STF reforça segurança para o 7 de Setembro, mas ministros preveem clima mais ameno

Supremo Tribunal Federal (STF) reforçou a segurança para as manifestações do próximo dia 7 de setembro, em Brasília. Uma das providências, já anunciada e acertada com a Secretaria de Segurança do Distrito Federal, é o veto à entrada de caminhões e carros na Esplanada dos Ministérios. A medida foi tomada por causa de ameaças de invasão da Corte por carretas nas manifestações do 7 de setembro do ano passado – o que não ocorreu.

Bloqueios de concreto e com grandes veículos da polícia já começarão a ser montados na segunda-feira (5), para evitar surpresas, como em 2021, quando os caminhões começaram a chegar ao local dos atos no dia 6, o que não era esperado. Naquela ocasião, agentes de segurança disfarçados que estavam à paisana relataram perigo de invasão e até de implosão do edifício principal do STF na madrugada do dia 7, quando havia poucos policiais na área. A tensão durou até o dia 8, quando vários veículos e manifestantes ainda ocupavam a Esplanada.

O cenário preocupou o presidente do STF, Luiz Fux, que buscou uma preparação maior junto a outros órgãos de segurança locais e federais para 2022. O esquema de segurança começou a ser tratado há seis meses com as polícias militar e civil, corpo de bombeiros, polícias legislativas do Senado e da Câmara, Polícia Rodoviária Federal, Departamento de Estradas e Rodagem (DER), Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e Gabinete de Segurança Institucional (GSI), ligado à Presidência da República.

Só para a proteção à sede da Corte, na Praça dos Três Poderes, haverá aumento de 70% no efetivo de policiais judiciais – agentes de segurança do próprio STF – que atuam dentro e ao redor dos edifícios. O número de agentes não será divulgado, mas para chegar atingir esse patamar, foram convocados também homens armados que fazem a segurança de outros tribunais superiores de Brasília e de São Paulo, por exemplo.

Todos eles terão à disposição armamento de fogo (como pistolas, carabinas e fuzis) a armas não letais (aparelhos de eletrochoque, os “tasers”; gás de pimenta e lacrimogêneo). A orientação, de qualquer modo, é para uso “seletivo e proporcional da força”. Como são policiais, eles podem prender, abrir fogo e confrontar fisicamente qualquer invasor ou agressor, desde que nas dependências ou no entorno do STF.

Haverá também seguranças pessoais com cada ministro da Corte, que não terão agendas e localização informada antes, durante e depois das manifestações. Policiais da área de inteligência monitoram redes sociais e já coletaram nomes de hóspedes junto à rede hoteleira da área central de Brasília. Com base nessas informações, a expectativa é que haja uma multidão mais ou menos próxima da que foi vista na Esplanada dos Ministérios em 2021.

Ministros do STF esperam clima menos hostil do que em 2021

Mas, se por um lado, o aparato de segurança do STF neste ano seja maior, a expectativa entre os ministros é que as manifestações de 2022 sejam menos hostis ao Supremo. Muitos consideram que o presidente e seus apoiadores estarão mais focados na disputa eleitoral do que no conflito institucional. A aposta é de que o tom será de oposição à volta ao poder do PT e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e menos de confronto com ministros do STF.

Ao contrário de 2021, não há no histórico recente da Corte julgamentos ou medidas que bateram de frente com políticas do governo, como ocorreu no combate à pandemia de Covid-19, por exemplo. Por outro lado, ministros também estão atentos à possibilidade de protestos contra decisões do ministro Alexandre de Moraes consideradas abusivas, especialmente a que, em agosto, determinou buscas, quebra de sigilo e bloqueio de contas e redes sociais de oito empresários apoiadores de Bolsonaro – em mensagens privadas de WhatsApp, alguns diziam preferir um golpe a um governo do PT.

Em conversas privadas, os ministros sabem que, pelo comportamento imprevisível, Bolsonaro pode voltar a criticar duramente o STF por causa disso. Mas eles perceberam, nas últimas semanas, que o presidente baixou o tom.

Questionado na última quarta-feira (31) por jornalistas sobre o que espera das manifestações, Fux disse que “vai ser tranquilo”. A interlocutores próximos adotou a mesma linha, de que “não vai acontecer nada”. Parte dessa previsão vem do fato de que não está programado um discurso de Bolsonaro em Brasília, onde o principal evento do dia é o tradicional desfile cívico-militar, no início da manhã, em comemoração ao Dia da Independência. Fux foi convidado para o ato, mas ficou de responder no início da semana se vai ou não comparecer.

TSE também reforça a segurança

Já no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), alvo frequente de críticas de Bolsonaro e apoiadores, a segurança também foi reforçada. Mas a situação da Corte eleitoral é considerada menos crítica do que a do STF. O efetivo de policiais será maior que no ano passado e a área de inteligência considera que não há risco de ataques ao edifício e às instalações – toda a estrutura de equipamentos para totalização dos votos fica no prédio anexo ao prédio principal, onde estão os plenários, salas administrativas e gabinetes.

Assim como no STF, entre servidores e ministros, a expectativa é que o foco das manifestações seja a disputa eleitoral e não a atuação da Justiça Eleitoral.

Quanto à possibilidade de uso eleitoral do evento oficial de comemoração do Bicentenário da Independência, ou de estrutura do governo, não há uma atuação preventiva. Em caso de ocorrência de qualquer irregularidade nesse sentido, caberá aos partidos ou Ministério Público apresentar ações que apontem os problemas e provem, de modo que os ministros do TSE possam julgar e definir uma punição proporcional.

FONTE: Gazeta do Povo https://www.gazetadopovo.com.br/republica/stf-reforca-seguranca-para-o-7-de-setembro-mas-ministros-preveem-clima-mais-ameno/?#success=true

Liz Truss é eleita nova premiê do Reino Unido

Liz Truss é eleita premiê do Reino Unido, após votação de 200 mil membros do Partido Conservador.| Foto: Tolga Akmen/EFE/EPA

Liz Truss, ministra das Relações Exteriores, foi eleita premiê do Reino Unido, após convocação para votação de 200 mil membros do Partido Conservador. Truss teve 81.326 votos, contra 60.399 de Rishi Sunak. Ela será a terceira mulher chefe de governo do país, seguindo Margaret Thatcher e Theresa May.

O anúncio foi feito perto de 12h30 (horário local) desta segunda-feira (5), pondo fim a um processo de dois meses para a escolha do sucessor de Boris Johnson, que se demitiu em julho.

