“É mais fácil enganar as pessoas do que convencê-las de que elas foram enganadas”. (Mark Twain – Escritor americano).
O texto que você vai ler intercala afirmações de Mangabeira Unger e pontua com afirmações sobre Lula em anos diferenciados, afirmações que espantam, pois os que fazem as declarações são amigos, ministros nomeados e o vice…
Mangabeira Unger foi nomeado por Lula ministro da “Secretaria de Ações a Longo Prazo” e escreveu em 2005 um artigo publicado originalmente na edição de 15/11/2005 do jornal Folha de S Paulo, em que dizia: “Afirmo que o governo Lula é o mais corrupto de nossa história nacional…”
– “Afirmo que o governo Lula é o mais corrupto de nossa história nacional. Corrupção tanto mais nefasta por servir à compra de congressistas, à politização da Polícia Federal e das agências reguladoras, ao achincalhamento dos partidos políticos e à tentativa de dobrar qualquer instituição do Estado capaz de se contrapor a seus desmandos”.
– “Em 2022, Ciro Gomes (PDT), afirmou que o seu alvo na corrida eleitoral é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
‘Eu vou pra cima dele (Lula), é o maior corruptor da história brasileira’, disse em entrevista publicada pelo jornal Valor Econômico (17.mai.2021).”
E diz Mangabeira Unger:
– “Afirmo ser obrigação do Congresso Nacional declarar prontamente o impedimento do presidente. As provas acumuladas de seu envolvimento em crimes de responsabilidade podem ainda não bastar para assegurar sua condenação em juízo. Já são, porém, mais do que suficientes para atender ao critério constitucional do impedimento. Desde o primeiro dia de seu mandato o presidente desrespeitou as instituições republicanas. Imiscuiu-se, e deixou que seus mais próximos se imiscuíssem, em disputas e negócios privados. E comandou, com um olho fechado e outro aberto, um aparato político que trocou dinheiro por poder e poder por dinheiro e que depois tentou comprar, com a liberação de recursos orçamentários, apoio para interromper a investigação de seus abusos”.
– Lula é medalha de ouro no ranking mundial da corrupção;/Por Flavio Pereira | 20 de setembro de 2021 (https://www.osul.com.br/afinal-lula-e-medalha-de-ouro-no-ranking-mundial-da-corrupcao/).
Os dez líderes mais corruptos do mundo, com Lula na primeira posição, seriam estes:
– Ex-presidente do Brasil, Lula ($ 206 bilhões – entre 2003 e 2015);
– Ex-presidente da Indonésia, Suharto ($ 15 bilhões – $ 35 bilhões entre 1967 e 1998);
– Ex-presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos ($ 5 bilhões – $ 10 bilhões entre 1972 e 1986);
– Ex-presidente do Zaire, Mobutu Sese Seko ($ 5 bilhões entre 1965 e 1997);
– Ex-chefe de Estado da Nigéria, Sani Abacha ($ 2 bilhões – $ 5 bilhões entre 1993 e 1998);
– Ex-presidente da Iugoslávia e da Sérvia, Slobodan Milošević ($ 1 bilhão entre 1989 e 2000);
– Ex-presidente do Haiti, Jean-Claude Duvalier ($ 300 milhões – $ 800 milhões entre 1971 e 1986);
– Ex-presidente do Peru, Alberto Fujimori ($ 600 milhões entre 1990 e 2000);
– Ex-primeiro-ministro da Ucrânia, Pavlo Lazarenko ($ 114 milhões – $ 200 milhões entre 1996 e 1997);
– Ex-presidente da Nicarágua, Arnoldo Alemán ($ 100 milhões entre 1997 e 2002);
– Ex-presidente das Filipinas, Joseph Estrada ($ 78 milhões – $ 80 milhões entre 1998 e 2001).
E Mangabeira Unger:
– “Afirmo que a aproximação do fim de seu mandato não é motivo para deixar de declarar o impedimento do presidente, dados a gravidade dos crimes de responsabilidade que ele cometeu e o perigo de que a repetição desses crimes contamine a eleição vindoura. Quem diz que só aos eleitores cabe julgar não compreende as premissas do presidencialismo e não leva a Constituição a sério”.
O Jornal O Globo em 2012, publicou:
– Ex-presidente Lula é eleito a personalidade mais corrupta de 2012.
“Algemas de Ouro” também premiou o senador cassado Demóstenes Torres e o governador Sérgio Cabral. No “Algemas de Ouro” 2012, os manifestantes elogiaram a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) na condução do julgamento do mensalão e lembraram os feitos “históricos” de cada concorrente.
Além de Lula, Demóstenes e Cabral, estavam no pleito o senador Jader Barbalho (PMDB-PA); os deputados federais Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e Paulo Maluf (PP-SP); o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, e sua ex-companheira de Esplanada, Erenice Guerra; o ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido); e o empresário Fernando Cavendish”. (https://oglobo.globo.com/politica/ex-presidente-lula-eleito-personalidade-mais-corrupta-de-2012-7349….
E voltemos a Mangabeira Unger
– “Afirmo que descumpririam seu juramento constitucional e demonstrariam deslealdade para com a República os mandatários que, em nome de lealdade ao presidente, deixassem de exigir seu impedimento. No regime republicano a lealdade às leis se sobrepõe à lealdade aos homens”.
