Indiciamento nos EUA e mobilização popular: o que pode mudar no Brasil

Luiz Philippe de Orleans e Bragança Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/luiz-philippe-de-orleans-e-braganca/indiciamento-nos-eua-e-mobilizacao-popular-o-que-pode-mudar-no-brasil/ Copyright © 2025, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.
Alexandre de Moraes se torna réu em processo nos Estados Unidos. (Foto: Joédson Alves/Agência Brasil)

indiciamento de Alexandre de Moraes nos Estados Unidos, por violações da liberdade de expressão, e as investigações sobre o USAID são pano suficiente para a manga do Judiciário dos Estados Unidos agir contra membros do poder público no Brasil em diversas frentes – não somente contra o Judiciário. Do outro lado temos mobilizações populares aqui no país pela anistia dos presos de 8 de janeiro e pelo Fora Lula.

Essas são as duas alavancas mais promissoras para combater a tirania da junta ditatorial do Judiciário e Executivo no Brasil. Infelizmente, pelas vias institucionais, não há mais como limitar os abusos cometidos por essa junta. O povo brasileiro já entendeu que, mais uma vez, eles terão que ser os protagonistas de seu próprio destino.  

A esperança está nos precedentes

Em 1988, Manuel Noriega, presidente do Panamá, também foi indiciado em uma corte norte-americana, a da Flórida, por narcotráfico, violação de direitos humanos e prática de outros crimes. Noriega não estava presente no tribunal, pois se estivesse, teria saído encarcerado. A partir desse indiciamento, uma série de medidas foram tomadas para que ele fosse aos Estados Unidos se submeter a júri popular.

Que medidas foram essas? Fechamento de suas contas, bloqueio de ativos e de bens nos EUA e punições diversas ao seu governo. Foi feito um pedido de extradição para que ele fosse a julgamento nos Estados Unidos, e obviamente Noriega se negou a atendê-lo. O processo durou dois anos. 

Ao negar esse pedido, foram expedidos outros a membros de seu governo, por suspeita de que estes também estivessem envolvidos na facilitação de suas ações, sendo eles também indiciados como cúmplices. Essa história pode se repetir no Brasil.

Como seus pedidos foram negados e a pressão dos bloqueios foi insuficiente, os Estados Unidos não viram outra alternativa senão montar uma operação militar para buscar Noriega a fim de que ele prestasse depoimento em júri popular, no território norte-americano. 

Uma milícia militar foi convocada e, anteriormente, operadores das forças especiais já estavam infiltrados no país, neutralizando o acesso a portos, aeroportos e fronteiras. Noriega não tinha como escapar do Panamá. 

Eventualmente, a força invasora, no dia seguinte às ações das forças especiais, adentrou o país e Noriega refugiou-se na embaixada do Vaticano. Por quê? Especulam-se duas hipóteses: ou o Vaticano, por meio de seu banco, recebia dinheiro do narcotráfico; ou cumpria uma missão humanitária. 

Ali, Noriega permaneceu por alguns dias, até que os americanos utilizaram uma nova arma sonora, que causou náuseas em todos os que estavam dentro da embaixada e se rendessem. 

Noriega e vários membros de seu governo foram presos imediatamente, enviados aos Estados Unidos e julgados. Foram todos condenados a vários anos por um júri popular, de acordo com seu grau de envolvimento com o ditador, com o narcotráfico e com a violação da liberdade de expressão. 

Desdobramentos previsíveis: Esse é um precedente importante, porque o mesmo ocorrido no Panamá pode acontecer aqui, à exceção de uma invasão militar. Podemos conjecturar possíveis desdobramentos desse indiciamento de Moraes: 

  1. Alexandre de Moraes será convocado a prestar depoimento e ser julgado nos Estados Unidos, e obviamente se negará a ir, e seus ministros o protegerão. Uma série de sanções será aplicada a ele e a todos os que o estão acobertando, incluindo ministros, polícia federal e membros do governo. Todos serão acusados minimamente por obstrução da justiça e secundariamente como cúmplices. Serão julgados individualmente, no mesmo gênero, número e grau de Alexandre de Moraes, pois passam a ser partícipes dos crimes dos quais esse “ministro” está sendo acusado. 
  2. Se essas sanções não obtiverem sucesso, podem ser expandidas para outras áreas do governo, a exemplo da não concessão de vistos e proibição de adentrar o território americano. Péssimo para quem estiver ao lado de Moraes. Com esse desdobramento, passa-se a criminalizar o governo brasileiro e todos os que de alguma forma estão ajudando o indiciado a praticar suas ações.

