
Eu uso o satélite e o sistema Starlink, que não depende de antenas sobre o território brasileiro. Exatamente por isso eu tenho alternativas. Eu tenho a fibra ótica, que vem pelos postes, e tenho a internet que vem do céu, do Elon Musk. Isso é necessidade do mundo moderno, do novo mundo digital. Já contei para vocês que no passado eu ouvia diariamente a BBC, a Voz da América e as rumbas e mambos do Cassino de Havana, que a Rádio de Havana transmitia. Eu não dependia de licença de ninguém para escutar essas estações; vinham pelo ar, em ondas curtas, e chegavam pelo rádio. E nem a Voz da América, nem a BBC, nem a Rádio de Havana precisavam ter representantes aqui no Brasil para eu e tantos outros ouvirmos.
Lembrei disso porque o ministro Alexandre de Moraes, numa aula inaugural na Fundação Getúlio Vargas, disse que o discurso de Elon Musk é uma questão de soberania porque, enquanto as big techs precisam das nossas antenas e dos nossos sistemas de comunicação, a Starlink pretende colocar satélites no mundo todo e não vai precisar de antenas em nenhum outro país. Não adianta cortar antena, “É um jogo de conquista de poder. Se a reação não for forte agora, vai ser muito difícil conter depois”, disse Moraes.
No passado não se bloqueava onda curta de rádio; agora querem bloquear um sinal que vem de satélite. Mas, assim como o rádio vinha de antenas na Europa, nos Estados Unidos, na ilha de Cuba, e chegava aqui, agora é a mesma coisa. É a liberdade de podermos sintonizar o que quisermos. É a liberdade de expressão no sentido inverso. Temos a liberdade constitucional de expressão, vedado o anonimato, para publicarmos tudo o que fazemos e dizemos, e eu também posso usar o mesmo sistema de satélite para ser visto em Portugal, na Espanha, na França, na China.
Mas há quem queira tutelar isso, quem se ache o tutor do país. “Nós é que decidimos, eu sou o seu paizinho, sou eu quem decido o que você pode ouvir, pode ver, pode ler.” Como assim? A Constituição Brasileira, no artigo 220, diz que é vedado todo e qualquer tipo de censura artística, política, intelectual. O mesmo artigo ainda diz que “a lei não conterá nenhuma restrição à liberdade de informação”. Então, não é uma questão de soberania; é uma questão de liberdade, que tem de ser preservada, respeitada, não apenas porque está na Constituição, mas porque está na lei natural.
Soberania é recuperar a Amazônia, os morros cariocas, as ruas das grandes cidades
Falando em soberania, o presidente Lula disse que estava botando uma mulher bonita como ministra de Relações Institucionais para aproximar o Poder Executivo, onde ela vai trabalhar, do Poder Legislativo, o Congresso Nacional, para “defender a soberania e o bem-estar da população”. Quando Lula fala em soberania, eu penso logo na CPI das ONGs da Amazônia, que descobriu agressões à soberania que são inimagináveis, fantásticas – “fantástico” significa algo que é impregnado de fantasia, não é real. Quando eu penso em soberania, penso no território do Rio de Janeiro, que não é mais do Estado brasileiro porque está nas mãos do narcotráfico. Penso no perigo para a soberania brasileira das reservas indígenas feitas na fronteira – com a Venezuela, por exemplo.
A soberania nacional também é exercida pela capacidade de os brasileiros terem direito à segurança pública a ponto de poderem circular livremente nas ruas. Essa é a soberania do povo. O Estado tem o dever de cuidar disso, porque recebe impostos para tal. E está na Constituição: segurança pública é dever do Estado e direito de todos. Isso também é questão de soberania.
FONTE: GAZETA DO POVO https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/alexandre-garcia/alexandre-de-moraes-internet-starlink-big-techs/

Para tudo, no Brasil, é preciso permissão de Alexandre de Moraes

Na terça-feira o general Braga Netto, general quatro-estrelas, que foi ministro da Defesa, ministro-chefe da Casa Civil, interventor na Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro no governo Temer, militar brilhante, cidadão patriota, sério, honesto, correto, comemorou seus 68 anos numa prisão, onde está há quase três meses sem ter sido condenado. É para não mexer em provas, disseram. Ele estaria querendo saber o que Mauro Cid falou naquele depoimento em que Alexandre de Moraes disse que ou Cid mudava o depoimento, ou voltaria para a cadeia e seu pai, esposa e filha mais velha seriam investigados. Lá nos tempos da Lava Jato, Gilmar Mendes, disse que isso de ameaçar prender o delator que não dissesse o que queriam ouvir configurava tortura.