Em 2006, disse Alckmin, no debate do segundo turno de 2006 da TV Bandeirantes:
– “Se há alguém que não tem moral para falar de ética é o governo Lula”
Em 2018, afirmou:
– “Está também em suas mãos evitar que a corrupção e a roubalheira voltem a controlar o país. Evitar a volta do petrolão, evitar o fim da Lava Jato. É você que pode evitar que um preso condenado por corrupção [Lula] seja solto”
E ainda em 2018:
– “Não existe a menor chance de aliança com o PT. Vou disputar e vencer o segundo turno, para recuperar os empregos que eles destruíram saqueando o Brasil. Jamais terão meu apoio para voltar à cena do crime”.
Tornou-se o Vice de Lula. Sim, o Vice de Lula. Hoje, juntos e abraçados riem dos brasileiros e festejam na cena do crime.
Voltemos a Mangabeira Unger:
– “Afirmo que o governo Lula fraudou a vontade dos brasileiros ao radicalizar o projeto que foi eleito para substituir, ameaçando a democracia com o veneno do cinismo. Ao transformar o Brasil no país continental em desenvolvimento que menos cresce, esse projeto impôs mediocridade aos que querem pujança”.
O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, classificou casos de corrupção dos governos do PT como “vergonhosos”.
“Esses vergonhosos atos de corrupção parlamentar, profundamente lesivos à dignidade do ofício legislativo e à respeitabilidade do Congresso Nacional, alimentados por transações obscuras idealizadas e implementadas em altas esferas governamentais, com o objetivo de fortalecer a base de apoio político e de sustentação legislativa no Parlamento brasileiro, devem ser condenados e punidos com o peso e o rigor das leis desta República, porque significam tentativa imoral e ilícita de manipular, criminosamente, à margem do sistema constitucional, o processo democrático, comprometendo-lhe a integridade, conspurcando-lhe a pureza e suprimindo-lhe os índices essenciais de legitimidade, que representam atributos necessários para justificar a prática honesta e o exercício regular do poder aos olhos dos cidadãos desta Nação”, afirmou o ex-ministro durante o julgamento da Ação Penal 470, na sessão plenária de 1º de outubro de 2012.
Espantosamente o mesmo ex-ministro, declarou voto em Lula:
“Em defesa da sacralidade da Constituição e das liberdades fundamentais, em prol da dignidade da função política e do decoro no exercício do mandato presidencial e em respeito à inviolabilidade do regime democrático, tenho uma certeza absoluta: não votarei em Jair Bolsonaro. É por tais razões que o meu voto será dado em favor de Lula no primeiro turno”, declarou o ministro aposentado no dia 28 de setembro.
E tome Mangabeira Unger:
– “Afirmo que o presidente, avesso ao trabalho e ao estudo, desatento aos negócios do Estado, fugidio de tudo o que lhe traga dificuldade ou dissabor e orgulhoso de sua própria ignorância, mostrou-se inapto para o cargo sagrado que o povo brasileiro lhe confiou”.
– Em 2 de agosto de 2012, ao ler o relatório da ação do mensalão (AP 470), o ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa, afirmou que os acusados, como diz a Procuradoria-Geral da República, fazem parte de uma organização criminosa sofisticada, “dividida em setores de atuação, que se estruturou profissionalmente para a prática de crimes como peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, gestão fraudulenta, além das mais diversas formas de fraude”.
O ex-ministro também destacou, na época, que “todos os graves delitos que serão imputados aos denunciados ao longo da presente peça têm início com a vitória eleitoral de 2002 do Partido dos Trabalhadores no plano nacional”. Ele evidenciou que o principal objetivo era garantir a continuidade do projeto de poder do PT, com a compra de suporte político de outros partidos e do financiamento futuro e pagamento de dívidas das próprias campanhas eleitorais.
Em setembro de 2022, em um vídeo que circulou pelas redes sociais, onde destratava Bolsonaro antes do primeiro turno, o ex-ministro reforçou o apoio a Lula e defendeu a vitória do petista no primeiro turno”.
E Mangabeira Unger continua:
– “Afirmo que a oposição praticada pelo PSDB é impostura. Acumpliciados nos mesmos crimes e aderentes ao mesmo projeto, o PT e o PSDB são hoje as duas cabeças do mesmo monstro que sufoca o Brasil. As duas cabeças precisam ser esmagadas juntas”.
– “Mensalão foi um golpe na democracia”, disse em 2012, o ex-ministro Ayres Britto.
“Com a velha, matreira e renitente inspiração patrimonialista, um projeto de poder foi arquitetado. Não de governo, porque projeto de governo é lícito, mas um projeto de poder que vai muito além de um quadriênio quadruplicado, muito mais de continuidade administrativa. É continuísmo governamental. Golpe, portanto, nesse conteúdo da democracia, que é o republicanismo, que postula renovação dos quadros de dirigentes”.
Em setembro de 2022, por outro lado, Britto declarou voto em Lula:
– “Nesta eleição presidencial já afunilada para dois candidatos, eis a pergunta central: diante de quem a democracia está certa de não sofrer o menor atentado? Resposta: de quem jamais colocou sob suspeita de fraude a urna eletrônica. No caso, Lula, que terá meu voto”.