Qual o efeito político desses desdobramentos? Primeiro, o governo brasileiro fica desgastado, perde até a possibilidade de operar com a própria moeda, pois a questão envolve relações comerciais.

Vale lembrar que os Estados Unidos têm muito poder de barganha e grande influência no sistema bancário – o Brasil opera com o protocolo norte-americano, o Swift, sob o controle dos EUA

Os americanos também detêm o controle do sistema de cartões de crédito, e poderiam bloquear o crédito de Moraes e de todos os que o apoiam, além do bloqueio de vistos, não apenas para os Estados Unidos, mas para países que são seus parceiros ou que estão vinculados a acordos de extradição.

O resultado provavelmente será uma divisão na ala de apoio de Moraes, pois aqueles que se mantiverem em conluio serão prejudicados, e muitos podem formar um bloco de oposição a ele, por não quererem sofrer sanções individuais. 

Consequentemente, esse efeito divisório de apoio político se estende ao presidente, lembrando que tais sanções podem incluir partidos, deputados e senadores, por ajudarem ou se omitirem diante do pedido de envio de Moraes aos Estados Unidos para ser julgado. 

Nesse sentido, Moraes seria o “boi de piranha” para que todo o sistema não fosse devorado com ele. 

Resumo da ópera: No primeiro cenário, Moraes tem pedido de extradição para os Estados Unidos. Caso ele se negue a cumprir – com a cumplicidade do governo e de demais apoiadores – todos serão punidos com sanções e o sistema brasileiro será considerado criminoso.

Em outro cenário, Moraes é indiciado, mas membros do governo e do Judiciário o isolam e enviam-no aos Estados Unidos para que as sanções não se apliquem a eles. Embora seja uma situação possível, ela enfraqueceria o judiciário brasileiro, pois denunciaria que um de seus membros agiu como criminoso e as instituições brasileiras não fizeram nada para salvar o Brasil enquanto ele praticava suas maldades. 

Há outro cenário, praticamente inexistente: ações por parte do Brasil. O que o nosso país pode fazer em termos de mobilização política? O governo está criminalizando e tornando inelegíveis todos os que poderiam ser candidatos à presidência. Eles querem o poder centralizado, em um modelo de Executivo forte. 

É o que o PT sempre almejou e agora vai conseguir com a reforma tributária e as mudanças que foram promovidas nesse último governo, como a reforma das polícias.

Será a ditadura do proletariado, o sonho daqueles que estão na máquina pública, manter o poder centralizado em Brasília. Tudo colabora para que se siga esse curso e praticamente ninguém quer mexer nesse plano de estado totalitário.

Os efeitos virão: com a fragilização do Executivo e do Judiciário, quem sabe o governo caia, o judiciário volte para sua função e a interferência nas próximas eleições seja mais baixa. Pode-se criar uma maioria que se proponha a fazer reformas no Judiciário, dando mais coragem a deputados e senadores para apoiar uma reforma mais ampla. Mas tudo isso é só conjectura.

A única alavanca certa para qualquer mudança são as ações do judiciário dos EUA e a população, mais uma vez, nas ruas. 

FONTE: GAZETA DO POVO https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/luiz-philippe-de-orleans-e-braganca/indiciamento-nos-eua-e-mobilizacao-popular-o-que-pode-mudar-no-brasil/

Bolsonaro defende eventual julgamento no plenário do STF

Bolsonaro volta à PF para depor sobre distribuição de fake news

Em uma entrevista à emissora de rádio CBN Recife, o ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que seu eventual julgamento deveria ocorrer no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), em vez de ser conduzido pela Primeira Turma.

Ele criticou a Justiça por não seguir o devido processo legal em seu caso e comparou sua situação à do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mencionou que seu foro não deveria ser Brasília, assim como o de Lula não foi, mas Curitiba. “Se eu sou tão criminoso assim, por que não seguiu o devido processo legal? O meu foro não é Brasília, como o do Lula não foi, foi Curitiba”, disse Bolsonaro. “O meu foro também, se fosse, seria pelo plenário do Supremo, e não por uma Turma do Supremo.”