Johnson viajará para a Escócia para se encontrar com a rainha Elizabeth na terça-feira (6) para apresentar oficialmente sua renúncia.

“Obrigada por depositarem a confiança em mim para liderar este partido”, declarou Truss aos membros do partido presentes na hora do anúncio.

Aos 47 anos, Liz Truss prometeu agir rapidamente para enfrentar a crise econômica britânica, dizendo que dentro de uma semana ela apresentará um plano para enfrentar o aumento das contas de energia e garantir o abastecimento futuro de combustível.

Truss foi militante de esquerda e chegou a defender o fim da monarquia, mas depois migrou para o conservadorismo. Trabalhou como contadora na Shell e na empresa de telecomunicações Cable & Wireless.

Casada e mãe de duas filhas, Truss foi eleita pela primeira vez para o Parlamento britânico em 2010, mas quase perdeu o apoio no seu distrito eleitoral dois anos depois devido à revelação de um caso extraconjugal com o parlamentar conservador Mark Field.

Truss se manteve no cargo e no mesmo ano entrou para o Executivo, onde exerceu cargos nas áreas de Educação, Meio Ambiente e Agricultura, Justiça, Economia, políticas para a mulher e Relações Exteriores – é ministra desta pasta desde setembro do ano passado.

Ao contrário de Sunak, que foi apoiador do Brexit desde o primeiro momento, Truss defendeu que o Reino Unido permanecesse na União Europeia, mas após o referendo em que a população britânica optou pela saída do bloco, mudou de opinião.

FONTE: Gazeta do Povo https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/liz-truss-e-a-nova-premie-do-reino-unido/

Crianças viciadas, adolescentes doentes e suspeitas de espionagem: os perigos do TikTok

A maior rede social do mundo é um problema para pais, educadores, profissionais de saúde e lideranças políticas| Foto: BigStock Photo

Uma sucessão infinita de vídeos curtíssimos, ágeis e barulhentos como os ponteiros do relógio: assim é o TikTok. Lançado em 2016 pela empresa chinesa ByteDance, a rede social levou apenas dois anos para se tornar o aplicativo mais baixado do mundo, superada apenas pelo Zoom no final de 2020. Só no primeiro trimestre deste ano, o TikTok alcançou a marca de 175 milhões de downloads, de acordo com o relatório do Sensor Tower – consultoria internacional especializada em métricas digitais – divulgado no último mês de abril. Ao todo, estima-se que o aplicativo já tenha sido baixado cerca de 3,5 bilhões de vezes, contando com um bilhão de usuários ativos por mês. É, atualmente, a quarta maior rede social do mundo (perdendo apenas para o Facebook, o Instagram e o YouTube) e representa um desafio sem precedentes a ser encarado por pais, educadores, profissionais de saúde e lideranças políticas.

Enquanto as famosas “dancinhas”, memes e dublagens rendem milhões de visualizações (e renda) extra para perfis familiares ao grande público – Anitta, Whindersson Nunes, Luiza Sonza, entre outros – ou egressos da própria rede, a adesão quase instantânea e maciça de toda uma geração ao novo fenômeno digital acendeu um alerta vermelho entre pesquisadores atentos aos comportamentos comuns aos jovens usuários da plataforma. Não é de hoje que se alerta para os malefícios causados pelo acesso indiscriminado a telas e, sobretudo, pelo uso compulsivo das redes sociais por parte de internautas ainda em fase de desenvolvimento. Estudos recentes apontam, contudo, que o TikTok está levando o vício em tecnologia – e todos os seus males correlatos – ao “estado da arte”.

Em abril deste ano, uma reportagem do The Wall Street Journal repercutiu internacionalmente ao afirmar que a rede social chinesa funciona como “uma loja de doces” para o cérebro infantil. Em entrevista à publicação, o pesquisador James Williams, da Universidade de Oxford, destrinchou as origens do sintoma mais frequentemente relatado por quem convive com a “geração TikTok”: uma completa incapacidade de prestar atenção e, sobretudo, de saber a hora de “deslogar”. “É como se tivéssemos criado nossos filhos em uma loja de doces e depois lhes disséssemos para ignorar aquilo tudo e comer um prato de legumes. Colocamos um fluxo interminável de prazeres imediatos sem precedentes na história humana à disposição das crianças”, afirma o psicólogo.

Nem mesmo em sua terra natal, onde conta com uma versão local, o aplicativo escapa às preocupações dos pesquisadores: no ano passado, um estudo examinou como o Douyin, o equivalente chinês do TikTok, está afetando o cérebro dos estudantes universitários do país. “Embora as recomendações específicas do aplicativo possam satisfazer as necessidades dos usuários de obter as informações pretendidas, alguns podem desenvolver um padrão de uso problemático manifestado por comportamentos indesejados semelhantes ao vício”, descreve o resumo da publicação.

“Descobrimos que mais sintomas indesejados estavam relacionados à menor capacidade de autocontrole entre adultos jovens, e cerca de 5,9% dos usuários do TikTok podem ter um uso problemático significativo”. Em outras palavras, descobriu-se que a exposição constante a vídeos curtos e personalizados aciona as áreas de recompensa do cérebro de modo tão intenso que alguns dos participantes, ainda que maiores de idade, careciam de autocontrole suficiente para parar de assistir. Quão poderosos serão estes efeitos no cérebro de uma criança?

Distorção da realidade

Em teoria, a idade mínima para se ter uma conta no TikTok, de acordo com os termos e condições da plataforma, é de 13 anos — para estes casos, a plataforma conta também com uma ferramenta de controle parental. Na prática, contudo, milhões de usuários mirins escapam às medidas de proteção do aplicativo, de modo que internautas cada vez mais jovens seguem à solta pela rede, regida por um algoritmo capaz de identificar com precisão as preferências de quem está em frente à tela.

Para o desenvolvimento infantil, a mera presença constante do monitor pode ser nociva em si mesma: desde 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que crianças não tenham qualquer acesso às telas pelo menos até os dois anos, e que a inserção destes dispositivos em seu cotidiano seja feita de forma lenta e gradual, sempre acompanhada pelos pais. Em contrapartida, a epidemia de acesso precoce aos smartphones e tablets já rende seus primeiros frutos: no final de 2020, o neurocientista Michel Desmurget, do Instituto Nacional Francês de Saúde e Pesquisa Médica, chamou a atenção do mundo para o fato de que esta geração, a dos nativos digitais, pode ser a primeira da história com um QI inferior ao de seus pais e avós.