E Mangabeira Unger continua:
– “Afirmo que as bases sociais do governo Lula são os rentistas, a quem se transferem os recursos pilhados do trabalho e da produção, e os desesperados, de quem se aproveitam, cruelmente, a subjugação econômica e a desinformação política. E que seu inimigo principal são as classes médias, de cuja capacidade para esclarecer a massa popular depende, mais do que nunca, o futuro da República”.
– Em entrevista à BBC Brasil em 2018, o jurista Miguel Reale Júnior afirmou que os acontecimentos que geraram o mandado de prisão de Lula estavam “dentro da normalidade e da legalidade”. “O juiz Sergio Moro cumpriu uma ordem do Tribunal Regional Federal da 4ª região, apenas. Era o caminho normal do processo”, disse o jurista. Ele reiterou a legitimidade da condenação do ex-presidente.
-“Quem assistiu ao julgamento não pode em sã consciência dizer que não há provas. Estão dizendo que não há documento no nome dele, mas seria ridículo ele colocar o nome em uma propriedade sendo que o crime pelo qual ele é investigado é justamente ‘Ocultação de Bens’. Se ele quer ocultar, por que ele colocaria o nome?”, disse Reale Júnior.
E chocando o Brasil inteiro, contra o que chama de “obscurantismo”, Reale Júnior declarou voto em Lula.
E Mangabeira Unger fecha a tampa do caixão com alguma esperança:
– “Afirmo que a repetição perseverante dessas verdades em todo o país acabará por acender, nos corações dos brasileiros, uma chama que reduzirá a cinzas um sistema que hoje se julga intocável e perpétuo”.
– Em 2006, em entrevista ao programa “Roda Viva”, da TV Cultura, o ex-presidente da Fernando Henrique Cardoso disse que o PT agiu de forma sistemática no esquema do mensalão. Essa foi a justificava para a declaração dada à revista IstoÉ em que afirmou omseguinte:
“A ética do PT é roubar”.
Em 2022, disse Fernando Henrique:
“Neste segundo turno voto por uma história de luta pela democracia e inclusão social. Voto em Luiz Inácio Lula da Silva”.
Em 2018, em uma sabatina organizada pelo Globo, Valor Econômico e revista Época, Marina Silva afirmou acreditar que Lula é corrupto.
“Ele está sendo punido por graves crimes de corrupção. Sim (eu considero que ele é corrupto)”, disse. Além disso, destacou que não se arrepende de ter apoiado o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. “A população com certeza está mais reflexiva. Lula transferiu votos para Dilma (em 2010) e olha o que aconteceu: o Brasil do pleno emprego passou a ter 13 milhões de desempregados”, frisou.
Em 2022 abraçou Lula, votou em Lula e foi nomeada Ministra.
Simone Tebet, no debate da Band com os presidenciáveis do 1° turno, em 2022 neste ano, afirmou:
“A corrupção é fruto de governos passados. A corrupção mata”.
No segundo turno, Tebet não só declarou apoio ao petista como ajudou em sua campanha.
Após a eleição foi constituída Ministra de Lula.
Em 2006, o senador Tasso Jereissati (PSDB) disse que as eleições de 2006 foram as mais corruptas do país, porque o governo de Lula teve irregularidades como os escândalos dos sanguessugas e do mensalão.
“Estão comprando voto por intermédio das emendas”, destacou, na tribuna do Senado. “Infelizmente, institucionalizou-se a corrupção neste país e virou uma verdade nessas eleições. Mensaleiros e sanguessugas serão reeleitos”.
Em 2022 apoiou Lula, votou em Lula e disse:
“…, mas o que está em jogo para nós é a democracia e a democracia acima disso tudo. E esperando que Lula se comprometa com um governo de pacificação”, declarou o senador e ex-presidente do PSDB, em entrevista ao Estadão.
Em 2014, Aloysio Nunes Ferreira, que já foi senador e também ocupou o cargo de ministro das Relações Exteriores do governo de Michel Temer, fez críticas ao governo do PT e disse:
“Não nos interessa saber a cor do papel higiênico que se usa nos palácios. Mas eu lhe digo que nem todo papel higiênico do mundo seria capaz de limpar a sujeira que fizeram na Petrobras nesses últimos 12 anos”, frisou.
Em 2022, ele afirmou que não existia possibilidade de uma terceira via e, por isso, iria apoiar o petista.
“O segundo turno já começou e eu não só voto no Lula como vou fazer campanha para ele no primeiro turno”, declarou.
Para finalizar a tragédia brasileira o TSE colocou a última a pá de cal sobre a realidade:
“TSE proíbe uso de expressões ‘corrupto’ e ‘ladrão’ a Lula em campanha de Bolsonaro. Em caso de descumprimento, a multa será de R$ 50 mil por cada divulgação. 20/10/2022 14:01(https://www.jota.info/eleicoes/tse-proibe-uso-de-expressoes-corrupto-e-ladrao-a-lula-em-campanha-de-….
Se você não vomitou até aqui, pense:
“Que ventre pariu tanta gente ruim?
Festejam a vitória de Pirro
Cantam loas aos “chefes” que profanaram o país
Dão vivas às ações covardes
E contradizem tudo aquilo que afirmaram.
Que ventre pariu tanta gente ruim?”