O ex-presidente argumentou que as ameaças de prisão fazem “parte de uma narrativa” de golpe e que qualquer prisão seria por arbitrariedade.

FONTE: REVISTA OESTE https://revistaoeste.com/politica/bolsonaro-defende-eventual-julgamento-no-plenario-do-stf/?utm_medium=personalized-push&utm_source=taboola

Mais um gabinete de ministro do STJ é incluído em investigação sobre venda de sentenças

Ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), durante sessão plenária da Casa - 20/02/2025

O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a Polícia Federal (PF) a ampliar a investigação sobre supostas vendas de sentenças no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

A decisão, que agora incluiu mais um gabinete – o do ministro Paulo Moura Ribeiro – e totaliza quatro, foi solicitada em 11 de novembro e aprovada em 18 de novembro de 2024.

A análise também aborda o vazamento de decisões judiciais e corrupção e envolve os gabinetes dos ministros 0g Fernandes, Isabel Gallotti e Nancy Andrighi. Para melhorar a eficácia, Zanin atendeu a um pedido para unificar a investigação em um inquérito, com o de Moura Ribeiro. A PF encontrou mensagens de um lobista em comemoração a decisões judiciais supostamente influenciadas no gabinete de Moura Ribeiro. As suspeitas recaem sobre servidores, sem nenhum ministro do STJ formalmente investigado até o momento. No ano passado, a Polícia Federal realizou uma operação que não incluiu inicialmente o escritório de Moura Ribeiro.

Andreson Gonçalves, supostamente um dos principais operadores do esquema, está preso desde novembro do ano passado. Ele teria compartilhado minutas de decisões com o advogado Roberto Zampieri, de modo a se gabar de proximidade com servidores do gabinete. A mulher de Andreson, Mirian Ribeiro, também advogada, está sob medidas restritivas e usa tornozeleira eletrônica.

FONTE: REVISTA OESTE https://revistaoeste.com/politica/stf-amplia-investigacao-sobre-corrupcao-e-venda-de-sentencas-no-stj/

Deputado dos EUA lista ações de Moraes e pede a Trump que o sancione

À esquerda, presidente dos EUA, Donald Trump; à direita, ministro do STF, Alexandre de Moraes

O deputado norte-americano Rich McCormick solicitou ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que adote sanções econômicas contra Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil. O republicano publicou o pedido no aplicativo X, nesta segunda-feira, 24.

A solicitação baseia-se na Lei Magnitsky, que permite a aplicação de sanções contra indivíduos acusados de violar direitos humanos ou de se envolverem em corrupção. As medidas incluem congelamento de ativos e proibição de entrada nos EUA. “Os brasileiros merecem eleições livres e justas, e não tirania judicial”, escreveu McCormick. “Se ficarmos parados e não fizermos nada, mandamos uma perigosa mensagem de que os Estados Unidos toleram manipulação de democracia.”

Junto da publicação, o deputado escreveu que Moraes arma o Judiciário para fraudar a eleição de 2026, de modo a silenciar a oposição e proteger o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além disso, o republicano entende que o ministro brasileiro é uma ameaça aos EUA, pois “censura empresas norte-americanas, suprime a liberdade de expressão e viola a soberania digital”.

“Suas táticas autoritárias exigem ação”, diz McCormick. “Peço ao governo Trump e ao Congresso que imponham sanções Magnitsky, proibições de visto e penalidades econômicas [a Moraes]. Os EUA devem defender a democracia, a liberdade de expressão e o Estado de Direito – antes que seja tarde demais.” O deputado declarou, ainda, que as acusações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, relacionadas a uma suposta tentativa de golpe de Estado, constituem perseguição política.

FONTE: REVISTA OESTE https://revistaoeste.com/mundo/deputado-dos-eua-lista-acoes-de-moraes-e-pede-que-trump-o-sancione/

Pedido de suspeição de ministros do STF ligados a Lula deve ser negado

Os 11 ministros do Supremo Tribunal Federal. Foto: Fellipe Sampaio/STF)
Os 11 ministros do Supremo Tribunal Federal. Foto: Fellipe Sampaio/STF)Cláudio Humberto

Tem chance próxima de zero a iniciativa da defesa de Jair Bolsonaro (PL) de pedir a suspeição de ministros da “bancada lulista” no Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento de acusações de suposto “golpe”. A defesa acha que não atuarão no caso com a imparcialidade devida os ministros Flávio Dino, ex-ministro da Justiça do governo petista, que foi filiado ao PCdoB e ao PSB, e Cristiano Zanin, ex-advogado pessoal de Lula. Pedido semelhante contra Alexandre de Moraes foi negado.