Para vocês verem como vivemos em um país de tutela absoluta, suprema, Moraes agora deixou o presidente do PL conversar com o mais notável integrante do seu partido. Valdemar Costa Neto e Jair Bolsonaro não podiam conversar, nem ter contato um com o outro, por ordem de Moraes. Cada vez que um estava na sede do partido, o outro não entrava, para evitar que acabasse tendo de usar tornozeleira eletrônica ou coisa do tipo. Mas já decidiram que Valdemar não tinha nada a ver com isso, ele não foi denunciado pela PGR, e já pode pegar de volta os relógios que tinham sido retirados da casa dele – ele adora relógios, tinham apreendido um Rolex e um Audemars Piguet, suíços, e um Bulgari, italiano. Até o passaporte ele recebeu de volta.
Quem vai compensar as vítimas do arbítrio?
E eu pergunto: quem vai indenizar Valdemar Costa Neto por danos morais? Pela humilhação? Assim como aconteceu com o governador de Brasília, que ficou 66 dias afastado do cargo, vítima de busca e apreensão na casa e no escritório, para no fim dizerem “ah, desculpe, nós nos enganamos”. Agora a vice-governadora também foi absolvida por coisas de dez anos atrás, do tempo em que ela era deputada distrital. Não provaram nada e o juiz disse que, na falta de prova, de convicção de culpabilidade, in dubio pro reo.
Esse juiz está dando uma lição para o pessoal lá de cima, porque nos tribunais superiores não está valendo o in dubio pro reo. Até o Lula, que deveria ter aprendido depois do que passou, disse que Bolsonaro é quem tem de provar a inocência, e não a Procuradoria-Geral da República, que o denunciou, que tem de provar a culpa. Mas quem acusa é que tem de provar: provar que ele pensou em dar golpe, que ele planejou o golpe, que ele tinha meios de dar o golpe… mas não deu o golpe. Ele realmente tinha meios, era o comandante supremo das Forças Armadas. Tendo os meios, não foi adiante. E mesmo assim falam em crime de golpe? A história vai registrar tudo isso.
Artigos publicados desde 2021 estão em meu novo livro
Falando em registro, para quem quiser entender o país, aproveito para falar do lançamento, na Livraria Travessa, aqui em Brasília, do meu livro De Brasília, Alexandre Garcia, da editora LVM. São artigos publicados em jornais, de 2021 até fevereiro deste ano. Também está disponível na Amazon.
Gleisi vai ter de negociar com o Centrão e aparar a briga dentro do PT
Gleisi Hoffmann agora é negociadora do governo. Vai ter de negociar com o Centrão, que está abandonando o barco. O Titanic já bateu no iceberg e o pessoal está saindo. Mas, antes de negociar com o Centrão, o mais urgente será negociar com o próprio partido, que está rachado pela sucessão na presidência da legenda. O presidente Lula quer Edinho Silva, mas há correntes do PT que não querem, e dizem que está ocorrendo uma boa briga dentro do partido.
FONTE: GAZETA DO POVO https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/alexandre-garcia/alexandre-de-moraes-braga-netto-valdemar-costa-neto/?ref=veja-tambem

O que o chilique do STF com Eduardo Bolsonaro revela?

A sabedoria acumulada ao longo de milhares de anos de filosofia, ciência política e estratégia militar ensina que a reação exagerada de um inimigo é frequentemente a prova de que o ataque está funcionando. Ninguém deu mais provas disso nesta semana do que o Supremo Tribunal Federal (STF), que protagonizou um verdadeiro ataque de pelanca público em relação ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O parlamentar está atualmente em uma cruzada nos Estados Unidos para responsabilizar ministros do STF, especialmente Alexandre de Moraes, por violações a direitos humanos de cidadãos brasileiros e americanos.
A primeira reação veio do braço legislativo da aliança PT-STF: deputados petistas enviaram uma notícia-crime à Procuradoria-Geral da República (PGR), acusando Eduardo Bolsonaro dos crimes de obstrução de investigações, coação no curso do processo e atentado à soberania nacional. Segundo os petistas, as articulações de Eduardo Bolsonaro no exterior para punir Alexandre de Moraes por abusos comprovados equivalem a conspirar com governos estrangeiros para entrar em guerra contra o Brasil ou invadir o território nacional — numa verdadeira fraude jurídica. Os petistas também pediram a apreensão do passaporte de Eduardo. Moraes abriu prazo para que a PGR se manifestasse.