Nenhuma lei permite que Moraes faça o que fez com Constantino e Figueiredo
Qual a lei em vigor no Brasil que permitiria ao ministro Alexandre de Moraes, sem o apoio de processo legal algum, apreender os passaportes e bloquear as contas bancárias dos jornalistas Rodrigo Constantino e Paulo Figueiredo? Não é uma decisão judicial, tomada depois de terem sido observados os requisitos processuais que a lei exige para se reter o passaporte ou bloquear a conta de um cidadão no banco; é um despacho pessoal do ministro, que não presta contas a ninguém dessa ou de qualquer outra decisão do mesmo tipo. As vítimas também não têm a quem recorrer; só podem apelar ao próprio ministro que decretou as punições, uma aberração que obviamente não serve para nada em termos práticos.
A justiça brasileira, que sempre se mostra tão compreensiva com os criminosos, não permite que se faça nada disso com traficantes de droga ou salteadores de cargas, por exemplo – os acusados, aí, têm direito às mais extremadas garantias da lei. Só podem ter suas contas bancárias bloqueadas se ficar provado, perante o juiz, que o dinheiro ali guardado foi obtido pela prática de crime – e pode ser usado para se cometerem novos delitos. Só podem ter os seus passaportes cassados se ficar provado que querem fugir do país para escapar à justiça. Mas nem Constantino, nem Figueiredo, tiveram o mesmo direito. Não há o mais remoto sinal de que o dinheiro que têm em suas contas no banco tenha vindo da prática de algum crime; qual crime, então? O ministro deveria dizer quais os artigos do Código Penal brasileiro eles violaram – ou qual outra lei, qualquer lei, foi desrespeitada por ambos. Também não se vê como os dois poderiam estar planejando usar seus passaportes para fugir do Brasil. No caso específico de Constantino, aliás, a fuga é materialmente impossível – ele mora nos Estados Unidos. Não dá para fugir do Brasil se você não está no Brasil.
Os jornalistas são apenas dois brasileiros a mais na lista de centenas de cidadãos perseguidos de alguma forma pelo maior escândalo da história judicial deste país – o inquérito perpétuo, sem nenhum limite e notoriamente ilegal que o ministro Moraes conduz para combater, segundo diz, “atos antidemocráticos” ou ações de “desinformação”. O fato de serem só mais dois, porém, não faz que os crimes praticados contra eles – e ambos estão sendo vítimas de crime, porque sofrem flagrante violação dos seus direitos por parte da autoridade pública – deixem de ser crimes. Da mesma forma, a prática serial de agressões contra a Constituição e o restante das leis brasileiras não faz com que o ilegal se transforme em legal apenas porque se repete o tempo todo. Tornar o escândalo secreto, enfim, como fazem a mídia, o mundo político e o Sistema Lula-PT, não quer dizer que esse escândalo não exista.
A justiça brasileira, que sempre se mostra tão compreensiva com os criminosos, não permite que se faça nada disso com traficantes de droga ou salteadores de cargas, por exemplo
O fato é que brasileiros estão sendo punidos por crimes que não existem na lei – que escândalo poderia ser maior do que esse? Ninguém, nem no STF, consegue dizer o que é um “ato antidemocrático” ou o que é “desinformação” – e se você não pode descrever exatamente um crime (“tipificar”, como dizem os juristas) esse crime simplesmente não existe. A desculpa geral é que os interesses da “democracia”, supostamente defendida por Moraes e ameaçada por quem ele persegue, estão acima da lei escrita. Por esta maneira de ver as coisas, o ministro foi santificado pela imprensa brasileira; tornou-se, hoje, uma espécie de Tiradentes, ou coisa parecida. Ele salvou a “democracia”, dizem os jornalistas. Salvou o “estado de direito”. Salvou o Brasil de Jair Bolsonaro. Salvou o Brasil de um “golpe de direita”, que certamente iria rolar; jamais se demonstrou, com um mínimo de fatos, como uma coisa dessas poderia acontecer na vida real, mas a mídia garantiu que aconteceria. Salvou o Brasil do “fascismo”. Salvou isso. Salvou aquilo. Nunca antes, em toda a história nacional, alguém salvou o Brasil de tanta coisa.
Só pode continuar assim, e cada vez mais.
FONTE: GAZETA DO POVO https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/jr-guzzo/nenhuma-lei-permite-que-moraes-faca-o-que-fez-com-constantino-e-figueiredo/
Há loucos no poder
A ordem é perseguir, caçar, prender, tirar os proventos, cada centavo. A insanidade tem risinhos terríveis e mete-se em tudo, cerca, aprisiona. A loucura rompe direitos, garantias, a privacidade, o sigilo. Os desvarios invadem casas, bagunçam armários, gavetas. O mundo é dos loucos, dos raivosos, dos tiranos, dos violentos.
Não haverá mais opinião, críticas, não haverá mais leis, só as leis doidas dos doidos. Não haverá mais mundo real, só o mundo dos doidos. Eles exigem silêncio, inexistência. Não haverá mais horizonte, não haverá mais amplidão. Todo espaço será reservado aos malucos da pior espécie. Eles andam por aí, abraçados, se esparramando.
Os loucos de verdade não querem oposição, decidiram que jamais serão desmascarados. Não aceitarão sua doença, não se fecharão no hospício. São autoridades do abuso, do absurdo. São a ilegalidade e o veneno
Estão destruindo tudo, definindo com delírios o que é verdade e o que é mentira. Eles são um grande erro com poderes totais. É deles que vêm a intolerância, a discriminação, a injúria. Vêm deles a ameaça e a violência. Toda forma de injustiça, de descalabro, de incompetência. E o que se oferece nesse caos? A impossibilidade de defesa.