Precisa nem ter

Nos meios políticos e jurídicos, a condenação dos acusados é dada como certa, independente da apresentação de provas irrefutáveis.

Voto antecipado

Os advogados também avaliam pedir a suspeição do decano Gilmar Mendes, que teria antecipado em entrevistas posição pela condenação.

Barbas de molho

Acusados alegam que Gilmar, em entrevista ao Estadão concedida antes da denúncia da PGR, teria demonstrado conhecer o teor do documento.

Já está definido

O presidente do STF, Luis Roberto Barroso, que se jactou em comício de haver derrotado Bolsonaro, é outro cuja imparcialidade pode ser argüida.

FONTE: DP https://diariodopoder.com.br/coluna-claudio-humberto/suspeicao-de-ministros-deve-ser-negada-no-stf

Palocci é o mais novo beneficiado pelo revisionismo de Toffoli na Lava Jato

Toffoli livra Palocci
Ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci foi preso e condenado na Lava Jato, e fez delação premiada expondo detalhes do petrolão. (Foto: Albari Rosa/Arquivo/Gazeta do Povo)

Quando a ONG Transparência Internacional divulgou sua mais recente edição do Índice de Percepção da Corrupção (IPC), no qual o Brasil chegou ao pior resultado de sua história, o ministro Vinícius Marques de Carvalho, da Controladoria-Geral da União (CGU), se apressou em desqualificar os resultados, chamando a pesquisa de “conversa de boteco”. “Foram feitas perguntas singelas, como ‘No seu país tem corrupção? Fale sim ou não e dê uma nota’. Depois disso, a Transparência faz a análise dela com base nas respostas”, argumentou Carvalho.

Mas como o brasileiro responderia que em seu país não há corrupção? Como não daria uma nota desabonadora? E, se a Transparência Internacional ainda perguntasse aos brasileiros se a corrupção compensa no Brasil, como eles responderiam que não? Uma semana depois das palavras de Carvalho, o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, mostrou mais uma vez que os brasileiros estavam certíssimos nas respostas que deram, e talvez tenham sido até um pouco generosos. Em 18 de fevereiro, Toffoli anulou todos os atos da Operação Lava Jato – investigações, processos, sentenças e tudo o mais – contra Antonio Palocci, ex-ministro de Lula e Dilma Rousseff, mantendo apenas a colaboração premiada feita por Palocci e homologada pela Justiça.

Sempre que tem mais uma oportunidade de negar a verdade sobre a Lava Jato, Toffoli não titubeia

Em 2018, o juiz Sergio Moro tornou público um dos depoimentos dados por Palocci no âmbito do acordo de colaboração premiada. Nele, o ex-ministro, que havia se comprometido a devolver R$ 37,5 milhões aos cofres públicos, ofereceu detalhes do esquema do petrolão, incluindo o uso de contratos de construção de navios-sonda encomendados pela Petrobras – uma recordação bastante emblemática neste momento, em que Lula exibe sua disposição em retomar investimentos na indústria naval brasileira apesar da recente falência da Sete Brasil. Em 2023, percebendo para onde os ventos do STF estavam levando a Operação Lava Jato, Palocci apelou para o vitimismo e passou a alegar que houve irregularidades na forma como foi tratado pela força-tarefa do Ministério Público e pela Justiça.

Sempre que tem mais uma oportunidade de fazer o revisionismo histórico da Lava Jato e negar a verdade sobre a maior operação de combate à corrupção da história do Brasil, Toffoli não titubeia. Como já fez no passado com a Odebrecht (agora chamada Novonor), com os empreiteiros Marcelo Odebrecht e Leo Pinheiro, com o marqueteiro João Santana, e até com a J&F – cujo processo nem passou por Curitiba, mas que tem a esposa de Toffoli em sua banca de advogados –, o ministro anula tudo, usando sempre as alegações mais fantasiosas, como a de um “conluio” entre juiz e procuradores, ou a “coerção” na assinatura de acordos de leniência que são bastante vantajosos para os colaboradores. É verdade que Toffoli não foi o primeiro a fazer isso – afinal, foi Edson Fachin quem anulou todos os processos de Lula alegando um absurdo “erro de CEP”, contrariando decisões anteriores do próprio STF –, mas é quem levou ao estado da arte a promoção da impunidade por meio do desmonte da Lava Jato.

