$ 10 mil. A nossa Débora pegou 14 anos de prisão com multa de 30 milhões. A cada ano, ela tem que depositar um milhão de reais”.
E disse ainda:
“Débora escreveu uma frase em um monumento que foi apagado com água e sabão, como vocês viram. E já está há dois anos presa. Sua família sofrendo, longe de seus filhos. Agora, está em prisão domiciliar graças a grande mobilização de vocês, graças a mobilização de grandes patriotas”.
FONTE: JCO https://www.jornaldacidadeonline.com.br/noticias/68804/michelle-manda-recado-para-luiz-fux
Be the first to comment on "Bolsonaro sobe o tom em primeiro ato após se tornar réu e sugere que quem deu golpe foi o STF"