Tudo se inverteu, está tudo ao contrário. Sanidade e loucura foram viradas do avesso. E os loucos de verdade não querem oposição, decidiram que jamais serão desmascarados. Não aceitarão sua doença, não se fecharão no hospício. São autoridades do abuso, do absurdo. São a ilegalidade e o veneno.
São o poder absoluto, insano, a arbitrariedade, a ditadura, a tirania, o estado de exceção. São a exclusão do que realmente é certo, correto. São o veto a soluções. São criadores de caso. Loucos, mentirosos, é isso que eles são. Dão de comer ao ódio e se chacoalham em gargalhadas esganiçadas.
Querem tirar o ar, sufocar, esganar, estrangular, enforcar. Querem quebrar braços e pernas, esmigalhar. Liquidar, suprimir, exterminar, com a pose mais louca de salvadores da pátria, da humanidade tão pobrezinha. Estariam em camisa de força numa democracia de verdade, mas se estabeleceu o descompasso, e suas ordens passaram a ser cumpridas e aplaudidas.
Não ficará ninguém. Há loucos no poder. E precisamos fazer alguma coisa, incansavelmente. Precisamos, no mínimo, gritar contra eles. Há loucos no poder, e os que deveriam nos defender estão tratando cuidadosamente de seus conchavos. Há loucos no poder, e a maior loucura é não atuar contra eles.
FONTE: GAZETA DO POVO https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/luis-ernesto-lacombe/ha-loucos-no-poder/
Jornalistas e OAB reagem fortemente aos “descalabros de Moraes” (veja o vídeo)
O jornalista radicado em Santa Catarina, Claudio Prisco Paraíso, é extremamente respeitado em todo o país, dono de um curriculum invejável, com destacada atuação em diversos veículos da mídia nacional, inclusive na Rede Globo e TV Record.
Atualmente, escreve para inúmeros jornais, participa de programas de diversas rádios e faz comentários e entrevistas ao vivo no jornal do Meio Dia, do SBT.
E foi justamente no programa jornalístico do SBT que teve forte reação ao que chamou de “descalabros de Moraes”, opinando com firmeza e repercutindo dura nota emitida pela Ordem dos Advogados do Brasil de Santa Catarina.
Veja o vídeo:
Surge a primeira representação contra ato autoritário do ex-presidiário (veja o vídeo)
O tal do ‘Bessias’, outrora um garoto de recados, que levava ‘cartinha’ de Dilma para Lula, foi nomeado Advogado Geral da União.
Em sua nova missão, notadamente quer dar suporte ao autoritarismo comum aos governos de esquerda, principalmente numa gestão petista comandada por um notório ‘ex-meliante’.
Assim, um decreto já editado cria uma malfadada ‘Procuradoria Nacional de Defesa da Democracia’.
Oficialmente, segundo o malfadado decreto, a função desse novo órgão é o combate a desinformação sobre políticas públicas.
Na verdade, o PT quer nomear uma pessoa que será responsável para decidir o que é verdade e o que é mentira, adverte o deputado Carlos Sampaio, autor da representação.
“Patrulhar pensamentos, censurar críticas e perseguir adversários”, esse é o objetivo.
Veja o vídeo:
Com jornalista extremamente ‘abatida’, CNN começa a “abrir os olhos” (veja o vídeo)
A comentarista de economia da TV CNN Brasil, Thais Heredia, fez longo desabafo sobre os maus presságios que vem do Governo Lula.
E olha que não temos sequer uma semana de trabalho:
“O mercado ainda reflete as falas dos ministros que vão tomando posse do novo governo. Falas contra reformas, o que aumenta e alimenta a percepção de que vem mais gasto público por aí.
A declaração que mais tá pegando é de Carlos Lupi de que não há déficit na Previdência; ele que vai comandar a Previdência. O que coloca em dúvida a transparência e a gestão das contas públicas. Lupi também foi contra a reforma da Previdência.
Luiz Marinho que assumiu a pasta do Trabalho foi contra a reforma trabalhista. E, no meio disso tudo, fica Fernando Haddad, Ministro da Fazenda no meio desses ataques perdendo força política como líder da condução da economia.”
Só para informação, o déficit da previdência está entre R$ 265 bilhões e R$ 395 bilhões de reais e crescendo. Aliás déficit previdenciário é uma constante em quase todas as 20 maiores economias do mundo.
Lula montou um ministério reacionário, com foco em destruir os avanços obtidos no governo Bolsonaro.
Acompanhe no vídeo:
Interferência? Sob o comando de ‘amigo do Lula’, PF vai trocar superintendências, ‘de baciada’, em todo o país
Quem não se lembra das várias vezes em que o ex-presidente Jair Bolsonaro foi acusado de tentativa de interferência na Polícia Federal (PF)?
Quando se falava em mudar superintendências… Ah, Bolsonaro quer interferir para se proteger…
Alteração do diretor geral? Ah, Bolsonaro quer interferir para proteger seus filhos…
Narrativas sem fim que levaram, quem diria, à interferência do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre uma decisão de Bolsonaro na troca da direção geral da corporação, quando indicou o nome de Alexandre Ramagem, então à frente da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), para o cargo, em abril de 2020.