No dia seguinte à decisão de Toffoli, a Transparência Internacional afirmou, em seu perfil no X, que “a anulação em série de centenas de condenações de réus por macrocorrupção (inclusive confessos) abala, gravemente, a confiança da sociedade no STF. Exatamente quando o tribunal necessitará de sua máxima legitimidade para julgar um ex-presidente acusado de golpe de Estado” – uma referência à denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República contra Jair Bolsonaro, entregue ao STF um dia antes de Toffoli anular os atos da Lava Jato contra Palocci. E a ONG arrematou: “as decisões de alguns ministros (e a omissão de outros) garantindo impunidade generalizada de corruptos poderosos são, hoje, uma ameaça real ao Estado Democrático de Direito no Brasil”. Não poderia ter sido mais certeira.

FONTE: GAZETA DO POVO https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/toffoli-livra-palocci-lava-jato/

Aliados tacham Janja de principal responsável pela impopularidade de Lula

CR7 no Al Nassr, segundo o Marca
Janja e Lula (Foto: Ricardo Stuckert/PT)

Após o vazamento de uma carta assinada pelo advogado Antônio Carlos de Almeida Castro – o Kakay –, tornou-se pública a insatisfação de alguns aliados próximos a Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Esses criticam o que chamam de “captura” do presidente pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, e, especialmente, pela influência excessiva da primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja.

O episódio expôs não só a irritação de antigos companheiros de Lula, mas também a intenção deles de ampliar a sua influência sobre o presidente, deslocando a responsabilidade da queda de popularidade recorde do petista para figuras de seu entorno, enquanto se minimiza seu próprio papel na crise.

Para parlamentares da oposição e analistas consultados pela Gazeta do Povo, a atuação de Janja – que interfere na rotina e nas agendas governamentais – é apenas uma dentre várias causas que contribuem para a deterioração da imagem de Lula, conforme apontam diversas e recentes pesquisas de opinião.

De forma velada, Kakay fez uma crítica ao suposto monopólio da atenção presidencial exercido por Costa e Janja, sugerindo que tal concentração teria afastado Lula da realidade, impedindo-o de dialogar com diferentes atores políticos e de ouvir conselhos de antigos aliados. Segundo esse ponto de vista, esse distanciamento aumentaria o risco de perda na disputa pela reeleição em 2026.

Lula parece ter ignorado os alertas de aliados sobre os riscos da influência excessiva da primeira-dama, preferindo classificá-los como “ataques da oposição”. “Ela é a bola da vez”, disse ele em defesa de Janja no sábado (22), durante evento de aniversário de 45 anos do PT, no Rio de Janeiro.

“Para me atingir, eles começam a atacar a Janja. É uma guerra”, ressaltou o presidente. Lula avisou que ela continuará atuando da mesma forma, apesar de a criticarem por “se intrometer no governo”. “Janja, continue de cabeça erguida, fazendo o que você gosta. Não ligue para a oposição”, afirmou o petista.

Ostentação presidencial em meio ao aumento do custo de vida

Antônio Flávio Testa, professor aposentado de Ciências Políticas da UnB, avalia que os prejuízos causados por Janja ao presidente se dão de forma parcial. Para ele, a postura excessivamente exibicionista da primeira-dama – aliada à falta de iniciativas governamentais para efetivamente solucionar problemas – acabou sendo apenas um “detalhe”.

O especialista aponta ainda que declarações de Lula – como sugerir que o povo se abstenha de comprar alimentos quando os preços estiverem altos ou comentar sobre hábitos alimentares inusitados (ovo de pata e ema no café da manhã) – mostram falhas na avaliação do contexto nacional.

Segundo ele, “Kakay, parceiro do ex-ministro José Dirceu, já mandou o recado”. Mas Janja prefere viajar à Itália em missões oficiais, utilizando recursos públicos desnecessariamente, enquanto a população enfrenta dificuldades.