Trata-se de uma verdadeira história da carochinha, pois nenhum dos três crimes está caracterizado, por vários motivos: os fatos não ocorreram em solo nacional; não há qualquer prova dos crimes, pois sequer se sabe, de fato e em detalhes, o que Eduardo fez ou deixou de fazer nos Estados Unidos; denunciar violações de direitos humanos no exterior é um direito legítimo garantido pela Convenção Interamericana de Direitos Humanos, da qual o Brasil é signatário; além disso, Eduardo tem imunidade parlamentar para suas ações, palavras e votos, e o dever de exercer seu cargo de acordo com o desejo de seus eleitores, o que ele claramente está fazendo.
Para além da inviabilidade jurídica do pedido, basta lembrar que Lula e seus aliados do PT adotaram a mesma estratégia agora usada pela direita, fazendo as mesmas denúncias contra a Lava Jato no exterior que a direita hoje faz contra Moraes e o Supremo. Nunca se cogitou, naquela época, prender ninguém por isso ou apreender passaportes, porque não há nada de errado em denunciar possíveis abusos no exterior. A ex-presidente do PT, Gleisi Hoffmann, viajou a Cuba e a países árabes para pedir apoio contra a prisão de Lula, enquanto Cristiano Zanin, então advogado do atual presidente, fez um tour pela Europa para afirmar que Lula era um perseguido político, mesmo diante de um caminhão de provas contra ele.
Entretanto, a ação dos petistas serviu de pretexto para que o Supremo justificasse uma retaliação contra Eduardo Bolsonaro, mesmo sem crime algum cometido. Os ministros passaram a utilizar a possibilidade de responsabilização criminal e apreensão do passaporte do deputado como instrumento de ameaça, chantagem e pressão, uma prática comum sempre que se trata da relação entre o STF e o Legislativo. Vazaram para seus porta-vozes na imprensa que não aceitariam a indicação de Eduardo Bolsonaro para a Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, classificando essa possibilidade como uma “crise anunciada”.
Nunca se cogitou, naquela época, prender ninguém por isso ou apreender passaportes, porque não há nada de errado em denunciar possíveis abusos no exterior
Os ministros temem que Eduardo utilize o cargo para “radicalizar” discursos políticos, ampliar a narrativa de perseguição a Bolsonaro, mobilizar apoiadores e tensionar as relações no período pré-eleitoral, visando as eleições de 2026. Mas não parou por aí: os ministros também deixaram claro que, se Eduardo “falar bobagem” no exterior sobre o STF, o próprio tribunal o transformará em alvo e o linchará em praça pública. Ou seja, não admitem crítica alguma e, se Eduardo insistir, logo poderá se ver preso nas garras do Supremo.
Radical, de fato, é ver ministros do STF fazendo chantagens públicas contra um deputado eleito, membro do Poder Legislativo, que não apenas possui autonomia, mas também a prerrogativa de fiscalizar o Poder Judiciário. No entanto, esse chilique supremo acabou sendo revelador, pois expôs para todo o Brasil algo extremamente interessante: os ministros do STF sentiram, e sentiram muito, a estratégia da direita de buscar uma solução internacional para os abusos praticados pelo tribunal, com Eduardo Bolsonaro sendo uma de suas principais lideranças no front americano.
No xadrez político, não faria sentido o Supremo demonstrar tanta preocupação com Eduardo nos EUA se estivesse seguro de que não fez nada de errado, de que apenas protegeu a democracia e de que o governo americano, especialmente Donald Trump, não poderia fazer nada contra eles. A realidade, no entanto, é bem mais cruel: os ministros sabem que cometeram atrocidades inimagináveis por anos, instauraram um regime de censura no Brasil, violaram a Constituição e as leis, transformando o país em uma tirania judicial. E sabem que a recompensa por tudo isso pode ser um decreto presidencial aplicando a Lei Magnitsky contra eles — cassando vistos americanos, bloqueando bens e decretando a “pena de morte financeira” dos ministros.
Não é à toa, portanto, que os ministros sentem um medo real de futuras punições dos Estados Unidos e de órgãos internacionais como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que em alguns meses divulgará um relatório sobre a situação da liberdade de expressão no Brasil. O nível da reação do Supremo mostra o quão certeira tem sido a estratégia de Eduardo e da direita na contenção dos abusos do tribunal. Esse é um dos principais caminhos que a direita deve continuar a seguir. Eduardo já avisou que não vai parar e que não se submeterá a ameaças. A direita brasileira fará o mesmo: se os abusadores de direitos humanos sentiram, é porque estamos no caminho certo. Há esperança.