A suspensão da nomeação veio na canetada, em decisão monocrática de Alexandre de Moraes, sob a alegação de que o fato de Ramagem ‘ser amigo da família, feria o princípio da legalidade’.
Dois pesos e duas medidas
Pois bem, eis que o atual diretor geral da Polícia Federal, recém-empossado, junto com o novo governo do ex-presidiário Lula, chega ao cargo na mesma condição em que o, então, indicado de Bolsonaro.
É o delegado Andrei Rodrigues, que em seu primeiro ato mais contundente, acaba de anunciar a troca de 20 superintendências da PF em todo o país… assim mesmo, ‘de baciada’…
A velha imprensa? Apenas noticia e segue o bonde…
Vale ressaltar que a própria indicação de Rodrigues também foi tratada como ‘algo corriqueiro’, tanto pela imprensa quanto pelas autoridades da Suprema Corte, talvez por não ser considerado, o mesmo, ‘amigo de Lula’.
Mas o histórico de ‘convivência’ mostra o contrário.
Delegado da PF há 20 anos, foi o responsável pela coordenação da segurança de Lula em toda a campanha eleitoral, permanecendo durante a transição, até assumir a direção geral da PF, em 1 de janeiro.
Dizem que só ganhou a confiança do ‘descondenado’ durante esse período, quando inclusive chegou a mandar prender quem protestasse contra ‘Lula’, como um homem que o chamou de ‘ladrão, safado e sem vergonha’ e, mais recentemente, quando mandou pediu ao STF que detivesse também um empresário, de nome Milton Baldin – caçador e colecionador de armas (CAC) – que se manifestou favoravelmente a que o povo se unisse e agisse para ‘não deixar o ladrão subir a rampa’.
Mas a relação de Andrei Rodrigues vem de muito antes desse período. Gaúcho e homem de confiança do ex-governador Tarso Genro, o delegado já havia coordendo também a equipe de segurança de Dilma Roussef, durante a campanha eleitoral de 2010.
Foi ainda escolhido pelo governo petista para coordenar as seguranças da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas do Rio, em 2016, no cargo de secretário extraordinário de Segurança para Grandes Eventos.
Não há qualquer intenção em desmerecer as muitas qualificações e trabalhos prestados por Andrei Rodrigues nos últimos anos, considerando que ele conta com alta estima e respeito dentro da corporação e tem formação e conhecimento de sobra para cumprir a função para a qual foi nomeado…
Mas que existe uma longa relação de convivência entre ele e Lula, isso não dá para negar.
Essencial para haver confiança por tanto tempo, sim, tem que haver também a amizade.
Sobre a mudança ‘em massa’ nas superintendências, cabe ao diretor geral decidir, mas que isso tem cara de ‘limpeza ideológica e instrumentalização’, ah, isso tem
Mas afinal, os que retornaram à cena do crime precisam de portas abertas…
Mário Abrahão – Jornalista e cientista político
O PT cria seu Ministério da Verdade
“Guerra é paz; liberdade é escravidão; ignorância é força”, repetia o Estado totalitário descrito em 1984, de George Orwell, demonstrando a importância do controle estatal sobre os discursos e a linguagem. No Brasil lulopetista, teremos também “censura é liberdade de expressão” e “perseguição é democracia”, a julgar por dois novos órgãos da estrutura estatal criados por decretos publicados já no primeiro dia do governo Lula, um na Advocacia-Geral da União e outro na Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. Ambos prometem ser uma valiosa ajuda ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, em seu esforço para destruir a liberdade de expressão no Brasil.
A Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia, criada dentro da AGU, tem entre suas funções “representar a União, judicial e extrajudicialmente, em demandas e procedimentos para resposta e enfrentamento à desinformação sobre políticas públicas”. Já o Departamento de Promoção da Liberdade de Expressão, na Secom, deve “propor e articular políticas públicas para promoção da liberdade de expressão, do acesso à informação e de enfrentamento à desinformação e ao discurso de ódio na internet, em articulação com o Ministério da Justiça e Segurança Pública”. Os termos-chave, aqui, são “desinformação” e “discurso de ódio”, categorias suficientemente amplas para incluir, no fim das contas, qualquer crítica ao governo federal, a seus integrantes e às políticas que eles pretendam implantar.
As novas estruturas estatais poderão definir a seu bel-prazer o que é “desinformação” e “discurso de ódio”. Pior ainda: terão como lançar o peso do Estado contra qualquer um que desagradar o governo
O uso de um conceito aberto é proposital, pois fica sujeito às preferências de quem manda. Assim como hoje o Supremo já decide como bem entender o que é “fake news”, o que é “ato antidemocrático” e o que é “ataque às instituições” – por exemplo, incluindo neste último conceito qualquer crítica mais contundente, ainda que legítima, às ações dos ministros do STF –, as novas estruturas estatais poderão definir a seu bel-prazer o que é “desinformação” e “discurso de ódio”. Pior ainda: terão como lançar o peso do Estado contra qualquer um que desagradar o governo, ainda que não exista no ordenamento jurídico brasileiro crime de “desinformação”, como também não existe o de “fake news”.