Para Testa, o presidente ainda parece buscar confrontos com figuras poderosas, como o presidente americano Donald Trump, apenas para dispor de um adversário de peso que justifique suas declarações.

A crescente desconexão do casal presidencial com a realidade do povo – em meio à inflação dos alimentos e aos excessos de gastos governamentais – resulta em uma ostentação cada vez mais constrangedora.

Em um vídeo, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) ironizou a situação ao dizer que não precisaria se preocupar com o estresse, pois “tem duas pessoas para sustentar”, enquanto exibia uma foto de Lula e Janja em seu celular.

Para deputado, Janja é só bode expiatório para absorver desgaste de Lula

Para o deputado Maurício Marcon (Podemos-RS), o vazamento da carta de Kakay e os comentários decorrentes são parte de uma estratégia para transformar Janja no “bode expiatório pelos problemas do governo”. “A intenção é imputar a ela toda a culpa, de forma a aliviar a responsabilidade de Lula”, opina.

Marcus Deois, diretor da consultoria Ética, destaca que as pesquisas que apontam uma “queda perigosa na popularidade” de Lula impõem ao PT a necessidade de debate interno mais contundente sobre os próximos passos.

No que diz respeito à Janja, Deois não identifica, contudo, ações dela que possam justificar um impacto tão significativo na imagem do presidente, embora reconheça que a tentativa de ressignificar o papel da primeira-dama – ao mesmo tempo que ela mantém influência sobre Lula – gera desconforto dentro do PT e no governo, ao isolar o presidente de certos conselhos.

Especialistas relativizam peso de Janja, mas reconhecem desconforto no governo

Adriano Cerqueira, cientista político e professor na Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e no Ibmec-BH, interpreta a suposta influência de Janja como fruto, em grande parte, de “deduções, fofocas e queixas de aliados”.

Ele questiona até que ponto a atuação de Janja seria uma imposição contra a vontade de Lula ou se estaria, de fato, alinhada com as intenções do próprio presidente. “Até que ponto ela age por conta própria ou sob orientação de Lula?”, pondera.

Ele lembra que a presença constante de Janja – tanto no cotidiano do governo quanto em viagens oficiais – evidencia sua busca por controle na agenda presidencial, algo que se intensificou após uma fase em que suas declarações, por vezes polêmicas, eram mais frequentes.

A cientista política Deysi Cioccari analisa que a postura de Janja na comunicação do governo e em algumas decisões estratégicas tem sido um fator importante de tensão tanto no Palácio do Planalto quanto dentro do próprio PT.

“Diferentemente de primeiras-damas que atuaram discretamente nos bastidores, Janja optou por um protagonismo que, em vez de fortalecer a imagem governamental, tem gerado ruídos desnecessários, embaraços políticos e atritos internos”, explica.

Segundo Deysi, embora a atuação de Janja tenha ajudado, inicialmente, a humanizar Lula e a construir uma narrativa de resiliência durante a campanha de 2022, no exercício do governo essa interferência tem criado obstáculos à articulação política pragmática necessária para enfrentar os desafios atuais.

FONTE: GAZETA DO POVO https://www.gazetadopovo.com.br/republica/aliados-tacham-janja-de-principal-responsavel-pela-impopularidade-de-lula/

J.R. Guzzo
J.R. Guzzo

Eleições na Alemanha: mais uma surra na esquerda

O presidente da União Democrata Cristã (CDU) da Alemanha, Friedrich Merz (à direita), e o primeiro-ministro da Baviera e presidente da União Social Cristã (CSU), Markus Soeder: partidos formam bloco vencedor na eleição alemã (Foto: EFE/EPA/HANNIBAL HANSCHKE)

Nada tem dado certo para a esquerda e os democratas estilo Alexandre de Moraes nestes últimos tempos em matéria de eleição – e provavelmente está aí a razão da sua intolerância cada vez mais agressiva a eleições livras e limpas. Em eleição sem TSE e outros instrumentos deste tipo, o lado deles corre o risco de perder, e tem perdido uma em cima da outra. Isso é inaceitável; se o adversário ganhar, dizem, a “democracia” entra em estado de coma, e não é possível permitir uma coisa dessas. Pois bem: o inimigo ganhou de novo, dessa vez na Alemanha, e demonstrou que eleições, hoje em dia, são a maior ameaça para a democracia civilizatória de Lula e do STF.