“Diminuição da qualidade e quantidade das interações intrafamiliares, diminuição do tempo dedicado a outras atividades mais enriquecedoras, perturbação do sono, superestimulação da atenção, levando a distúrbios de concentração, aprendizagem e impulsividade, subestimulação intelectual e o sedentarismo excessivo que, além do desenvolvimento corporal, influencia a maturação cerebral”, são apenas alguns dos malefícios elencados pelo pesquisador, com relação ao uso prematuro e constante de telas.

Pela própria natureza de seu conteúdo, entretanto, o Tik Tok apresenta um problema extra: a sensação de distorção temporal catalisada pela velocidade de transição dos vídeos que, conforme a descrição de Willians, funcionam como uma eletrizante loja de doces.

“A distorção da noção de tempo é um dos grandes problemas que enfrentamos atualmente. Experimentamos a sensação de que o tempo voa, ainda que ele nunca se esgote enquanto estamos presos às redes. Ocorre que o tempo é um orientador psíquico da realidade, cuja percepção as crianças desenvolvem conforme amadurecem”, explica o psicólogo Rodrigo de Mello, doutor em psicologia clínica pela Universidade Católica de Pernambuco.

“Um adulto entende que a vida se dá em um processo, em uma sequência de atos e fatos circunscrita em um espaço temporal. Viver compulsivamente preso no que acontece no presente provoca um descolamento da realidade. Imagine o impacto disso para uma criança que, em um minuto, é exposta a quatro estímulos diferentes de prazer. Dificilmente essa criança conseguirá desenvolver a sensação de continuidade, de que existe um tempo para tudo”, avalia o especialista.

Outro problema que não se restringe ao Tik Tok, mas que é potencializado pelo frenesi de imagens e sons ofertados aos usuários em um curto espaço de tempo, é a exposição dos pequenos a conteúdos inadequados à sua faixa etária. “Quando digo que a esmagadora maioria dos conteúdos que circulam pelo TikTok são impróprios para crianças, é preciso ter em mente que a ideia de ‘impróprio’ vai muito além das cenas de sexo, drogas e violência. A infância não é uma experiência genérica, cada criança tem seu tempo maturacional”, reforça Mello.

Em resposta à Gazeta do Povo, o TikTok declarou estar “profundamente comprometidos com a segurança e o bem-estar de nossa comunidade, principalmente dos nossos usuários mais jovens, e é por isso que incorporamos a segurança deles em nossas políticas, permitimos configurações de privacidade e segurança por padrão em contas de adolescentes, e limitamos as características por idade.”

“Tiques” inexplicáveis

Há, ainda, os riscos específicos para o público que enfrenta a complexa transição da infância para a vida adulta. Coordenador do Grupo de Dependências Tecnológicas do Instituto de Psiquiatria da USP, o psicólogo Cristiano Nabuco explica que o cérebro adolescente permanece suscetível aos estímulos incessantes do TikTok, uma vez que as áreas relacionadas aos impulsos estão especialmente estimuladas nesta fase, enquanto o córtex pré-frontal — a região responsável pelo raciocínio lógico e pelo autocontrole — ainda não está perfeitamente formado, o que só ocorre por volta dos 25 anos. Entretanto, 60% do público da plataforma está entre os 16 e os 24.

“É como um carro que acelera com rapidez, mas os freios ainda não estão bem calibrados. Espera-se que um adulto tenha envergadura biológica para decidir o que fazer diante de um estímulo prazeroso. O adolescente, mesmo que saiba que faz mal, não tem força para parar”, explica o especialista. Por esta razão, a medida anunciada pela plataforma de inserir vídeos incentivando que os usuários se desconectem de vez em quando pode passar batida.

É possível, ainda, que o uso excessivo do TikTok nesta faixa etária esteja relacionado a um fenômeno reportado pelo The Wall Street Journal: o surgimento de uma onda de “tiques” inexplicáveis. “Desde março de 2020, meninas de todo o país e até de outras partes do mundo começaram a aparecer em consultórios acompanhadas por pais preocupados. Elas realizavam movimentos físicos, diziam palavras e reproduziam gestos que não conseguiam controlar. Tentando entender o que estava acontecendo, os médicos descobriram que muitas destas garotas apresentavam os mesmos padrões de comportamento, e que andavam assistindo o mesmo tipo de vídeos do TikTok com pessoas que dizem ser portadoras da Síndrome de Tourette”, escreve a colunista de Família e Tecnologia do WSJ, Julie Jargon.

“Muitas dessas garotas foram diagnosticadas com o que se entende por distúrbio neurológico funcional. Considerando que a Síndrome de Tourette é derivada de um distúrbio do sistema nervoso subjacente, essas pacientes foram encaminhadas para a terapia cognitivo-comportamental, uma espécie de terapia da fala na qual os pacientes essencialmente aprendem a controlar seus pensamentos e desaprender determinados comportamentos”.

Segundo a reportagem, o TikTok afirmou ter consultado “vários especialistas que alertaram que correlação não significa causalidade quando se trata de meninas desenvolvendo esses tiques e assistindo a vídeos em sua plataforma”. A empresa também entende que “seu aplicativo oferece uma maneira de as pessoas se expressarem e combaterem o estigma da saúde mental”.

Acusações de espionagem e roubo de dados

Desde que alcançou o topo dos rankings de downloads internacionais, o Tik Tok vive enredado em acusações de espionagem e roubo de dados para o governo chinês. Em 2020, o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que o aplicativo seria banido do país, medida que acabou revogada pelo presidente Joe Biden em 2021.

No último mês de junho, contudo, uma reportagem publicada pelo portal BuzzFeed News a respeito de áudios vazados de dezenas de reuniões internas do TikTok apontou que dados privados de usuários nos Estados Unidos foram acessados repetidamente por funcionários na China. Por causa da matéria, o comissário Brendan Carr, membro da Comissão Federal de Comunicação (Federal Communications Commission, em inglês – trata-se do equivalente americano ao Ministério das Comunicações, responsável pelos serviços de televisão e rádio no país), divulgou uma carta aberta destinada ao presidente-executivo da Apple, Tim Cook, e ao presidente-executivo do Google, Sundar Pinchai, solicitando a exclusão do TikTok de suas lojas de aplicativos porque, segundo ele, o aplicativo estaria coletando “faixas de dados confidenciais que novos relatórios mostram que estão sendo acessados em Pequim”.