Usemos como exemplo uma política pública real, e que o atual governo já manifestou a intenção de retomar. O Mais Médicos de Dilma Rousseff não passava de um truque para financiar a ditadura cubana usando como pretexto a falta de profissionais de saúde em determinados rincões do país – o caráter de negociata já era óbvio à época, com a retenção dos salários dos médicos cubanos, e ficou ainda mais evidente anos depois, com a divulgação de documentos e de áudios de reuniões internas do governo Dilma. Mesmo assim, se esses novos órgãos da AGU e da Secom já existissem em 2013, quem dissesse que o Mais Médicos era um artifício para bancar os comunistas cubanos poderia muito bem se ver em maus lençóis por propagar o que seria classificado como “desinformação sobre políticas públicas”; o Estado poderia lançar o peso de suas estruturas contra os críticos, com “medidas judiciais e extrajudiciais”, ainda que eles não tivessem violado nenhum artigo do Código Penal.
Como explicou à Gazeta do Povo o advogado, doutor em Direito Civil e professor Maurício Bunazar, a criação de estruturas de Estado para perseguir o que o próprio Estado considerar “desinformação” e “discurso de ódio” inverte completamente o que deveria ser uma relação saudável entre cidadão e governo, pautada pelo respeito amplo à liberdade de expressão. Citando o ex-ministro do STF Celso de Mello, Buzanar lembrou que é da natureza da autoridade estar mais sujeita a críticas, inclusive a críticas bastante contundentes; o limite está apenas naquilo que é efetivamente criminalizado pela lei penal (por exemplo, a calúnia, a injúria ou a difamação), não em conceitos abertos e sujeitos a definições mutáveis e arbitrárias conforme a conveniência, como “desinformação” ou “discurso de ódio”.
O Poder Judiciário – especialmente por meio do STF e do TSE – já havia se erigido como o equivalente tupiniquim do Ministério da Verdade da distopia orwelliana; agora, ganha companhia do Poder Executivo. Agirão em sintonia, jamais em concorrência, a julgar por todos os atos recentes em que apenas um lado do espectro político-ideológico tem sido perseguido, enquanto ao outro (agora transformado em governo) se faculta tudo, inclusive a mentira descarada. Tudo, sempre, em nome da “democracia” e da “promoção da liberdade de expressão”, termos cada vez mais sem sentido num Brasil em que, mais cedo ou mais tarde, será proibido criticar.
FONTE: GAZETA DO POVO https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/pt-ministerio-da-verdade-agu-secom/?#success=true
O Papo É #109
Rodrigo Constantino e Guilherme Fiuza falam sobre a censura do STF
Rodrigo Constantino e Guilherme Fiuza, juntamente com o comentarista da Jovem Pan Paulo Figueiredo, são os mais recentes alvos da sanha autoritária de Alexandre de Moraes. Digo, a gente presume que foi Alexandre de Moraes quem mandou censurar os três. Mas não dá para cravar. Este, aliás, é só mais um detalhe absurdo dessa história. Como o processo corre em sigilo, não dá para saber quem mandou censurar, com base em que leis nem por quê.
No caso de Rodrigo Constantino (e Paulo Figueiredo), a situação ainda é pior, porque os dois tiveram também suas contas bancárias bloqueadas e os passaportes cancelados. São medidas de força, são sanções violentas e intimidatórias de um ditador que perdeu todos os escrúpulos, se é que ele tinha algum.
Esta é a 109a edição do podcast O Papo É, apresentado por Paulo Polzonoff Jr.
FONTE: GAZETA DO POVO https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/rodrigo-constantino-e-guilherme-fiuza-falam-sobre-a-censura-do-stf/
Lula escolheu um condenado por corrupção para ser ministro
Depois de enganar a morte mais de uma vez, Sísifo foi condenado a carregar um rochedo pesado até o cume de uma montanha, lugar do qual cairia novamente, cena que se repetiria infinitamente. Assim como na mitologia grega, o Brasil caminha a passos largos para a mesma condenação de Sísifo.
Na quinta-feira passada, Lula se cercou mais uma vez de condenados pela Justiça. Você aceitaria alguém condenado por desviar dinheiro de outras pessoas administrasse o seu dinheiro, a sua conta bancária ou os recursos do seu condomínio? Aceitando ou não, é isso que vai acontecer.
O atual presidente indicou como ministro da Integração e Desenvolvimento Regional Waldez Góes, o ex-governador do Amapá, condenado pelo Superior Tribunal de Justiça em novembro de 2019, pela prática de corrupção (peculato) intencional (dolosa), a cumprir seis anos e nove meses de prisão, pagar uma multa de 650 salários-mínimos e devolver para os cofres públicos R$ 6,3 milhões.
Segundo a condenação, ao longo dos anos de 2009 e 2010, o ex-governador descontou do salário dos servidores pelo menos R$ 68 milhões para pagar empréstimos consignados, mas, ao invés de pagá-los, usou os recursos para pagar despesas do governo.
Enquanto isso, as autoridades relataram no processo que as despesas com programas sociais feitas pela Secretaria de Estado chefiada por sua esposa, candidata a deputada estadual nas eleições de 2010, saltaram 282% entre setembro de 2009 e setembro de 2010, o que sugere um possível objetivo eleitoral na ação criminosa.