A Alemanha, a maior potência da Europa, teve eleições neste fim de semana, e a esquerda levou uma surra de perder o rumo de casa. Seu partido sofreu a pior derrota eleitoral de toda a sua história. A direita, em contraposição, deu um passeio: a democracia-cristã, seu representante tradicional, ficou em primeiro lugar – e o novo partido dos direitistas, o que mais tira o sono das elites mundiais, dobrou a votação que obteve nas últimas eleições e ficou com a segunda colocação.

Foi perguntado aos alemães que tipo de governo eles queriam para o seu país, e a resposta não poderia ter sido mais clara. Dos 630 deputados eleitos, a direita clássica e o partido que a esquerda descreve como de ‘extrema direita’ ficaram com 360

Esquerda e eleições, positivamente, não têm se dado bem, seja na Alemanha ou em qualquer lugar. Já haviam levado o susto de suas vidas com a vitória de Javier Milei na eleição presidencial na Argentina. Depois, aqui no Brasil, foram enterrados nas eleições para prefeito. O PT ficou com 5% das prefeituras brasileiras. O PSOL, que é ainda mais extremista, conseguiu fazer pior: não ganhou nem uma. Veio em seguida o cataclismo que eles mais temiam, e que a cada dia aceitam menos: a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos. Agora chegou a vez das eleições na Alemanha. Foi perguntado aos alemães que tipo de governo eles queriam para o seu país, e a resposta não poderia ter sido mais clara. Dos 630 deputados eleitos, a direita clássica e o partido que a esquerda descreve como de “extrema direita” ficaram com 360.

Para tornar tudo ainda pior do que já é, a presidente do partido da “extrema direita”, ou “neonazista” segundo diz frequentemente a mídia, é não apenas uma mulher, o que bate de frente com os dogmas da esquerda, mas é lésbica e casada publicamente com outra mulher. Mas a “direita” não exige o genocídio dos homossexuais? Como fica, então?

Considerando-se que o secretário do Tesouro de Trump é gay, seu diretor do FBI um indiano, o secretário de Estado um latino e a porta voz da Casa Branca uma menina, fica exposta cada vez mais a farsa segundo a qual a “direita” persegue as “minorias”. Mais: como chamar de “neonazista” o partido adversário, se a maior força antissemita na Europa de hoje é a própria esquerda?

O grau do nervosismo pode ser medido por uma das últimas bulas pontifícias expedidas por Lula. “Essa gente”, proclamou ele, “vai ter de aprender a gostar da democracia”. Os “cidadões” como diz Janja, não “vão ter” de aprender nada. Quem é Lula para ensinar alguma coisa ao povo brasileiro? Vão votar em que quiserem nas próximas eleições – e o regime Lula-STF vai ter de usar a força bruta, aberta ou disfarçada, para impedir isso.

FONTE: GAZETA DO POVO https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/jr-guzzo/eleicoes-na-alemanha-mais-uma-surra-na-esquerda/

Alexandre Garcia
Alexandre Garcia

Ministras na corda bamba

Nísia Trindade, Saúde
A ministra da Saúde, Nísia Trindade. (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil.)

Parece que o governo Lula terá duas mulheres a menos. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, está saindo. E agora ficamos sabendo que a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, foi denunciada para a Comissão de Ética Pública da Presidência da República. Ela gravou muitas coisas, dizendo, por exemplo, que recebia telefonemas de Lula, da Janja, mas que enrolava o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e o secretário-geral da Presidência, Márcio Macedo. E ainda falou de emprego na COP30. Um rolo danado. Essa é uma mulher do governo Lula que corre risco de deixar o cargo. Já a outra ministra deve sair mesmo; Nísia Trindade sempre teve uma ação de esquerda na Fiocruz durante o governo passado, mas Jair Bolsonaro nunca a tirou de lá. Agora, parece que ela não está mostrando serviço.