FONTE: GAZETA DO POVO https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/deltan-dallagnol/o-que-o-chilique-do-stf-com-eduardo-bolsonaro-revela/
Preço dos alimentos não cai com ameaças, mas com responsabilidade

Desesperado para recuperar a popularidade perdida graças, entre outros fatores, à inflação que insiste em não arrefecer, o presidente Lula resolveu apelar para os factoides e as ameaças para tentar baixar no grito o preço dos alimentos. No último dia 6, coube ao vice-presidente Geraldo Alckmin anunciar a alíquota zero de Imposto de Importação para vários produtos, como carnes, açúcar, azeite, milho e café. No dia seguinte, foi a vez de o próprio Lula falar, em evento com o Movimento dos Sem-Terra (MST): “nós queremos encontrar uma solução pacífica (…) Mas, se a gente não encontrar, vamos ter de tomar atitudes mais drásticas, porque o que interessa é levar a comida barata para o prato do povo brasileiro”, afirmou.
Que “atitudes mais drásticas” seriam essas, Lula não disse. Mas já está implícita na fala sobre “encontrar uma solução pacífica” que o plano do petista é o de inventar soluções que lhe trarão o bônus de ser o “responsável” por baixar o preço dos alimentos, enquanto o ônus fica com algum terceiro, que será culpado caso não aceite colocar em prática um plano que lhe trará prejuízos. Parte desse roteiro já foi colocada em prática quando Alckmin pediu aos estados que zerassem o ICMS sobre os produtos da cesta básica. Se por acaso algum governador fizer as contas, concluir que a renúncia fiscal seria grande demais, e se recusar, já pode dar por certo que será apontado por Lula como um “inimigo do povo”. O outro alvo óbvio do petista é o agronegócio, setor que ele demoniza desde a campanha eleitoral de 2022 e com o qual vive às turras.
Em vez de atacar a verdadeira causa da inflação, a gastança governamental desenfreada, Lula desvia a atenção da população com factoides e culpados imaginários
Por natureza, os preços dos alimentos são voláteis. Em condições normais, a agropecuária já vive de ciclos que ora barateiam, ora encarecem os produtos. Quebras de safra ou fenômenos climáticos extremos do outro lado do planeta podem intensificar essa dinâmica, elevando os preços no supermercado do bairro ao afetar drasticamente a oferta – é o que tem acontecido com alguns dos itens que mais subiram ultimamente. A combinação de maior demanda externa com real desvalorizado torna as exportações ainda mais atrativas, o que reduz a oferta doméstica.
A promessa de “medidas mais drásticas” evoca o fantasma do intervencionismo, amplamente testado e reprovado em um passado não muito distante. No caso da isenção do Imposto de Importação, o agronegócio e economistas afirmam que se trata de medida ineficaz, até porque alguns dos produtos contemplados já têm produção interna suficiente para atender à demanda. Mas, enquanto o governo permanecer apenas no ineficaz, menos mal; o risco é que parta para medidas muito mais extremas, como controles de preços ou restrições à exportação, que fatalmente desorganizariam a cadeia produtiva e poderiam desestimular a produção – um caso clássico foi o do pós-Plano Cruzado, em que pecuaristas deixaram de abater bois aptos ao corte porque teriam prejuízo com o tabelamento de preços; a Polícia Federal chegou a montar operações para apreender os animais no pasto.
Praticamente todas as críticas às falas e ações de Lula e do governo sobre o preço dos alimentos batem certeiramente na mesma tecla: o que causa inflação é a contínua perda do valor da moeda provocado pelas políticas fiscais irresponsáveis do governo federal. O mercado financeiro continua elevando suas projeções para o IPCA deste ano, prevendo uma inflação que baterá em mais de um ponto porcentual o limite de tolerância para a meta do Conselho Monetário Nacional. Ao criar factoides e ameaçar produtores rurais, governadores e quem mais Lula escolher como bode expiatório, o petista mostra (mais uma vez) que sua escolha não é por atacar os problemas reais, mas por desviar a atenção da população com culpados imaginários enquanto diz ter feito tudo o que podia quando, na verdade, só agiu para piorar uma das piores mazelas socioeconômicas que podem atingir uma sociedade.
FONTE: GAZETA DO POVO https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/lula-preco-alimentos-imposto-medidas-drasticas/

O Inquérito do Fim do Mundo está fazendo aniversário!

O salão nobre do STF está todo decorado para a festa de aniversário do Inquérito do Fim do Mundo, que deve chegar a qualquer momento. O menino está fazendo seis aninhos. Como passa rápido, né? O tema da festa foi escolhido pelo aniversariante: A Patrulha Canina e a Defesa da Democracia.