Você aceitaria alguém condenado por desviar dinheiro de outras pessoas administrasse o seu dinheiro, a sua conta bancária ou os recursos do seu condomínio? Aceitando ou não, é isso que vai acontecer
Assim, Góes desviou recursos privados, pertencentes aos servidores, em favor do Estado e, como consequência, os servidores ficaram inadimplentes, tiveram seus nomes inscritos no SERASA e foram acionados na Justiça junto com o governo pelas empresas financeiras. Devido às incontáveis multas, juros e honorários decorrentes da inadimplência, foram desperdiçados mais de R$ 6 milhões em recursos públicos.
Alguém que mereceria a punição com cadeia de acordo com a segunda mais alta corte judicial do país, por malversação de dinheiro público, receberá em seu lugar um prêmio: o poder de decidir o destino de cerca de 90 bilhões de reais nos próximos quatro anos, assim como de gerenciar as atividades de 10 mil servidores públicos e 2.500 servidores comissionados – presumindo que serão preservados os recursos orçamentários e humanos da pasta documentados no Portal da Transparência.
Dentro do ministério, estão a defesa civil, as superintendências do desenvolvimento do nordeste, da Amazônia e do centro-oeste, uma parte da Agência Nacional de Águas e Saneamento e a cobiçada Companhia do Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba, a qual atua em 35% do país, abrangendo 2.675 municípios.
Com orçamento bilionário e sua ampla abrangência, a CODEVASF tem grande potencial não só para gerar votos mas também para desviar dinheiro público. Isso porque, por ser uma estatal, como a Petrobras, possui procedimentos de contratação mais flexíveis do que os ministérios e secretarias. Não foi à toa que, segundo levantamento do Estadão, parlamentares indicaram a estatal para realizar operações com verbas do orçamento secreto. Em 2022, a empresa pública foi alvo de operação da Polícia Federal em razão de suspeitas de corrupção e fraudes licitatórias.
Alguém que mereceria a punição com cadeia de acordo com a segunda mais alta corte judicial do país, por malversação de dinheiro público, receberá em seu lugar um prêmio
Como é possível que um condenado se torne ministro, em vez de ser preso?
Ao condenar o então governador, o ministro João Otávio de Noronha decretou a perda do cargo, entendendo que “é absolutamente inadmissível que o chefe de um dos Estados da Federação – motivo que exige mais acuidade no trato da coisa pública, cabendo-lhe, além da boa administração, o exemplo maior para os servidores e para a população em geral – continue a exercer a função mesmo depois de condenado a crime relativo a ilícito administrativo”.
Seguiu o ministro afirmando que “é inconcebível que um governador de Estado condenado pela prática de peculato possa continuar no exercício de cargo para qual é condição sine qua non a idoneidade. Ademais, se não foi pela questão relativa à probidade, não há como um administrador público exercer suas funções enquanto cumpre pena privativa de liberdade, não só inviável, como desonrosa para o cargo tal possibilidade”.
Tanto a função de governador como a de ministro são altos cargos de gestão administrativa do Poder Executivo. Se o peculato, a desonestidade e a necessidade de bom exemplo são incompatíveis com a permanência de Waldez Góes na função pública de governador, como ele reuniria condições para ser ministro?
A Transparência Internacional se manifestou sobre o caso, alertando que “a sociedade e as instituições devem impedir que um Ministério fundamental para o desenvolvimento de regiões desassistidas do país continue usado como máquina de corrupção e feudalização eleitoreira”.
Um país que premia criminosos e pune quem cumpre a lei jamais prosperará. A justiça, a ordem, o rule of law, a segurança jurídica, são bases fundamentais do desenvolvimento das nações. O lugar do condenado não é na liderança do ministério, mas sim na cadeia. E como a Justiça permite que esteja solto?
No início de 2020, Góes conseguiu uma decisão liminar, provisória, do Ministro Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, em habeas corpus, suspendendo os efeitos da condenação, com o mesmo argumento que derrubou condenações de Lula, Cabral e Eduardo Cunha: o de que o tribunal que o julgou não seria o competente.
O caso foi a julgamento em abril de 2021 na primeira turma do STF e dois ministros, Barroso e Marco Aurélio, votaram pela rejeição do habeas corpus e manutenção da condenação. O ministro Alexandre de Moraes, em seguida, pediu vista, suspendendo o julgamento. A nomeação de Góes torna urgente a retomada e conclusão do julgamento.
A indicação de Góes revela dois problemas: o da impunidade sem fim no Brasil e o do mau exemplo que vem de cima. O próprio presidente Lula foi condenado em três instâncias por corrupção, foi preso e, depois de se tornar presidente, nomeou ao menos 67 investigados e condenados para a equipe de transição. Agora, indica um condenado por peculato para ser Ministro.
A corrupção ou a aparência de corrupção está sendo normalizada. Isso é muito preocupante porque, como modernas pesquisas comportamentais demonstraram, a desonestidade contagia. Albert Schweitzer, teólogo laureado com o Prêmio Nobel da Paz, afirmou que “dar o exemplo não é a melhor maneira de influenciar os outros. É a única”. O exemplo arrasta.
Como na história de Sísifo, depois de combatermos a corrupção até o cume do sistema em nosso país, a pedra da corrupção rola abaixo, espalhando destruição e contaminando todo o sistema. Enquanto o mau exemplo vier de cima, viveremos a eterna repetição desse problema.
FONTE: GAZETA DO POVO https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/deltan-dallagnol/lula-escolheu-um-condenado-por-corrupcao-para-ser-ministro/
Be the first to comment on "A nação e os aldrabões: “Que ventre pariu tanta gente ruim?”"