Carr alega que entre os dados coletados de cada usuário estão o histórico de pesquisa e navegação, rascunhos de mensagens, imagens e vídeos armazenados na área de transferência do usuário, identificação biométrica, entre outras informações que não deveriam ser compartilhadas. Some-se a isto a acusação recente de parlamentares do Partido Republicano de que o aplicativo poderia ser utilizado para interferir nas eleições chinesas.

Em resposta, o TikTok afirma que reportagens “recentes da BuzzFeed mostram que o TikTok está fazendo exatamente o que disse que faria: tratando das preocupações em relação ao acesso aos dados de usuários dos EUA por funcionários fora dos EUA. Estamos satisfeitos por agora encaminhar 100% do tráfego de usuários dos EUA para Oracle Cloud Infrastructure, e continuamos a trabalhar em medidas adicionais de proteção dos dados dos EUA para maior tranquilidade para nossa comunidade”.

Quer as acusações de espionagem e roubo de dados se confirmem ou não, é inegável que pais e educadores da era do TikTok têm um desafio de grandes proporções a enfrentar, a despeito das “medidas de segurança” anunciadas pela plataforma.

“Diante das experiências em consultório, não posso deixar de fazer uma ilação: até que ponto existe um compromisso por parte de todos esses aplicativos de zelar pela proteção da infância e da adolescência, para além destas medidas pro-forma?”, questiona o psicólogo Rodrigo Mello. Para Nabuco, os ajustes da plataforma são uma “resposta politicamente correta” longe de atender à necessidade urgente de toda uma geração: o desenvolvimento de uma tecnologia voltada para o bem comum. Ao que tudo indica, não é o caso do TikTok.

FONTE: Gazeta do Povo https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/criancas-viciadas-adolescentes-doentes-e-suspeitas-de-espionagem-os-perigos-do-tiktok/

Boric prepara reforma ministerial após derrota em plebiscito

O presidente chileno, Gabriel Boric, quando convocou o referendo dia dia 4 de setembro.| Foto: Alberto Valdés/EFE

O presidente do ChileGabriel Boric, sinalizou no domingo (5) que fará uma reforma ministerial nos próximos dias após os cidadãos do país rejeitarem em plebiscito a proposta de uma nova Constituição que era defendida pelo governo.

“Fazer frente a esses importantes e urgentes desafios exigirá ajustes rápidos em nossas equipes governamentais”, disse Boric em discurso transmitido em cadeia nacional de televisão logo após o anúncio do resultado da consulta popular.

A possibilidade de uma mudança no governo estava em discussão há algumas semanas, enquanto as pesquisas de intenção de voto já apontavam que o “rechaço” à proposta de Carta Magna ganharia o plebiscito.

Empossado em março, o governo Boric começou a dar alguns tropeços já nos primeiros dias, especialmente a ministra do Interior, Izkia Siches.

O próprio Boric afirmou durante uma reunião do Conselho de Ministros, um mês depois de tomar posse, que o governo havia “decolado com turbulência”.

Siches, primeira mulher à frente da poderosa pasta, foi um dos maiores ativos de Boric durante a campanha eleitoral, mas para muitos analistas políticos chilenos ela acabou se tornando um de seus maiores passivos, especialmente depois de sua viagem conturbada à região da Araucanía – onde há um longo conflito entre o Estado chileno e povos mapuche – e de acusar o governo anterior de realizar deportações irregulares, uma declaração pela qual posteriormente se desculpou.

O ministro da Secretaria Geral da Presidência (Segpres) e braço direito de Boric, Giorgio Jackson, é outro nome que tem sido criticado – tanto pela oposição como pela ala moderada da base governista – por sua gestão do relacionamento entre o Executivo e o Legislativo.

Outro foco foi o agravamento do conflito com os mapuche, uma das questões mais complexas com as quais Boric tem que lidar e que na semana passada rendeu a primeira baixa em seu gabinete ministerial.

Então titular da pasta de Desenvolvimento Social, Jeannette Vega renunciou um dia após a prisão do líder radical mapuche Héctor Llaitul, depois que uma de suas assessoras entrou em contato com ele em maio.

FONTE: Gazeta do Povo https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/boric-prepara-reforma-ministerial-apos-derrota-em-plebiscito/

Por que a “safrinha” brasileira não para de crescer e bater recordes

| Foto: Albari Rosa / Arquivo Gazeta do Povo

Quem vê a colheita de milho brasileira deste ano ganhar repercussão internacional pelo recorde histórico, pode ficar se perguntando: “Por que raios chamam de safrinha uma produção de 87 milhões de toneladas?”

Originalmente, o apelido safrinha fazia sentido devido às qualidades diminutas do ciclo de outono-inverno: tinha baixa produtividade, ocupava áreas menores/marginais e recebia pouca atenção e investimento tecnológico por parte dos agricultores.

Até 1990, o cultivo de milho da safra principal (verão) respondia por 95,7% do total. Hoje, o jogo virou. É a safrinha que concentra 70% do volume de milho produzido no País, devendo alcançar neste ano um recorde histórico de quase 90 milhões de toneladas, 3,5 vezes mais do que o grão de primeira safra (24,9 milhões de toneladas). Para efeito comparativo, a safrinha corresponde a uma vez e meia toda a produção de milho da Argentina.

Tecnicamente, não é possível plantar o milho segunda safra em 100% da área de soja, principalmente por questões climáticas, como risco de geada no Sul e interrupção das chuvas do Sudeste para cima. Neste ano, a safrinha ocupou 16,5 milhões de hectares no Brasil. Em 2031, segundo o Ministério da Agricultura, poderá chegar a 24,4 milhões de hectares. “Demanda firme e preço atraente são os principais fatores de estímulo à ampliação da área plantada. Outros grandes produtores de milho (EUA, China, Argentina, Ucrânia) têm pouco espaço para expandir, por isso, a tendência é de que o aumento do consumo mundial de milho seja atendido, em boa medida, pelo aumento da produção no Brasil”, avalia Daniele Siqueira, analista do mercado de grãos da consultoria AgRural.