Em vez da imagem de Ryder, Marshall, Rubble, Chase, Rocky, Zuma, Skye, Everest, Tracker, Tuck, Ella e Rex, porém, os balões da festa trazem apenas os burocráticos números 4781. Sem graça, eu sei, mas foi para mostrar que pesquisei. Mas agora vamos nos esconder que o fedelho está para chegar.
(…)
SURPRESA!!!!
— SURPRESA!!!!!!! — gritam os ministros do STF para o Inquérito do Fim do Mundo. Mas pode chamar de Quequé ou de Finzinho. A criança, mantida em sigilo esse tempo todo, chega de mãos dadas com o ex-ministro Marco Aurélio Melo. Papai Toffoli está com os olhos marejados. O dindo Alexandre não esconde o orgulho do afilhado.
— Como tá grande! Já é um mocinho! — comenta Cármen Lúcia excepcionalissimamente.
— Esse vai ser o terror da massa ignara — responde Barroso, todo paramentado com um chapeuzinho cônico e uma língua de sogra no canto da boca.
À medida que Quequé avança pelo salão, os ministros se esforçam para não notar as muletas ideológicas da criança. É que ela é constitucionalmente deficiente, tadinha.
Quem mordeu o bolo?
— Vem cá com o titio Gilmar, vem — diz o ministro, abrindo os braços. — Tenho um presente especial para você.
— Calma, Gilmar. Pra que a pressa? Não é hora dos presentes ainda — diz o papai Toffoli. — De acordo com o regimento do STF, ipso facto, ad hoc e mutatis mutandis, primeiro temos que cantar o “Parabéns”.
Os ministros todos se organizam atrás da mesa. O bolo…
— Quem foi que mordeu o bolo?
Todos olham para Flávio Dino. Que, com a boca manchada de verde, amarelo e chocolate, jura:
— Não fui eu, não!
Então tá.
Mau agouro
No centro da mesa, o bolo reproduz a bandeira do Brasil, com os dizeres “Recivilização & Protagonismo”. Apesar de Quequé estar completando apenas seis anos, há onze velas pretas sobre o bolo. Mau agouro? Bota mau agouro nisso! Sobre a mesa, há pratos cheios daqueles canudinhos crocantes recheados com maionese de lagosta e balinhas de coco envoltas naquele papel crepom cheio de franjinhas da nossa época. Lembra?
— Pronto? Já descreveu a mesa? Podemos cantar o “Parabéns”? — me pergunta um faminto Flávio Dino surrupiando um brigadeiro.
Claro!
Parabéns pro Quequé!
🎶 Parabéns para mim
Nessa data sem fim,
Quem critica demais,
De calar tô afim…
Censurando aqui,
Bloqueando acolá,
Se falar o que pensa,
Vou te investigar! 🎶
De novo!
🎶 Parabéns para mim
Nessa data querida,
Se você discordar,
Vai ter conta banida!
Investigam sem freio,
Censuram na mão,
Se falar muito alto,
Vai ter complicação🎶
E agora o pique:
🎶 É inquérito, é inquérito,
É censura, é ban!
Rá Tim Bum
Inquerinho, Inquerinho, Inquerinho!🎶
A hora dos presentes
Chegou a hora dos presentes. Gilmar Mendes tira do bolso duas passagens para o próximo convescote em Portugal. Lá isso é presente pra criança, Gilmar? Quequé, mimado e mal-educado que só ele, faz cara de que não gostou. Criança é cruelmente sincera às vezes.
Cármen Lúcia presenteia o piá birrento com um disco do Caetano.
— Mas eu gosto do Oruam! — diz o decepcionado Quequé.
Dino lhe dá um boneco da Peppa Pig e nesse momento todo mundo fica à espera de que surja no texto uma referência à toa a certa ex-deputada. Mas não. Hoje não.
A Dino seguem-se Fux (uma guitarra), Fachin (um revólver de espoleta – vai entender!), Zanin (um par de algeminhas com a estrela do PT) e Nunes Marques (um bilhete escrito “O que é que eu tô fazendo aqui?”). Em sinal de protesto corajoso, André Mendonça não dá nenhum presente ao pirralho autoritário.
Que nem o dindo!
Barroso presenteia o petiz com uma minitoga cheia de lantejoulas, e explica:
— É do nosso herói do Supremo. O defensor da honra dos ministros, o protetor da censura do bem, o salvador da democracia e o paladino da recivilização: o Superjuiz, que também é vítima, polícia, investigador, promotor, testemunha e carcereiro.
— Que nem o dindo! — entusiasma-se Quequé, vestindo a fantasia.