“Minuta do golpe” era estado de defesa, que está na Constituição

Estava revendo a delação de Mauro Cid e muita gente fala da tal “minuta de golpe”. Mas o que era isso? Era a sugestão de uma medida totalmente constitucional, de estado de defesa ou algo semelhante, para fazer a recontagem dos votos se houvesse dúvida – e há dúvida até hoje. Mas este é um protocolo que tem de ser aprovado pelo Conselho da República e, depois, pelo Congresso Nacional. Que golpe é esse que tem de ser aprovado pelo Congresso Nacional? Tanto que o então procurador-geral da República, Augusto Aras, achava que não havia nada de consistente ali que pudesse fortalecer o inquérito. Mas o próprio ministro Alexandre de Moraes, relator – nunca se viu um juiz passando a ser o instrutor de uma delação –, foi lá e assumiu a delação.

Depoimento de Cid está cheio de absurdos de Moraes

E entre as coisas que vimos está o ministro Moraes insistindo com Mauro Cid. “E aí? Vocês sabiam do 8 de janeiro?” Claro que não sabia; foi uma absoluta surpresa, surpreendeu todo mundo – só não surpreendeu aqueles que receberam os comunicados insistentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), prevendo que poderia haver manifestação e que poderia haver quebra-quebra, como já houve em outras ocasiões.

Cid ainda foi ameaçado: “Ou você muda essa versão e tal, ou seu pai vai ser investigado, sua esposa vai ser investigada, sua filha mais velha vai ser investigada e você vai ser preso de novo”. Ele ficou preso quatro meses. E aí percebemos por que Filipe Martins (também assessor de Bolsonaro) ficou preso seis meses, e inclusive consta que ficou dez dias em solitária. Qual era o objetivo? Ver se Filipe Martins também concordava em fazer uma delação. E todos sabiam que o motivo da prisão não existia. A justificativa é que ele teria desembarcado nos Estados Unidos, que planejava uma. Mas não: ele saiu de Brasília (DF), foi para Curitiba (PR) e depois para Ponta Grossa (PR).

Registros manipulados para incriminar Filipe Martins e para inocentar Adélio Bispo

Agora estão investigando para saber como apareceu o nome de Filipe Martins lá nos registros de imigração dos EUA. Isso é importantíssimo, porque é um “fio de Ariadne”, que puxamos para saber quem estava na outra ponta do fio, quem botou o nome de Filipe Martins na alfândega de Miami. Assim como é preciso investigar quem botou o nome do Adélio Bispo entrando na Câmara dos Deputados. Quem foi o deputado que autorizou – porque só um gabinete de deputado pode autorizar – a entrada de Adélio no dia 6 de setembro de 2018, quase véspera de eleição, em plena campanha? Bolsonaro foi esfaqueado por Adélio em Juiz de Fora (MG) enquanto o nome dele estava lá na Câmara dos Deputados, como se ele estivesse na Câmara. Era o álibi perfeito, se Adélio não tivesse sido preso em flagrante. São mistérios que precisam ser esclarecidos.

FONTE: GAZERTA DO POVO https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/alexandre-garcia/nisia-trindade-cida-goncalves-ministras-corda-bamba/

Crise entre Brasil e EUA atinge novo patamar e Moraes pode sofrer “pena de morte financeira”

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A crise entre Brasil e EUA atinge um novo patamar. O deputado Rich McCormick pediu que Donald Trump sancione Alexandre de Moraes por perseguir Bolsonaro, manipular as eleições de 2026 e censurar empresas americanas.

“Moraes usa o judiciário como arma para proteger Lula e silenciar a oposição. Ele viola a democracia e ameaça a soberania digital dos EUA. Suas táticas autoritárias exigem resposta. Peço sanções, bloqueio financeiro e proibição de entrada nos EUA.”— Rich McCormick, deputado americano.

Caso Trump atenda ao pedido, Moraes pode sofrer a “pena de morte financeira” sob a Lei Magnitsky: bens congelados, contas bloqueadas e isolamento do sistema bancário global. Mesmo bancos brasileiros poderiam ser punidos se mantivessem vínculos com ele.

Se as sanções forem impostas, o ministro do STF brasileiro será tratado como um inimigo da democracia pelos EUA. O embate entre Trump e Moraes pode desencadear uma crise diplomática sem precedentes.

FONTE: JCO https://www.jornaldacidadeonline.com.br/noticias/67668/crise-entre-brasil-e-eua-atinge-novo-patamar-e-moraes-pode-sofrer-pena-de-morte-financeira

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