Safrinha deve muito ao plantio direto

Em três décadas, a produção de milho no Brasil aumentou 359%. Menos por aumento da área plantada (de 12,1 milhões de hectares para 18,5 milhões) do que pelo incremento de produtividade, que saiu de 1.841 kg/ha em 1990 para 5.520 kg/ha em 2020. Muito se deve ao cultivo pelo sistema de plantio direto, que economiza tempo na preparação do solo, aliado a avanços na genética e biotecnologia, melhorias nos tratos culturais e no controle de pragas e doenças.

O milho encontra uma demanda cada vez mais aquecida, seja para ração animal, seja para consumo humano e, mais recentemente, para produção de etanol. “Ano a ano tem crescido o consumo doméstico de milho e a gente já não vê aquela pressão de preço tão forte da entrada da safrinha no mercado. No Mato Grosso tem havido crescimento importante da capacidade de produção das usinas de etanol que estão sendo instaladas lá. Isso aumenta o consumo do milho mais próximo à produção. Claro que o Mato Grosso ainda produz muito mais milho do que consome, é o principal exportador, mas uma parte maior desse milho acaba ficando no estado para ser processado em etanol”, aponta Ana Luiza Lodi, especialista de grãos da FCStone.

Um dos grandes trunfos do milho é fazer bem à soja, cultura que mais rende divisas ao País e lucro aos produtores. O milho areja o solo, permite maior infiltração da água, favorece a ação de microrganismos benéficos e ajuda a quebrar o ciclo de pragas e plantas daninhas à soja.

Soja e milho mantêm relação de simbiose

Por outro lado, se é fato que a soja expulsou boa parte do milho do cultivo no verão, não se pode negar que nos últimos anos ela tem ajudado a resgatar o cereal. Variedades precoces permitem que a soja seja semeada quase 50 dias antes, em comparação à época de plantio de 30 anos atrás. Isso alargou a janela no calendário para o milho safrinha. Quanto mais cedo ele for semeado, menores as chances de quebra por problemas climáticos.

Por mais que haja esforço dos produtores e da pesquisa, no último ciclo de verão, por exemplo, quase nenhum cultivar precoce de soja fechou o ciclo dentro do período previsto, segundo o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, em Sete Lagoas (MG), Emerson Borghi. Simplesmente porque janeiro acabou sendo um mês muito chuvoso, estreitando a já apertada janela para o milho safrinha. Em algumas regiões do país, como Tocantins, sul do Mato Grosso, sudoeste de Goiás e Oeste do Paraná, a semeadura do milho safrinha tem que ser resolvida em apenas dez a quinze dias.

Sistema Antecipe põe milho e soja juntos, no mesmo campo

Uma forma inédita de alargar essa janela no calendário foi desenvolvida pela Embrapa e já está sendo aplicada comercialmente em fazendas espalhadas pelo país. O milho é semeado três semanas antes da colheita da soja, no espaço entrelinhas, e as duas plantas convivem juntas nesse período. O sistema foi batizado de Antecipe. Quando o maquinário faz a colheita da soja, os pés de milho também são cortados na superfície, mas num estágio em que o crescimento da planta se concentra nas raízes. A planta rebrota e consegue atingir 90% do potencial da lavoura plantada dentro da janela adequada.

“Quando o plantio é tardio (fora da janela), o produtor colhe de 60 a 70 sacos por hectare. O Antecipe pega essa produtividade e eleva para 90 sacos por hectare. A cada dia de plantio antecipado, conseguimos aumentar a produtividade em 1,5 saco por hectare. Do Paraná até Roraima, tem área com Antecipe rodando. E todos os resultados estão chegando nessa média”, diz Borghi, que integra a equipe de pesquisa.

A operação de passar com o maquinário em cima do milho e, mais do que isso, de cortar a planta em seu estágio inicial, ainda assusta muitos produtores. “Quando ele ouve pela primeira vez, tem esse primeiro impacto. Todo produtor já teve uma experiência na propriedade em que uma chuva de granizo reduziu a área foliar, mas depois o milho voltou a crescer. Quando a gente explica a ciência e a prática agronômica por trás disso, fica mais fácil de entender”, completa o engenheiro-agrônomo.

Colheita de soja em lavoura na qual o milho já foi plantado em consórcio| Divulgação / Embrapa Milho e Sorgo

Sistema Antecipe é inovação com DNA brasileiro

O sistema Antecipe acrescenta 20 dias na antecipação do plantio, o que pode ser chave para levar o milho safrinha para regiões até agora não alcançadas devido ao zoneamento climático, como o Oeste da Bahia. Lá, o problema é a interrupção das chuvas. Já em Guarapuava, no Paraná, o fator impeditivo é a geada. “Estamos trabalhando com o Antecipe nas duas regiões. É uma tecnologia disruptiva. Por mais que você tenha cultivares precoces e maquinário, o clima ainda é o grande diferencial. O Antecipe pega o milho que está fora do calendário e traz para dentro do calendário ideal daquela região. Hoje, não tem mais ninguém no mundo que faz esse plantio de milho na entrelinha da soja”, assegura Borghi.

A Embrapa, contudo, não revela o potencial de elevação da produção da safrinha brasileira com a adoção do sistema, por ser considerada uma informação estratégica. Atualmente, a segunda safra de milho ocupa cerca de 45% da área plantada com soja na safra de verão. Margem, como se vê, não falta para fazer da safrinha, cada vez mais, uma “safrona”.

FONTE: Gazeta do Povo https://www.gazetadopovo.com.br/agronegocio/por-que-a-safrinha-brasileira-nao-para-de-crescer-e-bater-recordes/

Enquanto se instaura o Estado policial, a sociedade dorme

Detalhe de estátua da Justiça diante do prédio do STF.| Foto: Fellipe Sampaio/SCO/STF

Já se vão quase duas semanas desde que o Supremo Tribunal Federal, na figura do ministro Alexandre de Moraes, rompeu mais uma barreira em seu assalto às liberdades e garantias individuais ao ordenar uma série de medidas cautelares contra empresários, devido a conversas privadas entre eles em um grupo de WhatsApp. O fim do sigilo sobre os documentos relativos a essa operação apenas escancarou o que já se intuía: a ausência completa de base legal para medidas como busca e apreensão de celulares, quebra de sigilos bancário e telemático, suspensão de contas em mídias sociais e até o bloqueio de contas bancárias. Trata-se de um absurdo tão grande que deveria ser assunto comentado dia e noite, tanto ou mais que as eleições que se aproximam – e a Gazeta do Povo quer deixar clara a importância deste episódio ao reservar uma seção especial de sua home page à cobertura do caso, além de textos de opinião e análise. Mas isso não basta: é preciso que a sociedade manifeste sua profunda indignação, pois, mesmo na hipótese de Moraes estar convicto de que seus atos são necessários para defender a democracia, eles estão resultando em autoritarismo e desprezo pela lei.