Nisso Alexandre de Moraes se aproxima teatralmente, com direito a toga esvoaçante e tudo, se abaixa, olha para o fotógrafo (click!) e, cheio de cerimônia, como convém, dá ao afilhado o presente que ele mais queria neste dia feliz: uma lista com os nomes de todas dessas pessoas más, que abusam da liberdade de expressão e, fazendo rir, atentam cotidianamente contra as instituições.
(Incluindo o Popov por causa deste texto).
FONTE: GAZETA DO POVO https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/polzonoff/inquerito-fim-mundo-aniversario/

As trevas da censura: seis anos do Inquérito das Fake News

Às quatro da manhã, enquanto rezava o primeiro terço, volvi os olhos para a janela e contemplei a linha dos edifícios da minha cidade. Quase todas as pessoas dormiam, mas, em algumas dezenas de lares, havia luzes acesas. Imaginei que ao menos uma parte desses madrugadores estivesse rezando comigo naquele momento. Na verdade, eu não estava sozinho: estava com Deus e com meus irmãos em Cristo.
Certa vez, um mestre me ensinou que os atos mais importantes da vida de um homem são realizados sem testemunhas oculares. Na madrugada desta quarta-feira, quando lancei um olhar esperançoso para as trevas, só havia duas testemunhas: eu e Deus. Mas agora decidi compartilhar esse instante com meus sete leitores. O que aconteceu não pode “desacontecer”: olharei por essa janela eternamente.
As trevas da censura começaram a tomar conta do Brasil há seis anos, em 14 de março de 2019, quando um ministro do Soviete Supremo Federal abriu de ofício o Inquérito 4.781, também conhecido como Inquérito das Fake News, e mais adequadamente denominado Inquérito do Fim do Mundo.
A partir desse ato imoral, ilegal e inconstitucional, armou-se toda a gigantesca máquina que devolveria os criminosos à vida pública, levaria os inocentes para a cadeia ou o exílio e sepultaria a liberdade de pensamento e expressão no Brasil.
Todas as desgraças que aconteceram no país desde então — inclusive o golpe revolucionário de 2022 — se ligam a esse famigerado inquérito, que à maneira de um roedor gerou filhotes igualmente repugnantes: os inquéritos 4.874, 4.879, 4.917, 4.918, 4.919, 4.922 e 4.923. Essa proliferação de atos tirânicos culminará no julgamento do ex-presidente Bolsonaro e de seus apoiadores.
Com Bolsonaro na cadeia por um golpe impossível e inexistente, o sistema se sentirá livre para aprisionar e perseguir qualquer um de seus milhões de eleitores. O fim do Inquérito do Fim do Mundo é o Gulag.
Por uma dessas coincidências que de acaso não têm nada, acabo de concluir a leitura de “Censura por toda parte”, do advogado constitucionalista André Marsiglia.
Em 2019, como advogado da Revista Crusoé, Marsiglia testemunhou o nascimento do Inquérito 4.781. Desde o início, ele compreendeu que todas as críticas ao Supremo Soviete seriam “entendidas como ameaças ou ataques à justiça e aos ministros; fake news [seriam] entendidas como instrumentos dos ataques, e a Corte será protagonista de toda e qualquer reação institucional”.
Estava decretada a morte da liberdade de expressão em nosso país — e Marsiglia estava entre os poucos juristas que perceberam isso.
Em seu livro, Marsiglia revela a censura não como um mero instrumento do poder, mas como o elemento fundamental de todo regime autoritário, ainda que disfarçado de democracia.
A mentalidade censora se faz presente não apenas no poder judiciário, mas também em toda a estrutura da sociedade e até na alma das pessoas
A censura é o maior dogma da religião civil esquerdista, porém às vezes lança seus tentáculos sobre os conservadores (veja-se, por exemplo, o comportamento dos stalinistas de direita na máquina partidária).
“Não há censura do bem, não há censura para o progresso, nada justifica a censura em uma democracia que pretenda ser levada a sério”, escreve Marsiglia.
A censura das redes sociais é tão perniciosa quanto a cultura do cancelamento; a autocensura da mídia é tão devastadora quanto o cerceamento do direito de defesa (sendo esta uma forma de censura que se exerce contra o próprio funcionamento da Justiça).
Todos os eufemismos empregados para designar a censura — tais como “controle das redes”, “combate às fake news” ou “combate ao discurso de ódio” — não passam de disfarces verbais para o assassinato da liberdade.