No entanto, não é o que acontece. Com algumas honrosas exceções, as entidades da sociedade civil organizada e do setor produtivo, veículos de imprensa e formadores de opinião têm, na “menos pior” das hipóteses, silenciado sobre todo o episódio; e, na pior das hipóteses, têm endossado, até com certo entusiasmo, a perseguição aos oito empresários. Para justificar a omissão ou o apoio, usam argumentos os mais diversos e invocam até mesmo a necessidade de uma ação “preventiva”, baseando-se em suposições sobre os atos marcados para o próximo dia 7 de setembro – algo que a lei brasileira nem de longe permite, já que medidas de caráter preventivo só são admitidas em situações muito restritas. E, no caso dos empresários, não há nada nas conversas divulgadas que permita considerar a existência do fumus boni juris (a “fumaça do bom direito”), nem do periculum in mora (o “perigo na demora”), as duas condições que justificariam medidas cautelares.

Ninguém realmente comprometido com a defesa dos valores democráticos pode tolerar que o Judiciário atue contra cidadãos brasileiros por causa de opiniões legítimas, sejam boas ou ruins, nem pela simples especulação a respeito de se poder realizar determinadas ações

Há explicação para tamanha apatia? É possível que, em alguns casos, estejamos diante de um exacerbado formalismo, segundo o qual os atos do Supremo não poderiam ser arbitrários porque estariam seguindo todos os trâmites e formalidades legais. E mesmo isso já é bastante controverso, dada a natureza dos inquéritos das fake news, dos “atos antidemocráticos” e das “milícias digitais”, com toda a aglomeração dos papéis de vítima, investigador, acusador e julgador na mesma figura, ou com o desprezo total pelo princípio do juiz natural, já que vários dos alvos desses inquéritos, incluindo os oito empresários, não têm prerrogativa de foro. Também o Supremo está sujeito à lei, e é possível ao Judiciário ser antidemocrático sem recorrer à força bruta, tanto quanto o Executivo ou o Legislativo poderiam sê-lo.

Mas há outra hipótese, bem mais plausível no cenário atual: a profunda aversão (justificada ou não, pouco importa) de vários setores da sociedade civil e da imprensa ao presidente Jair Bolsonaro. O fato é que os alvos dos inquéritos no Supremo têm sido quase que em sua totalidade apoiadores ou aliados do presidente da República. E, como esses adversários de Bolsonaro estão convictos de que o presidente tem pendores golpistas que serão concretizados a qualquer momento, tudo que seja feito contra ele e contra os bolsonaristas seria uma reação legítima contra aquele que é considerado por essas pessoas o único ator verdadeiramente antidemocrático da vida política nacional.

Tanto o formalismo quanto a seletividade, no entanto, revelam “democratas pela metade”. Ou estamos falando de pessoas que efetivamente não compreendem o alcance do império da lei e o valor dos direitos e garantias constitucionais, que também o Supremo Tribunal Federal tem de respeitar; ou, pior ainda, estamos diante de quem está disposto a relativizar voluntariamente tais direitos e garantias em nome de uma guerra política na qual o inimigo precisa ser aniquilado a qualquer preço. Isso não é defesa da democracia: é pavimentar o caminho para a sua destruição.

Ninguém realmente comprometido com a defesa dos valores democráticos pode tolerar que o Judiciário atue contra cidadãos brasileiros por causa de opiniões legítimas, sejam boas ou ruins, nem pela simples especulação a respeito de se poder realizar determinadas ações. Entidades que um dia já foram referência na defesa da democracia, veículos e formadores de opinião que se destacaram na luta pelo fim do arbítrio no passado, e que demonstram uma vigilância ativa para qualquer ato ou palavra do presidente da República, estão vivendo um “sono da razão” quando se trata do Supremo. E este sono “produz monstros”, para usar a expressão da célebre gravura de Francisco de Goya. É preciso acordar rapidamente para o que Alexandre de Moraes e o STF estão fazendo com a democracia brasileira. Ainda que estejam sinceramente empenhados em protegê-la, suas ações estão objetivamente instituindo um Estado policial que persegue e pune opiniões, que nega o direito à ampla defesa, que viola o devido processo legal, que recorre ao sigilo para que a sociedade não possa ver o tamanho do arbítrio e da ilegalidade.

FONTE: Gazeta do Povo https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/stf-empresarios-sociedade-civil-imprensa/

Entrevista Murilo Varasquim, advogado de Luciano Hang

Estado Democrático de Direito ruiu na operação de perseguição a empresários

Estado Democrático de Direito ameaçado era a tese dos signatários daquela cartinha “pela democracia”, elaborada por professores de Direito da USP e divulgada em 11 de agosto, dia do advogado.

Estranhamente, os advogados que elaboraram a carta com o suposto intuito de alertar a sociedade para uma possível futura ruptura institucional após as eleições, estão calados diante dos absurdos que o Brasil vive agora.

Por sorte ainda há advogados dispostos a denunciar ataques reais, e não imaginários, ao Estado Democrático de Direito. Na manhã desta quinta-feira (1), conversei com um deles.

Murilo Varasquim, faz parte da equipe jurídica que defende o empresário Luciano Hang tanto das acusações atuais, de planejar um suposto “golpe contra a democracia”, quanto das antigas, de produzir “fake news”.

Falsas acusações

Hang foi um dos oito empresários surpreendidos na última terça (28) pela “visita” de policiais federais, a mando do ministro do STF Alexandre de Moraes para uma operação de busca e apreensão. Como num conto ficcional, queriam achar provas de um crime que sequer aconteceu.

Não preciso me repetir, porque o noticiário é farto. O Brasil inteiro ficou boquiaberto com a notícia de que empresários, que tiveram uma conversa de WhatsApp vazada para um jornalista futriqueiro, foram obrigados a entregar celulares para a polícia.

Alguns, como é o caso de Hang, tiveram contas bancárias e perfis de redes sociais bloqueados. Todos foram difamados no jornal por causa de uma troca de mensagens que continha a palavra “golpe”, mas o que diziam lá está muito claro. Jamais poderia ser interpretada como uma orquestração de golpe ou incitação a golpe.