Na Alemanha nacional-socialista, como aponta Hannah Arendt no magistral “Eichmann em Jerusalém”, havia um nome para esse assassinato: Sprachregelung (regulamentação da linguagem). Era o nome nazista para a mentira oficial. Lembre-se dessa palavra quando ouvir algum militante defendendo “regulamentação das redes”.
Em “Censura por toda parte”, André Marsiglia menciona um dos hábitos linguísticos do Imperador Calvo em suas decisões. Usando caixa alta, o magistrado sentencia: “LIBERDADE DE EXPRESSÃO NÃO É LIBERDADE DE AGRESSÃO!”. O comentário do autor é brilhante:
“Escrever em caixa alta nas redes sociais é entendido nas redes sociais como um grito, o que sugere que a autoridade do ministro deseja se impor, literalmente, no grito, mas, de qualquer forma, ao afirmar que a agressão não pertence ao rol das escolhas possíveis para a expressão, mostra o quanto a entende de forma asséptica. O boi que eu como não deve ser visto ou lembrado morto quando está em meu prato; o discurso que ouço não pode me agredir; e quando algo sai dessa bolha asséptica, eu GRITO!”
Em “Arquipélago Gulag” — um livro que frequentemente cito aos meus sete leitores —, Aleksandr Soljenítsin escreve sobre os campos de concentração comunistas:
“Não sei como os sociólogos definem a opinião pública, mas é claro para mim que ela só pode ser constituída por opiniões individuais que se influenciam mutuamente, que se expressam de maneira livre e completamente independente da opinião do governo, ou do partido, ou da voz da imprensa. E enquanto não houver no país uma opinião pública independente, não haverá garantia alguma de que a destruição gratuita de milhões e milhões de pessoas não se repetirá, de que ela não começará certa madrugada, qualquer madrugada, na madrugada de hoje”.
O Brasil precisa fazer a sua escolha: o grito do Imperador Calvo ou a liberdade de expressão para o povo. Qual será a escolha dos brasileiros?
Ainda é cedo para responder. Mas quando vi algumas luzes se acenderem, no terço da madrugada, meu coração se encheu de uma antiga e poderosa esperança: a esperança de que as trevas da censura e da morte não prevalecerão.
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FONTE: GAZETA DO POVO https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/paulo-briguet/as-trevas-da-censura-seis-anos-do-inquerito-das-fake-news/
Caso de assédio custará R$750 mil aos Correios, após acordo na Justiça

Além da gestão atual, acusada de corroer o caixa da estatal, os Correios passam por sucessivas derrotas, inclusive na justiça, que sangram ainda mais os seus cofres. A coluna teve acesso ao caso em que a empresa fechou acordo para pagar R$750 mil a uma advogada assediada e demitida pelos chefões, no governo anterior. A conta, claro, não sairá do bolso dos acusados, talvez nem dos Correios, quase insolvente, mas sim dos pagadores de impostos, que nada tiveram com o abuso praticado.
Saiu caro
O processo deu início em 2020, movido por uma advogada que ocupou cargo na estatal, mas acabou assediada e sem as gratificações.
Tomou o cano
O caso ocorreu na Bahia, quando advogados dos Correios reivindicaram melhores salários. A coisa desandou quando o acordo não foi cumprido.
Baixaria registrada
Trocas de e-mails debochados, censura em reuniões, sumiço de material de serviço e até falta de uma estação de trabalho engrossaram a ação.
Fim de papo
O processo é tão cabeludo que os Correios fizeram acordo, às vésperas do Carnaval, para recontratar e pagar a bolada à funcionária.
Criador do ‘Janjômetro’ quer impeachment de Lula sem demora

O deputado estadual paulista Guto Zacarias (União), um dos mais atuantes do País, defendeu o impeachment de Lula (PT) como solução para que o Brasil siga em frente. Ele disse ao podcast Diário do Poder que o Movimento Brasil Livre (MBL), que coordena, defende a cassação do petista pelas pedaladas fiscais apontadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) no programa Pé-de-Meia. Guto também disse que não há como conciliar com esse tipo de gente que está no poder com Lula. A informação é da Coluna Cláudio Humberto, do DP.
“Não sei por que as manifestações que estão sendo convocadas agora não são pelo impeachment do presidente”, protestou Zacarias.
Guto Zacarias criou o projeto “Janjômetro”, site que monitora gastos da primeira-dama Janja (R$117 milhões, até agora) usando dinheiro público.
O deputado criticou os gastos “desenfreados” do governo Lula, que torra dinheiro do pagador de impostos com “idiotices”.