A suposição, levantada pelo jornal, porém, foi esta a base do pedido de busca e apreensão na casa e em escritórios dos empresários. O suposto crime foi um deles ter dito, na conversa por aplicativo de mensagens, que preferia “viver sob golpe do que a volta do PT ao poder”.

Hang sequer comentou a mensagem. Fazia meses que nem mesmo interagia com o grupo. Aparentemente, virou alvo de busca e apreensão apenas porque estava entre os integrantes do grupo de WhatsApp e já constava como investigado no famigerado inquérito das Fake News.

Entrevista

Na entrevista, em vídeo, o advogado Murilo Varasquim faz revelações impressionantes, que não deixam dúvida quanto à ruptura do Estado Democrático de Direito.

Além da acusação sem sentido de possível orquestração de atentado contra a democracia, os empresários foram vítmas de invasão ilegal de privacidade e cerceamento da liberdade de expressão, com a censura das redes sociais.

Outra irregularidade foi o bloqueio de contas bancárias, sem haver sequer pedido por parte da polícia federal ou do Ministério Público para que isso ocorresse.

É aquela máxima jurídica: quando você olha muito tempo para o absimo, o abismo olha pra você; o que sgnifica dizer que, a partir do momento que eu adoto uma postura de defender o Estado Democrático de Direito a qualquer custo, eu passo a praticar atos de igual modo àqueles que querem destrui-lo.”

Murilo Varasquim, advogado de Luciano Hang

“Repito: há um respeito muito grande dos advogados e do Luciano Hang pela pessoa do ministro, mas nós não podemos concordar com a censura praticada sem nenhum resquício de legalidade para essa situação.”

“A polícia federal, conforme já noticiado pela imprensa, não solicitou o bloqueio das contas financeiras e tampouco das redes sociais dos empresários, ou seja, a decisão agiu, inclusive, sem um requerimento da própria autoridade policial. Nós entendemos que é uma ilegalidade que tem que ser contida.”

Assista à entrevista clicando no play da imagem que ilustra esta página. Depois registre suas impressões e deixe um comentário para acrescentar mais reflexões ao debate. Como você se sente diante de mais esta notícia de perseguição a pessoas que não cometeram crime algum e sequer têm foro privilegiado para serem investigadas e julgadas por ministros do STF?

FONTE: Gazeta do Povo https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/cristina-graeml/estado-democratico-de-direito-ruiu-na-operacao-de-perseguicao-a-empresarios/

Piso da enfermagem: um ministro do STF manda mais do que o Congresso todo

O ministro do STF Luís Roberto Barroso.| Foto: Divulgação/TSE.

O ministro Barroso a pedido de governadores suspendeu o piso da enfermagem, que foi decidido pelo Congresso Nacional. É uma coisa muito estranha que um Congresso Nacional, formado por representantes do povo – são 513 deputados e 81 senadores – eleitos pelo povo, tomam uma decisão. E aí um juiz do Supremo – eu nem chamaria de juiz, porque ele não é juiz de carreira -, sozinho, suspende isso. Algo que foi convertido em lei, foi sancionado pelo presidente da República, foi publicado no Diário Oficial. E suspende exatamente na época do pagamento. Eu imagino como o pessoal da enfermagem deve estar furioso, por que tinha festejado muito.

A alegação é a de que os hospitais e clínicas teriam que demitir porque não têm recurso pra isso. Alegação deles, afinal, hospital particular cobra bem, não é? E para sustentar hospital público podia tirar muita gente da burocracia. Mandar embora. Afinal, a informática que pode fazer de tudo.

Eu vi a chegada da informática em Brasília.  Na Esplanada dos Ministérios havia nove ou onze prédios e aí chegou a informática lá nos anos 80 e dizia-se que daqueles onze prédios seriam necessários apenas quatro, cairia por um terço. Não caiu, multiplicou por três e ainda construíram mais prédios e mais anexos dos prédios. Como é que pode? Eu pergunto isso porque a informática reduz a burocracia, mas inventaram mais coisas.

A lei de Parkinson, não sei se vocês já leram, é uma tese que diz que o trabalho aumenta na medida em que houver gente para fazer o trabalho. Então é o contrário. Tinha 25 pessoas fazendo um determinado trabalho, mas aí por razões políticas o governo precisou empregar mais 75. Virou 100. Então inventam mais trabalho. É mais um carimbo, mais uma via. É a burocracia crescendo. A ditadura da burocracia que funcionou tanto na União Soviética, chamada de nomenklatura.

Por razões burocráticas invadiram a casa de Sérgio Moro, por exemplo, porque o tamanho da letra com a qual foi escrito o nome do suplente estava menor do que a letra usada para escrever o nome do titular na chapa para o Senado, que é ele. Coisas incríveis da burocracia. E dá nisso: o pessoal que achou que teria um piso salarial na enfermagem, ainda não vai ter.

Dia da Amazônia

Nesta segunda-feira (5) é dia da Amazônia. Eu vi ONGs festejando: “ah, o dia dos índios, os originais da Amazônia! Os naturais”. Gente, já faz aí uns duzentos anos ou mais que a Amazônia não é só dos índios. É dos nordestinos que foram para lá colher borracha, dos brasileiros em geral que foram lá garimpar, dos que lá casaram e viraram caboclos. O amazônida hoje é uma mistura de etnias, de raças, como somos todos os brasileiros. Esse país é um grande caldeirão de raças que formou o brasileiro. Então vamos parar de preconceito contra os brasileiros, contra os caboclos, contra os nordestinos, contra os garimpeiros, contra os que estão plantando lá. Todos são amazônidas, todos são brasileiros, portanto, viva os amazônidas!

Eu estou assustadíssimo com o ensino brasileiro. Estão tratando de ideologia de gênero com crianças, metendo socialismo e marxismo na cabeça dos jovens, e estão esquecendo de dar conhecimento. Por que eu estou dizendo isso? Por que eu vi num programa, acho que foi no SBT, um programa chamado Show do Milhão. Fizeram uma pergunta que valia R$ 3 mil reais: como se chama a boca de um vulcão. Era só escolher: lava, cratera, chaminé ou núcleo. Ela não sabia. Aí pediu para uma universitária, estudante de engenharia ambiental, de Piracicaba, e ela respondeu chaminé.

Eu acho que conheci um vulcão, com tudo, lá pelos cinco anos de idade. Hoje, acho que meu neto vai saber isso aos dois. E a universitária não sabia que a resposta era cratera. Onde é que a gente vai parar com essa falta de conhecimento? Eu fico impressionado. E a responsabilidade dos professores? Gente, vocês não são agentes políticos. Sei de professores que se envergonham de ser chamados de professores. Querem ser chamados de pedagogos, educadores. Educador, não! Educador é pai e mãe.

Então é isso. De Brasília, Alexandre Garcia.

FONTE: Gazeta do Povo https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/alexandre-garcia/piso-da-enfermagem-um-ministro-do-stf-manda-mais-do-que-o-congresso-todo/

Capitão Wagner lidera disputa pelo governo do Ceará, mas rival subiu dois pontos

Ex-governador Camilo nem precisa fazer campanha: tem 65,2% para senador

Deputado Federal Capitão Wagner (Pros-CE). Foto: Luís Macedo/Câmara dos Deputados

O candidato do União Brasil ao governo do Ceará, Capitão Wagner, segue na liderança das intenções de voto, segundo levantamento realizado pelo Instituto Paraná Pesquisas.

No cenário espontâneo, quando o eleitor é convidado a citar o nome do candidato em quem pretende votar, Capitão Wagner está à frente, com 22,1%, enquanto seu principal rival, Roberto Cláudio (PDT), soma metade, 11,6%, empatado com Elmano de Freitas (PT), com 11,2%.

Nesse primeiro cenário, 48,2% estão indecisos e 5,6% prometem votar branco ou nulo.

De acordo com com o levantamento estimulado da pesquisa, quando o eleitor é confrontado com a lista de candidatos, Capitão Wagner soma 37,5% das intenções de voto dos cearenses.

Em segundo lugar está o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio (PDT), com 24,3%, e em terceiro Elmano de Freitas (PT), que soma 20,9%. Zé Batista tem 1,5% e os demais não chegam a 1%.

Em relação à pesquisa anterior, há um mês, Capitão Wagner caiu de 40,1% para os atuais 37,5% e Roberto Cláudio oscilou dois pontos para mais, na margem de erro, de 22,3% para 24,3%.

Na disputa para o Senado, o ex-governador Camilo Santana (PT) nem precisa fazer campanha: ele tem 65,2% das intenções de voto.

O Paraná Pesquisas entrevistou 1.540 eleitores de 60 municípios do Ceará entre os dias 31 de agosto e 4 de setembro e registrou a pesquisa na Justiça Eleitoral sob o nº CE-04136/2022.

Veja os números da pesquisa espontânea para governador:

Aqui, os números da pesquisa estimulada para governador:

FONTE: Diário do Poder https://diariodopoder.com.br/eleicoes-2022/capitao-wagner-lidera-disputa-pelo-governo-do-ceara-mas-rival-subiu-dois-pontos

Congresso terá sessão solene por 200 anos da Independência do Brasil

Em setembro de 1822, foi proclamada a Independência do Brasil, então colônia de Portugal

Foto: Leonardo Sá/Agência Senado

Há 200 anos, em setembro de 1822, foi proclamada a Independência do Brasil, então colônia de Portugal. Para comemorar o Bicentenário da Independência, uma sessão solene no Congresso Nacional reunirá os chefes de Estado do Brasil, de Portugal e de outras ex-colônias portuguesas, além de ex-presidentes do Brasil e dos presidentes do Congresso e da Câmara dos Deputados. A sessão está marcada para quinta-feira (8), às 10h.

A sessão será feita no Plenário da Câmara dos Deputados. Devem participar da mesa o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco; o presidente da República, Jair Bolsonaro; o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira; o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo; e o primeiro-secretário da Mesa do Congresso Nacional, deputado Luciano Bivar.

Além deles, devem estar presentes no plenário ex-presidentes da República e chefes de Estado estrangeiros. Já confirmaram presença as comitivas de Cabo Verde, Guiné Bissau e Moçambique. Todos, assim como o Brasil, são ex-colônias portuguesas, mas só tiveram a independência reconhecida um século e meio depois, na década de 1970.

Durante a sessão, o Hino Nacional será executado pela Banda Sinfônica do Corpo de Fuzileiros Navais. Também haverá uma apresentação do Hino da Independência pelo coral do Senado.

Responsável pela organização do evento, a diretora da Secretaria de Relações Públicas e Comunicação Organizacional, Ana Lucia Novelli, explicou que cerimônias como essa, com a recepção de chefes de Estado, têm protocolos a serem seguidos, como a presença dos Dragões da Independência e a subida da rampa com tapete vermelho.

— Do ponto de vista da área de Relações Públicas o maior desafio que tivemos na preparação do evento foi seguir e compatibilizar o nosso evento com as regras e normas de protocolo internacional. Trabalhamos em conjunto com o Itamaraty, mas também atuamos internamente — explicou.

Programação

A programação da sessão é extensa e começa antes, às 8h30, com a chegada dos militares que participarão da formação externa da cerimônia. Às 8h45, chegam ao Palácio do Congresso os presidentes do Senado e da Câmara. Logo em seguida, às 8h55, começam a chegar os chefes de Estado estrangeiros e os ex-presidentes do Brasil. Já estão confirmados os presidentes de Portugal, Marcelo Rebelo; de Cabo Verde, José Maria Neves; e de Guiné Bissau, Umaro El Mokhtar Sissoco. Também deve comparecer um representante do presidente de Moçambique, Filipe Nyusi.

Eles serão recebidos pelos presidentes do Congresso e da Câmara e, após um café-da-manhã de boas-vindas, participarão da abertura da exposição 200 Anos de Cidadania: O Povo e o Parlamento, também parte das comemorações do Bicentenário da Independência.

Feita em conjunto pelo Museu do Senado e o Centro Cultural da Câmara dos Deputados, a mostra revisita a Independência para mostrar a evolução dos direitos civis, políticos, sociais, étnico-raciais e coletivos, até as conquistas legislativas mais recentes. A exposição estará aberta para visitação no Salão Negro do Congresso de 10 de setembro a 1º de dezembro, das 9h às 12h e das 13h às 18h nos dias de semana e das 9h às 17h nos fins de semana.

Após a inauguração da exposição no Salão Negro, os convidados seguirão para a sessão solene no Plenário da Câmara dos Deputados. O encerramento da sessão está previsto para o meio-dia. (Agência Senado)

FONTE: Diário do Poder https://diariodopoder.com.br/brasil-e-regioes/congresso-tera-sessao-solene-por-200-anos-da-independencia-do-brasil

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