‘Está em modo avião’, diz Zema sobre governo Lula irresponsável

O governador de Minas Gerais Romeu Zema (Novo-MG), voltou a criticar o presidente Lula (PT), na manhã desta quinta-feira (13). Em vídeo publicado em suas redes sociais, o mandatário mineiro afirmou que o governo do petista está “desconectado com a realidade”. Zema também citou o impacto que o governo petista causou no Brasil nos anos de 2015 e 2016, no qual se passou pelo pela maior crise da história, sob o comando de Dilma Rousseff (PT).
“Eu estive com o presidente Lula ontem e fiquei assustado. Parece que ele está em modo avião desconectado da realidade. Ele veio aqui em Minas de certa maneira se posar como pai dos pobres e dizer que só ele e Getúlio (Vargas) é que trabalharam pelos mais necessitados. Esse filme nós brasileiros já vimos e não gostamos”, disse o governador.
Zema cita os anos de 2015 e 2016, e a crise fiscal sob o comando do PT
“Esse presidente em modo avião talvez seja o motivo de ele não se lembrar do desastre que foi o governo do PT para o Brasil em 2015 e 2016. O governo que provocou a maior crise, a maior recessão da história, que arruinou a vida de muita gente, provocou três milhões de desempregados”, afirmou.
O governador também afirmou que o governo está seguindo os mesmos passos da crise que do governo Dilma, na base de “gastança, irresponsabilidade fiscal e a economia crescendo com anabolizante”.
Confira:
https://www.instagram.com/reel/DHIr7XcAb9n/?utm_source=ig_web_copy_link&igsh=MzRlODBiNWFlZA==
Senadores investigarão maus-tratos a presos de 8 de janeiro

A Comissão de Direitos Humanos do Senado, presidida pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF), aprovou nesta quarta-feira, 12 de março de 2025, um requerimento para realizar visitas a presídios em todo o Brasil. O objetivo é apurar denúncias de maus-tratos contra manifestantes presos após os eventos de 8 de janeiro de 2023.
O requerimento, apresentado pelo senador Eduardo Girão (Novo-CE), destaca que cerca de 200 pessoas ainda estão detidas, muitas supostamente em condições desumanas, com relatos de abusos e violações de direitos humanos.
Durante a sessão, a senadora Damares Alves criticou a ausência de peritos do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, que deveriam estar presentes para discutir a situação dos detentos.
Essa iniciativa ocorre em meio a debates no Senado sobre a possibilidade de anistia aos presos relacionados aos atos de 8 de janeiro, com senadores divergindo sobre o tema.
Além disso, advogados têm apontado possíveis violações de direitos de presos após os eventos de 8 de janeiro, conforme discutido em audiências no Senado.
FONTE: DP https://diariodopoder.com.br/politica/senadores-investigarao-maus-tratos-a-presos-de-8-de-janeiro
O importante “reforço” de Bolsonaro às vésperas do julgamento que pode mudar o país

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, reuniram-se nesta quarta-feira (12) após mais de um ano sem contato direto. O encontro aconteceu após decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que revogou as medidas cautelares que impediam Valdemar de se comunicar com Bolsonaro.
A chegada de Valdemar deve ser um grande reforço para Bolsonaro nos próximos dias, onde o julgamento do famigerado plano de golpe deve acontecer.
A conversa entre os dois líderes ocorreu na sede do PL e seguiu para um almoço, marcando a retomada da articulação política. Segundo Bolsonaro, as prioridades da legenda incluem a organização das candidaturas estaduais e a mobilização para aprovar o projeto de anistia aos presos pelos atos de 8 de janeiro. Uma reunião sobre as eleições para o Senado já está agendada para a próxima segunda-feira.
“O jogo começou a afunilar, com muitas candidaturas. Muita gente quer ir para o Senado, mas não tem vaga para todo mundo. Preciso conversar com Valdemar para definir os critérios. Em princípio, quem tem mandato estaria dentro, mas quem está queimado não vai disputar comigo sendo cabo eleitoral”, declarou Bolsonaro.
Valdemar Costa Neto ressaltou que, a partir de agora, manterá contato frequente com Bolsonaro.
“As bombas todas eu jogo na mão dele. Estava com muita saudade. Já dei um beijo nele hoje”, disse em tom descontraído.
Além de poder retomar o contato com Bolsonaro, Valdemar também recuperou bens apreendidos pela PF, incluindo quase R$ 54 mil em dinheiro vivo, relógios de luxo e celulares. Seu passaporte foi devolvido, permitindo que ele volte a viajar ao exterior após 13 meses de restrições.
A defesa de Valdemar argumentou que, por não ter sido denunciado pela PGR, não havia razão para manter as medidas cautelares.
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